Na década de 1980, Heron escreveu várias canções criticando a política do governo Ronald Reagan |
Assim como o Funk, na década de 1960, teve
James Brown como seu principal defensor e incentivador, o RAP dependeu de Gil
Scott-Heron. Ele foi considerado um dos mais importantes compositores desse
estilo musical, inspirando inúmeros rappers. Sua sabedoria no manejo das
palavras colocou diversas canções nas paradas de R&B.
A maior parte da adolescência de Heron
transcorreu no bairro do Bronx, local barra pesada de Nova York, onde a
violência circula tão livre quanto às águas dos rios. Na época de Ensino Médio
ele aprendeu os segredos de escrever canções.
Na infância, Heron já tinha facilidade em contar histórias por meio da
música.
Com 13 anos tinha pronto seu primeiro livro de
poesia. Ao sair do Ensino Médio foi para a faculdade na Pensilvânia, onde após
um ano saiu para centrar fogo na carreira de escritor, ganhando elogios da
crítica. No final da década de 1960 começou a trabalhar em gravações ao lado do
produtor Bob Thiele Jazz, que já havia prestado serviço para Louis Armstrong e
John Coltrane. Lançou o álbum Small Talk at 125th and Lenox, inspirado num
livro de poesia de sua autoria.
Não demorou em assinar contrato com a Arista
Records, estourando nas paradas de sucesso de R&B. Embora sua pegada
tivesse como base o Jazz, no começo da década de 1970, resolveu temperar suas
canções com doses de Disco Dance. Isto é visível nos hits “Johannesburg” e “Angel
Dust”. Só voltou à ribalta em 1984, para lançar o single “Re-Ron”. Seis anos
depois retornou aos estúdios com uma mensagem aos rappers gangsta que imitaram
seu estilo de letras.
Gravou o álbum “Message to the Messengers”,
cuja influência positiva ou negativa teve muito impacto nas crianças da década
de 1990. O curioso é que Heron fazia piada com o seu próprio nascimento, pois
veio ao mundo em 1º de abril de 1949, considerado Dia da Mentira. Filho de um
jogador de futebol profissional jamaicano e de mãe bibliotecária.
Porém o casal logo se divorciou e Heron foi
viver com a avó em Lincoln. Ali aprendeu teoria musical e literária, além de
sofrer na pele o drama do preconceito. Ele era um dos três filhos escolhido
para integrar uma escola primária na cidade vizinha de Jackson (na década de
1950 nos Estados Unidos, negros não podiam estudar nas mesmas escolas com os
brancos). Não aguentou a barra; na 8ª Série foi para Nova York viver com a mãe.
O período passado no Tennessee influenciou na
carreira de escritor. Assim como a educação que teve em Nova York, por meio do
Harlem Renaissance. Após publicar o romance The Vulture, em 1968, conheceu o
músico Brian Jackson. Ambos tinham pensamentos semelhantes. Mais tarde ele
seria peça importante na banda de Heron.
Depois conheceu Bob Thiele, que
incentivou a entrar na carreira musical. No lançamento do livro de poesia Small
Talk at 125 & Lenox, várias artistas apareceram para dar “uma canja”; como
o baixista Ron Carter, o baterista Bernard “Pretty” Purdie, Hubert Laws na
flauta e sax alto, e os percussionistas Eddie Knowles e Charlie Saunders. Brian
Jackson ficou como pianista.
O encontrou virou o disco The Revolution Will
Not Be Televised, polêmica agressiva contra os grandes meios de comunicação e a
ignorância cada vez maior da população branca da América. O segundo álbum veio
1971, Pieces of a Man, destacando a faixa “Lady Day and John Coltrane”.
Em 1973 soltou o disco Free Will, o último
pela Flying Dutchman Records, até chegar a Arista em 1975. Nos dois álbuns
lançados na nova casa (First Minute of a New Day and From South Africa to South
Carolina) ficou caracterizada a influência de Brian Jackson nos teclados. Três
anos depois soltou o álbum The Best of Gil Scott-Heron, com a produção a cargo
de Malcom Cecil, veterano na lapidação de Funk estilo Isley Brothers e Stevie
Wonder.
O primeiro single “The Bottle” virou febre nas
paradas de R&B. Para esquentar mais ainda, o disco teve pequena ajuda de
Nile Rodgers, que produzia os álbuns da banda Chic. Na década de 1980 Heron
passou a compor letras de ataque contra a política adotada pelo presidente
Ronald Reagan. Os singles “Re-Ron” e “Be Movie” eram ataques contra as
políticas conservadoras adotadas por ele.
Em 1985 a Arista deixou Heron na rua, após o
lançamento do álbum The Best of Gil Scott-Heron. Mesmo assim prosseguiu nas
turnês ao redor do mundo. No ano de 1993 voltou pela TVT Records. Até 2003
enfrentou problemas com drogas. Em 2007 passou a se apresentar poucas vezes,
até anunciar no ano seguinte que tinha o vírus HIV. Ainda conseguiu gravar o CD
I'm New Here, lançado em 2010. Após retornar de viagem a Europa, onde fez
alguns shows, morreu em 2011.
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