Não é difícil dividir o mundo da música gospel quando se fala na categoria de quartetos ou quintetos. Na verdade, há realmente apenas dois. Há Mighty Clouds of Joy e depois há todos os outros. Decorridos mais de 44 anos e 35 álbuns, três Grammys e outros inúmeros prêmios e músicas regravadas por Rolling Stones, Aretha Franklin, James Brown, Earth, Wind & Fire, Luther Vandross, Ray Charles e Paul Simon, é possível compreender porque esse conjunto é uma das lendas vivas do Gospel dos Estados Unidos. Fica difícil descrevê-los: alguns os classificam de ícones, outros de pioneiros ou antepassados do Gospel Moderno, R&B, Rock e Pop. Mas quando ouvir o fundador desse maravilhoso grupo vocal, Joe Ligon ou qualquer do restante da banda, a palavra sinônimo deixa de existir para classificá-los.
Eles não se contentaram apenas em montar o quinteto, mas deixou mais quente e suave cantar a música Gospel, brotada do fundo do coração. É com essa energia que entraram nos estúdios de gravação para produzir um disco. É lindo ouvir o CD ao vivo In The House of Lord, em Houston, produzido por Sanchez Harley (autor de CDs para Yolanda Adams, Kirk Franklin, Shirley Caesar e Rizen). O som continua puro e poderoso, passados tantos anos. Fica difícil escolher algum destaque individual. Todos estão ótimos.
A faixa título " In The House of Lord" desperta lembranças fortes para Joe, pois descreve as experiências vividas na igreja onde cultua Jesus. Descreve o ponto de vista de um menino, recordando-se que quando sua avó o levou até ali e os diáconos oraram por ele, enquanto o grupo de louvor cantava ao Senhor e pregador apenas observava o que acontecia.
Outra canção inesquecível é "Old Revival Back Home", escrita por Joe, e gravada na década de 1980. Seu avô era pregador na pequena cidade de Elem, no Estado racista do Alabama, Sul dos Estados Unidos, distante alguns quilômetros de Montgomery. O seu pai era membro do grupo de louvor daquela igreja. Num mês de agosto, a igreja fez uma campanha convidando um pastor diferente para pregar a palavra no domingo.
Os membros traziam comida e o louvor invadia o local. Ali, Joe se inspirou para seguir a carreira de cantar para o Senhor. Nascido e criado na Zona Rural do Alabama, desde criança Joe era talentoso. Quando mudou-se para Los Angeles para morar com um tio, na adolescência, juntou-se com um casal de colegas de classe das aulas de canto. Um deles era Johnny Martin, co-fundador e membro do grupo até sua morte em 1987.
Depois vieram Richard Wallace, ainda no grupo. Em 1960, eles tinham contrato com a Record Gospel. O único hit e álbum mostrou que o futuro seria brilhante para eles. Mesclando baixo, bateria e teclados para o acompamento do quarteto, uma guitarra e trajes coloridos simples, lançaram coreografia de palco, inovando a música Gospel norte-americana.
Quatorze anos depois foram para a ABC Records e premiaram o público com uma série de his no estilo R&B e Gospel, como "Mighty High", número dois nas paradas da Billboard em 1975. Não se intimidaram de se apresentar em casa de espetáculos seculares como Carnegie Hall, Madison Square Garden, Radio City Music Hall e o famoso Theatro Apolo. Não negaram suas raízes cristãs. Fez os louvores estremecer aquelas estruturas. Foram pioneiros em levar a mensagem de Deus por meio de canções no estilo R&B.
Passados tantos anos, Joe não se arrepende de por meio de canções ter levado a palavra do Senhor para inúmeros lares de todo o mundo e até em lugares que nunca tinham visitado. Diz que cantor gospel nunca se aposenta. Vão soltar a voz até não conseguirem falar mais. Sofreram a dor da discriminação racial na década de 60, quando os negros eram impedidos de se hospedar em hotéis ou mesmo comer em determinados restaurantes. Muitas vezes foram obrigados a jantar na porta dos fundos da cozinha dos restaurantes. Usaram o louvor para derrubar a barreira na segregação.
A maior vitória, segundo Joe, é inspirar as pessoas a continuar querendo viver. Ouvindo o Gospel, eles encontram algo que não existe em outras músicas, porque o louvor tem o poder de mudar vidas. Sabem que Jesus é real, mesmo sem ver, mas sente sua doce presença por meio do louvor. Essa entrega que faz esse grupo maravilhoso continuar apaixonado em cantar canções suaves e doces como a palavra do Senhor.
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