João Bosco é um dos grandes nomes da MPB. Foi o talento que a engenharia civil perdeu para a música em 1972. Aos 4 anos de idade, em 1950, já cantava nas missas de Ponte Nova (Minas Gerais), onde nasceu. Quando tinha 12 anos ganha seu primeiro violão e forma a banda de rock X-Gare. Mas como toda família do Interior, os pais incentivam João Bosco a investir nos estudos. Em 1967, aos 21 anos, ingressa na universidade para cursar Engenharia, saindo com o canudo cinco anos. Nesse mesmo período conhece Vinicius de Morais e faz parceria em algumas canções com o poetinha. Três anos depois, em 1970, aparece o psiquiatra Aldir Blanc, com quem iria compor canções inesquecíveis, inclusive a clássica o "Bêbado e a Equilibrista", sucesso eterno na voz de Elis Regina.
No ano de 1972 grava o disco de bolso, projeto do jornal alternativo O Pasquim. A curiosidade é que João Bosco divide o vinil com Tom Jobim, já famoso e ele ainda desconhecido. Mas seu destino na história da MPB estava sendo selado, quando entra em seu caminho Elis Regina. Ela grava a composição "Bala com Bala" da rica parceria Bosco/Blanc. Em 1973 troca Minas Gerais pelo Rio de Janeiro e tudo muda para melhor. É convocado para o time da gravadora RCA Victor.
Igual faminto diante do prato de comida, Bosco/Blanc passam a produzir diversas obras-primas: "O Mestre Sala dos Mares" (em homenagem ao marinheiro João Cândido, negro que liderou seus companheiros pelo fim dos castigos na Marinha em 1910, movimento conhecido como Revolta da Chibata), "Dois pra Lá e Dois pra Cá", "Caça à Raposa". A segunda metade da década de 1970 trouxe lindas canções como "Kid Cavaquinho", Incompatibilidade de Gênio" (imortalizada na voz de Clementina de Jesus), "O Ronco da Cuíca", "Transversal do Tempo" e "Falso Brilhante".
Cientes das sacanagens cometidas contra os compositores, Bosco/Blanc são expulsos da Sicam (Sociedade Independente de Compositores e Autores Musicais) por causa da luta pelo pagamento correto dos direitos autorais. Até hoje, essa situação não foi resolvida, com a dupla ficando sem o dinheiro do hit "O Bêbado e a Equilibrista", escolhida entre 14 melhores canções brasileiras do século XX.
Em 1983, João Bosco faz sua primeira apresentação internacional no Festival de Montreux, registrada com sucesso pela gravadora Barclay. A crítica europeia o elogia pela atuação. No ano seguinte lança o álbum Gagabirô e passa a compor sozinho e firma outras parcerias. Desta época, explode nas paradas com "Papel Machê", escrita junto com Capinam. Quatro anos depois consolida a carreira no Exterior ao produzir o primeiro álbum pela CBS Records.
Em 1992 lança o disco Zona de Fronteira, pela Sony Music, numa mescla de vários ritmos e culturas. Emenda com diversos shows pelo Brasil e Europa. Três anos após, recria 14 músicas de várias épocas, como Villa-Lobos, Noel Rosa, Ary Barroso, Caetano Veloso e Chico Buarque, para o CD Dá Licença meu Senhor. Com o talento reconhecido mundo afora, passa a participar de inúmeros festivais na Europa e Estados Unidos. O ano 2000 marca a gravação do 20º disco de sua carreira, além da consolidação da parceria com o filho Francisco Bosco. O álbum mistura ritmos afro-americanos, cubanos e brasileiro, além de clássicos como "Siboney", autoria de Lecuona, e "True Love", de Cole Porter.