Todos sabem que durante grande parte do século passado, a música popular foi definida pela cultura europeia. Só por volta de 1900 que a influência afro-americana por meio do Jazz, Gospel e Blues passou a marcar presença nos Estados Unidos. É da mistura desses três gêneros que vieram os outros ritmos, como Rock, Soul, Reggae, Funk (legítimo norte-americano), RAP entre outros.
Neste século 21 o caldeirão cultural continua fervendo com novos talentos incorporando sons únicos. Martha Redbone é exemplo disso. Ela carrega dentro de si herança moldada por Shawnee, Choctaw, Lumbee e outros ritmos africanos ancestrais.
Criada no Brooklin (bairro celeiro de bambas em Nova York) e na Zona Rural do Kentucky, recebeu forte influência do Pop, Soul e Funk Music da década de 1970, mas também dos sons bem diferentes da família da mãe Choctaw. Isto teve impacto na formação de compositora.
Ao lado do parceiro Aaron Whitby assinou com a Warner/Chappell como compositora no início da década de 1990 e ali ficou por mais de dez anos. Abriu sua própria editora musical e passou a trabalhar em seu álbum de estreia Home of the Brave.
Para deixar o tempero mais forte, ligou-se a músicos veteranos como Toby Williams (bateria), Cash Fred Jr., (baixo), Alan Burroughs e Mike Campbell (guitarra) responsáveis pela formação do núcleo de sua banda Funk/Rock. Em 2004, o CD Skintalk provocou barulho na crítica especializada.
Skintalk é uma mistura talentosa de Rock e R&B, mas com forte herança indígena americana, especialmente na faixa “Man of Medicine”. Ao contrário da maioria dos CDs modernos de Soul Music, Skintalk é baseado num pilar de teclado eletrônico, alimentado pela força das guitarras de Burroughs e Campbell, deixando no ar a sensação de estar diante de um trabalho igual da banda Sly e the Family Stone.
Um dos grandes do álbum é a canção “Mama”. Ela descreve as agruras de uma mãe solteira que usa o forte distanciamento como um mecanismo de defesa. Martha Redbone soube mesclar suavidade e dureza em diversas faixas, como em “Just Because” ou mesmo na balada “Ubu”. A banda segura o som de forma competente, além do belo espetáculo de se ouvir a linda voz de Martha. Ela já é a grande representante da Soul Music do século 21.
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