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Luís Alberto Alves/Hourpress

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Eddie Harris: gênio do Jazz/Pop

Harris fugiu da camisa de força do Show Biz

   Um dos grandes nomes do Jazz foi Eddie Harris
, saxofonista eclético e criativo, cuja carreira foi marcada por uma vontade incomum de experimentação de novos sons. Chegou a ser mais popular com o público do que com os críticos, que adoravam descer a madeira em seus projetos bem-sucedidos comercialmente. 

  A vantagem de Harris é ter fugido da camisa de força imposta pelo Show Biz, quando o artista fica preso a determinado seguimento musical e nunca mais consegue sair dali. Os puristas, como sempre ocorre em diversos setores, do Jazz não gostavam de sua postura. 

  Porém, ele sabia como transitar nesse campo minado, tanto com ala do Bop quanto do Cool, bem solidificado na costa Oeste dos Estados Unidos. Ciente do talento, Harris passeou pelo Jazz/Pop, Rock e Funk, além de improvisar, utilizar novos instrumentos eletrônicos, cruzar com outros tradicionais, como faz no Brasil o mago Hermeto Paschoal. 

  Os críticos escreveram artigos dizendo que ele caiu fora do que é considerado Jazz legítimo. Para tirar qualquer dúvida a seu respeito, Harris, filho de  pai cubano e mãe norte-americana de Nova Orleans (celeiro de grandes bluesman no Sul dos Estados Unidos), ficou mais conhecido por tocar saxofone tenor e introduzir esse instrumento amplificado eletricamente.  

  Harris tocava muito bem piano elétrico e órgão. Suas canções mais conhecidas são "Freedom Jazz Dance", gravada e tornada famosa por meio de Milles Davis na década de 1960, " Listen Here". Nascido em Chicago, terra de feras como Nat King Cole, Dinah Washington, Clifford Jordan, Johnny Griffin, Gene Ammons, Julian Priester e Bo Diddley, para citar alguns pesos pesados da Black Music norte-americana, Harris estudou música na DuSable High School. Depois refinou-se mais na Universidade Roosevelt, quando já tocava piano, vibrafone e saxofone tenor. 

  Na época de Serviço Militar prestado na Europa, entrou na Banda do Exército, onde já estavam Don Ellis, Leo Wright e Cedar Walton. Após concluir o compromisso com a pátria foi trabalhar em Nova York, antes de retornar a Chicago, para assinar contrato com a Vee Jay Records. Ali lançou o primeiro álbum, Exodus to Jazz, incluindo próprio arranjo de Jazz num tema de Ernest Gold. Sua versão de saxofone tenor tocou muito nas rádios, tornando o primeiro disco de Jazz a ganhar o Disco de Ouro. 

  O single subiu para a Billboard Hot 100 dos Estados Unidos e chegou ao posto 16 no chart R&B norte-americano. Não demorou para determinados críticos dizerem que o sucesso comercial de Harris ocorreu tinha saído dos bons caminhos do Jazz. Em 1964 entrou na Columbia Records e no ano seguinte assinou com a Atlantic Records. Ali gravou o álbum The Sound In, de Bop, que mostrou que seus críticos estavam errados a seu respeito.  

  Depois passou a tocar piano elétrico e saxofone, além de mesclar Jazz e Funk, vendendo bem tanto no segmento de Jazz quanto no de Rhythm and Blues. Em 1967 o disco The Electrifying Eddie Harris chegou ao segundo lugar nas paradas de R&B. A faixa " Listen Here" ficou entre as 11 mais na parada de R&B e 45 no Hot 100. Com o decorrer dos anos, ele lançou diversas versões dessa canção, incluíndo gravações de estúdio e concertos ao vivo.

   É célebre a apresentação ao lado de Les McCann no Festival de Jazz de Montreux em 1969. Mesmo sem ensaiar bastante com seus músicos, o show tornou-se o álbum Swiss Movement, lançado pela Atlantic Records. Ele ficou em segundo lugar nas paradas de R&B, como um dos mais vendidos da história do Jazz nos Estados Unidos.

  Na década de 1970 colocou a criatividade para funcionar inventando diversos instrumentos, entre os quais o trompete cana (com bocal de saxofone), saxobone (com bocal de trombone) e guitorgan (mistura de guitarra e órgão). De 1980 em diante centrou fogo nos cânticos de Blues mesclados com Jazz/Rock e gravou ao lado de estrelas como Steve Winwood, Jeff Beck, Albert Lee, Ric Grech, Zoot Money entre outros nomes do Rock. 

 A década de 1990, talvez percebendo que o fim estava próximo, como ocorreu em 1996, prosseguiu gravando na Europa, onde tinha público cativo. Aproveitou para lançar um álbum de Hard Bop. Mudou-se para Los Angeles, cidade onde morreu de câncer, aos 62 anos, deixando cravado o seu nome na história do Jazz. 



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