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Luís Alberto Alves/Hourpress

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

João Nogueira: o homem do nó da madeira


O balanço dos sambas de João Nogueira é inesquecível, principalmente de um dos seus maiores sucessos: "Nó na Madeira", responsável por colocá-lo nas paradas, numa época em que era difícil tocar samba em rádio ou aparecer em programas de televisão.
O envolvimento com a música começou cedo, aos 17 anos; em 1958, quando já era diretor de bloco carnavalesco no bairro carioca do Méier. Naquela mesma época gravou pelo selo Copacabana a canção "Espera, ó Nega", acompanhado pelo grupo que mais tarde seria conhecido como Nosso Samba, responsável por tocar com Clara Nunes e depois Bezerra da Silva, além de participar de gravações de estúdios de vários sambistas.
Doze anos após, em 1970, Elizeth Cardoso gostou da letra "Corrente de Aço" e resolveu colocar no seu disco. Em 1971, Clara Nunes fez o mesmo com "Meu Lema" e Eliana Pittman", com "Das Duzentas pra Lá". Esta última composição defendia a ampliação do mar territorial do Brasil para 200 milhas, bandeira adotada pela Ditadura Militar. Por causa disso, João sofreu perseguição. Um de seus maiores sucessos "Nó na Madeira" teve como parceiro um amigo que trabalhava com ele num banco. Logo, após deixou esse emprego e mergulhou na vida de artista.
Nesta mesma época entrou para a ala de compositores da Portela, onde venceu o concurso de samba enredo com a letra "Sonho de Bamba". Mais tarde, insatisfeito com os rumos que a escola havia tomado, saiu com outros sambistas e ajudou a criar a escola de samba Tradição. Também participou da fundação do bloco Clube do Samba, visando a revitalizar o carnaval de rua carioca.
Durante 40 anos, até morrer em junho de 2000, João Nogueira gravou 18 discos, e compôs diversas obras-primas ao lado de Paulo César Pinheiro entre outros. Fã de Noel Rosa e Wilson Batista, sempre procurava se espelhar no estilo de cantar e escrever de ambos. Ele era um artista antenado e procurava passar em suas músicas, a preocupação com o bem-estar da população. Não cantava samba por curtição, mas tentava mostrar que o artista precisa ter interesse pelos problemas que afligem seus fãs. Algo raro na nova safra de sambistas, a maioria interessada em namorar loiras, modelos ou atrizes de novela.




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