Os cinco meninos dos Mamonas Assassinas |
Após o show no
estádio Mané Garrincha em Brasília, na noite do dia 2 de março de 1996, nenhum
fã da banda Mamonas Assassinas imaginaria o que iria ocorrer algumas horas
depois com os cinco jovens de Guarulhos (SP), que em nove meses venderiam quase
2 milhões de CDs, algo inédito no showbiz brasileiro.
Era um sábado,
tempo fechado, principalmente na Grande SP, onde fica o Aeroporto Internacional
de Guarulhos, no bairro de Cumbica. Por volta das 23h15 o jato executivo
Learjet bateu nas árvores da Serra da Cantareira, que margeiam o lado esquerdo
do aeroporto, a 2 quilômetros do local onde iria pousar.
Destroços do Learjet que bateu na Serra da Cantareira em SP |
Ninguém
sobreviveu ao impacto da aeronave na serra. Morreram o vocalista Dinho, 24
anos, o guitarrista Alberto Hinoto, 26, o Bento; o tecladista Júlio Rasec, 28;
e os irmãos Samuel e Sérgio Reis de Oliveira, de 22 e 26 anos, baixista e
baterista. Também perderam as vidas o piloto Jorge Martins, o copiloto Alberto
Takeda e dois funcionários da banda.
Por causa das
piadas corriqueiras de Dinho, inicialmente muitos não acreditaram no acidente.
Tudo mudou quando os programas de rádio e televisão passaram a reprisar
apresentações, entrevistas e o hit “Pelados em Santos” virou prefixo para
entrada de matérias ao vivo. O sonho dos meninos de Guarulhos, apesar de colada
a São Paulo, ser confundida como bairro da capital paulista, tinha chegado ao
fim.
Na curta carreira ganharam Disco de Diamante e
milhões de fãs, a maioria crianças e adolescentes que gostavam das letras de
duplo sentido e carregadas de humor. Era um Rock alegre, imitando o Brega, mas
com pitadas de crítica social sem parecer composições “papo cabeça” nem muitos
menos panfletária, como as dos Titãs,
cujos filhos dos componentes gostavam dos Mamonas.
O grupo musical
que várias estrelas da MPB e mesmo do Rock não era levado a sério parou o
Brasil naquele final de semana. A programação da Rede Globo se pautou apenas no
assunto acidente de avião dos Mamonas, trazendo reprises da apresentação no
Domingão do Faustão, quando os meninos vieram fantasiados de Chapolin.
O sisudo Jornal
Nacional terminou a edição de segunda-feira (4), com a música “Pelados em
Santos” num solo de piano bem sóbrio. Jornais e revistas exploraram bem a
tragédia. A Guarulhos, de onde saíram para o sucesso, os recebeu num concorrido
velório no ginásio de esportes da cidade. Suas ruas estreitas foram pequenas
para acomodar a multidão, em grande número crianças e adolescentes.
O cortejo até o cemitério Primavera, na
Avenida Otávio Braga de Mesquita, foi lento, apesar de pouco distante de onde
os corpos foram velados. Passados 20 anos, até hoje os túmulos recebem visitas
de fãs de várias regiões do Brasil. Curioso: do cemitério é possível ver os
aviões voando baixinho para pousar no Aeroporto Internacional de Guarulhos.
Algo que o Learjet dos Mamonas Assassinas não conseguiu fazer naquele fatídico
e hoje histórico 2 de março de 1996.