O dia 31 de janeiro de 1973 foi uma terça-feira. Naquela data, o cantor Evaldo Braga, junto com seu motorista ao volante de um Volkswagen/TL, pegou a Via Dutra para vir participar do Programa do Chacrinha, exibido em todas noites de quarta-feira na então TV Tupi. Não conseguiu chegar. Perto da cidade de Três Rios, o seu carro entrou embaixo de uma carreta parada no acostamento, ao tentar ultrapassar outro veículo. Morreu na hora. Estava com 25 anos. O curioso é que no domingo (29) ele havia participado do Programa Silvio Santos, na época na Rede Globo. Na sua vez de cantar, entrou com uma miniatura de caixão de defunto nas mãos. Silvio Santos brincou e perguntou se Evaldo não tinha medo da morte. Apenas sorriu, dizendo que isto acontece na hora determinada por Deus. Desconhecia que não estaria mais para sempre no mundo artístico três dias depois.
Seu estilo era o brega, marcado por canções de letras tristes, a maioria inspirada em sua própria vida. Cantava bem.
Caso tivesse nascido nos Estados Unidos, teria sido tema de filme em Hollywood. Não conheceu os pais. A mãe, prostituta na cidade de Campos (RJ), o jogou num latão de lixo logo após seu nascimento. Este fato o inspirou a compor o hit "Eu Não Sou Lixo". Acabou criado num orfanato do Rio de Janeiro, em companhia de outro garoto, que anos mais tarde chegaria à seleção brasileira que disputou a Copa do Mundo, em 1970, e sagrou-se tricampeã mundial de futebol. Era Dadá Maravilha, artilheiro na maioria dos times onde jogou nas décadas de 1960 e 1970.
Durante muito tempo trabalhou de engraxate nas portas das gravadoras e de rádios. Conheceu diversos artistas. Um deles, Nilton César, lhe ofereceu sua primeira chance de trabalho no mundo artístico, como seu divulgador. Logo conheceu Edson Wander e escreveu a canção "Areia no Meu Caminho", em parceria com Reginaldo José Ulisses.
Ao conhecer o sucesso, várias mulheres ex-garotas de programa apareceram dizendo ser a mãe que o havia jogado na lata do lixo no final da década de 1940. Ignorou a maioria. Passou a vender muitos discos e seus hits estouravam na programação de rádios populares, como na televisão. Porém, a crítica não enxergava suas virtudes. A cada disco, nunca ouvia elogios, apenas frases negativas. Perdeu a paciência e revelou numa entrevista que não fazia música para a elite, mas para as pessoas que moravam na Zona Norte do Rio de Janeiro. Por ser pobres e sofridos, conseguiam entender suas letras. Nos anos 2000, o hit "Sorria, Sorria" virou trilha sonora de um anúncio comercial de televisão. Tardiamente, a crítica reconheceu que Evaldo Braga cantava.