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Luís Alberto Alves/Hourpress

domingo, 11 de setembro de 2011

O lirismo dos sambas de Agepê

Em  1974 a canção  gravada num compacto simples (disco com uma música de cada lado) chamou a atenção de quem gostava de samba: "Moro Onde Não Mora Ninguém". Diferente do tradicional, o hit trazia um balanço que não era comum aos discos lançados por outros sambistas. Até o nome do cantor soou estranho aos ouvidos: Agepê! Naquela época não se ouvia a legítima Música Popular Basileira nas rádios e raramente aparecia nos programas de televisão. Exceção para Martinho da Vila.
Logo o público descobriu que Agepê era o nome artístico do ex-técnico em telefonia Antônio Gilson Porfírio, cujo o codinome artístico é derivado da junção das primeiras letras de seu nome e sobrenome. Foram 21 anos de muitos sucessos, até a cirrose matá-lo em agosto de 1995.
A parceria com o amigo Canário rendeu canções memoráveis. Como a inesquecível "Deixa eu Te Amar", cujo o álbum vendeu 1,5 milhão de cópias. A letra descrevia o amor de um homem por uma mulher, e o seu desejo de transar com ela. Mas ao contrário das sofríveis composições dos atuais grupos de pagode, tudo era dito com figuras de linguagem como: "Deixa eu te amar/faz de conta que sou o primeiro/na beleza desse olhar/eu quero estar o tempo inteiro"...."Quero te pegar no colo/te deitar no solo/ e te fazer mulher.."
Por causa da Ditadura Militar, ainda mandando no País em 1984, a dupla Agepê e Canário precisou explicar aos militares qual era o sentido real de alguns versos, como os citados acima, do samba composto por ambos. Acreditavam que a música pregava o sexo e fomentava a pornografia.
Outra marca registrada de Agepê consistia na banda que o acompanhava. Ele tinha horror a barulho, num tempo que conjunto de samba lembrava mini-bateria de escola de samba, cujo os instrumentos de acompanhamento eram surdo, cuíca, pandeiro, tamborim, agogô e cavaquinho. Nas suas apresentações  apareciam violão, contrabaixo, bateria, cavaquinho, surdo, pequeno coral, teclados, bongô e toda sofisticação dos cantores de bom gosto.
Na carreira de 21 anos deixou canções como "Menina dos Cabelos Longos", "Me Leva", "Moça Criança", "Lá Vem o Trem" entre diversos sucessos. Membro da ala de compositores da Portela, morreu sem concretizar o sonho de ganhar e levar um samba-enredo de sua autoria para a Marquês de Sapucaí e depois Sambódromo.







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