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Luís Alberto Alves/Hourpress

segunda-feira, 25 de abril de 2016

Billy Paul: Outra grande perda da Black Music


Billy Paul: vitoriosa carreira de 49 anos de sucessos inesquecíveis

Luís Alberto Alves

Lembro-me como se fosse hoje. Ainda no início da adolescência, sai para pagar títulos nos bancos e cartórios existentes no Centro de SP na primeira metade da década de 1970. Estou passando pela Avenida São João, próximo ao Largo do Arouche, quando presenciei diversas pessoas paradas na porta do hotel San Raphael.

Na calçada estava um negro, de aproximadamente 1,60 metro de altura, com chapéu de couro preto, idêntico ao da capa de seu disco que estourou nas paradas de todo o mundo em 1973. Era Billy Paul. Viera para diversos shows no Brasil no ano de 1974.

Lotou o salão de convenções do Anhembi, na época a casa de espetáculos de São Paulo. Na rádio Difusora Jet Music, o hit “Me and Mrs. Jones” tocava a todo instante. E claro, nos bailes também. Desde 1972 tinha emplacado várias canções nas paradas, apesar de começar a cantar aos 33 anos, em 1969.

Antes, aos 11 anos, já era experiente no Jazz, ao trabalhar com Dinah Washington, Miles Davis e Roberta Flack, bem como Charlie Parker. O pulo do gato de Billy Paul foi entrar na Philadelphia International Records, fábrica de sucessos montada pelo trio Keneth Gamble, Leon Huff e Thom Bell (grande compositor e produtor de Black Music).

Os três criaram na década de 1970 o “The Philly Sound”, conhecido no mundo como “O Som da Filadélfia”. A grande jogada usada nos discos de Billy Paul, até a década de 1980, eram ricos arranjos de metais, deixando a música mais leve, ao contrário da Soul Music de Detroit, conhecida pelo ritmo marcado por palmas e forte linha de contrabaixo.

O resultado veio em 1973 com a canção “Me and Mrs. Jones” ganhando o Prêmio Grammy. O curioso é que a letra deste hit narrava a história de um adultério, que provocou polêmica nos Estados Unidos. Mas os arranjos de Thom Bell passaram por cima de tudo isso. Mostra disso é a balada "This Is Your Life" de 1971, com poucos instrumentos, mas de arranjo bonito e envolvente.

Os 81 anos que terminaram ontem (25/4) em Nova Jersey, quando encerrou sua jornada neste mundo, Billy Paul gravou inúmeros sucessos. Usando o R&B com sutileza transformou letras simples em lindas canções. Algo raro hoje em dia. Nem seu vozeirão tirava o romantismo das composições que tornou imortal.

Veio diversas vezes ao Brasil, exceção em 1978 quando um empresário desonesto pegou dinheiro de uma promotora de bailes de Black Music no bairro paulistano do Tucuruvi, Zona Norte, a Sideral, que havia locado o ginásio da Portuguesa para o show e Billy Paul não viajou ao Brasil.  Após esse episódio esteve diversas vezes no País, até mesmo em pequenas cidades de São Paulo.


Quando questionado por que gostava de cantar músicas românticas, dizia que era para as mulheres. Sem pretender inventar a roda, sua banda não abusava de efeito especiais. Apenas fazia o feijão com arroz, porém carregado de bom gosto e profissionalismo. O resultado disso se traduziu em 49 anos de brilhante carreira. A Black Music amanheceu mais pobre nesta segunda-feira...

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