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Luís Alberto Alves/Hourpress

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Sharon Jones: a James Brown de saias

Pense num James Brown de saias. Esta é Sharon Jones, a grande sensação da Soul Music e Funk (o legítimo dos Estados Unidos). Ao lado de sua banda The Dap-Kings, ela faz o mesmo estrago que Brown, quando subia ao palco com a excelente The JB´s . Ninguém conseguia ficar parado, tamanha era carga energética de boa música, recheada com ótimos arranjos na voz de quem sabia cantar e interpretar magníficas canções.
Sharon Jones trouxe à tona, nesta primeira década do século 21, a beleza da black music do final da década de 1960 e meados da de 1970. Infelizmente, só depois dos 40 anos que conseguiu entrar na estrada do show-biz, mesmo tentando várias vezes romper o cerco desde quando era jovem. Igual James Brown, ela nasceu na cidade de Augusta, no estado racista da Geórgia. Na infância gostava de imitar Brown, principalmente seu estilo de dançar. Na igreja fazia parte do grupo de louvor e ali bebeu na fonte do Gospel.  Aos 14 anos, em 1970, diversas bandas locais de funk já conheciam o seu talento. Mas para ganhar a vida e não morrer de fome, passou vários anos trabalhando de carcereira na penitenciária de Rikers Island. Também foi segurança de carro blindado da Wells Fargo Bank, até chegar 1996, aos 40 anos, que passou a ser backing vocal na banda de funk de Campos Lee.
Ela foi a única a conseguir cantar como backing para três cantores numa extinta gravadora francesa. Sua sorte mudou, porque Gabriel Roth e Philip Lehman perceberam que havia talento de sobra e merecia ser explorado. Fez uma faixa solo e a colocaram num álbum de Soul Music batizado de The Soul Providers. Os músicos de estúdio, mais tarde se tornariam sua banda de apoio em shows e turnês.
A repercussão junto à crítica encorajaram  Roth e Lehman a abrir outra gravadora (Desco Records) e apostar em Sharon Jones. O hit "Swichblade" e mais três singles : "Damn is Hot", "Bump N Touch" e "You Better Think Twice" agradaram os fans da black music norte-americana. Muitos acreditaram que as canções gravadas por Jones  eram originais das décadas de 1960 e 1970.
Logo o álbum virou o CD Desco Funk 45´Collection, ao lado de outros artistas da Desco Records. No ano  2000, Roth terminou a parceria com Lehman. Porém o mercado ganha outra gravadora: a Soul Fire Records, extinta pouco tempo depois. Mas Roth não dormiu no ponto e criou a Daptone Records com o saxofonista Neal Sugarman.
Neste selo Sharon Jones começa voar alto, principalmente com apoio da banda Dap-Kings, que a acompanha até hoje. O time de músicos é composto só de cobras criadas, especialistas em tocar black music. A mesma energia presente nos CDs de Jones aparece nos shows ao vivo, como ocorria com James Brown e a The JB´s .
 Em 2002, com o nome Sharon Jones & The Dap-Kings, saiu o CD Dap Dippin´que mereceu muitos elogios da crítica especializada, além de ser bem-recebido por DJs e colecionadores. Ai a porteira do sucesso se abriu: em 2005 veio Naturally, 100 Days, 100 Nights (2007) e I Learned The Hard Way (2010). Os três lançamentos serviram de combustível para reviver o movimento Soul Music e Funk nos Estados Unidos, pois trazem a essência da black music da época de Sam Cooke, Aretha Franklin, Thom Bell, Otis Redding, Ike & Tina Turner, Ella Fitzgerald, assim como a energia musical de Michael Jackson. Depois disso, o passado de humilhação ficou para trás. Hoje Sharon Jones não precisa mais garantir o sustento como carcereira ou segurança de carro blindado de banco. Ganha dinheiro cantando, mostrando que o Soul e o Funk continuam bem representados por sua voz.






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