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#BMW - Morre #QuincyJones, o gênio da produção de grandes discos

Luís Alberto Alves/Hourpress

terça-feira, 7 de junho de 2011

Talentos que as drogas tragaram







Janis Joplin
O que Elvis Presley, Jimi Hendrix, Miles Davis, Billie Holiday, Elis Regina e Janis Joplin têm em comum? Todos eles foram vítimas de overdose de drogas. A musa do blues, Billie Holiday, morreu aos 44 anos, em um quarto de hotel de Nova York, Estados Unidos, em 17 de julho de 1959. Ao lado do corpo, a polícia encontrou uma seringa com heroína. Billie consagrou-se na década de 1930 ao se apresentar nas orquestras de Duke Ellington, Count Basie e Artie Shaw e ao lado de Louis Armstrong.
A discípula de Billie Holiday, Janis Joplin, poderia ter ido mais longe, se ficasse distante das carreiras e picadas de cocaína e heroína. Morreu aos 27 anos, em 4 de outubro de 1970, na cidade de Los Angeles, Califórnia. Com 20 anos, ela era dependente de drogas, principalmente heroína e álcool. Mesmo assim gravou quatro álbuns num curto espaço de tempo. Influenciada pelo rock e soul, era considerada a Billie Holiday branca. Sua interpretação de "Summertime" tornou-se  clássica.
Em 18 de setembro de 1970, o rock perdeu um de seus principais guitarristas: Jimi Hendrix. Para compensar a perda da mãe na adolescência e a ausência do pai, mergulhou nas drogas, perdendo a vida aos 28 anos. Teve uma overdose de calmantes e morreu sufocado pelo próprio vômito, também em um quarto de hotel, em Londres, Inglaterra.
Outro sugado pelas drogas foi o rei do rock, Elvis Presley. O vício o transformou numa fármacia ambulante. Morreu em 17 de agosto de 1977, sendo encontrado no banheiro de sua mansão em Memphis, Tennessee, Sul dos Estados Unidos. Nos seus últimos anos de vida, bem gordo, ficava horas diante do televisor, tocando  algumas notas musicais no contrabaixo, talvez querendo voltar ao seu passado de glórias nas décadas de 1950 e 1960.
O encontro com as drogas também foi fatal para o trompetista Miles Davis, morto em 28 de setembro de 1991, em Santa Monica, Califórnia. Davis foi um dos músicos mais influentes do século passado, ficando na vanguarda de quase todo o desenvolvimento do jazz desde a Segunda Guerra Mundial até a década de 1990.
Pertenceu  à classe tradicional de trompetistas de jazz. Infelizmente, parte de seus 65 anos foi consumida pela heroína.
Já no Brasil, Elis Regina não conseguiu escapar da overdose. Ele deixou a MPB órfã em 19 de janeiro de 1982. Encontrada caída no seu quarto, foi levada ao Hospital das Clínicas, próximo de sua casa, na região da Avenida Paulista.
Os esforços dos médicos foram em vão. Ela já estava morta. Elis lançou compositores até então desconhecidos. Nomes como Milton Nascimento, Renato Teixeira, Gilberto Gil, João Bosco, Aldir Blanc, Sueli costa e Tim Maia, com quem gravou a soul music "Thease Are The Songs", em 1970.
Elis Regina

Elvis Presley

Jimi Hendrix
Billie Holiday



segunda-feira, 6 de junho de 2011

Carol, Angie e Ive Brussel: três mulheres imortalizadas em belas canções


Angie Bowie
 A maioria dos grandes sucessos tem fonte de inspiração. Nem sempre o público conhece a história que contribuiu para composição daquela música.
No início da década de 1950, o cantor e compositor Neil Sedaka resolveu homenagear sua então namorada, Carol King. Na época, ambos ganhavam a vida vendendo músicas para as gravadoras em Nova York, Estados Unidos. Para a cantora Carol King, ele escreveu os seguintes versos: "Oh! Carol/ eu sou apenas um tolo/querida eu te amo/apesar de você me tratar mal.."
Meses depois, o romance acabou e cada um foi para o seu lado. Mas a letra de "Oh!Carol continua embalando corações, principalmente de quem viveu os fervorosos anos 1960.
Quem resolveu fazer declaração de amor para tentar conquistar o amor da mulher do amigo, e "que amigo", Davi Bowie, foi o líder dos Rolling Stones, Mick Jagger. Em 1972, Angela Bowie teria flagrado Jagger com seu marido, Bowie, aos beijos e abraços. Meses depois, Jagger compôs a balada "Angie", onde declara publicamente seu amor por ela. Principalmente nos versos:" Angie/Angie/quando aquelas nuvens todas desaparecerão/Angie/Angie/para onde isso vai nos conduzir a partir daqui?.."
Agradecimento. Foi esse o motivo da composição da música Ive Brussel, autoria de Jorge Benjor, em 1979, quando ainda assinava como Jorge Ben. Durante uma série de shows na Europa, Benjor apresentou-se na cidade de Bruxelas (Bélgica). A belga Ive Brussel resolveu hospedá-lo, lhe proporcionando ótimo tratamento. Quando estava escolhendo músicas para gravar o disco "Salve Simpatia!", Benjor resolveu retribuir a gentileza, escrevendo Ive Brussel, que ele gravou com Caetano Veloso.
Até a insegurança que acompanha qualquer pessoa em terra estranha, ele colocou na letra:"Pois está fazendo um ano e meio amor/que eu estive por aqui/desconfiado sem jeito/e quase calado/quando fui bem recebido por você.."

Disco de 1979

Partido em 5 volume 1 reúne nata do samba

Disco lançado em 1975

LP lançado em 1979
Em 1975, a gravadora Tapecar lançou o primeiro LP (disco com seis músicas de cada lado) da coletânea "Partido em 5". O disco não tinha as frescuras dos atuais CDs de samba. Nada de teclados, contrabaixo, bateria ou instrumento de sopro. Apenas gente bamba cantando música de qualidade. O time era composto por Candeia, Anézio, Velha, Joãozinho da Pecadora, Doutô, Casquinha e Wilson Moreira. A percussão ficou a cargo de mestre Marçal, diretor de bateria da Portela, e Luna.
O disco reproduz uma roda de samba ao vivo, onde , naquela época, não faltavam cavaquinho, pandeiro, surdo, tamborim, reco-reco e muita descontração. As letras eram simples, mas carregadas de melodias bonitas.
Candeia abria a primeira faixa e quando estavam encerrando começavam a conversar e chamava o próximo para continuar cantando, nesse caso, o partideiro Velha, que interpretava um samba (Defeito de Mulher) para deixar as feministas, dos anos 70 de cabelos em pé: "Não sei se é da natureza/ ou se é obra do destino/ que a mulher nasce sorrindo/cresce fingindo e morre mentindo/...mulher carinhosa é falsa/ seja feia ou seja bela/leva o homem a perdição/ e o bicho ainda morre de amores por ela.."
O charme do Partido em 5 volume 1 era justamente reproduzir o clima de uma roda de samba num final de semana na mesa de um boteco, sem risco de ser atingido por uma bala perdida ou o público sofrer ameaça de algum arrastão.
Mestre Marçal, durante muitos anos, responsável pela percussão na banda de Caetano Veloso, mantinha o ritmo gostoso sem deixar nenhum instrumento encobrir o som do outro. Os acordes do cavaquinho nas mudanças de faixas eram bem audíveis.
No final, todos os partideiros começam a conversar, cada um se apresenta e diz qual instrumento está tocando. O som do cavaquinho vai ponteando o bate-papo até terminar a roda de samba. Mestre Candeia profetiza que aquele som era a legítima música popular brasileira e o Partido em 5 volume 1 iria ficar na história.
Isso aconteceu, principalmente no volume 4, quando um grupo de sambistas do bloco Cacique de Ramos fez a "cozinha" desse outro LP. Daquele time faziam parte Almir Guinéto, Sombrinha, Jorge Aragão, Sereno, Ubirany, Bira Presidente, Arlindo Cruz e Neoci, a primeira formação do conjunto "Fundo de Quintal" em 1979. Nesse disco um dos destaques foi a faixa "Meti o Dedo na Viola", na voz de Gracia do Salgueiro.
Se os últimos anos da década de 1970 foram chumbo para diversos setores da sociedade, com as duras perseguições do Regime Militar e morte de jornalistas, sindicalistas e políticos, para a música brasileira marcou um período de muita gente criativa, que ainda está nas paradas, como Djavan.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Soul music e suas variações nos Estados Unidos



Temptations


Booker + The Mgs

Bar-Kays

Four Seasons


A soul music  apresenta diversas variações dependendo da região dos Estados Unidos. Como ocorre no Brasil, onde o samba tem andamentos diferentes (em São Paulo é mais light, o da Bahia é mais agitado, o famoso samba de roda, e o do Rio de Janeiro é cadenciado). 
Em Detroit, cidade do Estado de Michigan, Meio-Oeste dos Estados Unidos, a soul music é influenciada pelo gospel. É o berço da gravadora Motown (na gíria significa cidade dos motores, por causa de sua indústria automobílistica, é como se fosse a região do ABC em São Paulo, com suas montadoras de carros). É conhecido como soul de Detroit, com acompanhamento de palmas e forte linha de baixo. Por muito anos, a marca registrada da Motown foi sua banda de estúdio; The Funk Brothers. Os cantores que mais exploraram esse estilo foi Marvin Gaye e The Tempetations.
O ritmo muda em Memphis, Estado do Tennessee, Sul dos Estados Unidos. Ali a soul music utiliza muito metal no lugar dos vocais, acentuando os graves. Durante décadas, a gravadora Stax reinou absoluta neste estilo. Sua banda de estúdio era os Booker + The Mgs, grupo que acompanhava o roqueiro Otis Redding. A metaleira ficava a cargo da banda Bar-Kays. Redding era a prova contundente do soul de Memphis. 
Na Filadélfia, costa Leste dos Estados Unidos, predomina o chamado soul de branco (blue-eyed-soul). É carregado de melodias suaves e ritmo cativante. É derivado do rockabilly de Elvis Presley e Bill Haley e dos hits do grupo Four Seasons. 
Ali também surgiu o soul da Filadélfia, rico em arranjos de metais, como exemplifica as músicas de Harold Melvin, Stylistics, Spinners, Billy Paul, Dramatics.





Músicas de protestos que ficaram históricas

Bob Dylan
Existem cantores que se destacam por suas letras de protesto. Algumas delas ficam gravadas para sempre. São frases curtas, porém de forte conteúdo, acertando o alvo com precisão. Bob Dylan se encaixa neste perfil. A canção "Blowin´in The Wind, composta há mais 45 anos, é a prova disso. Quando veio ao Brasil poucos anos atrás, o público não sossegou enquanto  ele não cantou os célebres versos: "Quantas estradas deve um homem percorrer/ até que possa ser chamado de homem/ quantas vezes as balas de canhão devem voar/até que sejam banidas para sempre?.."
No Brasil temos vários exemplos também. Quem nunca ouviu ou cantou o refrão:" Vem vamos embora que esperar não é saber/quem sabe faz hora/não espera acontecer.." É a obra-prima de Geraldo Vandré, "Pra não Dizer que não Falei das Flores".  Essa música, composta em fins da década de 1960, provocou a prisão de Vandré, além da apreensão do disco, que ficou censurado até 1979. Provavelmente nunca sairá dos corações e mentes de uma parcela da população.
Em 1972, Chico Buarque compôs o samba "Apesar de Você", uma crítica feroz ao presidente Médici, que governava o País com mão de ferro, prendendo ou matando quem lhe fizesse oposição. O ínicio da música já colocava o dedo na ferida do regime ditatorial: "Hoje você é quem manda/ falou tá falado/não tem discussão/a minha gente hoje anda/falando de lado/e olhando pro chão...Apesar de você/amanhã há de ser/outro dia/eu pergunto a você/onde vai se esconder/da enorme euforia/como vai proibir/quando o galo insistir/em cantar.." O presidente Médici e seu regime passaram, mas o samba de Chico Buarque permaneceu.
A Semana Santa de 1973 marcou o encontro de Chico Buarque e Gilberto Gil. Juntos compuseram a célebre "Cálice". Tornando famosos os versos:" Pai, afasta de mim este cálice/ Pai, afasta de mim este cálice/de vinho tinto de sangue..." De forma bem inteligente, a dupla usou a palavra cálice (que o padre usa para colocar vinho durante a Santa Ceia) querendo dizer calar. É a crítica contra o silêncio, a censura, a repressão contra qualquer ato cometido pela sociedade.
Ainda nos anos de 1970, Lúcio Barbosa escreveu um dos maiores sucessos de Zé Geraldo: a música "Cidadão". É a descrição correta da rotina dos trabalhadores da construção civil, geralmente discriminados por andar com as roupas sujas de cimento, mas responsáveis por tirar do chão prédios e casas inexistentes por todo o Brasil.
Um dos versos critica a falta de acesso à escola pelas crianças pobres: "Tá vendo aquele colégio moço?/eu também trabalhei lá/lá eu quase me arrebento/pus a massa fiz cimento/ajudei a rebocar/minha filha inocente/vem pra mim toda contente/pai vou me matricular/mas me diz um cidadão/criança de pé no chão/aqui não pode estudar/esta dor doeu mais forte/por que que eu deixei o norte/eu me pus a me dizer/lá a seca castigava, mas o pouco que eu plantava/tinha direito a comer..."

Zé Geraldo

Duplas inesquecíveis


Carpenters


Leno e Lilian
Algumas duplas ganharam destaque no cenário musical brasileiro e internacional. Na década de 1960 e início da de 1970, o casal Leno e Lilian fez muito sucesso. Em 1966 emplacaram as canções "Pobre Menina " e "Devolva-me". Ao gravar o segundo LP ( disco com seis músicas de cada lado) colocaram nas paradas " Eu Não Sabia que Você Existia". Lílian, na época muito bonita, namorava Renato, líder do conjunto Renato e Seus Blue Caps, para quem fazia as versões em português das letras gravadas pelos Beatles. Antes do final dos anos 1960, Leno e Lilian brigaram, reataram em 1972 e depois nunca mais cantaram juntos.
Outra dupla de sucesso, nascida em 1942, foi Cascatinha & Inhana. Sertanejos de raiz, o casal (marido e mulher) gravou 25 discos, de 1951 a 1980. Suas músicas mais famosas foram "Ìndia" e "Colcha de Retalhos". Faziam a mistura de guarânias (ritmo típico paraguaio) com sertanejo. "Meu Primeiro Amor" e "Índia" na toada de guarânia ficaram como seus grandes sucessos. A dupla chegou ao fim em 1980 com a morte de Inhana.
Nos Estados Unidos, ano de 1965, o maestro Van McCoy teve a brilhante ideia de lançar a dupla Peaches and Herb. O projeto resultou em inúmeros discos gravados e várias músicas nas paradas de sucesso. Com o passar do tempo, várias "Peaches" se revezaram, enquanto "Herb" (Herbert Fame) se mantinha firme no posto de primeira voz.
Em 1978, McCoy escolheu Linda Greene para ser a nova "Peaches". Era época da febre da Disco Music e conseguiram emplacar a dançante " Shake Your Groove Thing". Mas a surpresa ficou com a balada "Reunited". O álbum ganhou disco de platina. Em 1983 a dupla chegou ao fim.
Os irmãos Carpenters (Karen e Richard) formaram dupla de sucesso na década de 1970. Representantes do soft rock, incluíram muitas canções nas paradas de sucesso. Gravaram composições de Burt Bacharah, "They Long to Be", "Close to You", "We´ve Obly Just Begun". O hit "Sing" foi durante muitos anos trilha sonora do telejornal Hoje, da Globo, de 1972 A 1975.
A voz de contralto de Karen, aliada aos arranjos de piano do seu irmão Richard, resultava numa música extremamente suave, às vezes até melosa, parecida com aquelas que se tocava antigamente em salas de espera. A receita deu certo. A dupla ganhou três Grammy. Em 1975 lançaram "Only Yesterday", um dos seus últimos sucessos. Perseguida por aneuroxia nervosa, Karen passou a fazer constantes dietas. Acabou morrendo no início da década de 1980 e a dupla terminou.

Artistas que perderam o trem do sucesso

Blitz
 Kleiton e Kledir, Blitz e RPM são exemplos de artistas que perderam o trem do sucesso, que desfrutaram na década de 1980, quando venderam muitos discos e tiveram agenda cheia de shows. Quem não se lembra dos versos: "Deu pra ti/ alto astral/vou pra Porto Alegre/ tchau..." Com esse hit "Deu Pra Ti", gravado em 1980, os gaúchos Kleiton e Kledir marcaram presença nas rádios e programas de televisão de todo o Brasil.
Tiveram composições incluídas nos repertórios de Simone, Nara Leão, Caetano Veloso, Ivan Lins, Leonardo, Emílio Santiago, além de gravar discos nos Estados Unidos, Portugal, França e Argentina. Em 1987, auge do sucesso, a dupla se desfez. Quando retornaram em 1994, o trem do sucesso já tinha partido da estação do tempo.
O rock brasileiro foi sacudido em 1980 com o nascimento da Blitz, no Rio de Janeiro. Dois anos depois, o grupo lança o compacto (disco com uma música de cada lado) "Você Não Soube me Amar", em seguida veio o álbum "As Aventuras da Blitz". Da união do teatro com letra debochadas, temperadas com rock estilo anos 50, a banda entrou na rotina dos jovens da década de 1980.
O ator Evandro Mesquita, na guitarra, dividia o vocal com Fernanda Abreu, mas tarde conhecida como "garota sangue bom". Em 1983, o sucesso continuou com o rock mesclado ao R&B (blues de rua) "Wekeend". Nesse mesmo ano, ganharam as paradas com a balada " A Dois Passos do Paraíso" (Longe de casa/ há mais de uma semana/ milhas e milhas distantes/ do meu amor...).
Porém, o sucesso garantido, agenda cheia de shows e presença em diversos programas de rádio e televisão não evitaram a separação. Evandro Mesquita foi fazer novelas na Globo, Fernanda Abreu emendou carreira-solo e o restante dos músicos se dispersou. No ano de 1999, alguns ex-integrantes reuniram-se e gravaram o CD "Últimas Notícias", mas o trem do sucesso não os esperou na estação do tempo.
Quando Paulo Ricardo conheceu, em 1976, o pianista clássico Luiz Schiavon, não imaginava que dali sairia o embrião da banda de jazz-rock RPM, que engordou com o baterista Paulinho Valenza. No ano de 1985 lançaram as músicas "Olhar 43", "A Cruz e a Espada" e "Revoluções por Minuto", que batizava a banda e tinha o guitarrista Fernando Deluqui ( ex-Gang 90) e o baterista Charles Gavin ( ex-Ira e mais tarde dos Titãs).
A partir dai, veio um sucesso atrás do outro. "Louras Geladas" marcou presença nas danceterias e emissoras de rádios. Letras politizadas e transformações sociais não impedem o RPM de aumentar sua agenda de shows. O álbum "Revoluções por Minuto" ganha disco de ouro, após vender 100 mil cópias e fecha 1985 com 300 mil discos vendidos.
O álbum "Rádio Pirata", de 1986, auge do Plano Cruzado do governo Sarney, vende 2,2 milhões de cópias. Nessa fase, os shows do RPM têm megaprodução, com direito a efeitos especiais em grandes ginásios e estádios de futebol.
No ano seguinte ocorreu a primeira separação do grupo. Voltam em 1988 e gravam o álbum "Quadro Coiotes" e vendem 250 mil discos. A partir dai, o RPM não percebeu que o trem do sucesso já havia partido da estação do tempo, deixando eles na mão, assim como ocorreu com Kleiton e Kledir e Blitz.

RPM

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Às vezes a regravação supera o original



Barry White
 Existem regravações de músicas que superam as originais. Ficam com mais "molho". Em 1969, Jorge Benjor (na época Jorge Ben) compôs "Que Pena", em ritmo de samba, bem acelerado. Naquele mesmo ano, Gal Costa colocou esse hit num disco em que estava gravando. Ao violão, Caetano Veloso, numa batida leve, estilo rock. A versão dela ficou marcada para sempre, inclusive por causa do solo de violão, feito por Caetano no ínicio dessa obra-prima. 
No ano de 1971, Gal Costa resolveu gravar um compacto duplo (disco pequeno com duas faixas de cada lado) e insere "Sua Estupidez", autoria de Roberto Carlos. Ela é acompanhada só por violão. Entrou para a história da MPB. No final, ela dá uma pausa ("Mas sua estupidez/ não lhe deixa ver/ que eu te amo...tanto"), inexistente na gravação de Roberto Carlos e termina. 
O mesmo ocorreu em 1979, quando Elis Regina grava o "O Bêbado e a Equilibrista", da dupla João Bosco e Aldir Blanc. Elis interpreta a letra, colocando bastante emoção e o grupo de músicos que a acompanha responde à altura. O violão de Hélio Delmiro praticamente "fala" durante o andamento da composição. Hoje, quem a ouve não imagina que o original seja de João Bosco e Aldir Blanc.
A musa da soul music, Aretha Franklin, ao regravar "Bridge Over Trouble Water",  em 1971, também deu outra roupagem ao hit que Elvis Presley e a dupla Simon e Garfunkel já tinham gravado. Ouvir Aretha cantando é entrar em outra dimensão. Por seu grande domínio vocal, consegue subir e descer várias oitavas, colocando um calor que não existia na interpretação, tanto de Elvis, quanto de Simon e Garfunkel. Não é à toa que Aretha Franklin ganhou o título de melhor voz feminina de todos os tempos. 
Elis Regina
Em 1977, o cantor norte-americano Billy Joel ganhou o Grammy com a excelente música "Just The Way You Are". No ano seguinte, Barry White regrava e coloca seu vozeirão nessa composição. Ao contrário de Billy Joel, ele começa declarando os versos iniciais da música: "I need take anything for granted ( eu nunca deixo de valorizar as coisas)/ only a fool maybe take things for granted (só os tolos talvez o façam)/ just because it´s here today, it can be gone tomorrow (só porque está aqui hoje, poderá ter ido amanhã)/ and I guess that´s why (e acho que é por isso)/ why I "chewd" you so much because you (por isso que eu te considero tanto, porque você)/ you haven´t changed (você não mudou).." Até hoje muitos imaginam que "Just The Way Your Are" é gravação única de Barry White, esquecendo de Billy Joel. Esses exemplos mostram que uma regravação pode melhorar, e muito, uma música. 
Gal Costa



Produtores transformam pedras em diamantes musicais

Milton Manhães e a sambista Jovelina Pérola Negra no estúdio
Por trás de um grande cantor ou banda, há um excelente produtor. O homem que transforma pedras brutas em diamantes "sonoros". Na maioria das vezes, eles são maestros e dominam a técnica para deixar uma música bonita, de acordo com o gosto do mercado.
No início dos anos de 1960, em Londres, o maestro George Martin pegou as composições dos jovens Paul e John e as transformou em sucessos eternos. Com arranjos simples, para qualquer pessoa tocar no violão ou guitarra: Martin foi o arquiteto da lenda Beatles. Ficou com eles até o fim, em 1970, quando John Lennon anunciou que o sonho havia acabado.
Nesse mesmo ano, mas em Los Angeles, Estados Unidos, o maestro Hal Davis produziu um conjunto de adolescentes. Com a música "I´ll Be There", os Jackson Five entraram para a história da música negra norte-americana. Hal Davis repetiu a dose em 1971, com "Got To Be There". Dois anos mais tarde aplicou seu talento na dupla Diana Ross e Marvin Gaye no hit "You Are Everything".
Outro exemplo de bom produtor foi o maestro James Carmichael. Ele lapidou os diamantes "Easy" (1977), "Three Times a Lady" (1978) e "Still" (1979). Todos grandes sucessos dos Commodores.
Porém, é do maestro Quincy Jones, em 1982, a produção do álbum Thriller, de Michael Jackson, um dos discos mais vendidos da história: 104 milhões de cópias.
Em 1986, o samba ressurge das cinzas nas vozes de cantores e cantoras desconhecidos: Zeca Pagodinho, Almir Guinéto, Pedrinho da Flor, Jovelina Pérola Negra, Elaine Machado entre outros.
Na produção desses discos estavam os dedos e o talento de Milton Manhães. Arranjos refinados e ótima percussão colocaram o samba, batizado de pagode pelas gravadoras, nas rádios FMs e ruas do Brasil.
Nessa mesma época, o rock nacional pegou carona nas mãos de bons produtores: um deles era Liminha, responsável direto pelos discos gravados por Gilberto Gil na década de 1980. Ele também trabalhou na lapidação de músicas do então Kid Abelha e Os Abóboras Selvagens, principalmente no álbum "Educação Sentimental", onde a faixa "Os Outros" ficou na cabeça de muito adolescente, que hoje já passou dos 40 anos.

Billy Paul and mrs. Jones

Quem gosta de música romântica, com certeza curte os hits de Billy Paul. Principalmente seu maior sucesso "Me and Mrs.Jones", que lhe rendeu o Grammy em 1973. No ano anterior, a regravação de "Without You", composta por Nilsson na década de 1960, também o colocou nas paradas.
Foi na praia da soul music e R&B (blues de rua) que ele construiu sua carreira nesses 42 anos. Aos 11, Paul Willians (seu nome de batismo) entrou para o mundo do showbizz. Apresentava-se nas rádios da Filadélfia (cidade da costa leste dos Estados Unidos) e gravou alguns discos, mas nenhum explodiu.
Quando começou a trabalhar com Miles Davis, Charlie Parker e Roberta Flack, nos anos de 1970, as oportunidades apareceram. Ganhou contrato com a gravadora Philadelphia International ao gravar seu primeiro sucesso, em 1959, "Ebony Woman". A partir dai, Billy Paul nunca mais saiu desta trilha, de emplacar hits nas paradas norte-americanas e restante do mundo.
Mas como tudo tem um preço, o megasucesso "Me and Mrs.Jones", de 1973, causou vários processos nos Estados Unidos, porque a letra fala de um caso de adultério. Alguns setores da sociedade americana entenderam que a música induzia as pessoas a trair seu cônjuge, pois a letra dessa composição é meio apimentada.
Foi com este sucesso na bagagem que ele veio ao Brasil em 1974 para se apresentar no Palácio das Convenções do Anhembi. Depois retornou por aqui mais de 40 vezes, como a que ocorreu em junho de 2011.
"Your Song", de Elton John, ganhou outra roupagem na sua voz e entrou nas paradas. Depois vieram os álbuns "When Love Is New", "Got My Head on Straight", "Let´Em In", "Only The Strong Survive?".
As sacadas de Billy Paul, de explorar o romantismo, são frutos plantados por sua mãe. Ela o obrigava a exercitar sua voz, enquanto escutava discos de jazz, soul e pop. Na sua casa existia uma coleção de Nat King Cole. Depois resolveu estudar na Escola de Música do Oeste da Philadelphia, época em que adotou o nome artístico Billy Paul.
Outro diferencial foi contar com os produtores Kenny Gamble e Leon Huff. Na década de 1970, a dupla criou um estilo de tocar, conhecido como "Som da Filadélfia". Billy Paul também aprendeu muito ao tocar com as divas do jazz Dinah Washington, Nina Simone e um dos gigantes do jazz, Miles Davis.
Em 1985 lançou o álbum "Lately", que não vendeu muito. Quatro depois resolveu se aposentar. Não resistiu e continuou fazendo turnês por todo o mundo, inclusive no Brasil.

Quando atores viram cantores ou vice-versa

Eri Johnson

Paulo Miklos

Mário Gomes

Seu Jorge

Will Smith
Antes de entrar para a televisão, alguns astros ganhavam a vida cantando. Quem imaginaria que Will Smith, um dos atores mais bem pagos de Hollywwod, um dia foi rapper? E que a estrela do sambista Seu Jorge só começou a brilhar depois que ele ganhou o papel de Mané Galinha, no filme "Cidade de Deus", em 2002? Foi trampolim para o longa americano "A Vida Marinha com Steve Zissou".
Tem também o contrário. Artista de sucesso que vai trabalhar em novela e não faz feio. É o caso do Titã, Paulo Miklos, que recebeu convite para participar de novelas na Globo. A ex-vocalista da Banda Eva, Emanuelle Araújo, não decepcionou quando trabalhou no filme "Ó Pai, Ó" e na novela "A Favorita".
Às vezes, um personagem é cantor de pagode e as músicas caem no gosto da população. Foi o que ocorreu com o ator Eri Johnson, quando interpretou o papel Zé da Feira, na novela "Duas Caras". Alguns mais apressados sugeriram para ele abraçar a carreira de intérprete de samba. Felizmente, Johnson percebeu que era melhor continuar na praia de ator, onde está há anos.
Antes, em 1976, Mário Gomes deu vida ao personagem Dino César na novela das 8 da Globo, "Duas Vidas". Ele  era um cantor brega e chegou a gravar um LP (disco com 12 faixas). Aparecia nos programas das emissoras, mas com o término de "Duas Vidas", as pessoas esqueceram rapidamente Dino César.
No caso do então rapper Will Smith, o cinema significou a entrada de mais dinheiro. Antes da fama, na década de 1980, era conhecido como Fresh Prince. Quando resolveu participar na televisão de uma sátira de sua vida  (The Fresh Prince of Bel Air) e em 1990, sua sorte mudou. Depois disso vieram os filmes "Os Bad Boys", "Independence Day", "Homens de Preto" até receber uma indicação ao Oscar.
Will foi inteligente, porque como cantor dificilmente iria ganhar a fortuna que atualmente entra em sua conta corrente, de milhões de dólares. Livrou-se da pressão das gravadoras e da tortura de viajar para várias cidades apresentando shows, que em algumas vezes não têm grande público.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Versões mantêm velhos sucessos em dia






Carmen McRae
 Algumas músicas, mesmo quando transformadas em versões, não perdem sua beleza, além de ajudar muita carreira decolar ou se firmar de vez. Porém, o público desconhece particularidades dessas composições. Exemplo disso é a pop sertaneja "Te Quero Pra Mim", da dupla Edson e Hudson. Quem curte esse gênero musical já decorou o refrão: "Pra te abraçar/pra te beijar/pra saciar/essa louca paixão/te quero pra mim..."Em inglês esse hit estourou na voz da louraça Faith Hill, a autora do original " It Matters to Me", gravada em 1995.
Mas a prática de investir em versões ganhou fôlego na década de 1960, quando o grupo carioca Renato e Seus Blue Caps passou para o português várias músicas dos Beatles. "All My Loving" virou "Feche os Olhos". Na década de 1990, Chitãozinho e Xororó colocaram a versão de " And I Love Her" no repertório. Na voz deles, esse mega-sucesso dos Beatles foi traduzido para "Eu Te Amo".
Mas nas histórias das versões, "Quando Te Vi", gravada por Beto Guedes em 1984, revela uma passagem ignorada por muitas pessoas que curtiram e até hoje curtem as músicas dos quatro rapazes de Liverpool. Geralmente quando falamos de Beatles, os associamos ao rock. Porém, a composição "Quando Te Vi" (Till There Was You", que Ronaldo Bastos traduziu para o português, revela Paul McCartney, John Lennon, George Harrison e Ringo Star cantando um bolero.
Quando o quarteto recebeu uma medalha da rainha Elizabeth, eles apresentaram esse hit em ritmo de bolero para sua majestade. "Till There Was You" foi um dos primeiros sucessos gravados pelos Beatles no início da década de 1960, quando começaram a estourar nas paradas.
A versão de Ronaldo Bastos é um primor, principalmente nas duas primeiras estrofes: "Nem o sol/nem o mar/nem o brilho/das estrelas/tudo isso/não tem valor/sem ter você../sem você/ nem o som/da mais linda/melodia/nem os versos/dessa canção/irão valer..."
O contrário também ocorre. Foi o que fez uma das divas do jazz, Carmen McRae, que na década de 1980 gravou em inglês "Flor de Liz", eterno sucesso de Djavan. No mercado norte-americano ela foi batizada de "Upside Down". Na época, quando fez show em 1985 no Hotel Maksound Plaza, na Bela Vista, região da Paulista, Carmen deu um puxão de orelhas em Djavan: " A música brasileira é tão bonita e melódica e você fica preocupado em colocar nos seus discos, o lixo musical aqui dos Estados Unidos".
Na mesma década de 1980, o britânico Jim Capaldi grava, em inglês, um dos maiores sucessos de Gilson: "Casinha Branca, que também foi parar num disco de Neguinho da Beija-Flors, em ritmo de samba. Na versão de Capaldi, "Casinha Branca" ficou "Old Photograph" (Velha Fotografia).
Edson e Hudson

Beto Guedes

Jim Capaldi

Renato e Seus Blue Caps

Al Green é a black music romântica

Al Green ( Albert Greene) é sinônimo de músicas românticas, daquelas baladas bem gravadas e que estiveram presentes em diversos bailes dos últimos 40 anos. As décadas de 1970 e metade dos anos 80 foram marcantes na carreira dele, por causa de sua bela voz, bons arranjos, além de realizar concertos musicais intensos, com a plateia participando de sua apresentação.
Sua carreira começou aos nove anos (ele nasceu em 1946), junto com outros três irmãos num grupo gospel de seu pai. Era o Green Brothers. Durante a década de 1950, o quarteto excursionou pelo sul dos Estados Unidos. Naquela época, sua família mudou-se para Michigan, onde Al Green formou o grupo "Al Green and The Creations".
Em 1969, segue carreira-solo. Conheceu o produtor Willie Mitchell e dessa parceria nasceu o disco de estreia "Green is Blues". No ano seguinte o sucesso prosseguiu com o álbum "Al Green Gets Next to You". O destaque foi o hit "Tired of Being Alone".
Sempre navegando no mar do gospel e da soul music, Al Green grava, em 1972, o disco Let´s Stay Together". Fica entre os oito melhores colocados da parada Pop da Bilboard nos Estados Unidos e primeiro lugar nos tops de Black Music.
O melhor ainda estaria por vir. Ao gravar o hit "For The  Good Times", de 1973, entra na rota dos grandes baladeiros. É o famoso LP capa branca, que durante anos virou peça rara nas lojas de discos.
A música vira trilha sonora da maioria dos bailes. Também entra na programação das rádios que investem na linha black music, caso da Rádio Mundial, no Rio de Janeiro, e Difusora, em São Paulo. Essas duas emissoras mantinham, na década de 1970, o monopólio de lançar hits de qualidade, que o tempo se responsabilizou de torná-los sucessos eternos.
Antes, no mesmo disco "Let´s Stay Together", ela tinha regravado dos Bee Gees o hit "How Can You Mend a Broken Heart", outra balada que aumentou a procura por esse álbum. Aqui no Brasil ficou famoso como o disco "Al Green capa marrom", por causa da foto do cantor, diante de um muro, onde aparece escrito o nome de uma das músicas do álbum "Let´s Stay Together".
Até 1975, sua carreira só teve êxitos. Shows mantinham sua agenda lotada e as vendagens dos discos estavam em alta. Porém, nesse ano, ele recusa casar-se com sua namorada Mary Woodson. A garota jogou comida quente em Al Green, provocando ferimentos de segundo grau. Em seguida, a jovem correu para outro cômodo da casa onde estavam e tirou a própria vida, usando uma arma do cantor.
Esse episódio afetou profundamente sua carreira. Como ocorre com a maioria dos cantores de soul, blues e gospel, nos Estados Unidos, ele procurou socorro numa igreja Batista, da cidade de Memphis, Estado do Tennesse. Tornou-se reverendo (cargo equivalente ao de bispo no catolicismo).
Em 1979, durante uma apresentação, sofreu atentado e quase morreu. A partir dai passou a gravar no estilo gospel. No ano seguinte lançou seu primeiro álbum, nesta fase, era o disco "The Lord Will Make a Way". De 1981 a 1989, gravou mais discos do gênero, oito deles premiados com o Grammy de "Melhor Perfomance Soul/Gospel".
Seu dueto de 1994, com a cantora de country music Lyle Lovett, que juntou esse estilo musical ao R&B (blues de rua), lhe rendeu seu nono Grammy. Desta vez na categoria Pop Music.
No ano de 2004, após lançar o álbum "Take Me to The River", produzido por Willie Mitchell, é nomeado para o Hall da Fama fa Música Gospel. Nessa época, a revista Rolling Stone o ranqueou na posição 65° na lista dos 100 Maiores Artistas de Todos os Tempos. Seu último disco "Lay it Down" foi gravado em 2008.