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Luís Alberto Alves/Hourpress

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Sambas enredos de quando o Carnaval era popular


Desfile de escola com samba enredo bonito é artigo do passado. Hoje, os compositores cariocas e paulistas entraram na era descartável. Letras sofríveis e melodias ruins predominam. Pouca gente lembra do samba que fez sucesso em 2007 ou 2009. 
Porém nas festas de final de ano, em qualquer mesa de bar, alguém recordará de alguns sambas, de mais de 36 anos atrás, que até hoje continuam na boca do povo. O motivo? As escolas ainda não tinham entrado no esquema comercial do Carnaval, onde os bambas das comunidades carentes perderam lugar para "modelos" e  participantes dos bigs brothers da vida, que precisam passar por aulas para dançar samba.
Em 1974, a dupla Evaldo Gouveia e Jair Amorim levou para avenida "O Mundo Melhor de Pixinguinha", gravado em disco por Jair Rodrigues. Até hoje seus versos fazem sucesso: "Lá vem Portela/ com Pixinguinha em seu altar/ e o altar da escola é o samba que a gente faz e na rua vem cantar/Portela, teu carinhoso reino é oração/pra falar de quem ficou como devoção em nosso coração"...
Em 1980, a Mocidade Alegre levou para avenida o samba "Embaixada de Sonho e Bamba", de Barbosa,Crispim e Praxedes, que dizia em alguns trechos: "...O arauto anunciou/abre as portas do palácio/que a embaixada chegou/ hoje é festa em Pernambuco/ para o governador/que cortejo alucinante/ de batás e agogôs..." Ela foi campeã e esse samba entrou na memória dos sambistas de bom gosto.
No ano de 1982, a escola União da Ilha apresentou o samba "É Hoje", autoria de Didi e Mestrinho". Fez tanto sucesso que acabou gravado por Simone e Caetano Veloso, anos depois. Novamente predominaram versos simples e melodia bonita: "A minha alegria atravessou o mar e ancorou na passarela/fez um desembarque fascinante/no maior show da terra/será que eu serei o dono desta festa/um rei no meio de uma gente tão modesta.."
"E por falar em saudades" foi o samba enredo da Caprichoso de Pilares, no Rio de Janeiro. Os compositores Almir de Araújo, Balinha, Marquinho Lessa, Hércules e Carlinhos de Pilares, de forma irônica, criticaram as mazelas do governo no Carnaval de 1985: "Saudade, ô/meu carnaval é você/caprichosamente/vamos reviver, vamos reviver/na fantasia de um eterno folião/o bonde/o amolador de facas/o leite sem água/a gasolina barata/aquela seleção nacional/e derreteram a taça na maior cara de pau..."
Em São Paulo, ainda na época dos desfiles na Avenida Tiradentes, a Vai-Vai apresentou, no Carnaval de 1978, um de seus sambas mais lindos: "Quem entra na arca de Noel Rosa não sai mais". Autoria de Lírio e Osvaldinho da Cuíca, a letra e melodia eram impecáveis, principalmente o refrão: "Noel, Noel, Noel/ essa linda noite é sua/o Vai-Vai está em festa/neste carnaval de rua..." Este samba conseguiu fazer sucesso em todo o Brasil, num tempo em samba tocava muito pouco em rádio.
No ano de 1983, o enredo "Meu gosto abraçado à ilusão" fez a Nenê de Vila Matilde levar outro samba enredo que ficou na memória do povo, principalmente da Zona Leste. Também tinha letra e melodias bonitas, que alinhadas à famosa bateria da escola, respeitada até no Rio de Janeiro, fez a cabeça de muita gente naquele ano.
De autoria de Armando da Mangueira, Oswaldo Arouche e Biguinho, esse samba tinha refrão valente: "Sou a viola/sou a lua que clareia/realidade de um sonho que vagueia/sou ilusão/sou o samba pé no chão..."Infelizmente este estilo de samba e Carnaval já desapareceram, predominando uma festa, que há muito tempo deixou de ser popular.


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