George Benson (nascido em 1943) com 8 anos de idade já se apresentava em clubes noturnos, exemplo nato das crianças prodígios. Pois nessa época já era influenciado pelo jazz. Estilo que, assim como o blues, exige muita sensibilidade e conhecimento do instrumento: seja guitarra, piano ou saxofone.
De 1951 até o início dos anos de 1960, Benson se manteve nessa rotina. Quando aos 18 anos foi descoberto por Wes Montgomery, um dos maiores guitarristas de jazz nos Estados Unidos.
Começa o período de grande aprendizado, principalmente da parte teórica, pois as partituras escritas por Montgomery eram verdadeiras aulas de músicas. Não podiam ser executadas facilmente. Mas o talento de Benson não deixou que isso tornasse uma barreira intransponível.
Logo entra em contato com feras como Miles Davis, Freddie Hubbard, Dexter Gordon entre outros. Desse convívio, que teve o peso de uma pós-graduação, aos 21 anos, em 1964, grava os discos George Benson / Jack McDuff e The News Boss Guitar.
Até 1976, o seu trabalho é marcado por canções jazzísticas. Revela forte influência de Wes Montgomery no seu estilo de tocar e até de solar suas músicas, principalmente o hábito de solar duas notas ao mesmo tempo, valendo-se do recurso das cordas soltas. Essa técnica era marca registrada de Montgomery, que acabou repercutindo em diversos guitarristas.
A carreira de Benson ganha outro impulso em 1976, ao conhecer o produtor Tommy LiPuma. Ao gravar o álbum Breezin consegue conquistar o Grammy daquele ano. O hit "Breezin", autoria do seu amigo Bobby Womack, estoura em todas as paradas de sucessos e nas pistas de danças do mundo, porque é um tema parecido com o estilo samba-rock brasileiro.
Era o primeiro álbum de jazz a conquistar o disco de platina. Nele destacam-se as faixas "This Masquarede", "On Brodway", além da música "Affirmation", autoria do violonista Jose Feliciano. Com esse hit, Benson abriu portas em vários lugares, principalmente entre parcelas de público que colocavam seu talento em dúvida. Como ocorre com grande parte das músicas regravadas ou gravadas por ele, os solos concentram-se na metade do braço da guitarra.
Sempre surfando no instrumental, Benson teve a ideia de fazer um dueto com o roqueiro Carlos Santana. A música escolhida para o encontro foi "Breezin". Ficou marcado para os amantes do jazz. Apesar dos puristas acusarem Santana de desfigurar a harmonia de "Breezin", pois no encontro de ambos é visível que Benson sola no estilo Jazz, enquanto Santana muda o hit para o rock, misturados os dois ritmos.
Nos anos seguintes, Benson coleciona resultados positivos ao mesclar jazz com pop. Isso se repete nos discos "Livin Inside Your Love" (1977), "In Your Eyes" (1978) e "Give me The Night" (1980), quando embarcou de leve na onda da Disco Music.
Nessa época regrava a música "Dinorah", autoria de Ivan Lins. Ao investir no vocal, Benson afasta-se do jazz, escola que o revelou para o mundo. Começa a fase das baladas água com açúcar, distanciando o público que gostava do Benson guitarrista de jazz.
Mesmo equilibrando-se entre jazz e pop, continua fazendo muito sucesso no Brasil. Pois conseguiu emplacar vários hits nas paradas daqui. Quando apresentou-se no Free Jazz Festival de 1988, resolveu dar uma canja no pátio de um shopping center na Avenida Eusébio Matosso, em Pinheiros, Zona Oeste de Sampa. Era um domingo chuvoso, que não desanimou quem se aventurou sair de casa para o show.
Subiu ao palco e abriu sua apresentação com a inesquecível "Affirmation". Daí para frente, o público que lotou o local, se esqueceu da chuva e do frio. Como sempre faz, uniu os solos de sua guitarra Ibanez "buchuda" (lembra o formato de um violão) com seus conhecidos scats (solo feito com a boca).
Em 57 anos de carreira e 60 discos gravados, Benson já encostou o "burro na sombra". Ele se dá ao luxo de trabalhar apenas seis meses durante o ano. O restante prefere ficar com sua família. Porém, aquele guitarrista, símbolo do jazz puro, não existe mais. Ficou parado na onda do pop, que vai e vem. Quem quiser tirar a dúvida, ouça o excelente disco "Breezin", onde os seus solos de guitarra massageiam os ouvidos. Mas isso foi há 34 anos.
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