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Luís Alberto Alves/Hourpress

domingo, 22 de maio de 2011

Às vezes a música joga o baixo astral para o escanteio




No mundo da música existem vários tipos de letras: de protesto, dor de cotovelo e de alto astral. Alguns cantores acertaram em cheio quando gravaram composições espantando a tristeza para o escanteio. O curioso é que elas continuam atuais, mesmo depois de vários anos. É como se tivessem sido escritas há pouco tempo, caindo como uma luva em determinados momentos de nossas vidas.
Exemplo disso é "Adeus América",autoria de Geraldo Jacques e Haroldo Barbosa em 1948. Na época era uma crítica contra a invasão da música estrangeira no Brasil. Estreou na voz do excelente grupo vocal  Os Cariocas. Mas foi em 1979 que ela ganhou outra roupagem na voz de Sérgio Mendes, no disco "Horizonte Aberto". O pianista ensaiava um retorno ao País, após mais de 14 anos nos Estados Unidos. Na época, Sérgio Mendes deixava claro que a América era boa, mas precisava voltar ao Brasil, onde ficou pouco tempo e pegou o avião de volta. "Não posso mais, ai que saudade do Brasil/ai que vontade que eu tenho de voltar/adeus América, essa terra é muito boa/mas não posso ficar/porque/o samba mandou me chamar/o samba mandou me chamar.."
Neste mesmo ano de 1979, época de abertura política no Brasil, permitindo a volta de vários políticos, artistas e intelectuais expulsos pelo Regime Militar, outra música com letra de alto astral fez sucesso. "Tô Voltando", autoria de César Pinheiro e Maurício Tapajós, foi gravada por Simone e vendeu muito disco. A composição descrevia o retorno de alguém obrigado a ficar distante de casa vários anos. Era o caso de pessoas que saíram para o exílio em 1964, 1965 ou 1968. Ambos capricharam na letra: "Pode ir armando o coreto/e preparando aquele feijão preto/eu tô voltando/põe meia dúzia de Brahma pra gelar/muda a roupa de cama/eu tô voltando/leva o chinelo pra sala de jantar/que é lá mesmo que a mala eu vou largar/quero te abraçar, pode se perfumar/porque eu tô voltando...."
Já em 1985, a Seleção Brasileira passava por momentos ruins. Era a dança dos técnicos. Na política, a população foi obrigada a engolir a eleição indireta para presidente da República, depois de a Emenda Dante de Oliveira ser derrotada na Câmara dos Deputados. Isto depois de passeatas com mais de 1 milhão de pessoas nas ruas e o famoso comício no Vale do Anhangabaú, onde um mar de gente se espremia do Viaduto do Chá até o Viaduto Santa Efigênia e ruas próximas. 
Noca da Portela compôs "Levanta a Cabeça" e Bezerra da Silva colocou no disco Malandro Rife: " Eu sei que a dor no seu peito ainda há/mas levanta a cabeça compadre/o que passou, passou/mas porque a vida, ela sempre foi um perde ou ganha/mas quem não bate, apanha, isso é muito natural/o importante é manter a cabeça erguida/pra cicatrizar a ferida/ e levantar a moral..."
Em 1986, Marquinhos Santana, em parceria com Eros Liebert, lançou "Falsa Consideração". Narrava a história de alguém que foi enganado, mas conseguiu sair por cima. "Agora eu sei/ que o amor que você prometeu/ não foi igual ao que você me deu/era mentira o que você jurou/mas não faz mal/ eu aprendi que não se deve crer/em tudo aquilo que alguém nos diz/ num momento de prazer ou de amor/ mas tudo bem/ eu sei que um dia vai e outro vem/você ainda há de encontrar alguém/ pra lhe fazer o que você me fez/e aí/ na hora do sufoco sei que você vai me procurar/ com a mesma conversa que um dia me fez apaixonar/ por alguém de uma falsa consideração/ e ai/você vai perceber que eu estou numa boa/que durante algum tempo eu fiquei sem ninguém/mas há males na vida que vem para o bem..."

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