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#BMW - Morre #QuincyJones, o gênio da produção de grandes discos

Luís Alberto Alves/Hourpress

terça-feira, 2 de abril de 2013

Como nasceu o blog blackmusicworld


Teclado Panosonic usado na maioria das minhas músicas Gospel, pelo maestro Isaias AES

Disco de vinil gravado por Branca di Neve, após sua morte em 1989; participei de roda de samba com ele na Vai-Vai

Compacto simples (disco com uma música de cada lado) gravado por Jorge Benjor em 1970

Último desfile pela Vai-Vai, no Carnaval de 1987, na Avenida Tiradentes, em São Paulo

Convite da equipe Tropicália para baile no Clube Alepo, que ficava na esquina da Av. Paulista com Rua Teixeira da Silva


Disco gravado em 1978 pelo maestro Eumir Deodato (raro) com a balada "Tahiti Hunt"

Disco de vinil da banda The Trammps III, onde está a balada "Season for Girls", hoje raro

Disco de vinil original, raro, onde está a primeira gravação, em 1975, da balada "Reasons" na voz de Phil Bailey

Primeiro disco gravado pela banda Blue Magic, em 1974, com a famosa lenta "I Just Wanna to Be Lonelly"

Disco raro de Chubby Checker, de 1962, com cada um cantando os maiores sucessos do outro

Disco de vinil, raro, de 1976, com a primeira gravação de "Flor de Liz", uma dos maiores sucesso de Djavan

Luís Alberto Caju e maestro Isaias AES no estúdio

Luís Caju, Nadão (centro) numa roda de samba da Vai-Vai

Disco de vinil, importado, raro, gravado por Roy Ayers em 1978, com a balada "You Send Me" de 7 minutos de duração

Reportagem do último desfile da Banda do Caju em 1996 na região central de São Paulo

Guitarra Ibanez usada na maioria das gravações dos meus CDs de canções Gospel




Luís Alberto Alves

Próximo de chegar aos 200 mil acessos, antes de completar dois anos em maio de 2013, posso afirmar que este blog blackmusicworld.blogspot.com.br é um sucesso. Mas não chegou ao acaso, existe trabalho de bastidores, como pesquisas e extenso arquivo de canções que reuni em mais de 35 anos de estrada. Desde a adolescência gostei de estudar a história da Black Music. Nenhum segmento musical conseguiu aglutinar tantos gêneros embaixo do seu imenso guarda-chuva. Dois dos estilos mais famosos do mundo tiveram influências afro: Rock e Samba!

  Na minha curtida juventude aprendi a manejar duas rudimentares picapes para dar os famosos bailes de garagens, onde muitos namoros se transformaram em casamentos. Não existia a tecnologia atual. Os efeitos eram obtidos por meio de disco de vinil. Numa picape ele era acionado, na outra entrava a canção. Tinha desde canto de passarinho a barulho de turbina de avião subindo ou o estrondoso ronco das buzinas dos navios chegando ou saindo do porto.

  Para ficar sintonizado nas novidades, pois não existiam Google, Youtube, Facebook, Orkut, ouvia todos os dias a rádio AM Difusora Jet Music, pertencente aos Diários Associados, dono também da rede de televisão Tupi. A Difusora fazia programação FM numa época que não existia este tipo de rádio no Brasil. Ali que garimpava as canções que fariam sucesso nos bailes, principalmente as músicas lentas, que hoje são denominadas de melodias, por causa do ritmo vagaroso.

  Do salário de Office boy (na época não havia motoboys) tirava um pouco de dinheiro para comprar os discos de vinil (cada um com 12 canções, seis de cada lado). Quando era raro, o preço subia. É como se pagasse por um determinado CD, hoje, o equivalente a R$ 500 ou R$ 1.000,00 por causa da sua preciosidade. Aos poucos comecei montar minha discoteca. Passei a gostar de Black Music nesta época, por causa do balanço das músicas (os arranjos). O que elas provocavam quando tocadas em determinados horários.

                                                                       Discos de vinil raros

  Lembro-me que em 1980 comprei o disco de vinil gravado por Roy Ayers em 1978 pela Polydor Records, onde está a célebre canção “You Send Me”, composta por Sam Cooke em 1957, desbancando Elvis Presley das paradas na época. Era importado. Paguei o equivalente a R$ 100 em valores atuais na loja Museu do Disco, da Rua Dom José Gaspar, quase esquina com a Avenida São João, Centro de São Paulo. Quando a toquei no baile a primeira vez, de madrugada, todos começaram a correr atrás das meninas para dançar. Ninguém queria perder a chance de usar aquele hit para não voltar sozinho para casa.

  Também me recordo do disco de vinil gravado pela dupla Peaches and Herb, em 1978, em que a lenta “Reunited” estourou em todo o mundo, principalmente nos bailes de garagem e salão no Brasil. O comprei na Rua Barão de Itapetininga, região central de São Paulo. Cada disco tem sua história. Passei a ser muito requisitado para fazer, inclusive, festa de casamento. Porque o pessoal sabia que minha coleção de disco fazia a diferença de madrugada. Conseguia tocar mais de sete horas sem repetir canções.

  Em épocas especiais frequentava os bailes promovidos no salão (hoje demolido, e na época grudado ao Shopping Bourbon, no bairro da Pompéia, Zona Oeste da Capital paulista) do Palmeiras pela Chic Show e na Casa de Portugal ou Club Homs pelo pessoal de Os Carlos O Som para Dançar. A Chic Show, que chegou a ter mais de seis casas de shows em São Paulo nas décadas de 1970 e 1980, seria considerado o time do Barcelona na arte de fazer baile e Os Carlos, o Som para Dançar, o Santos de Neymar.

                                                                   Love Island, de Eumir Deodato

 Tinham as outras, Zimbabwe, Black Mad, Tranza Negra, Galotte, Kaskatas, Sideral (que ousou trazer pela primeira vez um cantor internacional ao Brasil, em 1978), Soul Grand Prix, Jirau, Furacão 2000, essas últimas do Rio de Janeiro. Mas não portavam com o profissionalismo da Chic Show e sua imensa coleção de discos, assim como Os Carlos, O Som para Dançar eram mestres em raridades de samba-rock, numa época que se dançava muito Soul e Funk (o dos Estados Unidos, sem o rebolado erótico e letras obscenas do atual ritmo que nada tem de Funk, nem os arranjos musicais).


 No final da década de 1970 passei a gostar de escola de samba. Época dos desfiles na Avenida Tiradentes, Centro da Capital paulista. Em 1978 ao assistir a apresentação da Vai-Vai, e mesmo sem som no microfone do intérprete de samba, ela conseguiu ganhar o título de campeã naquele ano, deixando em segundo lugar sua arquirrival Camisa Verde e Branco. Dois anos depois passei a participar dos ensaios e depois dos desfiles até 1987, quando fui tetracampeão, ainda na Passarela da Avenida Tiradentes. No quinto ano de Vai-Vai entrei na Ala de Compositores. Antes em 1978 comecei a aprender tocar violão. 

  Conheci ícones do samba, como Geraldo Filme, com quem aprendi a escrever letras curtas, mas cheia de informações e melodias gostosas, Osvaldinho da Cuíca, Nadão, Ademir, Paquera, Chapinha, Xoxão (parceiro de samba enredo e grande talento ignorado pelas gravadoras), Branca di Neve (antes de gravar seus dois antológicos discos que entraram para a história do samba-rock no Brasil) e Mário Sérgio, que tocou cavaquinho vários anos no grupo Fundo de Quintal. Com ele fui incentivado a entrar num conservatório musical e estudar música clássica. Isto fiz no conservatório Souza Lima, da Rua José Maria Lisboa, região da Avenida Paulista, em São Paulo.

                                                                      Acesso ao Gospel

  Com esse pessoal aprendi a compor sambas cheio de balanço, na linha de Tim Maia e Jorge Benjor, cantores que tive a oportunidade de assistir muitos shows nas décadas de 1970 e 1980. Nessa época era raro se ouvir samba em rádio FM ou AM, só na época do Carnaval. Nas quadras das escolas, o pessoal acabava formando rodas de samba e cada um apresentava suas músicas inéditas. Caia na boca do povo e ali muitos ganhavam dinheiro vendendo fitas K/7 (avó do CD) de suas músicas.

  Acabei conhecendo um maestro, conhecido como Jacó Guitarra, responsável pela produção do primeiro disco gravado por Angela Maria na década de 1950 no Brasil. Ele lecionava no conservatório onde estudava. Passei a entregar minhas músicas para que escrevesse as partituras.  Ainda na segunda metade da década de 1980 entrei na faculdade de Jornalismo. Em 1990, quando trabalhava no extinto jornal paulistano Diário Popular, resolvi com colegas de trabalho, fundar uma banda de carnaval, denominada Banda do Caju, espécie de Casseta Planeta do asfalto.

 Escolhíamos um tema político da época e em cima disso a música era composta. Um delas teve como inspiração as pernas (lindas, diga-se de passagem) da ex-cunhada do ex-presidente Fernando Collor de Mello, que teve o mandato cassado em 1992, Thereza Collor. A folia da Banda do Caju durou até 1996.

                                                                 Cantores evangélicos dos Estados Unidos

  Apesar de estar com 35 anos, minha vida pessoal, profissional e espiritual parecia um carro sem freios numa imensa ladeira. Era igual o general sem tropa ou perfume sem cheiro. Resolvi me tornar cristão ou evangélico como se diz atualmente. Passei a perceber que as igrejas evangélicas, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, investem muito na área musical. Não deixando nenhum culto sem tocar ou cantar canções, que mais tarde fui descobrir, eram Blues, Soul e Funk (o legítimo dos Estados Unidos).

  Descobri que várias bandas que ouvia na minha adolescência ou mesmo cantores solo, eram evangélicos nos Estados Unidos, como Al Green, Philip Bailey (intérprete do hit “Reasons” na banda Earth, Wind And Fire), Isley Brothers, Commodores (inclusive seu grande vocalista Lionel Ritchie), Kool and The Gang, James Brown (pasmem), Janis Joplin, Billie Holiday, Billy Stewart (intérprete da linda “I Do Love You”), Denicie Williams (pastora), Little Richard, Elvis Presley, George Benson, Cissy Houston (mãe de Whitney Houston) entre outros.  

  Ao estudar inglês percebi que diversas letras falavam do poder de Jesus Cristo em mudar nossas vidas. “The Greatest of the Love All”, de George Benson, é um exemplo disto. Em 1997 comecei a escrever letras evangélicas, a maioria Blues, Soul ou Funk Music (o legítimo dos Estados Unidos). Porém, só em 2000 consegui lançar meu primeiro CD, numa gravadora independente. O acaso acabou responsável por uma grande amizade profissional com o maestro Isaias AES, dos estúdios Art&Louvor, em São José dos Campos, SP, Brasil.

  Perto do final do ano 2000, meu CD, com 12 canções, acabou concluído pelo irmão em Cristo, Isaias AES. Em nossas conversas percebi que ele gostava do estilo Black Music, as pegadas Funk de James Brown, Kool and The Gang, Bar- Kays, The Gap Band, Billy Stewart e o Blue e Soul de Sam Cooke, Roy Ayers, Al Green, Linda Clifford, Isley Brothers, GQ, Bobby Womack entre outros.
 
                                                              “Donna”, namorada de Ritchie Valenz

 Dai por diante passou a produzir meus CDS (neste 2013 sai o 8º, em nome de Jesus Cristo). Algumas das faixas desses álbuns coloquei no youtube, a maioria com a batida e timbre de instrumentos das décadas de 1950 (Blues “Outro Amor”, “Eu Só Quero te Adorar”), de 1960 (Blues “Reflexão”), 1970 (Ska “Jerusalém”), 1980 (Funk “Graças”, “O Futuro a Deus Pertence”, “Não se Canse de Interceder pela Vida de seu Irmão”), 1990 (Soul “Adoração”, Reggae instrumental “Eternamente”, RAP “Valeu”).

 Em 2008, durante minha passagem pelo jornal paulistano Metrô News, onde ocupei o cargo de editor-chefe, passei a escrever às segundas-feiras matérias relativas à música, trazendo ao leitor curiosidades desse segmento, na maioria das vezes desconhecidas pelos leigos, como exemplo, informando que Tim Maia foi quem ensinou Erasmo Carlos a tocar violão e que na adolescência, no bairro da Tijuca, Rio de Janeiro, junto com Roberto Carlos e o contrabaixista Edson Trindade (autor do hit “Eu Gostava Tanto de Você”), formaram uma banda conhecida como The Sputinik.

  Passava dados como o início da carreira musical do guitarrista Jimi Hendrix na banda de Black Music The Isley Brothers, na década de 1960; que a canção “Donna” teve como inspiração a então namorada e grande amor de Ritchie Valenz, morto num acidente de avião em 3 de fevereiro de 1959, nos Estados Unidos, quando se dirigia para se apresentar no segundo show daquela noite de sábado. Também esclarecia que o conjunto The Commodores, em 1968, era a banda de apoio do grupo The Jackson Five, onde brilhava o garotinho Michael Jackson.

  Após quase dois anos no Metrô News resolvi sair da empresa em fevereiro de 2010. Três meses depois criei este blog e passei a publicar todos os textos que saiam nas edições de segunda-feira do Metrô News. A mesma atenção dispensada pelos leitores passou a ocorrer neste blog, com internautas de todo o mundo acessando meus textos. Alguns de países distantes, onde talvez nunca possa visitar um dia, como Finlândia, Indonésia, Ilhas Fiji, Nova Zelândia.

Deixo aqui o meu carinho a todos vocês. Fiquem cientes de que procuro dar o melhor em minhas pesquisas para escrever e publicar matérias que valorizem os ricos talentos da Black Music, responsável por mais de 80% dos estilos existentes no mundo. Comparem: Jazz+Soul+Blues (Funk), Soul+Calypso+Blues (Reggae), Blues+Gospel+Jazz (Soul), Blues+Gospel (Sharm), Jazz+Samba (Bossa Nova), Jazz+Soul+Rock (RAP), Gospel+Blues (Jazz), Rhythmn´Blues + Country (Rock and Roll), R&B+Hip-Hop (New Jack).









Wanda Jackson: uma das mães e musas do Rockabilly, o Rock and Roll de raiz

Nas décadas de 1950 e 1960, Wanda Jackson foi uma das musas do Rock and Roll, que ainda engatinhava

Wanda é uma das herdeiras do Rock and Roll de raíz, nascido no final da década de 1940


   Aos 17 anos Wanda Jackson estava ainda na metade do Ensino Médio, quando em 1954 o cantor country Hank Thompson a ouviu cantando num programa de rádio de Oklahoma City. Não perdeu tempo e pediu-lhe para gravar com sua banda, Brazos Valley Boys. Até o final da década de 1950, ela se tornou uma das principais cantoras do Rock and Roll de raiz, conhecido por muitos como Rockabilly. Filha de um cantor country, a menina ganhou sua primeira guitarra aos cinco anos de idade. O pai a incentivou a tocar piano, deixando boa impressão musical em sua mente. 

   Ainda criança, Wanda passou a assistir shows de cantores como Tex Williams, Cooley Spade e Bob Wills. Aos 12 anos ela e a família chegaram a Oklahoma City. Dois anos depois ganhou um concurso de caça talentos e como prêmio ganhou um shou de 15 minutos diários numa rádio local. Depois o programa subiu para meia hora. Foi nele que Thompson a ouviu cantar. Depois de aceita na banda Brazos Valley Boys, gravou com o grupo o hit "You Can´t Have My Love" num dueto com Thompson e Billy Gray. A canção lançada pela Decca Records estourou nas paradas dos Estados Unidos.

   Os executivos da Decca se interessaram por Wanda não deixando que ela assinasse contrato com a Capitol Records, selo onde estava Thompson. Ajuizada, insistiu em terminar o Ensino Médio antes de entrar na estrada sinuosa e traiçoeira do Show Biz. Ao segurar o bastão da carreira artística, o pai estava ao seu lado e mãe passou a cuidar do design das roupas de show. A proposta era vesti-la de vestidos de franjas, saltos altos e brincos longos, colocando glamour na Country Music.  

   Na primeira turnê, em 1955 e 1956, perto dos 20 anos de idade, Wanda ficou ao lado de Elvis Presley que a incentivou a cantar o Rock And Roll de raiz. Em 1956 Wanda entrou na Capitol Records e ali ficou até o início da década de 1970. No ano de 1958 lançou " Fujiyama Mama", grande sucesso no Japão. Depois gravou a versão de "Let´s Have a Party" (1960), antes lançada por Elvis Presley, também estourando no Pop Top 40 dos Estados Unidos. 

    Foi nessa época que batizou sua banda de The Party Timers. Em 1961 voltou ao topo das paradas com "Right or Wrong", em seguinda em 1965 fez sucesso na Alemanha com o hit "Santa Domingo", cantada em alemão. No ano de 1966 explodiu novamente com " Tears Will Be the Chaser for Your Wine". Até o final da década de 1960 sua popularidade continuou em alta.

    Nos anos de 1970 acabou nomeada duas vezes ao Prêmio Grammy e grande atração em Las Vegas num show de homenagem aos hits da década de 1950. Antes, em 1961, aos 24 anos, casou-se com o programador da IBM Wendell Goodman Ele desistiu da carreira profissional para gerenciar os projetos de Wanda, mulher muito bonita de rosto e corpo na juventude, numa época que poucos faziam cirurgias plásticas para realçar a beleza. 
 Em 1971 ambos tornaram-se cristãos. No ano seguinte lançou o álbum gospel Praise The Lord. Ali na Capitol, Wanda gravou mais três discos gospel. Na Word Records, para onde se mudou em 1977 lancou outros dois.

   No início da década de 1980 Wanda recebeu convites para tocar Rockabilly na Europa  e participar de diversos festivais. Acabou retornando várias vezes. Recentemente, artistas como Pam Tillis, Jann Browne e Rosie Flores reconheceram Wanda como gtrande influência no Rock and Roll.  Isso ficou bem claro, no disco de Flores, lançado em 1995, com ela convidando Wanda para cantar em dois duetos. O resultado foram turnês por todos os Estados Unidos. A primeira cantando música secular desde a década de 1970, quando se converteu ao cristianismo.

  Em 2010 Wanda voltou ao estúdio para lançar outro CD, produzido por Jack White.O álbum contou composições inéditas e conver de canções de Woody Guthrie, Etta James e Bobby Womack. Ou seja, a raiz da rica década de 1950 permanece nas veias poéticas e artísticas de Wanda Jackson. Cheia de energia no palco, na mesma pegada de Brenda Lee, a voz grave dela continua seduzindo os amantes do Rock and Roll de raiz há mais de 60 anos.

 

sexta-feira, 29 de março de 2013

Heatwave: banda multinacional que mesclou Funk com Disco Music



Apesar de ser uma banda multinacional, Heatwave fez muito sucesso nas décadas de 70 e 80


    Nove anos durou a banda Heatwave, mas suficiente para fazer muita gente dançar ao ritmo de suas canções apimentadas com Funk e Disco Music. Era um grupo multinacional, pois tinha norte-americanos (Johnnie Wilder Jr., e Keith Wilder nos vocais, o inglês Rod Temperton (teclados), o suíço Mario Mantese (baixo), Checoslováquio Ernest "Bilbo" Berger (bateria), o jamaicano Eric Johns (guitarra) e o britânico Roy Carter (guitarra).  

  Ficaram conhecidos pelas canções "Boogie Nights" "Always and Forever" e "The Groove Line". O fundador da banda foi o militar americano Johnnie Wilder, baseado na então Alemanha Ocidental (na década de 1970 existiam duas Alemanhas separadas pelo muro de Berlim). Após concluir o Serviço Militar no Exército dos EUA, resolveu permanecer na Europa. Cantou em boates e bares com diversas bandas. Depois mudou-se para o Reino Unido e por meio de anúncio em jornal entrou em contato com o tecladista Rod Temperton. 

   No circuito de boates de Londres passou a se apresentar como Heatwave de Chicago durante o início de 1970, refinando seu som, adicionando batidas funk para as canções de Disco Music. Depois chamou o irmão Keith Wilder, na época tocando numa banda em Ohio, para fazer parte dos vocais. Logo o grupo assinou com a GTO Records em 1976, visto que a Epic Records iria lançar os seus discos nos Estados Unidos. 

    Gravaram o álbum na casa do produtor Barry Blue, auxiliado pelo guitarrista Jesse Whitten, que ficou no lugar de Roy Carter, assassinado a facadas.  Criaram o disco Too Hot to Handle no Outono de 1976. O terceiro single, "Boogie Nights" veio e, 1977, ficando em segundo lugar nas paradas britânicas e Estados Unidos.  Ganharam o Disco de Platina. O álbum Too Hot to Handle foi lançado na Primaveira de 1977, com a balada Soul " Always and Forever" estourando na Hot 100 em abril de 1978 e nas paradas de R&B, rendendo Disco de Platina. 

  Como em time que ganha não se mexe, o produtor Barry Blue continuou à frente da montagem de outros discos da banda. Em 1978 a Heatwave lança o segundo álbum, Central Heating, com o hit " The Groove Line" ficando em sétimo no Hot 100 em julho de 1978, rendendo outro Disco de Platina. No final da década de 1970, Eric Johns saiu e Billy Jones tomou seu lugar como guitarrista. Rod Temperton também deixou a Heatwave, mas continuou compondo canções para o grupo. Depois escreveu hits Funk para Rufus, The Brothers Johnson e George Benson. Repetiu a dose com Herbie Hancock e Quincy Jones. São dele as canções "Rock With You", "Off the Wall" e "Burn This Disco Out" no álbum Off the Wall, gravado por Michael Jackson em 1978.

   Mesmo com as mudanças, a banda Heatwave voltou aos estúdios. Numa festa na casa de Elton John, o baixista Mantese resolveu ir para casa mais cedo com a namorada. Ela o esfaqueou. Internado ficou em coma vários meses. Perdeu a visão, a voz e teve parte do corpo paralisado por causa dos ferimentos. Até hoje não se lembra de nada que aconteceu. Não registrou queixa e após receber alta decidiu morar com a mulher que lhe deixou neste estado deplorável. O baixsta Derek Bramble o substituiu. Também veio o tecladista Calvin Duke e o novo produtor Phil Ramone. Juntos gravaram o disco Hot Property, lançado em maio de 1979.  

   Mas a maré de azar não havia deixado a banda Heatwave em paz. Na Primavera de 1979 o vocalista Johnnie Wilder Jr., sofreu acidente de carro quando visitava familiares em Ohio, Estados Unidos. Sobreviveu, mas ficou tetraplégico. Não pode mais cantar, mas permaneceu como co-produtor da banda, ao lado de Barry Blue. Participou do trabalho em estúdios e em 1980 contribuiu para a gravação do álbum Heatwave, com Temperton fornecendo canções, exceto a faixa " All I Am", composta por Lynsey de Paul. O grupo trouxe James Dean "JD" Nicholas, mais tarde membro dos Commodores, para atuar nos vocais.

   Apesar do single "Gangsters of the Groove", que estourou nos Estados Unidos  e Reino Unido, a popularidade da banda começou a cair, mesmo com o álbum ficando entre os cem mais nos EUA. Em 1982, o disco Heatwave os colocou em cima novamente, com vários sucessos  na parada de R&B. Rod Temperton tinha neste disco o hit "Lettin ´It Loose". 

  A partir dai Derek Bramble saiu da banda, assim como Roy Carter, passando a trabalhar com David Bowie em 1984. JD Nicholas iria substituir Lionel Richie como vocalista nos Commodores. Logo a Heatwave chegou ao fim. No ínicio de 1983 gravaram o álbum The Fire, lançado em 1988. Em meados de 1990, Keith Wilder tentou voltar com a banda, com novos componentes, inclusive fazendo turnês e gravando álbum ao vivo no Greek Theater de Hollywood em 1997. Atualmente, Wilder é  o único membro original da Heatwave. Johnnie Wilder, o fundador do conjunto, morreu dormindo em sua casa em Dayton, Ohio, em maio de 2006. 








Funk Factory: várias décadas balançando festas


Músicas para agitar festas, não deixar ninguém parado, é a essência da banda
  Funk Factory surgiu na década de 1950 e até hoje manteve a essência de misturar Funk dos Estados Unidos, o legítimo, com a Soul Music. Liderada pelo polonês Michal Urbaniak, além de uma forte base de músicos de estúdio, inclui também os bateristas Steve Gadd e Gerald Brown, que seguraram o ritmo da banda  em diferentes estilos musicais nestes 63 anos.

  Nessa caminhada, às vezes, incluíram músicos europeus para levar ao público sons psicodélicos escorados em bons arranjos de piano. Isto é visível no hit "Car Thielf". Nessa canção eles mostraram, que apesar da idade, ainda têm muita lenha para queimar na perigosa e atraente estrada do show biz, onde muitas bandas não conseguem durar muito tempo, sendo tragadas pelas armadilhas lançadas pelo sucesso fácil. 




Big Joe Turner: um dos pais do Rock and Roll



Turner pegou o início do Rock and Roll no final da década de 1940
Sem Big Joe Turner a história do Rock and Roll teria sido diferente. Ele é considerado um dos pais desse estilo musical que sacode o mundo até hoje, junto claro com Fat Domino, Chuck Berry e Little Richard, outros responsáveis pela nitroglicerina que embala os jovens até agora.

  Nascido em 1911, Turner era excelente Bluesman. Quem o conheceu em Kansas City, onde nasceu, nunca irá esquecê-lo. O curioso é que Turner chegou ao auge do sucesso perto dos 40 anos (no final da década de  1950), quando o Rock começava engatinhar. 

Suas gravações pioneiras do Rock são "Shake, Rattle and Roll" entre outras. Dos de 1920 até 1980 ele colocou fogo no mundo do show biz. Conhecido como The Boss of the Blues, por causa da altura e peso, os primeiros passos na carreira musical ocorreu numa igreja Batista. Após perder o pai aos quatro anos de idade, passou a cantar nas esquinas para ganhar dinheiro. Saiu da escola aos 14 anos e foi trabalhar em bares noturnos de Kansa City, primeiro como cozinheiro, depois como garçom. No The Sunset conheceu o pianista Pete Johnson. 

  No Sunset, administrado por Piney Brown, Turner compôs "Piney Brown Blues" em sua homenagem e essa canção ele a interpretava sempre, até o final da carreira interrompida em 1985 por um ataque do coração, na Califórnia, aos 74 anos. O curioso é que apenas em 1983 ele foi induzido ao Blues Hall of Fame e em 1987 no Rock and Roll Hall Fame. 

  Para medir o tamanho do seu talento é interessante ouvir as canções "Roll Em Pete" (1938), que vendeu 1 milhão de cópias em 1954, "Honey Hush" (1953), também atingiu 1 milhão de discos vendidos, "Shake, Rattle and Roll (1954), regravada por Elvis Presley, Jerry Lee Lewis e Bill Haley, "Flip Flop and Fly" (1966), "Cherry Red"(1956), "Corrine, Corrina" (1956), que ficou 10 semanas nas paradas da Billboard, "Wee Baby Blues" (1956) e "Love Roller Coaster (1956". 




    quinta-feira, 28 de março de 2013

    The Three Pieces: o sangue novo do Hip-Hop e R&B

    Apesar do pouco tempo de estrada, a banda já faz muito barulho no show biz
      O grupo The Three Pieces nasceu em Chicago em 2002. Mesmo com esse pouco tempo de estrada no show biz já conseguiu deixar sua marca no Hip-Hop e R&B. Reese G, Lucky Charm e J. Bizzle são os responsáveis por colocar fogo nas pistas de dança dos Estados Unidos. O CD de estreia da banda, lançado em 2002, First Come First Served vendeu mais de 200 mil cópias. 

      A Faixa "Ohh Ahh" ficou 42 semanas no topo das paradas da Clear Channel de Chicago, quebrando o record de R. Kelly, com 36 semanas . Eles já dividiram o palco com pesos pesados como Jay-Z, R. Kelly, Mary J. Blidge, Brian McKnight, Ja Rule, Jahiem, Omaiorn, Marcus Houston, Nelly, LL Cool J, Dru Hill, Tyrese, Kanye West entre outros. Pelo visto terão vida longa nesta estrada sinuosa e traiçoeira do show biz. 









    Dorothy LaBostrie: de cozinheira à lendária compositora de "Tutti Frutti"




    Dorothy lapidou a nitroglicerina "Tutti Frutti", de Little Richard
      Quando fala de Rock na década de 1950 ninguém pode se esquecer da lendária compositora Dorothy LaBostrie, famosa por tornar publicável a letra "Tutti Frutti", composta por Little Richard, repleta de palavrões na versão original, sem qualquer chance de ser gravada.

     Nascida numa pequena cidade da Zona Rural do Kentucky, Estados Unidos, mas após um acidente sua família mudou-se para Mobile, no racista Alabama, onde negro não podia andar na mesma calçada com os brancos ou frequentar os mesmos bares em que eles estivessem.

    Aos 13 anos, em 1941, foi para Nova Orleans em busca de parentes do pai. Aproveitou para ouvir música nos night club. Desde o extinto Primário, atual Ensino Fundamental, gostava de escrever poemas e cantar. Sabia que chegaria a algum lugar no mundo da música. 

      Neste intervalo Little Richard, quando o  Rock ainda dava os primeiros passos na década de 1950, vai para uma sessão de gravações no Studio Cosimo. Ouviu no rádio que a gravadora procurava compositores. Deixou o serviço de cozinheira e partiu em busca do sucesso. Ao chegar à gravadora deparou-se com Little Richard ao piano. Ali escreveu o lendário "Tutti Frutti", que nas mãos de Richard era apenas o relato de quando passava numa loja para comprar drogas e ao ver o sabor tutti frutti, inspirou-se para fazer uma canção.  

      Também compôs "I, m Just A Lonely Guy" e "Blessed Mother. Tudo no mesmo dia. Depois fez o mesmo na Joe Ruffino´s Ric Records. Ali colocou nas mãos do cantor gospel Johnny Adams a canção "I Won't Cry", que na época não estourou, mas conheceu o doce sabor do sucesso em 1970. Cedeu composições para Irma Thomas na obscena letra  ("You Can Have My Husband But Please) Don't Mess With My Man". O hit ficou entre as 22 nas paradas de R&B de 1960. 

     Naquela década ela escreveu diversas canções, entre as quais " Wopbabalubop". Vivendo em Nova York, Dorothy recebe a cada três mes cerca de US$ 5 mil (quase R$ 9 mil) de direitos autorais relativos à "Tutti Frutti". Entrou para a história do Rock and Roll. 






    Johnny Adams: o canário da Soul Music

    Adams foi outro grande nome da Black Music, que bebeu nas ricas fontes do Gospel
        Johnny Adams tinha grande capacidade para cantar. Isto é visível no álbum de tributo aos compositores Doc Pomus e Percy Mayfield. Ele gostou sempre de interpretar baladas na linha da Soul Music, com muitos arranjos de cordas. Como ocorre com a maioria dos artistas da Black Music dos Estados Unidos, Adams começou cantando Gospel nas igrejas antes de mudar de rumo em 1959. 

    Era vizinho da lendária compositora Dorothy LaBostrie, responsável pela lapidação das letras obscenas de Little Richard, que tornou o hit "Tutti Frutti" mais light e vendável, o convenceu a cantar sua balada ""I Won't Cry". A faixa, produzida pelo adolescente Mac Rebennack, saiu pela Joe Ruffino´s Ric Records. Adams gostou e gravou também os hits "A Losing Battle" (primeiro lugar nas paradas de R&B de 1962) e "Life is a Struggle". 
      
      Depois da tempestade de sucessos, ele só voltou em 1968 com as canções " Release Me", que virou febre nacional norte-americana, o Country-Soul "Reconsider Me", onde dá show de como cantar em falsete. "I Can't Be All Bad" vendeu muitos discos, apesar de Adams não ser o big boss comercial. Por isso ficou pouco tempo da Atlantic Records. 

     Em 1984 Adams provou que ainda tinha bala na agulha. Ao lado do produtor Scott Billington lançou nove álbums na Rounder Records, antes do câncer matá-lo em setembro de 1998. 








    terça-feira, 26 de março de 2013

    Eric Dolphy: gigante do Free Jazz


    Dolphy foi um grande saxofonista de Jazz na década de 1960

     O Jazz foi um gênero musical com grandes artistas em todas as décadas. Um deles foi Eric Allan Dolphy, nascido em Los Angeles em 1928 e morto em Berlim em 1964, aos 36 anos. Tocava sax alto, flauta e clarone. Foi  o primeiro claronista como solista no Jazz, além de grande flautista. Era mestre na arte do improviso. Nas primeiras gravações tocava de vez em quando clarinete soprano tradicional em Si Bemol. Usava amplos saltos intervalares e abusava das 12 notas da escala. Era comum usar efeitos sugerindo sons de animais. 

      Embora muitos críticos classifiquem o trabalho de Dolphy como Free Jazz, porém suas canções e solos tinham lógica diferente da maior parte dos músicos de Free Jazz. Após sua morte passaram a classificar seus hits como muito "Out" para ser "In" ou demasiado "In" para ser "Out".

      No início da carreira na década de 1950 tocou em big-bands lideradas por Gerald Wilson e Roy Porter. Ao participar do quinteto de Frank Hamilton acabou conhecido por um público maior e passou a viajar por todos os Estados Unidos em 1958, quando mudou-se para Nova York. Ali construiu várias parcerias, as mais importantes com as lendas do Jazz: Charles Mingus e John Coltrane (1961/1962) e com Mingus  de 1959 a 1964. 

      Era muito querido pelos dois músicos. Inclusive Coltrane dizia que Dolphy poderia ser comparado a ele e Mingus o achava seu brilhante intérprete. Coltrane nessa época gozava de fama por participar do quinteto de Milles Davis. Nessa época tocou em gravações com Ornette Coleman (Free Jazz: A Collective Improvisation), Oliver Nelson (The Blues and the Abstract Truth) e George Russell ( Ezz-Thetic) entre outros.

     Sua carreira em estúdio começou na Prestige Records. Ficou na casa de 1960 a 1961, gravando 13 álbuns,  somadas atuações em discos de outros artistas. Os dois primeiros álbuns foram Outward Bound e Out There. Este último disco está próximo das canções third stream. Elas fariam parte da herança de Dolphy com respingos na instrumentação do grupo de Hamilton com Ron Carter no violoncelo. O álbum Far Cry foi  gravado na Prestige em 1960, na primeira parceria com o trompetista Booker Little. 

     Em julho de 1963 junto com o produtor Alan Douglas marcou uma sessão de gravação com diversos músicos notáveis da época. Do encontrou saíram os discos Iron Man e Conversations. No ano seguinte entrou na lendária Blue Note Records e lançou o álbum Out to Lunch, enraizado na vanguarda, com solos dissonantes e imprevisíveis, mantendo a marca registrada de Dolphy. Alguns críticos consideram esse disco como o melhor já gravado por ele e um dos maiores discos de Jazz já lançados. 

      No início de 1964 deixou de excursionar pela Europa com o sexteto de Charles Mingus, pois pretendia morar naquele continente com a noiva, dançarina de ballet em Paris. Tocou e gravou com várias bandas europeias e estava se preparando para unir-se a Albert Ayler numa gravação. Infelizmente na tarde de 18 de  junho de 1964 caiu numa das ruas de Berlim. Socorrido ao hospital, os enfermeiros desconheciam que Dolphy era diabético. Imaginaram, por ser jazzista, que tivesse sofrido overdose. O deixaram sem atendimento até passar o efeito das drogas. Teve coma diabético e morreu. 

      Da herança musical de Dolphy, muitos roqueiros se apossaram, como John McLaughlin e Jimi Hendrix. De sua banda tocaram feras como Herbie Hancock, Bobby Hutcherson e Woody Shaw, além do baterista Tony Williams. Esse pessoal formou a espinha dorsal do segundo quinteto de Milles Davis.