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Luís Alberto Alves/Hourpress

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Músicas de protestos que ficaram históricas

Bob Dylan
Existem cantores que se destacam por suas letras de protesto. Algumas delas ficam gravadas para sempre. São frases curtas, porém de forte conteúdo, acertando o alvo com precisão. Bob Dylan se encaixa neste perfil. A canção "Blowin´in The Wind, composta há mais 45 anos, é a prova disso. Quando veio ao Brasil poucos anos atrás, o público não sossegou enquanto  ele não cantou os célebres versos: "Quantas estradas deve um homem percorrer/ até que possa ser chamado de homem/ quantas vezes as balas de canhão devem voar/até que sejam banidas para sempre?.."
No Brasil temos vários exemplos também. Quem nunca ouviu ou cantou o refrão:" Vem vamos embora que esperar não é saber/quem sabe faz hora/não espera acontecer.." É a obra-prima de Geraldo Vandré, "Pra não Dizer que não Falei das Flores".  Essa música, composta em fins da década de 1960, provocou a prisão de Vandré, além da apreensão do disco, que ficou censurado até 1979. Provavelmente nunca sairá dos corações e mentes de uma parcela da população.
Em 1972, Chico Buarque compôs o samba "Apesar de Você", uma crítica feroz ao presidente Médici, que governava o País com mão de ferro, prendendo ou matando quem lhe fizesse oposição. O ínicio da música já colocava o dedo na ferida do regime ditatorial: "Hoje você é quem manda/ falou tá falado/não tem discussão/a minha gente hoje anda/falando de lado/e olhando pro chão...Apesar de você/amanhã há de ser/outro dia/eu pergunto a você/onde vai se esconder/da enorme euforia/como vai proibir/quando o galo insistir/em cantar.." O presidente Médici e seu regime passaram, mas o samba de Chico Buarque permaneceu.
A Semana Santa de 1973 marcou o encontro de Chico Buarque e Gilberto Gil. Juntos compuseram a célebre "Cálice". Tornando famosos os versos:" Pai, afasta de mim este cálice/ Pai, afasta de mim este cálice/de vinho tinto de sangue..." De forma bem inteligente, a dupla usou a palavra cálice (que o padre usa para colocar vinho durante a Santa Ceia) querendo dizer calar. É a crítica contra o silêncio, a censura, a repressão contra qualquer ato cometido pela sociedade.
Ainda nos anos de 1970, Lúcio Barbosa escreveu um dos maiores sucessos de Zé Geraldo: a música "Cidadão". É a descrição correta da rotina dos trabalhadores da construção civil, geralmente discriminados por andar com as roupas sujas de cimento, mas responsáveis por tirar do chão prédios e casas inexistentes por todo o Brasil.
Um dos versos critica a falta de acesso à escola pelas crianças pobres: "Tá vendo aquele colégio moço?/eu também trabalhei lá/lá eu quase me arrebento/pus a massa fiz cimento/ajudei a rebocar/minha filha inocente/vem pra mim toda contente/pai vou me matricular/mas me diz um cidadão/criança de pé no chão/aqui não pode estudar/esta dor doeu mais forte/por que que eu deixei o norte/eu me pus a me dizer/lá a seca castigava, mas o pouco que eu plantava/tinha direito a comer..."

Zé Geraldo

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