Em busca de mais sucesso, deixaram as letras politizadas |
Outro
destaque do Hip Hop nos Estados Unidos é o grupo Mobb Deep formado pelos
rappers Prodigv e Havoc, juntos desde 1992. Também são conhecidos como The
Infamous Mobb Deep.
Do bairro de Queesbridge, Nova York, a dupla lançou o
primeiro álbum, Juvenile Hell, em 1993. Já foram muito aclamados nas ruas,
principalmente por descrever profundamente a cidade onde nasceram,
principalmente os guetos que não aparecem muito na televisão, para passar a
imagem de que nos Estados Unidos inexistem miséria e favelas.
Nas letras
eles falam de crimes, drogas e todo tipo de problema que estão presentes em
bairros miseráveis, principalmente criminosos tentando se esconder das
autoridades e aliciando novos componentes para entrar nesse mundo tenebroso, de
onde poucos conseguem sair vivos e lúcidos. Com essa abordagem, as canções de
Mobb Deep atraíram inúmeros fãs. Porém queriam subir degraus mais elevados,
chegar ao top, aos milhões e à fama.
Deixaram o estilo hardcore, marca
responsável por ganhar tantos admiradores e baixaram a bola, colocando refrões
usados por artistas de R&B, as famosas fórmulas da Fast Music.
Para se
entender melhor, é o mesmo de os Racionais MCs passarem a cantar hits de amor,
na linha romântica, deixando a crítica social de lado, que virou a marca
registrada do grupo em todo o Brasil e até nos Estados Unidos. A guinada
de Mobb Deep resultou em perda de fãs e
fracasso comercial. A crítica norte americana imaginava bom cenário para a
dupla quando lançaram o disco Juvenile Hell, vendendo 40 mil cópias. O trabalho
abriu as portas da Loud Records.
Ali
lançaram, em 1995, The Infamous. Nesse
álbum estão as pérolas “Shook Ones Pt.II”, “Survival of The Fittest”, “Temperature´s
Rising” e “Craddle to The Grave”. Na época tornaram se
referência do RAP hardcore de Nova York. No ano seguinte veio o disco Hell on
Earth, com as participações de Nas, Raekwon, Method Man, Big Noyd, Illa Ghee,
Gambino e Ty Knitty. As canções de destaque foram “Hell on Earth” e “God Pt.III”.
Os endinheirados, ao ouvir essas duas músicas, tinham a noção exata do que é
sobreviver numa favela de concreto norte americana. Resultado: ganharam o Disco
de Ouro.
O quarto
disco, Murda Muzik, vendeu muito, sobressaindo as faixas “Quiet Storm (remix)”,
“it´s Mine” e “U.S.A. (Aiight Then)”. Nessa bolacha tiveram as presenças de Big
Noyd, Cormega, 8 Ball, Raekwon, Kool G Rap, Nas e Lil´Kim. Jantaram o Disco de
Platina ao vender 1 milhão de cópias. Atingiram o terceiro lugar na tabela de
discos da Billboard.
No ano 2001
lançam o álbum Infamy. Começam a deixar de lado as letras ácidas e críticas
para atingir maior número de público. Chamam Ron Isley para gravar e ficar bem
com as rádios e emissoras de TV de linha mais light. Perderam muitos fãs e não
agradaram o restante da massa. Era o início da descida.
De casa nova
na Jive Records, colocam no mercado o CD Amerikaz Nightmare. Deixam bem claro a
distância dos álbuns The Infamous e Hell on Earth. Algumas das canções foram
produzidas por Lil´John, caracterizando o mau gosto pelo sucesso a qualquer
custo. O single “Got It Twisted” é um hit vazio. O CD ficou igual sanduíche de
uma famosa rede norte americana de fast food que não consegue matar por
completo a fome, mesmo que seja grande. Perderam mais fãs.
Para selar a
derrocada, ficaram sem editora e a convite do maluco 50 Cent, foram para a G
Unit Records, gravadora afiliada à Interscope/Shady/Aftermath. Ali gravaram o
álbum Blood Money com as participações de Nate Dogg e Mary J. Blige. O CD não
agradou aos dois nem aos produtores. A nova associação e estilo não trouxeram
novos admiradores nem despertou amor nos antigos fãs. Fortaleceram a crítica
que desceu a lenha no grupo que moldou as bases do Hip Hop mundial. Não
atingiram sucesso comercial, pois perderam a originalidade com letras fracas
sem qualquer apelo junto às grandes massas que ainda moram nos guetos.
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