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sábado, 11 de maio de 2013

Little Walter: o rei da gaita no Blues

Na gaita, Walter era grande fenômeno do Blues


   Muitos imaginam que os grandes talentos do Blues só toquem guitarra, piano ou saxofone, piston ou trombone. Esquecem da gaita. Little Walter foi revolucionário na arte de soprar suas canções nesse instrumento pouco usado na maioria dos gêneros musicais. Nascido em 1930, em Rapides Parish, Estados da Lousiana, Walter acabou comparado a Charlie Parker e Jimi Hendrix, por causa do talento.  Inovou e impactou sucessivas gerações de simpatizantes do Blues em todo o mundo. No Hall da Fama do Rock and Roll, onde está introduzido desde 2008, ele é o primeiro e único artista que ali entrou especificamente por causa do trabalho de tocar gaita.

   Walter aprendeu a tocar ainda criança, quando saiu da escola aos 12 anos e começou a viajar por várias cidades, entre elas Memphis, Helena, Arkansas e St.Louis. Aperfeiçou as habilidades nesse instrumento e guitarra tocando com velhos bluesman, como Sonny Boy Williamson II, Sunnyland Slim, Honeyboy Edwards e demais. Quando chegou a Chicago, com 15 anos, em 1945, passou a trabalhar como guitarrista, mas chamou a atenção quando soprava sua gaita. 

  Segundo seu colega e bluesman, Floyd Jones, a primeira gravação de Walter foi uma demonstração inédita de algo que iria impactar o Blues. Porém ficava incomodado quando o som dos instrumentos de corda encobriam a gaita. A solução foi pegar um pequeno microfone nas mãos junto com ela e ligá-lo em um sistema de endereço público ou amplificador de guitarra. Competia com o volume de qualquer guitarrista.


 Ao contrário de outros gaitistas de Blues contemporâneos, como Sonny Boy Williamson II e Snooky Pryor, que começaram a usar a tecnologia de amplificação recentemente disponível na mesma época apenas para o volume adicionado, Walter empurrou seus amplificadores para além do suas limitações técnicas, usando para explorar e desenvolver novos timbres radicais e efeitos sonoros inéditos de uma gaita ou qualquer outro instrumento. Foi o primeiro a utilizar propositalmente distorção eletrônica na música.
  
 Em 1947 começou a gravar seus primeiros discos na pequena Ora-Nelle Records. Ela funcionava no quarto dos fundos da Abram´s Bernard Abrams Maxwell Radio e guardou suas canções na Maxwell Street em Chicago. No ano seguinte entrou na banda de Muddy Waters e em 1950 tocava em gravações de Muddy para a Chess Records. Em 1951 gravou, usando o recurso de amplificação da gaita, no disco Country Boy de Muddy Waters. 
  Após a saída da banda de Muddy em 1952, a Chess Records continuou  o contratando  para tocar em outras gravações. Como guitarrista gravou três músicas na ParkWay Records com Muddy e Baby Face Leroy Foster, que acabou lançado como CD, The Blues World of Little Walter, pela Delmark Records em 1993. O mesmo ocorreu com outro disco gravado junto com o pianista Eddie Ware e outras canções em que acompanhou Muddy Waters e Jimmy Rogers.

  Seu maior sucesso é o hit "Juke", que estourou na Billboard R&B.  Entre 1952 e 1958, ele apareceu nas paradas, inclusive com a canção "My Babe" (1955), sucesso comercial nunca alcançado por seus antigos companheiros de Blues, como Howlin ´Wold e Sonny Boy Williamson II. Seguindo a fórmula bem sucedida de "Juke", o restante de seus singles contou com uma performance vocal de um lado e gaita instrumental de outro. Várias de suas canções eram originais que escrevera ou adaptara e atualizou a partir de temas anteriores do Blues. Porém, o som acabava modernizado, sem a rigidez que outros gaitistas impunham quando tocavam esse gênero musical.

  Depois que saiu da banda de Muddy Waters, criou um grupo jovem com alguns músicos que já havia trabalhado em Chicago, como Junior Wells, os irmãos David Myers, o baterista Fred Below e nascia o conjunto The Jukes. Em 1955 alguns membros saíram, cedendo lugar aos guitarristas Robert Junior Lockwood e Luther Tucker, e o baterista Odie Payne Jr. Durante a década de 1950 também trabalharam com Walter os guitarristas Jimmie Lee Robinson e Freddie Robinson, além do saxofonista Albert Ayler e um pianista em início de carreira chamado Ray Charles. 

  
  O grande problema de Littler Walter era o alcoolismo e o nervosismo, que lhe provocara vários problemas, inclusive o declínio na fama, além de perder muito dinheiro, apesar de turnês bem-sucedidas pela Europa em 1964 e 1967. Numa delas, ele participou do American Folk Blues, do qual resultou em imagens registrada do seu desempenho no palco. A apresentação resultou num DVD lançado em 2004. Em outra, Walter aparece tocando na Alemanha as canções "My Babe"e "Mean Old World". O material rendeu outro DVD, disponível no mercado desde janeiro de 2009.  
  Em 1967, a Chess Records lançou um album de estúdio com Little Walter com Bo Diddley e Muddy Waters, conhecido como Super Blues.  Após retornar de uma turnê na Europa, ele envolveu-se numa briga de rua após se apresentar em uma boate em Chicago. Ficou ferido e preferiu ir dormir na casa da namorada. No dia seguinte não acordou mais. Aos 38 anos, seu comportamento temperamental acabou responsável por matá-lo. Para muitos críticos, Walters é considerado o rei de todos os harpistas de Blues pós-guerra.



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