Reportagens com clipes descrevendo histórias de artistas famosos,
principalmente de intérpretes da Black Music, além de destacar a importância do Blues no Showbiz.
Radiografia da Notícia * (Ele costumava dizer que seu objetivo era aplicar a liberdade e a sensibilidade criativa da literatura à música r...
segunda-feira, 29 de abril de 2013
Pancadão não é Funk!
A banda Chic misturou o Funk à Disco Music no final da década de 1970, destacando arranjos de cordas
A banda Earth Wind & Fire, criada no final da década de 1960, também toca e canta o Funk verdadeiro ao vivo
The Emotions explodiram nas paradas com o Funk " Best of My Love" em 1978
George Clinton é outro grande nome do Funk verdadeiro, suas músicas são verdadeiras adrenalinas
James Brown é considerado o "Pai" do Funk no início da década de 1960
A Banda KC and The Sunshine Band misturou o Funk à Disco Music e fez muito sucesso nas décadas de 1970 e 1980
Tim Maia é exemplo claro do Funk no Brasil, principalmente com o hit "Do Leme ao Pontal"
A banda Ohio Players tem mais de 50 anos de estrada e sempre privilegiou o Funk em suas letras
Average White Band gravou vários hits Funk, explorando lindos arranjos de metais
A banda Bar- Kays tem mais de 50 anos de estrada; é outro grande nome do Funk norte-americano
Brass Construction teve a maioria de suas músicas baseadas na Funk Music
Brothers Johnson fizeram muito sucesso no final da década de 1970, criando o estilo Slap de tocar contrabaixo
Cameo é outra banda que valoriza o Funk dos Estados Unidos em suas canções
Chaka Khan é outra grande voz feminina do Funk legítimo dos Estados Unidos
Charles Wright gravou em 1975 o Funk romântico "Loveland" e estourou nas paradas de sucesso
O maestro, arranjador, compositor e cantor George Duke é outro grande nome do Funk legítimo
Rick James misturou o Funk com a Disco Music e fez muito sucesso na década de 1980
Kurtis Blow foi o primeiro rapper norte americano a fazer sucesso nos Estados Unidos, sem deixar o Funk de lado
Leo Sayer estourou nas paradas de sucesso com o Funk mesclado à Disco Music "You Make Me Feel Like Dancing" em 1976
Tom Browne também agitou os bailes com Funk de qualidade nascido nas ruas dos Estados Unidos
Um dos grandes sucessos do grupo Sister Sledge é o Funk "Frank", gravado na década de 1980
A banda War, criada no final da década de 1960, é um dos expoentes da Funk Music nos Estados Unidos
Chute! Atualmente quando se fala de
Black Music muitos pseudos críticos começam a opinar sem qualquer conhecimento
de causa. É o que ocorre com o Funk. Gênero que surgiu nos Estados Unidos no
início da década de 1960. A música, por incrível que pareça, é influenciada
pela matemática. Neste caso, por causa dos compassos, que ditam o número de
notas por tempo. Essa anotação aparece na partitura após a clave de sol, usada
para instrumentos de cordas. No caso do Rock, compasso 4x4, são tocadas quatro
notas em quatro tempos, no samba duas notas em quatro tempos, no compasso 2x4,
no caso do Blues 12 notas por oito tempos, em compasso 12x8.
Quem já teve o prazer de tocar em estúdio sabe que a regra matemática
dos compassos comanda qualquer gravação. O maestro liga o manômetro (instrumento
que mede os compassos da música) e em cima dele é que sai a palhetada na
guitarra, violão, cavaquinho, violino, banjo, contrabaixo, piano, órgão,
instrumentos de sopro e até da bateria. Não existem meios de se fazer música
sem passar pelos compassos. É como tentar gerar um filho sem espermatozoide e
óvulo. Ou fazer omelete sem quebrar os ovos.
Do início dos anos 2000 em diante a House Music, surgida nos Estados
Unidos na década de 1980, com ênfase em canções de forte apelo erótico aliado a
batidas repetitivas de contrabaixo e bateria, ganhou adeptos no Brasil. O ritmo
surgido na Flórida acabou ganhando o nome de Funk nos bailes realizados no Rio
de Janeiro, principalmente por equipes como a Furacão 2000. O mesmo esquema se
repetiu com letra repletas de palavrões, elogios ao crime organizado, e danças
bem sensuais, algumas até insinuando relação sexual, com as meninas colocando a
língua para fora em movimentos lentos ao redor da boca.
É neste trecho que começa a confusão, que inspirada na filosofia do nazista
Joseph Goebbels, responsável pela propaganda do nazismo, que dizia
categoricamente: “A mentira quando repetida várias vezes torna-se verdade”.
Talvez por desinformação, alguns artistas e críticos musicais passaram a vender
a ideia que a House Music é Funk. Bateram tanto nesta tecla que vários
programas de televisão já incorporaram essa mentira as suas reportagens.
Regras musicais
No mundo da música existem regras que nunca são quebradas. Os gêneros da
Black Music (Soul, Rock, Blues, Reggae, Jazz, RAP, Sharm, Bossa Nova) têm
particularidades que nunca mudam. Eles não surgem do nada. A matriz de todas
está baseada no Blues, gênero musical já existente nos Estados Unidos na época
da escravidão, antes do século 19. Ao lado do Gospel, o Blues está na raiz de
todos esses ritmos que mudaram a indústria da música nos Estados Unidos e
diversos outros países. Da mistura de Country (música sertaneja norte-americana) com Blues surgiu o Rock no final da década de 1940, do Soul, Blues e Calypso saiu o Reggae no final da década de 1950, na Jamaica; do Blues, mais Gospel e Jazz veio o Soul na década de 1940, do Blues mais o Gospel nasceu o Sharm na década de 1970, do Gospel mais Blues saiu o Jazz na década de 1920, do Jazz, mais Soul e Rock veio o RAP no final da década de 1970, do Samba mais o Jazz nasceu a Bossa Nova no início da década de 1960, no Rio de Janeiro. Notem que na maioria dos gêneros musicais o Blues está incluído. No caso do Pancadão, denominado erradamente Funk no Brasil, ele não se faz presente, como ocorre com Funk verdadeiro nascido nos Estados Unidos.
Em gíria de estúdio se diz que o guitarrista que toca Blues, pode se
aventurar em qualquer gênero que acaba se saindo bem. O Blues é tocado com
escala pentatônica. Ou seja, o conjunto de todas as escalas é formado por cinco
notas ou tons, em vez de sete, como ocorre na escala diatônica, com sucessão de
intervalos das notas de semitons e tons. Na escala diatônica, o músico tem a
liberdade de usar sete notas ou sete tons para acompanhar uma canção, enquanto
na escala pentatônica, esse número cai para cinco. Com duas notas a menos, o
instrumentista que toca Blues, precisa repetir o mesmo acompanhamento.
Trazendo este exemplo para o futebol, é como um time de futebol com
cinco jogadores repetir o mesmo desempenho de uma equipe com sete atletas, sem
deixar a qualidade da partida ficar ruim. Geralmente que conhece Blues, tem
grande domínio de música, conhece partitura e sabe onde estão as notas graves e
agudas no instrumento, em diversas oitavas. Por exemplo: na corda Si do violão
(a segunda corda de baixo para cima), a primeira nota é C (Dó), depois ela se
repete mais a frente, na mesma corda, porém com som mais agudo na 13ª faleta
(espaço onde existe cada nota no braço do violão, separada por pequenas e finas
barras de metal) do violão. Assim se repete em outras cordas.
A escala pentatônica surgiu na China, quando foram reunidas as divisões
melódicas propostas pelo matemático grego Pitágoras. Segundo ele, se uma corda
gerava determinada nota e fosse dividida ao meio, geraria a mesma nota, porém
uma oitava acima (se repetia em outro espaço do instrumento), ou dividida em
três gerando outro intervalo harmônico, de forma sucessiva. A escala
pentatônica desenvolvida por Pitágoras era gerada em seis intervalos: B (SI), C (Dó), D (Ré), E (Mi), G (Sol) e A (Lá). Porém,
a proximidade da nota B (Si) para C (Dó) era intensa e quando tocadas juntas geravam
dissonância. Dai ele retirou a nota B (SI), surgindo a escala de cinco tons. Numa
escala pentatônica maior em C (Dó), seriam esses acordes a ser tocados: C (Dó),
D (Ré), E (Mi), G (Sol) e A (Lá).
Enquanto na escala diatônica, o músico tem
sete graus e intervalos, conhecidos como Dó (1º), Ré (2º), Mi (3º), Fá (4º),
Sol (5º), Lá (6º), Si (7º) e repetindo Dó, como 8º na primeira oitava. Esses sete intervalos são conhecidos como
Primeira, Segunda, Terça, Quarta, Quinta, Sexta, Sétima e Oitava. Têm como
função na escala: tônica, supertônica, mediante, subdominante, dominante,
superdominante, sensível e tonica oitavada. Na escala pentatônica, a usada para
tocar Blues, se usa cinco graus: Dó (1º), Ré (2º), Mi (3º), Fá (4º) e Sol (5º).
Os intervalos serão: Primeira, Segunda, Terça, Quarta e Quinta, e a função na
escala receberão os nomes de tônica, supertônica, mediante, subdominante e
dominante.
Qualidades/defeitos
Não existe música sem essas qualidades: timbre (qualidade ou característica
especial da cada som), melodia
(combinação de notas que são tocadas uma após a outra), harmonia (conjunto de sons ou de notas que são tocadas de uma só
vez), ritmo (movimento, cadência ou
balanço que obedece ao som durante a execução da canção), dinâmica (modos de interpretação usadas numa peça musical), interpretação (maneira de exteriorizar nosso
sentimento e nossa sensibilidade através do som e técnica (grau de execução e
perfeição que se adquire após algum tempo de estudo e prática).
É partir desses fundamentos que se percebe a mentira de falar que a
House Music ou Pancadão seria o Funk que surgiu no começo da década de 1960 nos
Estados Unidos. O Funk verdadeiro é a união de Jazz, Soul e Blues. Ele tem batidas sincopadas e forte marcação rítmica
de metais (sax, trompete, piston, trombone), sobressaindo o som do contrabaixo
sem deixar a bateria em segundo plano. É possível ouvir nitidamente acordes de
piano, cordas (guitarra, violão). O Funk legítimo tem melodia que varia de
andamento, não fica naquele andamento mecânico, como ocorre nas canções
cantadas por repentistas e no Pancadão. Tanto o Jazz, quanto o Soul carregam o
Blues em sua essência. Ou seja, o Jazz é a mistura de Gospel e Blues, já o Soul
é a mescla de Blues, Pop e Spiritual.
Em qualquer estúdio musical de qualidade, onde o manômetro vai marcar o
compasso da canção que será gravada, o Jazz, o Soul e Blues serão detectados
por esse aparelho mostrando em que velocidade o instrumento deve ser tocado.
Com o Pancadão ou House Music isto não ocorre, porque é uma "música" eletrônica. O manômetro detecta o som
emitido por essas péssimas canções como ruídos! Barulho e música são coisas
distintas. Mesmo o Heavy Metal ou Rock Pauleira, como é conhecido, é detectado
pelo manômetro no compasso 4x4, mesmo com a guitarra emitindo som distorcido. Outro detalhe curioso do Pancadão é a falta de criatividade em arranjos. Todas as "músicas" são cantadas em cima da mesma base eletrônica (bateria, baixo e sintetizador), nunca ocorre mudança. Mesmo o Pagode, com seus arranjos pobres e letras cheias de rimas pobres (amor rimando com dor, com calor, flor e etc) percebe-se certa qualidade na base musical. Enquanto é possível se cantar Rock, Reggae, Soul, Blues e Jazz ao vivo, com guitarras ou violões, contrabaixo, teclados; o Pancadão enfrenta essa dificuldade por ser essencialmente uma "música" eletrônica. Sem tecnologia ela não existe.
Quando algum péssimo crítico musical diz que Pancadão (por causa da
repetição excessiva de baixo e bateria eletrônicos, numa só nota) é Funk, ele
mostra que desconhece o passado da Funk Music que surgiu nas ruas dos Estados
Unidos e teve célebres representantes como Earth Wind & Fire, War, Brass
Construction, KC and The Sunshine Band, Chic, Kool & The Gang, Fatback, Charles Wright, Chaka Khan, The Gap Band, The Brothers Johnson, Ohio Players, Wild Cherry,
Skyy, James Brown, Tom Browne, Kurtis Blow (um dos primeiros cantores de RAP
nos Estados Unidos no final da década de 1970), Jimmy “Bo” Horne, Rick James,
Michael Jackson, Prince, Bar-Kays, Commodores, Average White Band, George
Clinton, Cameo, Milles Davis, Herbie Hancock (criador do Hip-Hop), George Duke, Sisters Eledge, Eddie Harris, The Emotions, Leo Sayer, Parliament, Funkadelic e Tim Maia no
Brasil.
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