Fio Maravilha foi um bom camisa 10 do Flamengo, em 1970. Um criolo com os dentes da parte de cima virados para fora . Era o terror dos zagueiros e goleiros da época.
No ano de 1972, na partida entre Flamengo e Benfica de Portugal, Fio marcou o gol da vitória. Fez tabela, driblou dois beques, com um toque sutil tirou o goleiro da jogada e parou com a bola na risca do gol, de onde chutou para o fundo das redes.
Jorge Benjor (na época Jorge Ben), flamenguista fanático, se inspirou e escreveu um de seus maiores sucessos: "Fio Maravilha". O refrão é conhecido até hoje: "Foi um gol de anjo, um verdadeiro gol de placa/e a galera agradecida se encantava/foi um gol de anjo, um verdadeiro gol de placa/ e a galera agradecida assim cantava: "Fio Maravilha, nós gostamos de você/Fio Maravilha faz mais um para gente ver.."Essa música consagrou a cantora Maria Alcina, no Festival Internacional da Canção, em 1972.
No ano seguinte, um jogo em homenagem a Mané Garrinha, no Maracanã, reuniu várias estrelas do futebol, inclusive Pelé e atraiu mais de 100 mil torcedores. Já naquela época, o vício da bebida tinha transformado o maior ponta-direita do mundo num caos. Dias depois, Garrincha foi ao programa do Chacrinha. De surpresa, o cantor Moacir Franco aparece no palco e começa interpretar a "Balada n°7 - Mané Garrincha". O jogador e plateia choram com a grandeza da letra:"Sua ilusão entra em campo no estádio vazio/uma torcida de sonhos aplaude talvez/o velho atleta recorda as jogadas felizes/mata a saudade no peito driblando a emoção/hoje outros craques repetem suas jogadas/ainda na rede balança seu último gol/ mas pela vida impedido parou/ e para sempre o jogo acabou/ suas pernas cansadas correram pro nada/e o time do tempo ganhou.."
A Copa do Mundo de 1974, na então Alemanha Ocidental (na época existam duas Alemanhas) não teve o brilho da presença de Pelé. Ele não atendeu aos pedidos dos brasileiros, inclusive do próprio presidente da República, Médici. O craque manteve a palavra de não vestir mais a camisa amarela da Seleção, de onde saiu em 1971.
O sambista Luiz Américo protestou, mas escrevendo o samba "Camisa dez na seleção": "Desculpe seu Zagalo/mexe nesse time que tá muito fraco/levaram uma flecha (ponta -direita do Grêmio de Porto Alegre), esqueceram o arco/botaram muito fogo e sopraram o furacão (Jairzinho, na época jogando na França) que não saiu do chão/desculpe seu Zagalo/puseram uma Palhinha (atacante do Cruzeiro e depois do Corinthians) na sua fogueira/e se não fosse a força desse pau pereira (zagueiro Luiz Pereira do Palmeiras)/comiam um frango assado lá na jaula do leão (goleiro do Palmeiras)/ é camisa dez da seleção, laia, laia/dez é a camisa dele, quem é que vai no lugar dele.."Pelé não foi à Copa, e o Brasil perdeu para carrosel holandês e a Alemanha de Beckenbauer foi campeã do mundo.
Em 1975, o swingueiro Bebeto , ex-juvenil do Timão, resolveu homenagear o meia -esquerda Adãozinho. Ele defendeu o Corinthians de 1971 a 1978, porém nunca se firmou na equipe titular, porque se machucava muito. No samba-rock "Adão você pegou o barco furado", Bebeto descreveu o drama do alvinegro de Parque São Jorge, na época sem ganhar títulos há vários anos. "Você pode passar até por dez/matar no peito, chutar forte, fazer gol/o sapo canta, o time perde, o povo chora/você lamenta e fica triste com razão/mas de nada você é culpado/você já pegou o barco furado.."
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