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Luís Alberto Alves/Hourpress

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Mutabaruka: Grande voz do Reggae de raiz



A maioria das letras de Mutabaruka tem essência revolucionária

 As canções de Mutabaruka são repletas de poemas revolucionários. Nascido em Era Town, Jamaica, em 1952, Allan Hope logo percebeu o poder da palavra, na época de adolescência.  Mas foi na década de 1960, auge do movimento Black Power e dos líderes radicais Malcom X e Eldridge Cleaver que ele começou a formar suas próprias convicções.

 Ao sair da escola, como aprendiz de eletricista, arrumou emprego na companhia telefônica da Jamaica. Nessa época já compunha suas letras. Em 1971, aos 19 anos, saiu do trabalho para viver de sua arte em tempo integral. Saiu da “muvuca” de Kingston procurando refúgio nas colinas Potosí, na paróquia de Saint James. Pouco tempo depois uma revista local iriam publicar seus poemas.

 Em 1973 criou a banda Truth, combinando poemas com música. Convertido ao Rastafarianismo adotou o nome de Mutabaruka, que significa “aquele que é sempre vitorioso”. Acabou encontrando fãs no mundo literário, após publicar sua coleção, Outcry naquele mesmo ano.

Ele lançou em 1974 o poema “Wailin”, dedicado a Bob Marley. Dois anos depois veio “Sun and Moon”. Em 1977 fez várias apresentações ao vivo, resultando na gravação do poema “ Outcry”. Por outro lado, o guitarrista Earl “Chinna” Smith lançou o seu próprio selo, High Times, como um local para a root music, assinando contrato com Mutabaruka.

 A estrela dele começou a subir, principalmente após apresentação no Estádio Nacional de Kingston, verdadeiro sucesso. Nos próximos anos gravou diversos discos pela High Times. Em 1981 estourou nas paradas com o single “Everytime a Ear De Soun”, enquanto a estreia no Reggae Sunsplash entrou para eternidade num álbum ao vivo lançado em 1982.

 A partir dai chamou a atenção do Show Biz internacional e garantiu o retorno nas edições seguintes daquele festival. O ano de 1983 marcou o lançamento do álbum The Mystery Unfolds, clássico Dubby, com ele acompanhado por uma guitarra rootsy de Smith. Em 2001 esse disco acabou remasterizado e relançado pela RAS Records.

 Mutabaruka voltou ao Reggae Sunsplash em 1985 e logo surgiu um projeto com a gravadora norte-americana Heartbeat. A ideia consistiu no lançamento de um álbum remixado por Scientist e outro, Caribbean Dub Poetry, só participação de mulheres. Aproveitou e fechou acordo de distribuição com o selo norte-americano, RAS Records.

 Arquitetou a parceria para relançar o disco The Mystery Unfolds, de 1983), com a participação de vários músicos e vocalistas convidados, incluindo Marcia Griffiths e Ini Kamoze.  Dai para frente Mutabaruka se estabeleceu como gigante literário e musical, tanto na Jamaica quanto no Exterior. Deixaram saudades suas apresentações no Reggae Sunsplash em 1987 e 1989.

 Para não ficar refém de ninguém passou a produzir e co-produzir seus álbuns e gravar com outros produtores, incluindo Gussie Clarke e Dennis Brown. O disco Blakk Wi Blak...K..K, de 1991, teve sua supervisão e de Earl “Chinna” Smith, e as vozes convidadas de Sharon Forrester e Ini Kamoze.

  Este disco trouxe belas canções como “Ecology Poem" e a impactante “ Peoples´s Court”. Em 1994 soltou Melanina Man, com inebriante “Garvey”, trazendo canções que apresentou no Reggae Sunsplash de 1991, 1993 e 1994. Ele iria retornar ainda em 1995 e 1996. O ano de 1994 marcou o lançamento do seu próprio programa de rádio na Jamaica pela IRIE/FM. Muito popular, mas nessa rádio sua canção “People´s Court” acabou vetada.

 Em 1996 lançou vários hits, como “Wise Up”, numa comparação com o DJ Sugar Minott, e “Psalms 24", já de aspecto mais religioso. Esse mesmo ano trouxe os álbuns Muta in Dub e Gathering of the Spirits. Neste último várias estrelas participaram, como Mighty Diamonds, Sly & Robbie, Culture e Marcia Griffiths.


 O ano de 2002 marcou a gravação do CD Life Squared. Em 2006 soltou In Combination, pela Revolver Records, e 2009 veio com Life and Lessons, lançado pela Gallo Record Company. 


Gil Scott –Heron: Cantor e compositor que "peitou" política de Ronald Reagan





Na década de 1980, Heron escreveu várias canções criticando a política do governo Ronald Reagan

 Assim como o Funk, na década de 1960, teve James Brown como seu principal defensor e incentivador, o RAP dependeu de Gil Scott-Heron. Ele foi considerado um dos mais importantes compositores desse estilo musical, inspirando inúmeros rappers. Sua sabedoria no manejo das palavras colocou diversas canções nas paradas de R&B.

 A maior parte da adolescência de Heron transcorreu no bairro do Bronx, local barra pesada de Nova York, onde a violência circula tão livre quanto às águas dos rios. Na época de Ensino Médio ele aprendeu os segredos de escrever canções.  Na infância, Heron já tinha facilidade em contar histórias por meio da música.

 Com 13 anos tinha pronto seu primeiro livro de poesia. Ao sair do Ensino Médio foi para a faculdade na Pensilvânia, onde após um ano saiu para centrar fogo na carreira de escritor, ganhando elogios da crítica. No final da década de 1960 começou a trabalhar em gravações ao lado do produtor Bob Thiele Jazz, que já havia prestado serviço para Louis Armstrong e John Coltrane. Lançou o álbum Small Talk at 125th and Lenox, inspirado num livro de poesia de sua autoria.

 Não demorou em assinar contrato com a Arista Records, estourando nas paradas de sucesso de R&B. Embora sua pegada tivesse como base o Jazz, no começo da década de 1970, resolveu temperar suas canções com doses de Disco Dance. Isto é visível nos hits “Johannesburg” e “Angel Dust”. Só voltou à ribalta em 1984, para lançar o single “Re-Ron”. Seis anos depois retornou aos estúdios com uma mensagem aos rappers gangsta que imitaram seu estilo de letras.

 Gravou o álbum “Message to the Messengers”, cuja influência positiva ou negativa teve muito impacto nas crianças da década de 1990. O curioso é que Heron fazia piada com o seu próprio nascimento, pois veio ao mundo em 1º de abril de 1949, considerado Dia da Mentira. Filho de um jogador de futebol profissional jamaicano e de mãe bibliotecária.

 Porém o casal logo se divorciou e Heron foi viver com a avó em Lincoln. Ali aprendeu teoria musical e literária, além de sofrer na pele o drama do preconceito. Ele era um dos três filhos escolhido para integrar uma escola primária na cidade vizinha de Jackson (na década de 1950 nos Estados Unidos, negros não podiam estudar nas mesmas escolas com os brancos). Não aguentou a barra; na 8ª Série foi para Nova York viver com a mãe.

 O período passado no Tennessee influenciou na carreira de escritor. Assim como a educação que teve em Nova York, por meio do Harlem Renaissance. Após publicar o romance The Vulture, em 1968, conheceu o músico Brian Jackson. Ambos tinham pensamentos semelhantes. Mais tarde ele seria peça importante na banda de Heron.

 Depois conheceu Bob Thiele, que incentivou a entrar na carreira musical. No lançamento do livro de poesia Small Talk at 125 & Lenox, várias artistas apareceram para dar “uma canja”; como o baixista Ron Carter, o baterista Bernard “Pretty” Purdie, Hubert Laws na flauta e sax alto, e os percussionistas Eddie Knowles e Charlie Saunders. Brian Jackson ficou como pianista.

 O encontrou virou o disco The Revolution Will Not Be Televised, polêmica agressiva contra os grandes meios de comunicação e a ignorância cada vez maior da população branca da América. O segundo álbum veio 1971, Pieces of a Man, destacando a faixa “Lady Day and John Coltrane”.

 Em 1973 soltou o disco Free Will, o último pela Flying Dutchman Records, até chegar a Arista em 1975. Nos dois álbuns lançados na nova casa (First Minute of a New Day and From South Africa to South Carolina) ficou caracterizada a influência de Brian Jackson nos teclados. Três anos depois soltou o álbum The Best of Gil Scott-Heron, com a produção a cargo de Malcom Cecil, veterano na lapidação de Funk estilo Isley Brothers e Stevie Wonder.

 O primeiro single “The Bottle” virou febre nas paradas de R&B. Para esquentar mais ainda, o disco teve pequena ajuda de Nile Rodgers, que produzia os álbuns da banda Chic. Na década de 1980 Heron passou a compor letras de ataque contra a política adotada pelo presidente Ronald Reagan. Os singles “Re-Ron” e “Be Movie” eram ataques contra as políticas conservadoras adotadas por ele.

 Em 1985 a Arista deixou Heron na rua, após o lançamento do álbum The Best of Gil Scott-Heron. Mesmo assim prosseguiu nas turnês ao redor do mundo. No ano de 1993 voltou pela TVT Records. Até 2003 enfrentou problemas com drogas. Em 2007 passou a se apresentar poucas vezes, até anunciar no ano seguinte que tinha o vírus HIV. Ainda conseguiu gravar o CD I'm New Here, lançado em 2010. Após retornar de viagem a Europa, onde fez alguns shows, morreu em 2011.


segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Earl Hines: Influência para várias estrelas da Black Music


 
A crítica reconheceu, embora tarde, o talento de Earl Hines
 Earl Hines é considerado o primeiro pianista do Jazz moderno, diferindo bastante dos tecladistas da década de1920, inovando no estilo de tocar com a mão esquerda, enquanto a mão direita, muitas vezes tocava oitavas. Fazia tudo isso, mas sem perder o ritmo. Virou influência para Teddy Wilson, Jess Stacy, Joe Sullivan, Nat King Cole e Art Tatum. É lembrado como compositor das inesquecíveis “Rosetta”, “My Monday Date” e “And You Can Depend on Me”, entre outras.

 Durante curto espaço de tempo, Hines tocou trompete até se apaixonar pelo piano. O primeiro trabalho importante ocorreu acompanhando o vocalista Lois Deppe na década de 1920. Depois foi para Chicago para trabalhar ao lado de Sammy Stewart. Emendou parceria com Louis Armstrong em 1926.

 O ano de 1928 resultou em grande produção para Hines, com ele gravando dez solos de piano, como “Blues in Thirds” e “57 Varieties”. Passou muito tempo trabalhando na orquestra de Jimmy Noone. Participou de gravações junto à banda de Louis Armstrong, Hot Five, nos hits “West End Blues”, “Basin Street Blues” e “Fireworks”.

 Nos 20 anos seguintes, Hines participaria de grandes bandas, inclusive montando o próprio grupo, que teve participação de Dizzy Gillespie, Charlie Parker e Sarah Vaughan. Em 1948 juntou força com o conjunto de Louis Armstrong, All-Stars. Três anos depois foi para Los Angeles e San Francisco entrando na banda de Dixieland.

 Para época, Hines tinha um estilo muito moderno. Mesmo assim manteve a pegada ao lado de Muggsy Spanier, Jimmy Archey e Darnell Howard. Na década de 1960, o mundo do Jazz o esqueceu. Em 1964, o escritor de Jazz, Stanley Dance lhe propiciou a oportunidade de realizar três concertos no Little Theater de Nova York, num solo e quarteto com Budd Johnson. A crítica reconheceu a injustiça, pois percebeu que estava diante de um artista criativo e com muita força. Até o final de sua vida, viajou mundo afora, gravando dezenas de discos, deixando escrito para sempre o seu nome na galeria dos gigantes da Black Music.



Billy Eckstine: Pioneiro em gravar baladas românticas e populares no Blues

Eckstine foi pioneiro, como artista negro, gravar Blues românticos no estilo popular

 Billy Eckstine foi o primeiro cantor negro a fazer sucesso com música romântica na década de 1940. Isto repercutiu no estilo de Sam Cooke nos anos de 1950 e 1960. São inesquecíveis suas canções “Prisoner of Love”, “My Foolish Heart” e “I Apologize”. De Pittsburg, mas criado em Washington DC, Eckstine começou a cantar aos sete anos de idade.

 Logo começou a disputar prêmios nos shows de caça talentos da época. Apesar de ter planos de ser jogador de futebol. Após quebrar a clavícula, mergulhou de vez na música.  No final dos de 1930 entrou na Orquestra de Earl Hines. Devagar introduziu canções românticas, no estilo Blues.
  Os primeiros sucessos de Eckstine foram “Jelly, Jelly” e “A Jitney Man”. Em 1943 ganhou três colegas de peso na orquestra: Dizzy Gillespie, Charlie Parker e Sarah Vaughan. Não demorou em formar a própria banda naquele ano. Engordou o grupo com Wardell Gray, Dexter Gordon, Miles Davis, Kenny Dorham, Fats Navarro e Art Blakey, além dos arranjadores Tadd Dameron Gil Fuller. Era equivalente no futebol atual, montar um time igual ao Barcelona da Espanha.
 Para deixar sua marca no Show Biz, inovou aumentando seus harmônicos vocais nas baladas normais. Apesar de cunho modernista, nas turnês pela Europa, ele tocava trompete, trombone de válvula e guitarra. Entrou nas paradas com as canções “A Home for Sale” e “Prisoner of Love”.
 Quatro anos depois teve de abandonar a banda, com Gillespie formando seu próprio conjunto. Eckstine foi responsável pela transição para baladas cheias de cordas com extrema facilidade. Em seguida gravou vários hits, estourando na Europa as canções “No One But You” e “Gigi”, além de dueto ao lado de Sarah Vaugh.
 Voltou às raízes do Jazz ao gravar disco junto com Count Basie, Sarah Vaugh e Quincy Jones em álbuns separados na década de 1960. É dessa época o lindo disco No Cover No Minimum, repleto de solos de trompete. Lançou vários discos pela Mercury e List Records, aproveitando a brecha do filho ser presidente da Mercury. Depois mudou para Motown. Gravou pouco na década de 1970. O último disco, Billy Eckstine Sings With Benny Carter, saiu em 1986. Seis anos depois o Blues o perdeu para sempre.



Jerry "Boogie" McCain: A tradição do Blues do Mississippi

McCain tocou com grandes artistas do Blues
 Outro grande gaitista de Blues foi Jerry “Boogie” McCain. Também era um grande autor de letras engraçadas, que divertiu muitos durante 40 anos de Show Biz. 

Exemplo disso são os hits “My Next Door Neighbor” e “Trying to Please”. Nascido em 1930, no racista Estado do Alabama, Sul dos Estados Unidos, ele começou a tocar aos cinco anos de idade.
 Aos 23 anos, o grupo de Little Walter passou pela cidade de Gadsden e ele se ofereceu como músico de apoio para um show numa boate local. Abriu as portas para pouco tempo depois gravar o disco Boogie McCain pela Lillian McMurrya Records. As canões “Stay Out of Automobiles” e “Love to Make Up” mostraram que ele tinha muita lenha para queimar no Blues.
 Em 1955 entra na Excello Records, de Nashville, a terra da Country Music. É dessa época o álbum That's What They Want, com o amigo Christopher Collins na guitarra. Ganharam destaque as músicas “Run, The Uncle John!”, “Trying to Please” e a melosa “My Next Door Neighbor”. Até 1957 foi o melhor disco dele.
 Cinco anos depois, na Rex Records, soltou as canções “It is Sturdy, Stable”. Em 1962, usando como inspiração as músicas de Floyd Cramer, Grady Martin e Boots Randolph, lança “Red Top e “Jet Stream”. De 1965 a 1968 lançou vários álbuns pela Stan Lewis Jewel Records.

 Voltou ao sucesso em 1989, num disco lançado pela Ichiban Records, Blues ´n´Stuff, depois Struttin ´My Stuff (1992) e Desperate Love. Em 2000 soltou o CD This Material Only Kills Me para Jericho Records, com participações de Johnnie Johnson, John Primer, Anson Funderburgh, Jimmie Vaughan e percussão de Tommy Shannon e Chris Layton. Em 2002 lançou American Roots: Blues pela Ichiban Records.

Sonny "Boy" Willianson: O grande craque da gaita no Blues


Sonny foi outra grande lenda do Blues, tocando gaita
 Sem sombra de dúvida, Sonny Boy Willianson foi outra grande lenda do Blues. Quando morreu, em 1965, já tinha tocado com lendas como Robert Johnson e pego o começo de carreira de Eric Clapton, Jimmy Page e Robbie Robertson. Enquanto esteve no Show Biz bebeu muito whisky, emendou várias turnês por vários países, e teve um programa de rádio de sucesso durante 15 anos.
 Durante a carreira se preocupou em escrever belas letras, tocar e cantar. Seus hits eram repletos de humor mordaz e composições autobiográficas. Acabou sendo único neste estilo. Tinha a fama de mal-humorado, amargo e desconfiado. Nunca se soube com exatidão a data correta do nascimento de Sonny. Para alguns foi 1899, outros citam 1897 ou 1909.
 É desconhecido o período de sua infância no Mississippi. É certeza que no início da década de 1930 ele começou a viajar usando o codinome de Little Boy Blue, ao lado de talentos como Robert Johnson, Robert Nighhawk, Robert Lockwood Jr., e Elmore James, parceiros de palcos em inúmeras apresentações.
 Até a década de 1940, Sonny era estrela de King Biscuit Time of KFFA, o primeiro programa de rádio de Blues ao vivo no rádio dos Estados Unidos. A estratégia do patrocinador, Interstate Grocery Company, para aumentar as vendas do King Biscuit Flour, foi usar a foto de Sonny, com ele segurando sua famosa gaita. Na época a proposta foi usar o nome artístico: John Lee “Sonny Boy” Williamson.
Após a morte de John Lee em Chicago, restou apenas o nome Sonny Boy. Aos poucos conquistou sucesso. Porém ele não queria gravar nenhum disco, apesar de sua foto na embalagem do biscoito contribuir bastante nas vendas. Não demorou em Lellian McMurray, da Trumpet Records, encontrá-lo num internato e seduzi-lo a gravar um disco.
 É quando surgiu o hit “Sonny Boy”, entre 1951 e 1954, com ele no auge da forma, com bastante fôlego para soprar sua gaita em vários shows. O disco Sight for the Blind, que capturou a essência do Blues, num de seus melhores momentos. Virou lenda a sessão de gravação dele com Elmore James. Sonny na gaita e a bateria de James num dueto maravilhosos. A canção “Dust My Broom” é o registro desse encontro.
 Em duas ocasiões, Sonny foi morar em Detroit, contribuindo com solos de gaitas nos álbuns de Baby Warren, Blue Lake e Excello, em 1954. No ano seguinte virou moeda de troca entre gravadoras. Após soltar um disco pela Johnny Vincent, foi para a Buster Williams e depois parou na Chess Records.
Fixou moradia no norte dos Estados Unidos e virou artista oficial da Chess, soltando o single “No Start Me to Talkin” em agosto de 1955. Estourou nas paradas de R&B. Ao lado do parceiro de longa data, Robert Lockwood Jr., lançou outro disco. O álbum Lockwood´s resultou na combinação de Robert Johnson, repletos de ritmos e acordes de Jazz, com a gaita de Sony em lindos vocais e guitarra de Lockwood comendo solta por fora.
 Quando secavam os shows em Chicago, ele corria para Arkansas investindo forças no programa de rádio King Biscuit. Em 1963 viajou a Europa pela primeira vez para participar do American Folk Blues Festival. Destacou-se em todos os shows. Ao término da turnê resolveu passar um tempo na Grã-Bretanha. É dessa época o trabalho com The Yardbirds e Eric Burdon. Resultado: estouro do hit “Help Me” na Europa.
 Voltou aos Estados Unidos para gravar outro disco na Chess. Em 1964, ao pisar na Europa pela segunda vez, acabou recebido como herói. Gravou a canção “I'm Trying to do London My Home” ao lado do guitarrista Jimmy Page. No ano seguinte estava no Mississippi para apresentar pela última vez o programa King Biscuit.

 Poucos sabiam que Sony retornará ao Sul dos Estados Unidos para morrer. Contou com ajuda de amigos para visitar os locais onde passou a infância, inclusive ficando uma tarde às margens do rio numa pescaria. Após uma gravação com Ronnie Hawkins, da banda The Hawks, os rapazes perceberam que Sonny passou a noite cuspindo numa lata de café. Ela se encheu de sangue. Em 25 de maio de 1965, Sonny não apareceu aos estúdios para apresentar o King Biscuit. Um ataque cardíaco o matou enquanto dormia.