George Martin numa gravação com os Beatles |
Luís Alberto Alves
Qualquer banda ou
cantor precisa de um bom produtor na retaguarda. Do contrário, seus discos
cairão diretamente na lata do lixo, além de agredir os ouvidos dos fãs. Quando
analisamos a harmonia (roupa da música) das canções dos Beatles, percebemos o
talento de George Martin, que partiu para sempre desde mundo nesta semana.
Ele foi o
responsável pela lapidação dos hits lançados pelos quatro meninos de Liverpool.
Na maioria das composições, Martin usava apenas quatro acordes. Todos simples.
Num deles: E (mi), C#- (dó sustenido menor), F#- (fá sustenido menor), A (lá);
ele vestiu um dos grandes sucessos dos Beatles.
Martin tinha o feeling
de transformar músicas ruins em bons produtos. O showbiz deve sempre agradecer
a ele por transformar a pedra bruta Beatles num diamante valioso, cujas músicas
ainda vendem até hoje, mesmo após 47 anos da famosa frase: “o sonho acabou”.
O leigo ou os
abelhudos que nunca pisaram os pés em
uma escola de música, desconhecem o trabalho feito dentro do estúdio. Quando o
produtor, que geralmente é maestro e entende tanto de teoria quanto de prática
musical, vai começar a dar corpo naquela letra.
Por ter bastante
sensibilidade, sabe qual melhor instrumentação para determinado hit. Exemplo disso
é a clássica “Let It Be”, com direito a solo de piano no meio dessa canção feito
por Billy Preston. A cifra consiste em quatro acordes: C (dó), G (sol), A- (lá
menor) e F (fá). Nas mãos de um cabeça de bagre iria virar um lixo, porém
Martin a transformou um grande diamante.
E o que dizer de
Anna, outro grande sucesso dos Beatles, onde novamente Martin trabalhou cinco
acordes: D (ré), B- (si menor), E- (mi menor), G (sol) e A (lá) que funciona
como preparação para D. O segredo desse grande produtor era não abusar de notas
dissonantes (que podem ser usadas ou não no arranjo, como se fosse uma peça de
roupa bonita, que necessariamente nem sempre precisa fazer parte da vestimenta
do dia a dia).
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