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Luís Alberto Alves/Hourpress

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Carlos Dafé é uma das raízes da soul music brasileira

A música já estava no DNA de Carlos Dafé desde quando se encontrava na barriga de sua mãe. Ela era poetisa e o pai multi-instrumentista. Aos 12 anos, em 1959, era aluno da academia de música. Depois aprendeu tocar piano e contrabaixo. Ao contrário de outras crianças, seus brinquedos estavam ligados ao seu futuro como cantor: gaita, violão e cavaquinho.
No subúrbio carioca da Penha, Rio de Janeiro, participou de diversos conjuntos. Fã de grupos de chorinho, aos 10 anos já participava desse estilo de música instrumental. Influência do seu pai, que tocava bandolim, cavaquinho e acordeon. Mais tarde trabalhou em orquestras.
Mesmo na Marinha, onde prestou serviço militar, o seu lado musical prevalecia. Nesse período conheceu o Caribe e Estados Unidos. Aproveitou para ouvir e trazer material de Jazz.
No início da década de 1970, com 24 anos, começou ter contatos com feras do porte de Oberdan Magalhães (fundador da Banda Black Rio), Paulo Moura, Dom Salvador (muito reverenciado nos Estados Unidos pela sua qualidade como músico) e Grupo Abolição. Em 1972 consegue gravar seu primeiro disco, com apoio de Ivan Lins e Roberto Menescal.
A qualidade do trabalho chamou a atenção de Tim Maia. Nessa época surge a oportunidade de tocar piano na banda do Síndico. Logo vieram convites para acompanhar Elza Soares, Nora Ney (a primeira cantora a gravar uma canção de rock roll no Brasil na década de 1950). Depois conhece Liza Minelli e Michael Jackson, quando ainda fazia parte dos Jackson Five.

Em 1975 era muito forte a influência da Soul Music no Brasil. Ou seja, ouvia-se mais o ritmo norte-americano nos bailes do que samba ou MPB. Foi este o pulo do gato de Carlos Dafé ao gravar, em 1977, seu álbum Dafé "Pra que vou recordar". O disco veio recheado de baladas no estilo Soul . Estourou nos bailes e em vendas. Logo começou se apresentar no ginásio do Palmeiras, com a equipe Chic Show reunindo 20 mil pessoas nas festas. No Rio de Janeiro ocorria o mesmo com a Soul Grand Prix. As baladas " A Cruz" (http://youtu.be/f3Hvt8RiPE0) e "Pra Que Vou Recordar o Que Chorei (http://youtu.be/E9khKwmA-E4) logo se transformaram em sucesso, mesmo sem tocar muito nas rádios. Os arranjos de teclados e cordas eram bem no estilo dos cantores norte-americanos. Tinham qualidade.
No ano de 1978 veio outro mega-sucesso: " Venha Matar a Saudade" (http://youtu.be/aMYnWB1l5S8). O disco vendeu igual pipoca na porta de cinema. Antes do fim da década de 1970, Carlos Dafé emplacou " Tudo Era Lindo" (http://youtu.be/aMYnWB1l5S8), composição com excelente arranjo de teclados e novamente a gostosa batida da Soul Music.
Nas décadas de 1980 e 1990, as gravadoras deixaram de apostar no talento de Carlos Dafé, optando pela febre do pagode descartável e do Axé Music, vindo da Bahia.
Mesmo fora do circuito comercial, Carlos Dafé continua em atividade, fiel às raízes da soul music, na mesma trilha de Tim Maia, Cassiano, Gérson King Combo e Banda Black Rio.
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