Billy Higgins fez parte do quarteto de Coleman Ornette |
Billy Higgins era integrante do quarteto
liderado por Coleman Ornette, inovador no renascimento do Free Jazz. Ele
continua sendo um dos mais importantes e controverso baterista da história da
Música. Versátil e intuitivo, seus padrões rítmicos ágeis alcançavam equilíbrio
perfeito entre forma e função, inspirando o grande trompetista Lee Morgan a
dizer que Higgins nunca exagera, mas o pessoal sabe que ele sempre está
presente.
Nascido em Los Angeles, em 1936, começou a
carreira tocando R&B, apoiando headliners, incluindo Bo Diddley, Amos
Milburn e Jimmy Witherspoon. Em 1953 se juntou ao amigo de escola e trompetista
Don Cherry no The Jazz Messiahs, que contava também com o saxofonista James
Clay. Três anos depois começou sua carreira de músico de estúdio, às vezes
aparecendo junto com o saxofonista Lucky Thompson e o baixista Red Mitchell.
Nessa altura do campeonato, Higgins e Cherry
se reuniu com Coleman. O canal foi um desconhecido saxofonista do Texas que
trabalhava demais para aperfeiçoar um léxico musical liberado das restrições de
estruturas harmônicas, melódicas e rítmicas convencionais. Junto com o grupo de
ensaio de Coleman, onde ficou vários anos, demorou em fazer seus primeiros
shows sozinho.
Só em 1958 que abriu apresentação de Paul Bley
no L.A´s Hilcrest Club. A sensibilidade de Coleman o deixava irritado, rendendo
mais tarde o apelido de Harmolodics.
Após o lançamento do disco de Coleman, naquele mesmo ano, Somenthing
Else!!, a controvérsia a respeito do seu comportamento dividiu músicos,
críticos e fãs.
Em 1959 foi para Nova York para uma temporada
no Five Spot Café. O hit “Love it or hate it” virou assunto na cidade e com a
chegada do novo baixista Charlie Haden, Coleman passou a fazer os sons e
estruturas que havia perseguido durante anos.
Sua entrada na Atlantic Records, onde lançou o
disco The Shape of Jazz to Come virou divisor de água quando se fala de Jazz.
Higgins despontou logo como um dos mais procurados bateristas neste gênero
musical contemporâneo. Provou ter a sensibilidade Hard Bop nas veias, pois não
fazia uma fluida e abstrata abordagem da nova geração.
Porém uma apreensão de drogas em 1961 deixou
Higgins sem seu cartão de acesso à bota, motivando a deixar a banda de Coleman.
Centrou forças em trabalho de estúdio, virando baterista oficial na Blue Note
Records durante o apogeu dessa gravadora.
Na década de 1970 Haggins apareceu em alguns
discos, como no Dexter Gordon Go, Jackie McLean's A Fickle Sonance e Lee
Morgan's The Sidewinder. Mais uma vez sua habilidade e flexibilidade revelava
seu grande talento. Mesmo depois que a Liberty Records comprou a Blue Note em
1967, ele permaneceu na casa muito tempo. Inclusive contribuindo como baterista
de primeira no álbum Attica Blues Achie Shepp.
Ele tocava com frequência com o pianista Cedar
Walton e baixista Bill Lee e o trompetista Bill Hardman que liderou a big band
Ensemble Brass por vários anos durante o começo da década de 1970. Após quase
duas décadas em turnê e em Nova York, Higgins resolveu sossegar o facho em Los
Angeles a partir de 1978.
A partir de 1979 gravou o álbum Soweto, nele
apoiava o saxofonista Joe Henderson e o trombonista Slide Hampton durante a
primeira metade da década de 1980. Depois de aparecer como estrela e
colaborador de longa de data de Dexter Gordon em 1986, ele se reuniu com
Coleman, Cherry e Haden para uma turnê em 1987, que resultou em um novo disco
de estúdio, In All Languages.
O ano de 1988 marcou a união com Kamau Daaood
para criar o World Stage, loja que organizou oficinas criativas, atividades
comunitárias e apresentações ao vivo. Atraiu muito dos maiores nomes do Jazz ao
site do World Stage, tanto como artistas quanto tutores. Higgins voltou a
atenção para o ensino num ambiente formal, como numa faculdade de Jazz na Ucla.
Infelizmente o restante de sua vida o castigou
com doença hepática originada por uma hepatite contraída décadas atrás. Em
março de 1996 passou por transplante de fígado, mas seu organismo o rejeitou.
Voltou à mesa de cirurgia 24 horas depois. Restabelecido retornou à música
meses depois. Viajou para Nova York para estreitar a colaboração com Coleman.
No entanto em 2001 o fígado voltou a falhar e na espera por um doador morreu
aos 64 anos.
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