O guitarrista Chuck Berry está para o Rock, assim como Pelé foi importante para o futebol. Pegou o início dessa febre que nasceu nos Estados Unidos na década de 1950 e espalhou-se mundo afora. É um dos maiores compositores desse ritmo que uniu o Blues a Country Music e o resultado são inúmeras canções eternizadas nos corações e mentes de milhões dos amantes dessa música.
Sem Chuck Berry não existiriam Beatles, Rolling Stones, Beach Boys, Bob Dylan e diversos artistas que se espelharam na sua inconfundível batida na guitarra. Aliás, ele foi professor de Keith Richards, quando os Stones ainda engatinhavam. Hoje, qualquer cabeça-de-bagre investe no marketing e vira sucesso.
Chuck Berry (Charles Edward Anderson Berry) pegou a fase dura do Rock. Boicotado pelo governo norte-americano, os artistas daquela época eram perseguidos. Alguns paravam na cadeia.
O amor pela música começou cedo na vida de Chuck Berry, principalmente pelo Blues. Não demorou para ganhar um concurso numa escola de Ensino Médio, de Saint Louis, cantando e tocando guitarra. O seu talento levou o dono de uma barbearia a lhe presentear com um violão. Dai, ele foi trabalhar nos bares da cidade.
Logo começou a misturar o Blues com o Country, quando ainda não se falava em Rock.
Em 1954 formou um trio, que contava com o pianista Johnny Johnson e Ike Turner. Era o Chuck Berry Trio. Numa viagem a Chicago, Chuck Berry conversou com seu ídolo Muddy Waters e expressou o desejo de gravar um disco. Gravou uma fita demo e levou a Chess Records. Aprovado. Em 21 de maio de 1955 lançou o hit "Maybellene". Era o nascimento do Rock, pois o novo ritmo caiu no gosto dos adolescentes brancos e negros dos Estados Unidos. A canção foi incorporada aos shows de um jovem em início de carreira: Elvis Presley.
O algo mais de "Maybellene" era um solo de guitarra no meio da música, além da batida característica criada por Chuck Berry. O DJ branco, Alan Freed, percebeu a riqueza e a alegria existentes no Rock e passou a promover bailes para os adolescentes brancos. Logo, o salário de Chuck Berry saiu dos US$ 15 , que ganhava nos bares de Saint Louis, e passou para cem vezes mais. Hollywood o descobriu e sua fama correu os Estados Unidos.
Daí, inúmeras canções saíram de seus lábios: " Rol Over Beethoven", "Thirty Days", "Too Much Monkey Business", " Brown Eyed Handsome Man", " You Can´t Catch Me", "School Day", " Carol", "Back in The USA", " Little Quennie", "Memphis, Tennessee" e "Rock Roll and Music".
Com o dinheiro ganho nos shows, passou a investir em imóveis na cidade de Saint Louis, onde nasceu. Abriu uma casa de espetáculos, onde brancos e negros podiam frequentar; algo impensável naquela época nos Estados Unidos, onde era forte a segregação racial. Quando planejava abrir um parque de diversões, o envolvimento sexual com uma menor de idade o levou à pena de dois anos de prisão. Quando saiu, percebeu que os recém-criados Beatles e Rolling Stones haviam copiado o seu estilo de tocar e o rock havia explodido na Europa.
Passou a viajar pelo mundo e compôs novos hits: "Nadine", " Particular Place to Go", " You Never Can Tell". Após uma fase desastrosa na Mercury Records, voltou ao auge na década de 1970. Lançou o hit "My Ding a Ling" e ganhou seu primeiro disco de ouro oficial. Fez diversos shows. Em 1979 retornou à prisão, acusado de sonegação de impostos. Dessa vez, ao voltar à liberdade não estava mais com o pique profissional da década de 1950. Passou a se apresentar de forma melancólica. Desagradando fãs novos e velhos. Também recusou gravar novos discos. Em 1987 publicou sua autobiografia. Continua fazendo shows, inclusive vindo ao Brasil diversas vezes. Pelo seu passado, pode-se dar ao luxo de viver apenas dos flash backs de seus sucessos. Virou lenda!
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