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#BMW - Morre #QuincyJones, o gênio da produção de grandes discos

Luís Alberto Alves/Hourpress

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Bobby Darin e sua intensa vida curta

Imagine um cantor que tocava piano, violão, marimba, gaita, bateria e dono de ótimo fraseado. Também foi empresário, produtor, ator de cinema e televisão, animador, comediante e compositor.
Este era Bobby Darin. O que ele conquistou e fez em 15 anos, diversos artistas demoram 30 ou 40 anos.
Para completar, quando morreu em dezembro de 1973, autorizou a doação do corpo para a Universidade de Los Angeles, visando os estudos aos alunos de Medicina.
Nascido no bairro do Bronx em 1936, em Nova York; teve como berço uma caixa de papelão e depois a gaveta de uma cômoda. Quando criança, aos 8 anos, sofreu febre reumática, afetando seu coração.
Como o guitarrista Eric Clapton, imaginava que sua mãe fosse sua irmã e avó a mãe. Seu primeiro grande sucesso foi "Splish Splash", regravado por Roberto Carlos. Aos 23 anos, em 1959, ganha seu primeiro Grammy, com a canção "Mack the Knife", e o segundo Grammy como cantor revelação. Era o ídolo teen da América, que fervia por causa do recém-nascido Rock and Roll.
Na década de 1960 grava "Beyond the Sea", versão em inglês de "La Mer", do francês Charles Trenet. É indicado ao Oscar pelo desempenho no filme Pavilhão 7 ao lado de Gregory Peck. Já com a saúde fraca trabalha na campanha política do senador Bobby Kennedy, de quem era amigo pessoal. Porém, o seu assassinato em 1968 o joga numa depressão. Para de cantar e vai morar num trailer.
Em 1971 retorna aos shows, mas seu coração não está bom. Passa a depender de respiração artificial de oxigênio durante os intervalos das apresentações. Após se casar pela segunda vez em junho de 1973, separa quatro meses depois e morre de ataque cardíaco em dezembro daquele mesmo ano. Apesar dos sérios problemas de saúde que o perseguia desde a infância, era bem-humorado.

Gregory Isaacs, um dos papas do Reggae

Gregory Isaacs é outro grande nome do Reggae. Para chegar ao sucesso participou de diversas peneiras feitas pelos produtores musicais de gravadoras na Jamaica. Comeu muita poeira até gravar seu primeiro álbum em 1970, aos 20 anos, pela Rupie Edwards Records.
Para obter o controle artístico e financeiro sobre sua obra, abriu em 1973 a Africa Museum Records.
É quando estoura com o hit "My Only Lover". Daí para frente lança "All I Have is Love", "Lonely Soldier", "Black a Kill Black" e "Extra Classic".
Em 1974, ao lado produtor Alvin Ranglin, chega ao topo das paradas jamaicanas com "Love Is Overdue". Depois emplaca "My Time", "Slavemaster", "One One Cocoa Fill Basket" e "Mr.Cop".
Até sua morte em outubro de 2010, trabalhou com inúmeros produtores. Suas primeiras gravações eram de canções recheadas de estórias de amor, depois passou a compor hits de protesto, revelando as mazelas responsáveis pela miséria da maioria da população jamaicana, como fazia Bob Marley. Seus álbuns de maior destaque pela crítica especializada são Mr. Isaacs (1977), Slum in Dub (1978), Soon Forward (1979) e Night Nurse (1982).
Em 1980,  contratado pela Virgin Records, faz turnê pelos Estados Unidos e Europa e o público o recebe bem, impactado pelo seu estilo de cantar. A nova gravadora divulgou suas músicas para um número maior de pessoas, ajudando a entrar mais dinheiro em sua empresa, por causa dos direitos autorais. Depois caiu numa maré brava. É preso, fica sem dinheiro e para sobreviver passa a gravar com qualquer produtor de ponta de esquina.
Mesmo assim não deixa seu padrão de qualidade cair. É dessa época as presenças dos produtores Jammys Man, Red Man, Bobby Digital e Steely and Clevie. Passa a ser parâmetro aos novos talentos do Reggae na Jamaica. Ao lado de Bob Marley e Dennis Brown é considerado um dos maiores cantores de Reggae do mundo.

Syreeta Wright, a voz de veludo da black music

Syreeta Wright é exemplo típico da pessoa que está no lugar certo que terá grande influência no seu futuro profissional. No início da década de 1960, ela trabalhava de recepcionista na gravadora Motown, a fábrica de sucessos de Barry Gordy.
Seu talento foi descoberto pelo compositor Brian Holland, escritor da maioria das músicas dos artistas da casa. Com o codinome de Rita  Wright, começou a se destacar como backing vocal, ainda nos anos de 1960. Em 1967 lançou o single "I Can´t Give Back The Love I Feel For You", assinado pela dupla Ashford & Simpson. No ano seguinte obedeceu a sugestão de Stevie Wonder, com quem se casaria em 1970 e ficariam unidos apenas 18 meses, tornou-se compositora. Juntos compuseram "It´s a Chame", sucesso do grupo vocal Spinners.
Depois escreveu em parceria com Wonder, a canção "Signed, Sealed Delivered I´m Yours", depois compôs "If You Realy Love Me" e "Never Dreamed You´d Leave In Summer".
Só em 1972 que Syreeta lança seu próprio álbum, numa co-produção do seu ex-marido Stevie Wonder, tinha uma versão de sua música "I Love Every Little Thing About You" e a canção "What Love Has Joined Together", com participação de Smokey Robinson.
Dois anos depois repetiu a dose e estourou nas paradas com os hits "Your Kiss is Sweet" e "Spinning and Spinning". Neste álbum participaram de backing vocal Denicie Williams e Minie Riperton. Em 1977 voltou às paradas com " Harmour Love", do disco One to One. Nessa mesma época grava o disco Rich Love, Poor Love.
O ano de 1979 marca frutífera parceria com Billy Preston na canção "With You I´m Born Again", balada que fez sucesso nas rádios e bailes, por causa do lindo dueto e do talento de Preston nos teclados. Em 1980  gravou "And So It Begins", um raro groove com o passar das décadas. O ano de 1981 marca outro álbum ao lado de Billy Preston. Em 1983 Jermaine Jackson produziu o disco The Spell. O destaque foi a canção "Forever is Not Enough".
Depois só retornou aos estúdios no final da década de 1980, com a gravação de várias trilhas sonoras. Nos anos de 1990 Syreeta compôs para diversos artistas, entre os quais George Duke, Quincy Jones e  George Howard. Morreu em 2004, aos 58 anos, após lutar dois anos contra um câncer de mama.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Bob James é uma das joias do Jazz

A carreira de Bob James começa em 1963, aos 24 anos, ao ser descoberto pelo maestro e jazzista Quincy  Jones durante o Festival de Jazz de Notre Dame. Após gravar seu primeiro álbum na Mercury Records , de uma série de 36 até hoje,  em 48 anos de estrada ele deixou seu nome escrito na galeria dos grandes músicos dos Estados Unidos.
Ao mudar-se para Nova York, logo foi reconhecido o talento de compositor e arranjador ao trabalhar em discos de Grover Washington Jr e Hank Crawford. Até 1970 já tinha gravado três álbuns pela CBS Records. Nessa época abriu seu selo, Tappan Zee Records. É desse período a gravação do hit "Angela", que entrou na trilha sonora da série Taxi. A canção "Love Lips", do álbum One on One, de 1980, ajudou vender mais de 1 milhão de cópias e rendeu o Grammy. No ano seguinte a composição "Sign of the Times" estourou nas paradas de todo o mundo. Nos bailes, a música ficou conhecida como a "Melô do Doido", mas o seu balanço era contagiante.
Em 1985, na Warner Bros Records vendeu outro milhão de cópias do disco Double Vision. A produção teve o dedo do competente Tommy LiPuma, responsável pelo sucesso da carreira de vários cantores norte-americanos, entre os quais George Benson e Whitney Houston.
Cinco anos depois se reuniu com seu amigo e baterista Harvey Mason Jr para fazer o disco Grand Piano Canyon. O time teve as presenças do guitarrista Lee Ritenour e do baixista Nathan East. Foi o embrião do grupo Fourplay. Até 1998, com Larry Carlton no lugar de Ritenour, gravaram quatro álbuns.
O destaque desse trabalho é a presença da filha de Bob James, Hilary; no disco Flesh & Blood. Escreveram juntos os projeto, resultando em turnês por 15 cidades norte-americanas. Estar ao lado de grandes profissionais, como Earl Klugh, Kirk Whalum, Paul Brown, Marcel/Nathan East e Machael Colina, resultou em arranjos sofisticados.
Em 2001, James lança o CD Dancing on The Water. Sonho acalentado durante anos, visto que reuniu duetos ao lado de Keiko Matsui, Joe Sample, Dave Holland e Chuck Loeb. Acabou numa excursão ao Japão e apresentações junto com Matsui, em show denominado Quatro mãos; um piano.
O ano 2002 marcou o lançamento do primeiro projeto Fourplay, pela BMG Records no CD Heartfelt. O grupo excursionou pelos Estados Unidos e países do Extremo Oriente. Já 2003 desponta com a gravação do CD Morning, pela Warner Bros Records. Paul Brown produziu diversas músicas.
Dai em diante, Bob James gravou vários CDs reproduzindo hits de lendas do Jazz, como Ahmad Jamal, Duke Ellington, Bill Evans, Oscar Peterson entre outros. Em 2005, a trupe apresentou-se na África do Sul, a concretização de outro sonho de Bob James. Depois viajou para a Tailândia, visando participar de um festival de jazz.
No Extremo Oriente, aproveitou para gravar o CD The Angels of Shanghai. A produção consumiu vários meses, pois Bob James reuniu estudantes do conservatório local para tocar antigos instrumentos chineses com Nathan no baixo, Harvey Mason na bateria e James nos teclados. O CD foi lançado no Japão e Coreia do Sul. Além de estreia ao vivo no Festival de Jazz de Bangokok no final de 2005. Bob James prossegue em turnês pelos Estados Unidos, nos últimos anos, e gravando verdadeiras pérolas musicais.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

James Taylor e suas belas canções

As 20 anos, final da década de 1960, que James Taylor começou sua carreira no show biz. Por incrível que pareça, ele mudou-se para a Grã-Bretanha onde entrou na gravadora dos Beatles, a Apple. Porém, suas músicas não fizeram sucesso na Europa. Acabou retornando aos Estados Unidos.
Desde aquela época, o seu estilo  era da Folk-Music (música regional norte-americana, semelhante às composições de Sá e Guarabyra, Renato Teixeira, Diana Pequeno entre outros no Brasil).
Reuniu as composições que não deram certo na Europa para gravar na América o álbum Sweet Baby James, no final de 1969. Começou a colecionar sucessos, como "Caroline on My Mind", "Fire and Rain", "Mexico", "Her Town Too", "Shower The People" e "How Sweet It is".
Enquanto diversos cantores ainda estavam na praia do rock barulhento, ele preferiu baixar a poeira, fazendo um som mais cool, parecido com as baladas da década de 1950. Conquistou fãs de diversas gerações, passou a vender milhões de álbuns, ganhando Disco de Diamante por ultrapassar os 10 milhões de cópias adquiridas pelo mercado.
Uma de suas canções mais conhecidas é "You´ve Got a Friend", autoria de Carol King, lançada em 1971, responsável pelo Grammy de Melhor Cantor Pop. Sete anos depois ganhou outro Grammy, pela composição "Handy Man".
Como ocorreu com diversos artistas, James Taylor ficou escravo do vício da heroína um longo tempo, afetando sua veia artística de compor. De 1977 a 1985, todos os seus álbuns eram mal recebidos pela crítica.
Nessa época, em baixa por causa das drogas e recém-saído de um divórcio com a cantora Carly Simon, ele participa da primeira versão do Rock in Rio, em 1985. Pensava até em abandonar o show biz. Porém, o público de 250 mil pessoas que assistiram a sua apresentação no Rio de Janeiro o fizeram mudar de opinião.
Não esperava a bela recepção dos brasileiros, interessados apenas em ouvir suas canções, que fizeram parte da trilha sonora da vida de muitos casais. Após o show, resolveu continuar na estrada. De ânimo em alta, compôs o hit "Only a Dream in Rio" (Apenas um sonho no Rio). A canção entrou no álbum That´s Way I´m Here, lançado em 1985. Um dos versos da música diz: "Eu estava lá naquele dia/ e meu coração voltou à vida". Em 2001, quando participou outra vez do Rock in Rio, confessou ser questão de honra estar presente naquele festival que o devolveu à vida de novo. Seu trabalho mais recente saiu em 2007, One Man Band.

Delegation: uma das lembranças da R&B da década de 1980

O trio Delegation de Funk Music e R& B surgiu em 1975, na Grã-Bretanha, fundado pelo jamaicano  Ricky Balley. Ele mudou-se com os pais para o Reino Unido, quando ainda era criança. Passou sua adolescência em Birmingham, onde criou seu primeiro conjunto, The Five Star Cadets. A curta experiência musical serviu de base para lançar mais tarde o Delegation, com as presenças dos amigos Len Coley e Roddy Harris.
Não demorou para o talento dos três chegar aos ouvidos do compositor e produtor musical Ken Gold. Em 1976 lançaram o álbum The Promise of Love. Elogiado pelo crítica, mas fracasso junto ao público.
O segundo disco, com o hit "Where is The Love" foi sucesso nas pistas de dança da Grã-Bretanha e demais países da Europa. Repetiram a dose com "You´ve Been Doing We Wrong". Antes de 1978, Harris abandona o barco; entra em seu lugar Ray Peterson. No ano seguinte explodem nas paradas com as canções " Honey I´m Rich" e " Oh! Honey". Mas Coley não ficou para saborear o gosto do sucesso, também saindo do grupo, cedendo a vaga para Bruce Dunbar. A balada  "Oh! Honey" emplacou, também, nas paradas dos Estados Unidos.
O início da década de 1980, na Ariola Records, o Delegation lançou o álbum Eau De Vie. O disco vendeu bem na Europa. Em 1981 lançam mais um disco batizado com o nome do trio. Continuam fazendo sucesso.
O ano de 1982 marca a saída de Dunbar. Entra a vocalista Kathy Bryant. É a primeira mulher no conjunto, desde sua fundação em 1975. Mudam de gravadora, trocando a Epic pela Scorpio. Nela, até a década de 1990, gravam suas melhores canções. A partir dai, Balley, em parceria com Ken Gold, fundam a Euro-Jam Records para relançar as músicas do Delegation e também de outros artistas. Amarraram o burro na sombra, vivendo apenas dos direitos autorais da produção feita entre 1976 e 1990.

Tower of Power e seus 43 anos de sucessos

A história da banda norte-americana Tower of Power começa em 1968 quando o sax-tenor Emilio Castillo conheceu o sax-barítono e compositor Stephen "Doc" Kupka. O primeiro ensaio do grupo foi na casa de Castillo. Logo o som do conjunto começou a ser conhecido na Califórnia e depois no restante dos Estados Unidos.
Em 1970, eles assinam contrato com a San Francisco Bill Grahan Records e lançam o primeiro álbum "East Bay Grease". Todas as canções foram compostas por Castillo e Kupka. O disco seguinte "Bump City" já foi gravado na Warner Brothers. Começa uma série de diversos sucessos nas paradas norte-americanas. A qualidade musical da banda, os leva a gravar canções ao lado de diversas estrelas, entre elas Elton John, Santana, Aerosmith, Joss Stone, Phish, Little Feat entre outros.
Desde sua criação, a Tower of Power nunca deixou de lançar discos e excursionar. Manteve sempre o pé na estrada conquistando novos fãs. O show do 40º aniversário do grupo foi comemorado no Fillmore Auditorium de San Francisco. Além dos dez membros atuais do conjunto, estiveram presentes mais 20 músicos e vocalistas que durante algum tempo trabalharam na banda. Passados 43 anos, Emilio Castillo, Stephen Kupka, Rocco Prestia e David Garibaldi continuam com a mesma energia do final da década de 1960, quando resolveram fazer parte da história da música pop.
Um dos seus lançamentos recentes é o álbum "Soulbook Great American", uma coleção de clássicos da Soul Music. A interpretação da inesquecível "Me and Mrs. Jones" é um dos cartões postais da Tower of Power, justificando as influências da black music norte-americana. Assim como é memorável o show de tributo a James Brown, feito em 2009, com algumas das melhores canções do pai do Funk. "It´s Take Two" é um do hits gravados por Joss Stone, ao lado da Tower of Power; confirmando o bom gosto de uma das melhores cantoras da atualidade.

Chris Montez é a raiz hispânica nos Estados Unidos

Chris Montez nasceu em Los Angeles, em 1943, e desde criança recebeu forte influência da cultura hispânica (a cidade pertencia aos mexicanos antes de ser incorporada, em 1848, aos Estados Unidos). Na adolescência já sabia tocar violão e começou a cantar. Fundou uma banda e gravou suas primeiras canções, despertando interesse do mercado musical. Visto que na segunda metade da década de 1950, o Rock estava saindo do berço e diversos artistas, a maioria jovens, se aventuravam pelo novo estilo de interpretar novas composições.
É desta época o seu primeiro hit de sucesso "All You Had To Do Was Tell Me". Aos 19 anos, em 1962, lança "Let´s Dance". Fica entre as dez primeiras colocadas das paradas dos Estados Unidos. Para reforçar o aprendizado, excursiona com as feras Sam Cooke, Smokey Robinson, The Platters e Clyde McPhatter. Seria o mesmo de pegar um jogador de futebol juvenil para treinar com o elenco milionário do Barcelona, ao lado de Messi e companhia. Em 1963, numa turnê pela Grã-Bretanha, ao lado de Tommy Roe, faz a abertura do show para os Beatles, quando o conjunto ainda começava a engatinhar.
Dois anos depois entra na recém-criada A&M Records, do trompetista Herb Alpert. Ali, ele é aconselhado a gravar músicas mais suaves, deixando o ritmo agitado do Rock em segundo plano. Nesta nova trilha entra nas paradas com " Call Me", "The More I See You", "Time After Time" e "There Will Never Be Another You".
A entrada do Rock britânico e psicodélico levou Chris Montez para a CBS Records, onde gravou diversas músicas em espanhol. Na década de 1980, a comunidade hispânica nos Estados Unidos, influenciada pelo conjunto Los Lobos e pelo filme La Bamba, que conta a história da vida do astro do Rock, Ritchie Valens, ajudou a fortalecer a carreira de Montez.
Ele passou a misturar canções típicas mexicanas com batidas de Rock e Blues, assegurando seu posto nas paradas norte-americanas, além de manter acessa a chama iniciada por Valens na década de 1950, norte-americano, mas também filho de mexicanos. Perto dos 70 anos, Chris Montez prossegue fazendo shows em turnês por diversos países.


terça-feira, 18 de outubro de 2011

Perez Prado, o rei do Mambo

Perez Prado (Damaso Perez Prado) é considerado o rei do Mambo. Nascido em Matanzas, Cuba, em 1916, ali estudou piano, composição e arranjo. Aos 26 anos, em 1921, foi para a capital Havana. Trabalhou em diversos cabarés. Antes de começar a tocar, fazia a mistura de Jazz e ritmos cubanos. Era o embrião do futuro Mambo.
Em 1945 cria sua primeira banda, batizada de Perez Prado. Grava alguns discos na RCA Victor Records, mas sem grande sucesso. Para garantir o sustento, faz arranjos a outros artistas.
Viaja ao México, em 1948 onde participa de diversas orquestras como pianista e arranjador. Forma um quarteto e passa a tocar Mambo. Os mexicanos gostam do seu ritmo. É dessa época os hits "Mambo Latino", "Mambo Baklan", "La Chula Linda", "Muchachita" e "Mambo en Sax". Em 1949, no filme "Lost", Perez Prado aparece fazendo solos de piano. É quando grava o hit "Mambo nº 5", que aqueceu muitos bailes nas décadas de 1970 e 1980, no estilo samba-rock.
Ouvir Mambo torna-se mania mexicana. Perez Prado passa a fazer diversas apresentações por todo o país e  participa de inúmeros  filmes, sempre com canções no estilo de Mambo na trilha sonora ou mesmo no enredo. É o exemplo de Vítima do Pecado (1953). Logo o sucesso do Mambo incomodou, pois os norte-americanos alegam que o ritmo é uma progressão do Jazz, enquanto os cubanos garantem ser um gênero surgido na ilha, que anos mais tarde caiu na ditadura de Fidel Castro.
Apesar da fama conquistada, enquanto esteve a frente de diversas orquestras, nos vários filmes em que participou, Perez Prado morreu na solidão em 1989; no México, onde descansa até hoje. Com o avanço das músicas norte-americanas, o Mambo passou a ser pouco ouvido na América Latina, principalmente no Brasil.


Dom Salvador e seu maravilhoso piano


Dom Salvador é a prova do talento do músico brasileiro. Aos 23 anos começou suas apresentações na Boate Lancaster (SP), em 1961, ponto de encontro de diversos jazzistas paulistanos. A convite de Dom Um Romão mudou-se para o Rio de Janeiro. Ali entrou no histórico Copa Trio. 
Em 1965 forma o Salvador Trio, com Edson Lobo (baixo) e Victor Manga (bateria). Gravam um disco com o nome do conjunto. Depois ao lado de Edson Machado (bateria) e Sergio Barrozo (contrabaixo), funda o Rio 65 Trio. Lança outro álbum, levando o nome do trio. 
No ano seguinte viajam para a Europa e se apresentam em nove países daquele continente. Por causa do grande sucesso gravam um disco na Alemanha. Ainda 1966 vai aos Estados Unidos, na companhia de Chico Batera, Copinha e Sérgio Barroso. Fazem shows em Minneapolis, New York e Texas. Quando retorna pela segunda vez a Nova York se enturma com diversos jazzistas, entre eles Bill Evans, Thelonius Monk, Sonny Rollins, Elvin Jones, Hamad Jamal e Charles Lloyd. 
Em 1970, tocando piano, cria o lendário grupo Abolição, com músicos de extrema competência, como Oberdan (sax tenor e flauta), mais tarde fundador da Banda Black Rio; Darci (trompete), Serginho (trombone), Lulu (bateria e vocal), Rubão Sabino (contrabaixo), Nelsinho (tumbadora) e a cantora Mariá. A banda classificou-se em 5º no V Festival Internacional da Canção, daquele ano, com a música "Abolição 1860-1960". 
Em 1971 lança o álbum Sangue, Suor e Raça e muda-se para os Estados Unidos, onde reside até hoje. Ali, o público norte-americano, principalmente os músicos, nutrem grande admiração pelo seu trabalho. Praticamente não há espaço em sua agenda de apresentações. Sente saudade do Brasil, mas logo passa o desejo de retornar, quando percebe que o nosso país não valoriza as canções de qualidade, compostas e produzidas por profissionais competentes, como é o caso de Dom Salvador. 


Branca di Neve: dois discos para a história do samba-rock

O cantor Branca di Neve estava no auge quando morreu, aos 38 anos, de derrame cerebral em agosto de 1989. Seu álbum, Branca mete bronca!, volume 1 tinha vendido bem e as músicas estavam nas paradas de sucesso de todo Brasil, além dos salões de baile e rodas de samba.
O hit "Boca Louca" o levou até ao programa Perdidos na Noite, apresentado por Fausto Silva, antes de ser contratado pela Globo. Ao contrário da maioria dos sambistas, que na época não caprichavam nas roupas quando apareciam na televisão; Branca di Neve optou pelo uso de smoking ou blazers bem cortados. Os músicos de sua afinada banda Mandela, trajavam batas, com notas musicais estampadas no peito. A beleza do visual combinava com o som de primeira. Bem no estilo de conjuntos e cantores norte-americanos.
Antes de chegar ao sucesso, Branca di Neve (Nelson Fernandes Morais) comeu moita poeira, numa época (décadas de 1960, 1970 e início da de 1980) em que o samba não tocava muito em rádio, aparecia pouco na televisão e carregava o estigma de passatempo de bandidos.
Aprendeu a tocar violão, com o velho suingue de Jorge Benjor, na praia do samba-rock, enquanto tocava surdo, no final da década de 1960, aos 18 anos,  em conjuntos que se apresentavam na casa de shows Barracão de Zinco, em Moema, Zona Sul, de Sampa.
Pouco tempo depois passou a integrar a "cozinha" de conjuntos de samba ou de outros artistas, como Toquinho, parceiro de Vinicius de Morais durante vários anos, que viajavam ao Exterior. Nessa época, Branca  di Neve passou a ser muito requisitado para participar de gravações em estúdio, por causa do seu modo de tocar surdo. Sua batida tinha o som de um contrabaixo, algo que poucos ritmistas conseguem.
No final da década de 1970 substituiu Rubão, um dos fundadores do grupo Os Originais do Samba, falecido em 1978. Mas o grande sonho de Nelsinho, como a rapaziada do bairro do Bixiga, Centro de Sampa, o chamava, era gravar um disco. O assunto aparecia após o futebol no time do bairro, o Luzitana; ou mesmo com a equipe Namorados da Noite, onde corriam atrás da bola o inesquecível locutor Osmar Santos, Chico Buarque, Miéle, Carlinhos Vergueiro, Zé Nogueira  entre outros.
Em 1986 o samba estava com muito gás. Mesmo boicotado pela maioria das rádios, ele aparecia no programa O Samba Pede Passagem, da FM rádio USP, apresentado por Moisés da Rocha. As músicas viraram balas na boca da população.
É quando explodem, com o nome de pagode, canções do grupo Fundo de Quintal, Almir Guinéto, Jorge Aragão, Beth Carvalho, Eliana de Lima, Jovelina Pérola Negra, Zeca Pagodinho, Pedrinho da Flor, Cravo e Canela entre outros.
Num domingo, final de 1985, Branca di Neve aparece no boteco que fica diante da quadra da Vai-Vai, bairro do Bixiga, região central de São Paulo, de violão em punho; canta dois versos de um samba-rock: "Você sabe a cor de Deus?/ quem sabe não revela..." Na roda de compositores e simpatizantes da alvinegra do carnaval paulistano, garantiu que iria gravar um LP (disco de vinil com 12 músicas). Este que vos escreve, se encontrava dentro do boteco, e em outras vezes chegou a tocar com Branca di Neve a mesma música. A maioria não levou a sério, porque era comum naquela época sambista prometendo disco, que nunca se tornava realidade.
Meses depois ele estoura nas paradas com o álbum Branca mete Bronca! volume 1. O disco sumiu das lojas. Várias canções, a maioria em parceria com Antonio Luiz, passaram a tocar nas rádios FMs USP, no programa O Samba Pede Passagem, de Moisés da Rocha; e Sambalanço, da Manchete. O hit "Boca Louca", autoria de Zelão, cobrador de ônibus da extinta CMTC, levou Branca di Neve ao Perdidos na Noite, apresentado por Fausto Silva.
Em quase três anos, Branca di Neve fez shows em diversas cidades do Brasil. Um deles ficou na memória dos gaúchos, durante apresentação no ginásio Gigantinho, em 1988.
Porém em agosto de 1989, o destino não permitiu que ele terminasse o segundo álbum: Branca mete Bronca! volume 2. O derrame cerebral impediu que Branca di Neve pudesse cantar para os casais apaixonados o samba-rock "Saudades da Minha Preta": Que saudades da minha preta/ aonde é que ela está/que saudades da minha nega/ sem ela não posso ficar"..

Buddy Holly: o inspirador de Beatles e Rolling Stones

Buddy Holly tocou Rock apenas dois anos. Neste curto período de tempo ele influenciou na formação de Beatles e Rolling Stones. Aliás, o primeiro grande sucesso do conjunto de Mick Jagger foi uma música de Holly: "Not Fade Away". Compositor, foi um dos primeiros a explorar profundamente a tecnologia existentes dentro dos estúdios. É  dele a ideia de colocar duas guitarras, baixo e bateria para tocar Rock.
Pouco antes de morrer, aos 22 anos, no acidente aéreo de 3 de fevereiro de 1959, que matou também Ritchie Valens, estava estudando a implantação de orquestração em suas músicas. Apesar de não ter o sex apeal de Elvis Presley, o seu ar de nerd, por causa dos óculos de hastes pretas, desaparecia quando subia ao palco. Era nitroglicerina pura.
É autor dos hits "Rave on", "Peggye Sue", "That´ll Be the Day", "Oh!Boy", "Maybe Baby".
Ainda na infância, Holly, nascido em 1936 no Texas, aprendeu a tocar violino, piano e guitarra. No Ensino Médio já tinha sua banda. No ano de 1956, um caçador de talentos da Decca Records o descobriu. Gravou um single. Pouco tempo depois abriu um show em Lubbock, sua cidade natal, para Elvis Presley.
Em 25 de fevereiro de 1957, Buddy Holly e sua banda The Crickets (de onde os Beatles se inspiraram, pois Crickets significa gafanhotos e Beatles, besouros) gravaram Tha´ll Be the Day". O hit estourou rapidamente nas paradas. No prazo de um ano, ele colocou sete canções no topo do sucesso.
Para saldar algumas dívidas com o antigo produtor, Norman Petty; concordou em participar da fatídica Dance Party Winter, uma turnê feita com ônibus por várias cidades do Centro-Oeste dos Estados Unidos no inverno de 1959.
Após um show em Clear Lake, Estado de Iowa, ele freta um avião monomotor para a próxima apresentação em Moorhead, Minnesota. A aeronave saiu da cidade de Mason à 1h da madrugada e, sob forte tempestade de neve, caiu minutos depois num milharal matando Holly, Ritchie Valens e o DJ Big Bopper. A tragédia ficou conhecida como "O dia em que a música morreu".

Claudja Barry: entre a música e o cinema

Claudja  Barry é uma cantora que também trabalha como atriz, quando a situação aperta no show biz; algo comum quando cessam os modismos. Nasceu na Jamaica, em 1952, mas aos seis anos de idade sua família  mudou-se para o Canadá, onde cresceu.
Ainda jovem foi para os Estados Unidos trabalhar na peça Hair, em Nova York. Depois ganhou outro papel no espetáculo Catch My Soul e excursionou pela Europa.
Em 1975, aos 23 anos, estava na Alemanha. Ali tornou-se componente do grupo de Disco Music, Boney M. Um ano depois seguiu carreira-solo, colocando três hits na Billboard Hot 100: "Dancin´Fever" e "The Girl Most Likely" e "Love for the Sake of Love".
No ano de 1979, estourou nas paradas com "Boogie Woogie Dancin Shoes". Outra faixa que fez  sucesso nos bailes do Brasil é a frenética "Dance, Dance, Dance".
O início da década de 1980 marcou o lançamento do álbum Feel the Fire, com a maioria das canções com arranjos de sintetizadores, ou seja música bem eletrônica.  Em 1981, ela deu uma virada radical ao gravar um disco no estilo New Wave, destacando-se o hit "Radio Action". Quatro anos depois optou pelo cinema, estrelando o filme Rappin´, de Mario van Peeble. Mesmo assim encontrou tempo para lançar o single "Born to Love", bem no estilo do grupo Pet Shop Boys. Em 1986 colocou nas paradas a canção "Can´t You Feel My Heartbeat".
Na década de 1990, Claudja direcionou sua carreira para o Canadá e Europa. Nos dez anos seguintes lançou os hits "Love Is An Island" (1991), "Summer of Love" (1992), "Poison" (1993), "Brand New Day" (1996), "Get It On Tonight" (1999).  Em 2006 retornou às paradas da Billboard com a canção "I Will Stand".

domingo, 16 de outubro de 2011

Jimmy Castor e seu saxofone melodioso

Jimmy Castor é um dos únicos cantores que resistiu bem a qualquer tipo de mudanças no R&B nos últimos 43 anos. Saxofonista, arranjador, percussionista e produtor, ele continua sendo grande músico. Ainda adolescente, Jimmy participou do grupo The Teenagers. Colega de escola de Frankie Lymon, no bairro do Harlem, Nova York, onde nasceu em 1947.
Não demorou para gravar o single "I Promise to Remember", que levaria os Teenagers ao topo das paradas de sucesso dos Estados Unidos no Verão de 1956. No ano seguinte veio a canção "This Girl of Mine". Após esse hit, o grupo se desfez.
Muito novo, aliou-se a Frankie Lymon e aprendeu diversas lições ao ver seu colega de escola e música descer rumo ao abismo nos 11 anos seguintes.
Por causa do grande talento, conseguiu trabalho como músico de estúdio, tocando saxofone tenor. Na primeira metade da década de 1960 grava alguns singles pela pequena My Brothers Records. Não demorou para a Smash, subsidiária da Mercury Records demonstrar interesse por seu estilo musical.
Descobriu que, em 1966, os porto-riquenhos tinham lançado canções com forte influência latina. Foi atrás e John Pruitt torna-se parceiro de produção de suas músicas. É dessa época os hits "Hey, Leroy, Your Mama´s Callin´You". A composição impressionou por causa do estilo de tocar contrabaixo, além do molho com piano, timbales, congas e um saxofone soprando de forma melancólica. Não demorou e as crianças estavam cantando a música nos campos de beisebol e  quadras de basquete.
O sucesso de Jimmy Castor o levou para RCA Victor Records, na década de 1970. Nessa época sua banda tinha Gerry Thomas no trompete e piano, Harry Jensen na guitarra, Lenny Fridle Jr´, nas congas; e Doug "Bubs"Gibson no contrabaixo. Todos macacos velhos na arte de tocar e fazer o público dançar.
Com esse time de feras, lança em 1972 o álbum It´s Just Begun e a faixa  "Trogiodyte (Cave Man)" explode nas paradas. Após diversos discos gravados, esse torna-se a obra-prima da sua carreira. It´s Just Begun ajuda o Funk explodir, de forma violenta, em todos os Estados Unidos. A introdução por meio de um diálogo tornaria amostra favorita do DJ e futuro rapper Afrika Bambataa.
Em 1974, Jimmy Castor estava na Atlantic Records. "Maggie", outra de suas melhores gravações, foi o seu primeiro single na nova casa. Nessa época ele deu sequência de cinco anos com canções no estilo R&B. "Bertha  Butt Boogie" estacionou entre as 16 mais das paradas.
Ao chegar 1977, auge da Disco Music, lança o hit "Don´t be a Robo Uln the Space Age", que serve para os dias de hoje, pois a letra diz que as pessoas não devem ser robôs. Isto numa época em que não existia Google, youtube, facebook, skype, internett, notebook e celular. Entre as 100 músicas das paradas, a canção fica em 28º. Antes, em 1976, regrava dos Spinners a balada "I Don´t Want to Lose You", cujo o solo de saxofone eternizou nos ouvidos de quem frequentava os bailes de black music no Rio de Janeiro e São Paulo.
A partir das décadas de 1980 e 1990, Jimmy Castor troca várias vezes de gravadora, porém mantendo o seu estilo garimpado desde os anos de 1950 e na quente década de 1960. Como se diz na gíria popular: agora amarrou o burro na sombra e pode viver de flash back.





sábado, 15 de outubro de 2011

Taxi: tragédia impediu sentir o gosto doce do sucesso

Imagina um disco reunindo os melhores da black music brasileira numa gravação. Não é sonho. Isto aconteceu no álbum do grupo Taxi, lançado em 1979 pelo selo Kelo Music, subsidiária da K-Tel que na década de 1970 inundou o mercado com diversas coletâneas, a maioria de mau gosto. Entre as feras que deixaram sua marca nesses dois álbuns memoráveis da Soul Music nacional estão o mago dos estúdios Lincoln Olivetti, anos luz na arte de produzir bons discos e CDs, o excelente contrabaixista Jamil Joanes da Banda Black Rio, o guitarrista Robson  Jorge e o baterista Picolé entre outros.
 O vocal do Taxi era de grande qualidade: Camarão, irmão do soulman Cassiano, trabalhou na banda Vitória Régia de backing vocal, fazendo as músicas românticas de Tim Maia ficarem mais bonitas nas apresentações ao vivo. Tanto Max quanto Aladim eram excelentes vocalistas. Infelizmente a tragédia não permitiu que o grupo Taxi desfrutasse do sucesso. Max se matou antes de sair o segundo álbum. Amaro acabou morto numa discussão dentro de um bar. Aladim, em 1998, morreu de câncer. Camarão também já é falecido. Deste excelente trio vocal, não há mais nenhum componente vivo. Permanece apenas a ótima qualidade de uma Soul Music, que anos depois a Motown Records, nos Estados Unidos, tentou reviver com o conjunto De Barge. 
Naquela época, o Brasil vivia o auge do movimento Black. As equipes Chic Show, Tranza Negra, Sideral, Zimbabwe, Black Mad, Circuit Power, Soul Grand Prix e Cash Box (ambas do Rio de Janeiro) faziam bailes concorridos, onde não faltavam atrações nacionais e internacionais. Em 1978, a Chic Show trouxe James Brown ao ginásio do Palmeiras, Sideral quase emplaca Billy Paul no ginásio da Portuguesa, no mesmo ano, caso não fosse prejudicada por um mau empresário. Tim Maia, Carlos Dafé, Fábio, Cassiano, Banda Black Rio, Gerson King Combo, Placa Luminosa, entre outros grupos eram a nata da Soul Music nacional, assim como o Funk dos Estados Unidos. 
É neste contexto que aparece o Taxi, trio formado pelos vocalistas Amaro, Max e Camarão. Todos experientes na arte de cantar Soul, Funk e baladas no estilo R&B. Na linha da black music norte-americana, lançaram dois álbuns, todos recheados de ótimas canções, daquelas para dançar de rosto coladinho, com o tempo necessário para passar telefone, pegar endereço e sair acompanhado da festa. 
O primeiro hit  a explodir nos bailes foi "Pode Chorar" (1979). Autêntica balada no estilo Soul Music para nenhum jovem dos guetos de Nova York, Los Angeles, Chicago, Detroit, Atlanta ou Filadélfia botar defeito. 
No segundo álbum (1980) apresentaram "Canção de Amor", autoria do tecladista Michel que tocava na banda  Vitória Régia, responsável pelo som nota 1000 de Tim Maia. Ele dificilmente faltava aos bailes blacks, principalmente os realizados no Palmeiras. Nesse mesmo disco estavam outras pérolas, como "Bobeira" de Amaro, Camarão e Aladim, Funk romântico em sintonia com conjuntos iguais a Harold Melvin and The Blue Notes, responsável por milhões de discos vendidos nos Estados Unidos na década de 1970. O hit " Amor não Vai Faltar", autorias de Paulo Sérgio Vale, Amaro, Camarão e Aladim, é o velho Soul, com batida brasileira, lembrando o estilo da Earth, Wind & Fire, trazida pela Chic Show, no início de 1980 para shows no ginásio do Ibirapuera.




Dion e os Belmonts: brilho curto de um bom conjunto

Dion e The Belmonts poderiam ter permanecido muitos anos na dura estrada do sucesso. Quarteto fundado em 1958 por Dion DiMucci, Fred Milano, Angelo D´Aleo e Carlo Mastrangelo, filhos de italianos nascidos no pesado bairro do Bronx , Nova York, (na época tão violento quanto o Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, antes da ocupação do Exército em 2011).
 O nome Belmonts é homenagem à avenida onde os quatro amigos sempre encontravam-se. Estudaram na mesma escola e todos cantavam. Como trio, Milano, D´Aleo e Mastrangelo gravaram um disco em 1957 na Mohawk Records.
Quando Mastrangelo compôs "We Went Away", Dion gostou e o grupo vira quarteto. Assinam com a Laurie Records.
A estratégia dos quatro rapazes, quando o Rock ainda usava fraldas e fazia muito barulho junto à conservadora sociedade norte-americana, era imitar o estilo de cantar dos vocais de negros.
Gravam o hit "I Wonder Why". Apareceram em programas de televisão, emplacando mais duas canções nas paradas: "No One Knows" e "Don´t Pity Me".
Em março de 1959 gravam o álbum Presenting Dion and The Belmonts. A música "A Teenager in Love" entra no Top 100 da Billboard. Aliás, esse hit até hoje frequenta as pistas dos bailes onde ainda se dança samba-rock no Brasil. No mês de novembro do mesmo ano, lançam "Where or When", um dos maiores sucesso da banda. Chega ao 3º lugar do Top 100 da Billboard.
Porém, a tempestade atingiu o grupo, quando em 1960 a dependência de heroína leva Dion, a estrela do conjunto, à internação. Para piorar, é convidado a sair do conjunto. Outras músicas gravadas não obtiveram tanto êxito. Para piorar, começa a briga entre Dion e o restante da banda por causa de dinheiro dos direitos autorais. Ele preferia Rock e Blues, enquanto os outros três optavam pelo Jazz e baladas pop.
 Outubro de 1960 marca a saída de Dion do quarteto. Vai tentar a sorte numa carreira-solo. Leva o nome do quarteto e visita as paradas de sucesso com os hits "Runaroud Sue" e "The Wanderer", que no Brasil ganhou a versão como "Lobo Mau", na voz de Roberto Carlos.
O trio Belmonts permanece na Laurie Records, e com Mastrangelo de vocalista principal  regravam "We Belong Together", de Richie Valens, morto em 3 de fevereiro de 1959 num acidente de avião. O trio resiste até 1966.
Nas décadas de 1970 e 1980 encontram-se para shows repletos de flash backs. Dion prosseguiu em carreira-solo. Em 1996, Fred Milano ainda representava o que restou dos Belmonts, cujo o auge foi nos primeiros anos da década de 1960.

Osibisa é a marca do Afro-Rock

A banda Osibisa tem 42 anos de caminhada de Afro-Rock. Fundada em Londres, no final da década de 1960, por expatriados africanos e três caribenhos, eles foram o primeiro grupo musical africano a tornar-se popular na Europa no final dos anos de 1960. No Brasil, o conjunto ficou famoso por causa de uma música incluída na coletânea Sucessos de Todo o Mundo Difusora/Warner Bros, editada pela Rádio Difusora Jet Music, em 1975. Quem gosta de samba-rock já deve ter dançando o hit "Who´s Got The Paper", inesquecível por causa do solo longo de saxofone. Outros para apimentar o baile, traduziam com uma rima cheia de palavrões o nome da música.
As sementes do nascimento da Osibisa (dançar na rua, em dialeto africano) começa em 1962, quando Teddy Osei sai de Gana para estudar música na Grã-Bretanha. Ali conhece o baterista Sol Amarfio. Após sete anos de amizade resolvem criar a banda, mesclando ritmos africanos e caribenhos, Jazz, Rock e R&B. O primeira formação contou com o contrabaixista Spartacus R (falecido em 2010), o tecladista Robert Bailey, o guitarrista Wendell Richardson e a percussionista e sax-tenor, Lasisi Amao.
A grande sacada da Osibisa, para fugir de eternas comparações com as inúmeras bandas de Rock, Soul e Funk, no final dos anos de 1960, foi unir ritmos africanos, indianos, caribenhos aos existentes nos Estados Unidos. Nas suas canções, é visível a fusão desses estilos nos riffs de guitarras, solos de saxofone e arpejos de teclados. Seus arranjos não têm a leveza da New Wave nem o peso do Funk dos Estados Unidos. Conseguiram colocar um molho que só músicos nascidos na África dominam a receita.
O álbum de estreia, Osibisa (1971), produzido por Tony Visconti, responsável por alguns discos de Davi Bowie, estourou nas paradas da Europa e Estados Unidos. O segundo, Wayaya (1972), repetiu  a dose e ganhou elogios de Stevie Wonder, que tocou bateria com eles numa apresentação, e Art Garfunkel.
Mas para sentir o doce sabor do sucesso, os integrantes da Osibisa comeram muita salsicha e batata frita como almoço e janta, por causa da falta de dinheiro. Sem empresário, não conseguiam receber após as apresentações. Porém, a reportagem de um jornalista especialista em música, Richard Williams, publicada em agosto de 1970, mudou a história da banda.
Ao vê-los ensaiar num pequeno estúdio, ficou fascinado pela pegada do grupo. Dias depois escreveu uma página a respeito do que testemunhou. O casal Gerry e Lillian Bron, com amplo trânsito no show biz europeu, os conheceu e assumiu a gestão da banda. Em pouco tempo assinaram com a MCA Records.
Durante toda a década de 1970, a Osibisa fez shows no Japão, Austrália, Índia e África. A influência da Disco Music derrubou as vendas dos discos da banda. Eles mudam-se para Gana, onde montam estúdio de gravação e complexo de teatro para ajudar músicos mais jovens. A Osibisa continua em turnês, mantendo a mesma pegada que seduziu tantos fãs na Europa, Américas, África e Ásia. Nos bailes do Brasil, Who´s Got The Paper prossegue como trilha sonora obrigatória dos amantes do samba-rock.