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Macy Gray, cantora que a Atlantic Records recusou gravar

Radiografia da Notícia *  Na virada do milênio, ela aproveitou sua voz totalmente única e um senso de estilo estranho para o estrelato pop *...

terça-feira, 31 de maio de 2011

O sambalanço de Bebeto

Durante muitos anos, o paulistano Bebeto foi considerado cópia do carioca Jorge Benjor. Talvez por causa do balanço, de investir no samba-rock ou sambalanço como o gênero é conhecido no Rio de Janeiro. A semelhança entre ambos é coincidência. Assim como o Babulina, Bebeto também jogou num time de massa: ele teria participado das equipes dos juniores do Corinthians na década de 1960. Mas preferiu apostar na música. 
Seus shows têm muita adrenalina. É amparado numa boa equipe de músicos, principalmente de sopro (sax, trumpete e trombone). A percussão não deixa o ritmo cair, além de incendiar seus fãs com uma guitarra bem nervosa. O auge de Bebeto foi entre 1970 e 1985. 
Nesse período, emendava um sucesso atrás do outro. É dessa época o hit "Nega Olivia": "Nega Olivia/ uma nega incrível surgiu na minha vida/estava eu de bobeira/no entanto amei tanto essa nega, que não foi brincadeira.." Essa faixa ajudou vender muitas cópias  do LP "Esperanças Mil", além de frequentar muitos bailes e aquecer diversos namoros, de quem já passou hoje dos 40 anos. 
Logo depois sapecou outro sucesso. Da parceria com Luiz Vagner surgiu "Segura a Nega". A letra era bem incisiva, como a maioria dos sambas-rock ou sambalanço, conhecido pelos cariocas. "A gente pra viver bem nesse mundo/tem que ser um pouco mais inteligente/como já dizia a minha velha avó/macaco velho não põe a mão em cumbuca/com o meu avô eu aprendi/que não se cutuca a onça com a vara curta/mas quando a minha mãe vinha me dizer/pra tomar cuidado com esse mundo louco/eu não quis ouvir/eu não quis ouvir/só fui ouvir um tio malandro que eu tenho/quando ele me dizia/como é que é meu/segura a nega/segura a nega/segura a nega viu.."
Mesmo sem suas músicas tocar muito nas rádios, Bebeto sempre teve facilidade de fazer seus hits estourar nos bailes populares, principalmente os realizados nas periferias de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Belo Horizonte. Assim ocorria o processo inverso, do ouvinte ligar para a rádio pedindo para tocar determinada música, que já estava na boca de parte da população.
Por volta de 1975, ele compôs "Adão Você Pegou o Barco Furado". A letra é uma homenagem ao meio campista Adãozinho que jogou muitos anos no Corinthians, mas nunca conseguia se firmar no time titular. Mesmo assim foi campeão em 1977, espantando os terríveis 23 anos de jejum de títulos. Nessa composição, Bebeto não esquece do médio volante Tião, que entrou na equipe corintiana na década de 1960. 
Com esse hit, continuou na boca da massa. Novamente é o balançante samba-rock em ação. A década de 1980 continuou boa. O toque de bola do Flamengo, que conseguiu ser campeão carioca, brasileiro, libertadores e Mundial no Japão, serviu de fonte de inspiração para o hit "Flamengão". "É/ esse time é que nem aquele/é o time do povo/ hei.. Flamengão/ não bate nessa bola com desprezo/ toca nela com razão/ igual a você com muita fé e coragem/ existe mais um o alvinegro do parque/na cidade mar você quem manda em tudo/Flamengo, Brasil/você é grande no mundo/ Flamengão/o toque de bola desse time é um encanto/só existe gênio nesse meio de campo/Adílio de um lado, Carpegiani do outro/Manguito, becão batendo até no pescoço/na frente rei Zico, com toque desconcertante/lançou o Cláudio Adão que colocou no barbante/Flamengão.."
Em 1985 emplacou "Menina Carolina", um misto de samba-rock com pitada de funk dos Estados Unidos. Nas suas apresentações, essa música virou presença obrigatória. A letra é curta, mas a melodia amparada num bom arranjo garantiu o dinheiro dos direitos autorais para dupla Bedeu e Leleco Telles. Desse período em diante, Bebeto passou a viver do flash back de suas músicas. Ou seja, amarrou o burro na sombra, como já fez grande parte dos cantores brasileiros. 

A voz chamada Aretha Franklin

Aretha Franklin é o ícone da música. Canta gospel, soul e R&B (blues de rua). Nascida em Memphis, criada em Detroit, ela foi a primeira mulher a fazer parte do Hall da Fama do Rock and Roll. Consegue ter livre trânsito, também, pelo jazz, rock, blues, pop e até mesmo ópera.
Ou seja, é uma cantora completa. Para justificar seu potencial, participou da posse do presidente Barack Obama, cantando um blues da década de 1960, época da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos.
Aretha começou a cantar ainda criança, na igreja onde seu pai trabalhava. Aos 14 anos gravou pela primeira vez a música gospel. Quatro anos depois muda-se para Nova York, onde fecha contrato com a gravadora Columbia Records. Logo sua bela voz passou a impressionar  a todos, apesar de ignorar o estilo pop.
Seis anos depois entrou na gravadora Atlantic. Ali conheceu a essência do sucesso. Pelas mãos do produtor Jerry Wexler passou a cantar soul e R&B (blues de rua).
O mercado norte-americano conheceu o verdadeiro potencial dela quando lançou "I Never Loved a Man (The Way I Love You)". Montou uma banda de músicos profissionais e tornou-se símbolo da música negra no mundo.
Emplacou vários hits nas paradas, entre eles "Respect" (ganhador de dois Grammy), "Baby I Love You", "Chain of Fools", entre outros.
No começo da década de 1970 continuou andando com o sucesso. Regravou o clássico "Bridge Over Trouble Water", "Don´t Play That Song" e "Spanish Harlem". Nessa época deu outra roupagem para "Let it Be" uma das grandes composições dos Beatles.
Em 1980 trabalhou no filme "The Blues Brothers", que no Brasil ficou conhecido como "Os Irmãos Cara de Pau". Fez sucesso, principalmente quando aparece cantando ao lado de outras feras, como James Brown, Eric Clapton, B.B. King entre outros.
Aretha aproveitou para sair da Atlantic e entrar na Arista Records. Continuou nas paradas com o hit "What a Fool Believes".
O ano de 1981 marcou a bela interpretação, ao lado de George Benson. Desta vez, a obra escolhida foi "Love All The Hurt Away". Fez sucesso nos bailes e nas rádios FMs. Para continuar no topo das paradas, trouxe os produtores Luther Vandross e Marcus Miller. Lançaram os discos "Jump to It" e "Get it Right", de 1982 e 1983, respectivamente.
O álbum "Who´s Zoomin´ Who?", gravado em 1985, produção de Narada Michael Walden a fez a maior cantora de sucesso pelo selo Arista. É desse disco o célebre dueto com George Michael, no hit " I Knew You Were Waiting (For Me)". Foi quando conseguiu entrar, em 1987, no Hall da Fama do Rock.
No ano seguinte perdeu dois irmãos e seu empresário. Teve forças e voltou ao estúdio. Em 1993 participou da trilha sonora do filme "Falando de Amor". Dois anos depois ganhou o prêmio especial no Grammy "Lifetime Achievement".
O ano de 2000 marcou sua segunda participação na nova versão do filme "Os Irmãos Cara de Pau". Para a trilha sonora apresentou o clássico "Respect". Antes, em 1998, substituiu Luciano Pavarotti na cerimônia do Grammy 98. Ela cantou um trecho da ópera "Nessun Dorma". Agradou a todos.
Em 2001, ao lado de Janet Jackson, Mary J. Blige, Jill Scott e Backstreet Boys grava o álbum "Divas Live". No ano de 2003 ganha outro Grammy (17°) na categoria R&B, com o disco "So Damn Happy". Em 2009 participou da posse de Barack Obama cantando um clássico do ínicio da década de 1960, lembrando da luta dos direitos civis nos Estados Unidos, quando os negros não podiam votar, nem ser votados.

Cantar bem: marca registrada de Dione Warnick

Cantar bem. Essa é a marca registrada de Dione Warnick em 47 anos de uma bem-sucedida carreira artística. Por volta de 1964, seu jeito de interpretar chamou atenção dos compositores Burt Bacharah e Hal David. Era o início da trilha de inúmeros sucessos. Um deles, de 1967, é a balada "I Say a Little Prayer For You". Ela virou trilha sonora do reality show "Casa dos Artistas", no SBT. A melodia e a letra são belas.
Talvez o segredo do sucesso de Dione Warnick seja herança de família. Seus pais cantavam música gospel. Mais tarde, na década de 1960, ganharia uma prima de voz explêndia: Whitney Houston, cuja mãe é outra grande cantora: Cissy Houston, excelente intérprete de blues e gospel.
Em 1968 e 1969 ganhou dois prêmios Grammy. Antes de entrar a década de 1960, emplacou o hit "No Night so Long". A letra outra vez é bem trabalhada.
Outro diferencial de Dione Warnick é a escolha de bons músicos em suas apresentações. Quando canta ao vivo, as composições não saem com os arranjos distorcidos, como ocorre com alguns artistas. Também consegue grande empatia com o público. É como se tivesse se apresentando na sala de nossa casa, acompanhada de orquestra.
No seu repertório, ela procura sempre incluir composições que tenham letras e melodias boas. Na década de 1970, Dione Warnick fez longa parceria com o grupo "Spinners" e rendeu vários sucessos. Um deles é da década de 1980 : "I´ll Never Love This Way Again". Esse hit entrou na trilha sonora da novela das 8h da Globo. Novamente letra e melodia simples conquistaram o público. Sempre está no seu repertório quando se apresenta no Brasil, como ocorrerá em agosto deste ano.
Fã da música brasileira, regravou "Aquarela do Brasil", além de comprar uma casa em Salvador, na Bahia, e outra no Rio de Janeiro. Dione Warnick chega a passar vários meses por aqui para escapar do rigoroso inverno norte-americano. Saía apenas para cumprir sua extensa agenda de shows.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Sonho dos Bee Gees dura 47 anos

Quarenta e sete anos na estrada. Esse foi o tempo em que os Bee Gees (abreviatura de The Brothers Gibb) ficaram no mundo do showbizz. Ainda crianças, em 1956, começaram a carreira musical dublando os sucessos da época nas matinês de cinema na Inglaterra. Eram conhecidos como os irmãos Gibb (Brothers Gibb).
Depois passaram a chamá-los de BG´s, para em seguinda serem batizados de Bee Gees. Com a mudança da família para a Austrália, em 1958, os três meninos passaram às apresentações profissionais nos clubes locais. No ano de 1963, gravam o primeiro álbum e conhecem o sucesso, pela primeira vez, com o hit "Three Kisses of Love", depois emplacam " Spicks & Specks".
Quatro anos depois voltam para a Inglaterra com alguns discos produzidos na Austrália e são contratados pelo empresário da mesma gravadora dos Beatles. Acompanhado por dois amigos australianos, o baterista Colin Peterson e o guitarrista Vince Melouney, lança seu primeiro compacto simples (disco com uma canção de cada lado) "New York Mining Disaster 1941".
Não foram bem-sucedidos. Em 1967, colocam na praça o álbum "Bee Gees 1st", que repertiu no mundo todo. Dois anos depois, quando se preparam para gravar o disco "Odessa", Robin Gibb resolve sair do grupo para seguir carreira-solo. Barry e  Maurice chamam a irmã Leslie para as apresentações ao vivo e lançam o álbum "Cucumber Castle". Também perdem os dois amigos australianos que resolvem sair do conjunto e retornar à terra natal.
Em 1971, Robin Gibb retorna e os três irmãos, juntos, lançam outro álbum. "Two Years On" e "Lonely Days" estouram nas paradas. Mas é com a música "How Can You Mend a Broken Heart "(Como Posso Consertar um Coração Quebrado) que os Bee Gees acabam conhecendo o sucesso em todo o mundo, inclusive nos Estados Unidos, onde esse hit é regravado por All Green, imortalizando a música nas rádios especializadas em soul music.
No ano seguinte voltam às paradas com " Run to Me". Depois emplacam outros sucessos em 1975, por causa dos primeiros passos da Disco Music, o som das discotecas que durou até 1979. A partir daí, passam a vender discos igual pipoca nas portas de cinemas.
Em 1976, o álbum "Children of The World" estoura com "You Should Be Dancing". No ano seguinte, a dose se repete com "Love So Right", que no Brasil virou trilha sonora da novela da Globo "Espelho Mágico". Para aproveitar a onda, nesse mesmo ano, lançam o álbum duplo ao vivo "Here at Last..Bee Gees..Live".
Com a trilha sonora do filme "Os Embalos de Sábado à Noite" venderam 50 milhões de cópias. Em 1979 vendem 19 milhões de discos com o álbum "Spirits Having Flows".
Na década de 1980, após o final da Disco Music, a maré do sucesso baixa e os Bee Gees partem para projetos especiais , produzindo boas composições para Barbra Streisand, Dionne Warnick, Diana Ross e Kenny Rogers.
Investem na praia do R&B (blues de rua) e misturam rock, soul e baladas clássicas. A lua-de-mel é interrompida com a morte de Andy Gibb, o mais jovem dos irmãos, no ano de 1988. Onze anos depois retornam às paradas de vários países com "Still Waters". O hit "This is Where I Came In" repete o êxito em 2001. No ano seguinte lançam o excelente trabalho instrumental "The Bee Gees Classic Dream Orchestra", disco instrumental elogiado em todo o mundo, em comemoração aos 35 anos de carreira.
Em 2003, eles lançam o DVD "Live By Request", show gravado em Nova York, quando o grupo cantou diversas músicas marcantes de sua trajetória. A morte de Maurice Gibb durante uma cirurgia, provocou o fim dos Bee Gees no início daquele ano.

Adrenalina é Trini Lopez

Trini Lopez é o típico cantor que coloca fogo na plateia. Uma das provas é o excelente e raro LP "Trini Lopez At  PJ´s" gravado ao vivo numa casa de espetáculos de Los Angeles em 1964. Com o baixista Dick Brant e o baterista Mickey Jones, ele faz uma apresentação inesquecível. Reúne seus sucessos "America", "If I Had a Hammer" ( que Rita Pavone regravou como "Datemi um Martello"), "Cielito Lindo" ( ai, ai, ai está chegando a hora/o dia já vem raiando meu bem/e eu tenho que ir embora), "La Bamba", "Down by The Riverside", "Mariane", "Volare", entre outros.
Mas até chegar ao sucesso, Trini Lopez (Trinidad Lopez III) conheceu o lado amargo da vida. De família muito pobre, nasceu em 1937, na cidade de Dallas, Estado do Texas, Estados Unidos. Seus pais ganhavam o suficiente para colocar a comida sobre a mesa. O restante era luxo para Trini e seus quatro irmãos. Para não deixar a peteca cair, sua mãe lavava roupas para os moradores do bairro. 
Aos 11 anos, Trini começou andar com garotos envolvidos na criminalidade. Era a chance de ganhar algum dinheiro. Levou uma tremenda surra de seu pai. Para ficar em casa, ganhou uma guitarra. Logo começou a tocar nas ruas em troca de dinheiro. Apesar da miséria doméstica, na sua casa seus pais e irmãos tinha hábito de cantar canções típicas do México. 
Logo, ele formou seu próprio grupo e passou a se apresentar nos clubes dos endinheirados de Dallas. Quando completou 18 anos, o selo King Records da cidade de Cincinnati, no Estado de Ohio, descobriu que Trini Lopez tinha gravado um single (pequeno disco comercial) pela gravadora Volk Records. O nome da canção era "The Right to Rock". Ao perceber que a música era adrenalina pura, os diretores da Volk sugeriram um nome artístico para ele. Orgulhoso das raízes hispânicas de sua família, não aceitou e ameaçou ir embora. Houve acordo. 
Assinou contrato de três anos e gravou um LP (disco com 12 faixas). O curioso é que empurraram canções antigas para Trini Lopez regravar. Neste jogo de empurra, ele dá outra roupagem para "Since I Don´t Have You", do grupo Skiliners. A canção estourou nas paradas de sucesso dos Estados Unidos. Na sua terra natal, Dallas, o hit que caiu no gosto do público foi "Don´t Let Your Sweet Love Die".
Por volta de 1959, Trini Lopez conhece Buddy Holly, que também era de Dallas. Houve um convite para tocar em sua banda, porém os dois não entraram em acordo. Com a morte de Holly, os integrantes de sua banda (The Crickets) chamaram Trini Lopez para ser o vocalista principal. Ele recusou, por causa dos atritos anteriores. Preferiu tocar num clube de Beverly Hills. Sem banda, começou a cantar apenas com violão. Era para ficar duas semanas e o contrato durou um ano.
Foi nesse clube, que Trini Lopez conheceu o maestro e produtor Don Costa. Ele fora recomendado por Frank Sinatra. Desse encontrou surgiu o contrato de oito anos com a Reprise Records. Era início da década de 1960. É dessa fase a chuva de álbuns como "The Latin Album", "Trini Lopez Now", "Trini Lopez Live at Basin Street East", "Trini Lopez Greatest Hits", "The Best of Trini Lopez".
Em 1963, ao se apresentar em Nova York, com orquestra de 11 músicos, os críticos concordaram que Trini Lopez havia se tornado uma estrela.
Mesmo ganhando muito dinheiro, lembrou da fase crítica de sua infância, quando tinha pouca comida sobre a mesa, e passou a ajudar financeiramente várias entidades de prevenção ao Câncer e Diabetes na cidade de Dallas.
O resultado disso é a conquista do título "Mr. Internacional", concedido pelo governo do Texas. Da década de 1960 até 2011, ele conseguiu gravar 63 discos. Seu maior sucesso, com 5 milhões de cópias vendidas em todo o mundo ainda é "If I Had a Hammer". Com sua guitarra "buchuda", pois lembra um violão, ele continua  colocando fogo nas plateias.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Morte gosta de quem faz segunda voz em duplas

Claudinho e Buchecha

Leandro e Leonardo

João Paulo e Daniel

Tonico e Tinoco

Alvarenga e Ranchinho

Jacó e Jacozinho

Jararaca e Ratinho

Tião Carreiro e Pardinho

Torrinha e Canhotinho

Sandro e Gustavo

Vieira e Vieirinha

Tibagi e Miltinho

Peão Carreiro e Zé Paulo

Belmonte e Amaraí
Estranha maldição persegue os cantores que fazem a segunda voz (grave) nas duplas, principalmente nas caipiras. Seja de acidente ou doença, sempre morre quem faz a parte grave na arte de cantar. Isto acontece há quase 40 anos. Uma das primeiras duplas atingidas foi Belmonte e Amaraí, com um acidente de automóvel  provocando a morte de Belmonte em 1972. Ambos foram os inspiradores de Chitãozinho e Xororó, e faziam um sertanejo com batida pop na década de 1960, quando ainda era poucos os recursos técnicos. 
No ano seguinte foi a fez de morrer Tibagi, deixando só o parceiro Miltinho.  Em 1978, a doença tirou a vida de Alvarenga, que fazia dupla com Ranchinho. Antes em 1977, um estranho acidente matou Jacó, que cantava com Jacozinho.
A doença levou, também, a vida de Jararaca, em 1977. Ele era o parceiro de Ratinho. Onze anos depois, Torrinha morreu, deixando só Canhotinho, com quem fazia dupla.  Em 1987, essa temível maldição atinge Vieira e deixa só Vieirinha.
Tonico escorregou na escada de acesso ao seu apartamento, em 1997, e morreu. Tinoco perdeu seu parceiro de muitos anos de cantoria. Neste mesmo ano, João Paulo sofre acidente de automóvel na Rodovia dos Bandeirantes, perto de Cajamar, Grande SP, e a maldição atinge dupla com Daniel. 
O ano de 1998 marcou a retirada de Leandro, que cantava com o irmão Leonardo. O câncer o matou rapidamente. O diabetes foi o responsável pela morte de Tião Carreiro neste mesmo ano de 1998, com o qual fez dupla com Pardinho. 
Em 1999, essa maldição levou embora Pião Carreiro, que cantava com Zé Paulo. Nesse mesmo ano, uma hepatite C atinge Sandro e o mata rapidamente, deixando sozinho seu parceiro Gustavo. Até o funk melody não escapou dessa escrita, com a morte de Claudinho, num acidente de carro, em 2002, quando voltava de um show para o Rio de Janeiro. Seu parceiro Buchecha prosseguiu em carreira-solo. 



Bezerra da Silva: retrato fiel da sociedade brasileira

Retrato dos problemas sociais. Essa era a especialidade do sambista Bezerra da Silva. Considerado por muitos, como embaixador dos morros e favelas. Após ser abandonado pelo pai, que era da Marinha Mercante, veio morar no Rio de Janeiro. Era a década de 1950, com 23 anos fixou residência no Morro do Cantagalo, onde trabalhava como pintor na construção civil.
Logo entrou num bloco carnavalesco. Sua facilidade para tocar instrumento de percussão o levou à Rádio Clube do Brasil. Mas como a maré não estava para peixe, acabou parando na rua, onde viveu como mendigo durante sete anos.
Após sair do baixo astral, conseguiu gravar um compacto simples (disco com uma faixa de cada lado) em 1969 e depois seu primeiro LP (disco com 12 faixas) seis anos depois.
Por causa de sua vida sofrida, começou a ser abastecido por compositores anônimos, em letras repletas de gírias, que despertaram a curiosidade do público. Com a retaguarda do conjunto Nosso Samba ( que durante muitos anos acompanhou Clara Nunes), Bezerra da Silva transformou letras esquisitas em verdadeiros sambas de partido alto. Os solos de cavaquinho de Carlinhos do Cavaco e o vocal das meninas "As Gatas" deixavam as músicas bonitas, resultando em grandes vendas e polêmicas.
Como metralhadora giratória, Bezerra da Silva atirava para todos os lados. O samba "A Semente" falava de um homem que havia plantado maconha no quintal de casa e jurou que desconhecia a plantação. "Meu vizinho jogou/ uma semente no seu quintal/de repente brotou/ um tremendo matagal/ quando alguém lhe perguntava/ que mato é esse que eu nunca vi/ ele só respondia: "Não sei, não conheço, isso nasceu ai.." Anos mais tarde, a música foi regravada pelo Barão Vermelho, com direito a participação do próprio Bezerra da Silva.
Em "Candidato Caô Caô", ele mirou os políticos oportunistas, que fingem se interessar pelos problemas da população, mas após a eleição desaparecem da periferia. "Ele subiu o morro sem gravata/dizendo que gostava da raça/foi lá na tendinha/ bebeu cachaça/até bagulho fumou/foi no meu barracão/ e lá usou/lata de goiabada como prato/eu logo percebi/ é mais um candidato/ às próximas eleições.."
Antecipando as mulheres alpinistas, de olhos no lado financeiro ou ótimo emprego nas relações amorosas, em 1975 gravou o partido alto "Piranha". Em um dos trechos, Bezerra da Silva faz a radiografia da pilantragem enrustida de amor..."Quando tava de bola cheia/a vida dela era só me beijar/mas depois que eu fiquei duro/a malandra demais me tirou do ar/eu só sei que a mulher é igual a cobra/tem veneno de peçonha/deixa o rico na miséria/ e o pobre sem vergonha..."Qualquer semelhança com alguns romances destacados na mídia ou mesmo na vizinhança ou dentro das empresas, é mera coincidência.
O curioso é que Bezerra da Silva trabalhou muitos anos na Orquestra da Rede Globo, responsável pelos jingles de todos os programas exibidos na emissora. Ali, ele era instrumentista. Certa feita, um crítico maldoso o chamou de pagodeiro. A resposta veio queimando: "Na literatura musical não existe o nome pagode como gênero musical. Existe samba, compasso dois por quatro. Sou sambista e sei ler partitura. Ele conhecia música. Uma vez apareceu em um dos programas da Globo, tocando no piano o clássico dos Beatles: "Let It Be".
Em 17 de janeiro de 2005, Bezerra da Silva morreu, deixando uma verdadeira radiografia da perversa sociedade econômica brasileira, onde poucos têm muito e muitos têm pouco.

Tim Maia continua sem herdeiros

Treze anos depois de sua morte, Tim Maia continua fazendo sucesso. Suas músicas aparecem nas rádios, televisão e youtube. O motivo? A qualidade que o "síndico" impunha quando entrava num estúdio para gravar. Letras banais na voz de outros cantores, na de Tim Maia virava clássico. Como seria o samba-soul "Gostava Tanto de Você" sem o balanço dele? E a inocente "Chocolate"? 
Cantor, compositor e arranjador. Além de conhecer música, o ouvido de Tim Maia detectava de longe um instrumento desafinado. Nos seus shows eram comuns as broncas:" A corda mi da guitarra desafinou, o contrabaixo está marcando errado, falta agudo, sobe os graves, o retorno ficou péssimo".
A carreira do "síndico da música brasileira" começou em 1957, quando formou com os amigos de adolescência Roberto e Erasmo Carlos o conjunto Sputniks. Mais tarde incorporou outro colega de turma, o contrabaixista Édson Trindade (autor de "Gostava Tanto de Você"). 
Após ensinar Erasmo Carlos tocar violão, Tim Maia foi morar nos Estados Unidos, onde ficou até a primeira metade da década de 1960. Ali, ele participou do grupo "The Ideals". Nesse período conheceu a essência da soul music, a velha jogada de preencher as pausas musicais com instrumentos de sopro (sax, trumpete, trombone e clarineta), além de colocar muito molho, em letras inocentes. 
Quando retornou, seus amigos de Jovem Guarda (Roberto e Erasmo Carlos) recusaram suas propostas de misturar MPB com Soul. Só conseguiu gravar um disco em 1970. Era um compacto simples (uma música de cada lado). Fez dueto inesquecível com Elis Regina na balada "These are The Songs". Era a porta de entrada para a carreira de sucesso até morrer em 8 de março de 1998, quando se apresentava no Teatro Municipal de Niterói, Rio de Janeiro. 
Sebastião Rodrigues Maia, penúltimo filho de uma família de 19 irmãos, ele deixou vários hits de sucessos: " Azul da Cor do Mar", "Primavera", "Você", "Réu Confesso", "Não Quero Dinheiro (Só Quero Amar)", "Descobridor dos Sete Mares" entre outros. Conseguiu transformar uma história de algumas praias cariocas frequentada pela elite cultural, num tremento funk de Chicago: " Do Leme ao Pontal".
Tempos depois, ao achar que faltava algo à letra, resolveu mudá-la durante show no ginásio do Palmeiras em 1985. Enquanto a Banda Vitória Régia segurava o som no contrabaixo e bateria, Tim Maia  acrescentava os versos "Tomo guaraná/suco de caju/goiabada para sobremesa".. Vinte e seis anos depois, "Do Leme ao Pontal" continua atual, como se tivesse sido gravada há pouco tempo.
Tim Maia não deixou herdeiros musicais. Sandra de Sá não conseguiu aplicar bem o molho soul music às suas composições. Seu sobrinho Ed Motta é carente do carisma que o velho Tim Maia gozava junto ao público adolescente, principalmente com as meninas, que ele carinhosamente chamava de princesas. 


A beleza de jingles inesquecíveis



Quem nunca se viu cantando uma música que vendia algo numa propaganda? É o famoso jingle, uma canção criada para descrever a qualidade daquele produto. Quando bem feita, ela entra na memória e não sai mais.
Os jingles mais bonitos foram compostos nas décadas de 1960 e 1970. O da Varig, na época do seu esplendor, quando os seus aviões voavam para vários países, entrou para a história. Por volta do mês de novembro, ele já começava a aparecer na televisão.
A letra era simples e a melodia muito bonita: "Estrela das Américas no céu azul/ iluminando de Norte a Sul/ mensagem de amor e paz/nasceu Jesus, chegou o Natal/Papai Noel voando  a jato pelo céu/trazendo um Natal de felicidade/ e um Ano-Novo cheio de prosperidade/Varig..Varig..Varig.."
Na década de 1970, outro jingle bonito vendeu a qualidade do Café Seleto. Num filme aparecia um grupo de crianças andando por um cafezal cantando a seguinte letra:" Depois de um sono bom/ a gente levanta/toma aquele banho/escova os dentinhos/na hora de tomar café/é o Café Seleto/que a mamãe prepara/com todo carinho/Café Seleto tem/sabor delicioso/cafezinho gostoso/Café Seleto.."
Em 1974, o Banco Nacional lançou outro jingle de bom gosto no Natal daquele ano. O filme trazia um grupo de crianças cantando num coral: "Quero ver você não chorar/não olhar pra trás/nem se arrepender do que faz/quero ver o amor vencer/mas se a dor nascer/você resistir e sorrir/ se você pode ser assim/tão enorme assim eu vou crer/ que o Natal existe/que ninguém é triste/ que no mundo há sempre amor/bom Natal/um feliz Natal/ muita flor e paz pra você/ pra você.."No término do filme, uma das crianças dava uma flor para uma velhinha.
Nos anos 2000, uma loja de eletrodomésticos copiou esse jingle, dessa vez com a dupla Zezé di Camargo e Luciano. Infelizmente mentes maldosas deram outro significado para a letra, que na verdade fala da luta que toda pessoa trava durante o ano e espera recompor as forças na festa de Natal.

O som classe A dos bailes blacks em Sampa











As décadas de 1970 e 1980 foram pródigas em bailes na capital paulista. Era época da Chic Show, Tropicália, Tranza Negra,Zimbabwe e Sideral. As festas ocorriam nos salões dos clubes Espéria, Círculo Militar, Aeroviários, Palmeiras, Homs, Alepo e Transatlântico. 
Durante mais de 30 anos, a Chic Show ocupou a liderança desses bailes. Em 1978, ela trouxe James Brow para cantar no ginásio do Palmeiras. Antes tornou rotina shows com Tim Maia, Jorge Benjor, Carlos Dafé, Banda Black Rio, Placa Luminosa e Dom Beto. Teve um dos melhores DJs do Brasil: Natanael Venâncio.
A cidade era dividida musicalmente: Zona Sul ficava com a Tranza Negra e Tropicália (não há nenhuma ligação com a atual Musicália), e a Zona Norte nas mãos da Zimbabwe e Sideral.
Os bailes da Tropicália  eram no Club Homs (Avenida Paulista com Rua Joaquim Eugênio de Lima) e Alepo (Avenida Paulista com Rua Oscar Porto). O salão Aeroviários (diante do Aeroporto de Congonhas) era reduto da Tranza Negra, assim como o Astro, em Cidade Adhemar, Zona Sul. Circulo Militar e Espéria eram  para os bailes dos namorados, assim como o Transatlântico, na Bela Vista, Centro.
A trilha sonora dessas festas era o blues de baile (R&B). "Please Darling Don´t Say Goodbye", de 1978,na voz de Linda Clifford, deixou muitos corações enamorados nos anos 80. Assim como a bela "What Does It Take (To Win Your Love)" na voz e saxofone de Jr. Walker na década de 1970. Outro hit que ficava sempre nas mãos dos DJs era "Falling In Love With You", do grupo Little Anthony & The Imperials, tema de amor novela SuperManoela (1973) da Globo. Isley Brothers também fazia parte da sessão romântica com "(At Your Best) You Are Love", de 1976.
À medida que a noite avançava, ficava mais forte o arsenal musical. Recém-lançado no mercado, em 1976, o soulman brasileiro Carlos Dafé desfilava seu sucesso "A Cruz", assim como Tim Maia, na década de 80, com  "És a Estrela do Meu Show", versão do grupo norte-americano Kwick. O grupo The Gap Band também marcava presença com a balada "No Hiding Place", hit de 1978.
Para não deixar a moçada parada, apareciam  as The Emotions, com o funk light "The Best My Love", que chegou às paradas em 1978. O samba-rock se destacava com "Que Pena", na voz de Gal Costa e o violão de Caetano Veloso, o conjunto norte-americano Soulful Strut com a incendiante "Young Holt Unlimited", de 1968, a cantora Skeeter Davis com "Gonna Get Along Without You  Now", de 1956, mais tarde regravada por Trini Lopez. Não faltava Four Tops, com "I If Had Hammer", de 1976.
Para encerrar o baile vinha a banda Osibisa com "Whos Got The Paper", hit lançado pela extinta Rádio Difusora em 1975, que ganhava outro nome em português, no formato de palavrão e "Hey There Little Firefly", com a banda Firefly, sucesso de 1976.
Atualmente só a Zimbabwe resiste como selo musical em São Paulo. A Chic Show não faz mais bailes de black music, partiu para o sertanejo universitário. Tranza Negra, Tropicália e Sideral encerraram suas atividades.


segunda-feira, 23 de maio de 2011

Bob Marley, o pai do reggae

Bob Marley foi um dos maiores nomes do reggae, fusão do blues, calypso e soul, ritmo surgido na década de 1950 na Jamaica. Ganhou o mundo, 20 anos depois . Aos 15 anos, ele morava numa das maiores favelas de Kingston (capital da Jamaica), Trench Town (cidade do esgoto) e ali, junto com seu amigo Neville O´Riley Livingstone,  o Bunny, passou a tocar latas e guitarras improvisadas em casa.
O som da dupla, captado pelas rádios do sul dos Estados Unidos, recebeu influências de Ray Charles, Curtis Mayfield, Brook Benton, Fats Domino e do conjunto The Drifters.
No início da década de 1960, Marley conhece Peter Tosh e forma o "Wailing Waillers". Três anos depois, o trio ganha outro componente, o percussionista rastafari Alvin Peterson. Ele apresenta a banda ao produtor Clement Dodd e gravam "Simmer Down". A música estoura na Jamaica. Nessa época, os "Wailling Wailers" já tinham além de Marley; Bunny, Peter, Junior Braithwhite e dois backing vocals: Beverly Kelso e Cherry Smith.
Em 1966, a mãe de Marley muda-se para os Estados Unidos e o leva. Ele vai trabalhar de metalúrgico na montadora de carros Chrysler. Logo retorna à Jamaica, quando conhece o imperador da Etiópia, Hailè Selassiè, que segundo a crença rastafári, seria descendente de Menelik, filho do rei Salomão com a rainha de Sabá.
A partir 1967, o reggae de Marley começou a refletir a espiritualidade dessa religião. Ele chama novamente Peter e Bunny para formar uma banda, desta vez batizada de The Wailers. Sua mulher Rita Anderson também faz parte do grupo. Porém, as letras espirituais provocaram conflitos com o produtor Clement Dodd.
No ano seguinte, Marley conhece o cantor norte-americano Johnny Nash, que nos anos de 1970 gravaria uma grande sucesso de Marley, "Stir It Up".
Em 1971, Marley e os Wailers acompanham Johnny Nash na Suécia, quando assinam contrato com a gravadora CBS. No ano seguinte, vão para a Inglaterra promover a música "Reggae on Broadway". É um fracasso. Procuram o selo Island Records, que foi o primeiro a destacar o reggae no Europa. O dono da gravadora, Chris Blackwell, conhecedor do potencial do grupo, aceitou a proposta de Marley de gravar um álbum, com as avançadas técnicas utilizadas pelas bandas de rock da época.
Antes dessa aposta da Island Records, as músicas de qualquer grupo de reggae não mereciam o trabalho de um álbum, pois desconsideravam comercialmente esse gênero musical.
Blackwell produziu "Catch a Fire". Bem promovido, foi o inicio do caminho à fama e reconhecimento internacional do reggae. As letras políticas e espiritualistas tiveram impacto na mídia. Blackwell promoveu uma turnê de Marley e os Wailers aos Estados Unidos. Porém, Bunny não aguentou a correria dos shows e saiu do grupo. No seu lugar entrou Joe Higgs, professor de canto dos Wailers.
Nos Estados Unidos participaram de apresentações de Bruce Springstein e Sly Family Stone (influenciadores das bandas Earth, Wind & Fire e do Placa Luminosa no Brasil). Em 1973 gravam o segundo álbum na Island, "Burnin", incluíram versões de suas composições mais antigas: "Duppy Conqueror", "Small Axe" e "Put It On", além de hits como "Get Up,Stand Up" e a nitroglicerina "I Shot The Sherif". Este hit seria gravado pelo roqueiro Eric Clapton e estouraria em todo o mundo, colocando de vez o reggae nas paradas de sucesso.
A partir da década de 1970, o trabalho deslancha ao conhecerem o produtor Lee Perry. A dobradinha Perry/Wailers gerou pérolas como "Soul Rebel", "Duppy Conqueror", "400 Years" e "Small Axe". Nessa época, a banda recebe o reforço de Aston "Family Man" Barret e seu irmão Carlton, tocando baixo e bateria. Os dois eram o coração da banda de estúdio de Perry. Ambos eram conhecidos como os melhores ritmistas da Jamaica. Mesmo assim continuavam desconhecidos no restante do mundo. O sucesso ficava restrito ao Caribe.
O ano de 1974 marca a gravação de outro álbum, com os hits "Talkin Blues", "So Jah Seh", "Revolution", "Hem Belly Full (But We Hungry)". Neste disco entraria um dos maiores sucesso de Marley no Brasil: "No Woman No Cry", cuja versão foi gravada por Gilberto Gil em 1980.
Em 1975 Peter Tosh sai do grupo para carreira-solo. A partir daí, a banda passou a ser conhecida como Bob Marley & The Wailers. Nos vocais ficaram sua mulher Rita, além de Marcia Griffiths e Judy Mowart. Nesse mesmo ano, eles fazem um concerto no estádio de Wembley, em Londres, considerados um dos melhores dos anos de 1970.
As letras pacifistas de Marlwy têm grande impacto na Jamaica, onde as brigas entre gangues provocavam confusão e mortes nas ruas de todo o país. Em 1976, ele faz um concerto aberto no Parque dos Heróis Nacionais de Kingston. Antes do show quase morreu a tiros num atentado.
Mesmo assim fez rápida apresentação para mostrar o valor da paz diante da violência. Saiu da Jamaica para viver na Inglaterra, onde gravou o álbum "Exodus". Ele ficou 56 semanas nas paradas de sucesso, com grande destaque para as faixas "Waiting in Vain", "Exodus", e "Jammin". Em 1978 lançou o álbum "Kaya", repleto de canções de amor, dele fazem parte os hits "Satisfy My Soul" e "Is This Love". Nos dois anos seguintes, Bob Marley & The Wailers solidificaram o reggae, um ritmo que saiu das favelas da Jamaica para fazer sucesso em todo o mundo.
Aos 36 anos, em 11 de maio de 1981, Bob Marley morre num hospital de Miami, vítima de câncer, que nasceu de um ferimento provocado no dedão do pé, quatro antes, durante uma partida de futebol.

Luiz Gonzaga - o rei do baião

Luíz Gonzaga, morto em 1989, aos 76 anos, deixou diversas músicas que se tornaram clássicos. Aprendeu a tocar sanfona com o seu pai, o velho Januário, com quem dividia o ofício de lavrador com o conserto desse instrumento. Antes dos 15 anos já se apresentava nos bailes e feiras de sua cidade natal, Exu, em Pernambuco. Foi grande representante da rica cultura nordestina e continuou fiel às suas origens, mesmo quando veio tentar a sorte no Sul do Brasil. Ele consagrou o baião.
Com 27 anos, em 1939, após ficar algum tempo como soldado do Exército, onde conheceu o acordeonista Domingos Ambrósio e aprendeu lições musicais, passou a dedicar-se à música. Foi trabalhar  nas casas noturnas  do Rio de Janeiro, onde tocava samba, choro, fox, além de outros gêneros da década de 1940. 
Compôs o forró "Vira e Mexe" e se apresentou no programa de Ary Barroso, da  Rádio Nacional. Todos o aplaudiram de pé. No ano de 1945, Luiz Gonzaga  grava "Dança Mariquinha", em parceria com Saulo Augusto Oliveira. Nesse mesmo ano, adota o garoto de sua namorada Odaléia Guedes, e o batiza de Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, que foi criado pelos seus padrinhos, com toda assistência financeira sua.  Sua mãe era backing vocal na Rádio Nacional. 
Em 1947, ele conhece o advogado Humberto Teixeira e juntos compõem uma de suas músicas mais famosas: "Asa Branca". A partir daí, o sucesso passa a acompanhá-lo. Fica na Rádio Nacional até 1954. Ao valorizar o nordestino, com chapéu de couro e roupas típicas, transformou-se num legítimo representante deste importante segmento da população brasileira. 
Das parcerias com Zé Dantas, surgiram outros clássicos, como "O Xote das Meninas", onde de uma forma simples, ambos descrevem os sinais que as meninas apresentam ao se transformar em mulheres. Tudo acompanhado de sanfona, zabumba e triângulo. Até o surgimento da bossa nova, no final da década de 1950, os dois compuseram "Vozes da Seca", "Algodão", "A Dança da Moda", "ABC do Sertão", "Derramaro o Gai", "A Letra I", "Imbalança", "A Volta da Asa Branca", "Cintura Fina".
Com Humberto Teixeira, que colocava letra em algumas das melodias de Gonzagão, vieram pérolas como "Assum Preto", onde é descrita a maldade cometida contra os pássaros para obrigá-los a cantar bem com seus olhos furados com alfinetes. Também fizeram "Juazeiro", "Paraíba", "Magaratiba", "Baião de Dois", Meu Pé de Serra", "Légua Tirana", "Qui Nem Jiló". Com Miguel Lima, Gonzagão compôs "Dezessete e Setecentos", "Cortando o Pano". Além de "Tá Bom Demais" com Onildo de Almeida e "Danado de Bom", com João Silva. Luiz Gonzaga fez 312 músicas e deixou 212 discos gravados.