Reportagens com clipes descrevendo histórias de artistas famosos, principalmente de intérpretes da Black Music, além de destacar a importância do Blues no Showbiz.
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Luís Alberto Alves/Hourpress
terça-feira, 23 de agosto de 2011
Gérson King Combo: o James Brown brasileiro
Gérson King Combo é considerado o James Brown brasileiro e grande divulgador da Soul Music no País. Seu irmão Getúlio Cortes (compositor do hit "Negro Gato", um dos sucessos de Roberto Carlos na década de 1960) o iniciou na carreira artística, quando o levou para dançar no programa Hoje é Dia de Rock, apresentado por uma emissora do Rio de Janeiro.
Depois foi para o programa Jovem Guarda, que Roberto Carlos apresentava na TV Record, em São Paulo. Mas o ritmo Iê, Iê, característico dos grupos musicais do movimento encabeçado por Roberto e Erasmo Carlos não fez a cabeça de Gérson King Combo. Visto que o DNA da Black Music dos Estados Unidos já estava em seu sangue. Aliás, o sobrenome artístico é alusão a King Curtis Combo, uma banda de soul norte-americana liderada pelo
saxofonista Curtis Ousley, com seu auge na década de 1960.
Logo encontrou trabalho na Banda Veneno, do maestro Erlon Chaves, e depois com Wilson Simonal, antes da derrocada. O curioso é que o pai de Gérson não queria os filhos envolvidos no mundo do samba, considerado por ele antro de desocupados. Ele foi para a Soul Music, durante muitos anos marginalizada nos Estados Unidos, lembrando que Soul Music na gíria dos guetos norte-americanos significa música de preto.
No começo da década de 1970, a Black Music estava no auge no Brasil. O DJ Big Boy, com programa na Rádio Mundial do Rio de Janeiro, ajudou a introduzir esse ritmo no País. Nessa época diversas equipes (nome de promotoras de festas) de bailes surgiam em várias regiões do Brasil. A Jirau, no Rio de Janeiro, e Chic Show e Discoteca Eduardo´s, em São Paulo, responsabilizavam-se por colocar fogo nos eventos, reunindo até 20 mil pessoas em salões de clubes, associações de classe ou sindicatos, caso dos Aeroviários, diante do Aeroporto de Congonhas, na capital paulista.
Logo, Gérson King Combo foi aclamado Rei dos Bailes Blacks cariocas e começou a gravar. Em 1977 lança o disco Gérson King Combo. O trabalho antes de sair nas lojas é elogiado por James Brown, que lhe manda um telegrama, anexado na contra-capa do álbum. Antes, ele viajou à Jamaica e dançou num show das Supremes. Os passos da black music brasileira deixou boquiaberto o empresário das meninas. Recebeu convite para participar de uma apresentação de James Brown em Nova York. No ensaio, dançou mais de 6 horas com o criador da Funk Music. Ensinou alguns passos ao mestre e saiu dali sendo admirado por Brown. Ele percebeu que Gérson King Combo não era cantor de laboratório. Mesmo sem ter nascido nos Estados Unidos, carregava a Soul Music no sangue. Na avalição de Combo, o segredo do sucesso consiste em ter uma ideia exatamente na hora em que ela tem condições de acontecer.
Para sobreviver e poder realizar o sonho depois, foi obrigado a fazer backing vocal para diversos cantores famosos, onde sua voz era diluída na mixagem. Igual lutador de boxe que cai, mas levanta olhando o adversário. Gérson King Combo procurou manter contatos no meio artístico. Nesta trilha fez parte do embrião da Banda Black Rio na primeira metade da década de 1970.
Com o surgimento do Pagode, nos anos de 1980, ficou meio esquecido pelas gravadoras, que deixaram de lado a Soul Music. Mas deu a volta por cima na década de 1990 e em 2011 participou da Virada Cultural em São Paulo e continua presente em vários eventos de Black Music no Brasil.
Do seu primeiro álbum, de 1977, uma das pérolas é a balada "Foi um Sonho Só" (http://youtu.be/4m22fbJkV8A). Repleta de strings e lindo vocal feminino em contra-ponto ao vozeirão de Combo. O hit até hoje toca nos bailes blacks de nostalgia. No mesmo disco tem a adrenalina pura "Uma Chance" (http://youtu.be/rmJkYo-cQ-o). Os metais, bem no estilo Banda Black Rio, não deixam ninguém parado e tem ótima percursão.
Em 1978, seu segundo álbum traz o genuíno Funk dos Estados Unidos, "Goodbye Girl, Goodbye Baby" (http://youtu.be/nfpNvKMPGK8). Nos bailes do final da década de 1970, alguns DJs colocavam essa música para avisar que a festa tinha acabado. Todos continuavam dançando até o som desaparecer. Em 2003, numa de suas apresentações em São Paulo, cantou "Brother Soul"(http://youtu.be/LCPnTJ9MZ1Y), aolado da excelente rapaziada da banda Funk como Le Gusta.
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