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Luís Alberto Alves/Hourpress

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Paulinho da Viola, o gentleman do samba

Paulinho da Viola Paulinho da Viola é o sambista que sabe compor uma música tão bem, quanto dar um buquê de rosas à amada. Marcas de quem é gentleman. Suas letras não maltratam nossos ouvidos, principalmente com rimas pobres e melodias horríveis, como ocorre atualmente.

Nascido no Rio de Janeiro, em 1942, cresceu na Zona Sul da cidade e teve o privilégio de presenciar reuniões e saraus em sua casa com Jacob do Bandolin e Pixinguinha. Para completar a cobertura do bolo, seu pai Benedicto César Faria era violonista do grupo de choro Época de Ouro.

Com esse DNA seria difícil não se transformar num grande artista de talento. Suas frequentes visitas aos blocos carnavalescos influenciou na futura formação de sambista. Mais tarde, ele e amigos fundaram o bloco Foliões da Rua Anália Franco. Depois convidados a integrar a escola de samba União de Jacarepaguá, onde Paulinho da Viola apresentou o samba  “Pode ser Ilusão”.

Como talento chama talento, na agência bancária em que trabalhava conheceu o poeta Hermínio Bello de Carvalho. Logo passa a visitar o seu apartamento. Ali, por meio de gravações, conhece o trabalho de Cartola, Zé Kétti, Elton Medeiros e Nelson Cavaquinho.

Logo forma parceria com Hermínio e ambos compõem “Valsa da Solidão” e “Duvide-o-dó”, com a primeira música gravada por Elizete Cardoso.

Nessa época passa a frequentar o famoso restaurante Zicartola, do sambista Cartola e sua esposa, Zica. Passa a se apresentar, tocar suas músicas e de outros autores. Ali, a carreira de bancário começa ficar em segundo plano.

Com um verdadeiro time de feras, integrado por Zé Ketti, Oscar Bigode, Anescar do Salgueiro, Nélson Sargento, Elton Medeiros e Jair do Cavaquinho, Paulinho da Viola forma, em 1965, o grupo A Voz do Morro.

Sob a batuta do diretor musical Luís Bittencourt, eles gravam o disco Roda de Samba. Por causa do sucesso, no mesmo ano, fazem Roda de Samba volume 2, e em 1966 sai A Voz do Morro – Os Sambistas.

Passou a frequentar a Portela, e ali ao cantar o samba “Recado” é incluído na ala de compositores da escola. Em 1966 apresenta o samba enredo “Memórias de um Sargento de Milícias”, que recebe nota máxima dos jurados e a vitória da Portela naquele ano.

Nesse mesmo tempo, encontrou espaço para gravar o musical Rosa de Ouro, lhe rendendo dois discos, além do lançamento de Clementina de Jesus no mundo da música e a gravação do disco Na Madrugada, em parceria com Elton Medeiros pelo selo RGE.

Em 1968 lança seu primeiro disco solo pela gravadora Odeon. E vence, no ano seguinte, o Festival da TV Record com a música “Sinal Fechado”. Também fica em primeiro lugar na Feira de MPB da TV Tupi com o hit “Nada de Novo”. Nessa mesma época lança o samba “Foi um Rio que Passou em Minha Vida”, que tornou-se clássico da MPB.

Após gravar o disco Prisma Luminoso, já consagrado como músico-compositor, Paulinho da Viola reduz a carga de trabalho. Com o rock brasileiro recebendo grande apoio das gravadoras e depois ocorrendo o mesmo com o pagode, em 1986, ele resolve ficar um pouco na sombra.

Neste período teve tempo para trabalhar profundamente sua obra musical. Resultado: em 1989 lança o disco Eu Canto Samba, ganhando quatro troféus do Prêmio Sharp.

Em 1996 grava o álbum Bebadosamba, um dos discos mais aclamados de sua carreira e vira recordista do Prêmio Sharp de 1997. Por causa do sucesso, gravou mais dois discos ao vivo: Bebadosamba e Sinal Aberto, este último em parceria com o violonista Toquinho. Em 2003 lançou o CD Meu Tempo é Hoje, rendendo documentário com o mesmo nome, sob direção de Izabel Jaguaribe.

A obra-prima Coração Leviano
Crítica sutil em plena ditadura militar
Outro samba de primeira linha

O samba que tornou-se clássico da MPB

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