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Luís Alberto Alves/Hourpress

terça-feira, 20 de março de 2012

Ice Cube: a fera do Gangsta RAP

Sem vacilar, Ice Cube (O´Shea Jackson) é um dos grandes nomes do RAP norte-americano, principalmente por causa de suas letras violentas, algumas com fortes críticas ao governo. Algo parecido com as canções dos Racionais MC´s. Além de cantor, é diretor e produtor musical. Um de seus filmes famosos no Brasil foi Os Donos da Rua, da década de 90, retratando a periferia de Los Angeles, tão barra pesada quanto a Baixada Fluminense no Rio de Janeiro ou Jardim Ângela, Zona Sul de São Paulo, nos anos 80.
Ex-integrante do grupo N.W.A, desde o começo de 2000 apostou mais no cinema, deixando as composições de cunho violento de lado. Ice Cube é precursor do Gangsta RAP. O gosto pelos microfones surgiu aos 15 anos, quando passou a escrever enquanto estudava teclado na escola. Para sua sorte, na mesma sala estava o rapper Candyman. Juntou-se ao colega Sir Jinx e formou o grupo C.I.A e passaram a cantar em festas organizadas por Dr.Dre. Ele já tinha contato com as gravadoras. O potencial de Ice Cube foi percebido, logo Dre dividiu com ele letra do hit "Cabbage Patch", depois produziram um disco, lançado pela Epic Records em 1986. Não fizeram sucesso. Ice Cube mostrou a Eazy-E, colega de Dr. Dre, a letra da canção "Boys-in-the Hood". Eazy gravou o hit no álbum N.W.A. and the Posse. Após o lançamento do disco, Cube vai estudar desenho arquitetônico na cidade de Phoenix. Mas volta em 1988, antes do lançamento do álbum Straight Outta Compton, pois havia perdido o lugar na banda. Nesta época, Dre descobre o lado produtor de Cube e o violento com o hit "Fuck The Police". Ambos receberam advertência do FBI para baixar um pouco a bola. Em 1989 saiu do N.W.A. acusando seu empresário de ladrão.
No início da década de 1990 começa carreira-solo, com o álbum AmeriKKKa´s Most Wanted, um dos clássicos do Gangsta RAP, numa parceria com técnicos de produção do Public Enemy. O disco aumentou a popularidade do RAP, apesar de Cube ser acusado de misoginia e racismo. Mesmo assim vendeu 1 milhão de cópias e ganhou Disco de Platina em 1991.
 Na carona do sucesso, Cube contrata a rapper Yo-Yo para administrar sua empresa e ajudou produzir seu disco de estreia Make Way for the Motherlode, além de dar uma força ao seu primo Del the Funky Homosapien. No embalo grava Kill at Will, com sete músicas e ganha Disco de Ouro e Platina.
O álbum AmeriKKKa´s Most  Wanted aborda a questão racial nos Estados Unidos, contando a história de um jovem negro sobrevivendo no gueto, drogas, violência, repressão do estado e a rotineira brutalidade da polícia, como ocorre, também, na periferia do Brasil. Um lado disco, Ice Cube classifica de Lado da Vida e o outro de Lado da Morte. As letras incentivaram depredação de lojas de bebidas de propriedade de orientais, cujos donos Cube acusa de racistas. Resultado: em 1992 várias lojas foram queimadas numa série de distúrbios em Los Angeles. Odisco vendeu mais de 1 milhão de cópias e eleito o oitavo melhor álbum de Hip Hop de todos os tempos pela MTV. Em 1992 lança o álbum The Predator, grande sucesso comercial, sendo o seu primeiro lugar na Billboard 200, vendendo mais de 2 milhões de cópias, além de explodir nas paradas Pop e R&B. As faixas de maior destaque foram "Wicked", "It Was a Good Day" e "Check Yo Self".
 No ano seguinte sua marcha reduziu, ao gravar Lethal Injection, disco não bem recebido pela crítica, mas vendeu o suficiente para ganhar Disco de Platina. Colocou nas paradas as canções "You Know How We Do It" e "Bop Gun (One Nation)".
Depois de 1994 deu um tempo com a música e passou a trabalhar em produções de cinema e na carreira de artistas como Mack 10, Mr.Short Khop, Kausion e Da Lench Mod. Após quatro anos, lançou a primeira parte do projeto War&Peace, feito em parceria com Mr.Short Khop. O destaque ficou para as canções "Pushin´Weight" e " Fuck Dying". A conclusão ocorreu em 2000, com o hit "Hello". O CD ganhou Disco de Platina e de Ouro. Em 2006, Cube grava o CD Laugh Now, Cry Later pela sua própria gravadora, a Lench Mob. Vendeu 144 mil cópias na primeira semana e estourou nas paradas, além de ganhar Disco de Ouro. Em 2010 gravou I am the West, seu nono disco. Nele colocou produtores do porte de DJ Quick, Dr.Dre, E-A. Ski e Sir Jinx. Assim como Mano Brown no Brasil, Ice Cube continua polêmico nos Estados Unidos, marcando forte presença na mídia, mas tecendo comentários coerentes, mostrando que não é um rebelde sem causa.

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