Treze anos depois de sua morte, Tim Maia continua fazendo sucesso. Suas músicas aparecem nas rádios, televisão e youtube. O motivo? A qualidade que o "síndico" impunha quando entrava num estúdio para gravar. Letras banais na voz de outros cantores, na de Tim Maia virava clássico. Como seria o samba-soul "Gostava Tanto de Você" sem o balanço dele? E a inocente "Chocolate"?
Cantor, compositor e arranjador. Além de conhecer música, o ouvido de Tim Maia detectava de longe um instrumento desafinado. Nos seus shows eram comuns as broncas:" A corda mi da guitarra desafinou, o contrabaixo está marcando errado, falta agudo, sobe os graves, o retorno ficou péssimo".
A carreira do "síndico da música brasileira" começou em 1957, quando formou com os amigos de adolescência Roberto e Erasmo Carlos o conjunto Sputniks. Mais tarde incorporou outro colega de turma, o contrabaixista Édson Trindade (autor de "Gostava Tanto de Você").
Após ensinar Erasmo Carlos tocar violão, Tim Maia foi morar nos Estados Unidos, onde ficou até a primeira metade da década de 1960. Ali, ele participou do grupo "The Ideals". Nesse período conheceu a essência da soul music, a velha jogada de preencher as pausas musicais com instrumentos de sopro (sax, trumpete, trombone e clarineta), além de colocar muito molho, em letras inocentes.
Quando retornou, seus amigos de Jovem Guarda (Roberto e Erasmo Carlos) recusaram suas propostas de misturar MPB com Soul. Só conseguiu gravar um disco em 1970. Era um compacto simples (uma música de cada lado). Fez dueto inesquecível com Elis Regina na balada "These are The Songs". Era a porta de entrada para a carreira de sucesso até morrer em 8 de março de 1998, quando se apresentava no Teatro Municipal de Niterói, Rio de Janeiro.
Sebastião Rodrigues Maia, penúltimo filho de uma família de 19 irmãos, ele deixou vários hits de sucessos: " Azul da Cor do Mar", "Primavera", "Você", "Réu Confesso", "Não Quero Dinheiro (Só Quero Amar)", "Descobridor dos Sete Mares" entre outros. Conseguiu transformar uma história de algumas praias cariocas frequentada pela elite cultural, num tremento funk de Chicago: " Do Leme ao Pontal".
Tempos depois, ao achar que faltava algo à letra, resolveu mudá-la durante show no ginásio do Palmeiras em 1985. Enquanto a Banda Vitória Régia segurava o som no contrabaixo e bateria, Tim Maia acrescentava os versos "Tomo guaraná/suco de caju/goiabada para sobremesa".. Vinte e seis anos depois, "Do Leme ao Pontal" continua atual, como se tivesse sido gravada há pouco tempo.
Tim Maia não deixou herdeiros musicais. Sandra de Sá não conseguiu aplicar bem o molho soul music às suas composições. Seu sobrinho Ed Motta é carente do carisma que o velho Tim Maia gozava junto ao público adolescente, principalmente com as meninas, que ele carinhosamente chamava de princesas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário