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Luís Alberto Alves/Hourpress

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Aloe Blacc: a certeza da continuidade da black music

Nas músicas de Aloe Blacc é possível notar as influências de Jimi Hendrix e os laços filósóficos do liberalismo de Berkeley. Apesar de o sul da Califórnia  ostentar a tendência esquerdista norte-americana, se é que há esquerdismo nos Estados Unidos, como ocorre na Europa e América Latina.
Nas composições de Blacc percebe-se as pitadas de Soul Music de Curtis Mayfield. O refresco vem com as doses de Funky, Country e Hip-Hop, além de R&B e, claro, muito Soul.
Dai para frente, Blacc passa a dividir espaço com Lee Fields, Shawn Lee, Hawthorne Mayer e Sharon Jones. Ele passou a navegar no contra-fluxo da música Afro-Latino Hip-Hop. Isto ocorre no álbum de estreia em 2006.
O estático mercado agradece, porque Blacc entrou nesta praia, já maduro, do que outros artistas do final da década de 1990, quando outros intérpretes passaram a navegar nesta praia.
Apesar de todos apelos, Blacc é representante do Soul tradicional, mostrando as novidades em suas canções, naturalmente, fisgando os fãs de determinada idade, mas com sabedoria. Como tenor, a voz não é potente, porém é ilimitado o sentimento que coloca nas canções. Isto é vísivel nas baladas e letras que ele interpreta de maneira grandiosa.
Excentuando o hit "Take Me Back", Blacc procura não explorar muito a espiritualidade, como ocorre com a maioria dos cantores de Soul e Gospel. A crítica a sociedade de consumo ocorre no hit "I Need a Dollar", onde reflete sobre as condições sociais durante a Depressão e o governo de Richard Nixon.
Outro destaque é "Miss Fortune", além de "Life So Hard", repletas de metáforas políticas. Nestas composições, Blacc mostra a dura realidade daqueles que lutam para continuar sobrevivendo, da melhor maneira possível, enfrentando obstáculos econômicos ou mesmo familiares.
Ele abordar as questões amorosas das mulheres de executivos, cujas vidas só giram em torno do dinheiro, deixando o sentimento em segundo plano. É o que revela o hit "Loving You is Killing Me", cujo o vocal é num clima fúnebre. Blacc pinta as mulheres repleta de problemas existenciais, como ocorre na canção "Femme Fatale", advertindo contra as manipulações que o sexo feminino sabe fazer com desenvoltura, no hit "Hey Brother". A canção "Mama, Hold My Hand" é a mostra do bluesman que não gosta da própria mãe. Neste recheio de ressentimento, ciúme e desejo reprimido, Blacc mostra que somente o amor pode curar e cicatrizar as feridas.



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