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Luís Alberto Alves/Hourpress

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Gil Scott –Heron: Cantor e compositor que "peitou" política de Ronald Reagan





Na década de 1980, Heron escreveu várias canções criticando a política do governo Ronald Reagan

 Assim como o Funk, na década de 1960, teve James Brown como seu principal defensor e incentivador, o RAP dependeu de Gil Scott-Heron. Ele foi considerado um dos mais importantes compositores desse estilo musical, inspirando inúmeros rappers. Sua sabedoria no manejo das palavras colocou diversas canções nas paradas de R&B.

 A maior parte da adolescência de Heron transcorreu no bairro do Bronx, local barra pesada de Nova York, onde a violência circula tão livre quanto às águas dos rios. Na época de Ensino Médio ele aprendeu os segredos de escrever canções.  Na infância, Heron já tinha facilidade em contar histórias por meio da música.

 Com 13 anos tinha pronto seu primeiro livro de poesia. Ao sair do Ensino Médio foi para a faculdade na Pensilvânia, onde após um ano saiu para centrar fogo na carreira de escritor, ganhando elogios da crítica. No final da década de 1960 começou a trabalhar em gravações ao lado do produtor Bob Thiele Jazz, que já havia prestado serviço para Louis Armstrong e John Coltrane. Lançou o álbum Small Talk at 125th and Lenox, inspirado num livro de poesia de sua autoria.

 Não demorou em assinar contrato com a Arista Records, estourando nas paradas de sucesso de R&B. Embora sua pegada tivesse como base o Jazz, no começo da década de 1970, resolveu temperar suas canções com doses de Disco Dance. Isto é visível nos hits “Johannesburg” e “Angel Dust”. Só voltou à ribalta em 1984, para lançar o single “Re-Ron”. Seis anos depois retornou aos estúdios com uma mensagem aos rappers gangsta que imitaram seu estilo de letras.

 Gravou o álbum “Message to the Messengers”, cuja influência positiva ou negativa teve muito impacto nas crianças da década de 1990. O curioso é que Heron fazia piada com o seu próprio nascimento, pois veio ao mundo em 1º de abril de 1949, considerado Dia da Mentira. Filho de um jogador de futebol profissional jamaicano e de mãe bibliotecária.

 Porém o casal logo se divorciou e Heron foi viver com a avó em Lincoln. Ali aprendeu teoria musical e literária, além de sofrer na pele o drama do preconceito. Ele era um dos três filhos escolhido para integrar uma escola primária na cidade vizinha de Jackson (na década de 1950 nos Estados Unidos, negros não podiam estudar nas mesmas escolas com os brancos). Não aguentou a barra; na 8ª Série foi para Nova York viver com a mãe.

 O período passado no Tennessee influenciou na carreira de escritor. Assim como a educação que teve em Nova York, por meio do Harlem Renaissance. Após publicar o romance The Vulture, em 1968, conheceu o músico Brian Jackson. Ambos tinham pensamentos semelhantes. Mais tarde ele seria peça importante na banda de Heron.

 Depois conheceu Bob Thiele, que incentivou a entrar na carreira musical. No lançamento do livro de poesia Small Talk at 125 & Lenox, várias artistas apareceram para dar “uma canja”; como o baixista Ron Carter, o baterista Bernard “Pretty” Purdie, Hubert Laws na flauta e sax alto, e os percussionistas Eddie Knowles e Charlie Saunders. Brian Jackson ficou como pianista.

 O encontrou virou o disco The Revolution Will Not Be Televised, polêmica agressiva contra os grandes meios de comunicação e a ignorância cada vez maior da população branca da América. O segundo álbum veio 1971, Pieces of a Man, destacando a faixa “Lady Day and John Coltrane”.

 Em 1973 soltou o disco Free Will, o último pela Flying Dutchman Records, até chegar a Arista em 1975. Nos dois álbuns lançados na nova casa (First Minute of a New Day and From South Africa to South Carolina) ficou caracterizada a influência de Brian Jackson nos teclados. Três anos depois soltou o álbum The Best of Gil Scott-Heron, com a produção a cargo de Malcom Cecil, veterano na lapidação de Funk estilo Isley Brothers e Stevie Wonder.

 O primeiro single “The Bottle” virou febre nas paradas de R&B. Para esquentar mais ainda, o disco teve pequena ajuda de Nile Rodgers, que produzia os álbuns da banda Chic. Na década de 1980 Heron passou a compor letras de ataque contra a política adotada pelo presidente Ronald Reagan. Os singles “Re-Ron” e “Be Movie” eram ataques contra as políticas conservadoras adotadas por ele.

 Em 1985 a Arista deixou Heron na rua, após o lançamento do álbum The Best of Gil Scott-Heron. Mesmo assim prosseguiu nas turnês ao redor do mundo. No ano de 1993 voltou pela TVT Records. Até 2003 enfrentou problemas com drogas. Em 2007 passou a se apresentar poucas vezes, até anunciar no ano seguinte que tinha o vírus HIV. Ainda conseguiu gravar o CD I'm New Here, lançado em 2010. Após retornar de viagem a Europa, onde fez alguns shows, morreu em 2011.


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