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Luís Alberto Alves/Hourpress

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Steel Pulse: o diamante do Reggae britânico


A Steel Pulse continua com a mesma energia política de 38 anos atrás

  O ano de 1975 marcou a criação da banda de Reggae Steel Pulse. Tudo começou quando três rapazes descendentes de imigrantes jamaicanos, do bairro negro de Handsworth, na Grã Bretanha, resolveram colocar para fora suas frustrações, usando como canal a música. Nascia a Steel Pulse, uma das bandas mais admiradas pelos simpatizantes do Reggae em todo o mundo. 
 
  O grupo era formado pelo baixista Ronald McQueen e os guitarristas Basel Gabbidon e Dave Hinds. As letras descreviam a situação de quem residia na periferia britânica, pois na época era comum confrontos com a polícia e os moradores do local, além de um sistema educacional decadente e alta taxa de desemprego. 
 
  Em vez de escolher o crime como válvula de escape como ocorre em diversos países emergentes e em alguns de Primeiro Mundo, a rapaziada da Steel Pulse canalizou as energias para a música, e de qualidade. Era preciso manter o espírito em alta e a consciência quanto às sacanagens feitas pelo governo contra a minoria negra. Estavam preparando o terreno para reinado da Primeira Ministra Margareth Thatcher que assumiria o comando da Inglaterra em 1979 e aniquiliria o mínimo de conquistas que os trabalhadores e minorias tinham obtido nos anos anteriores.
 
  Quando a terra é fértil, as sementes nascem e crescem rapidamente. Logo a banda Steel Pulse ganharia o reforço do tecladista Selwyn Brown, o baterista Steve Nisbett, o percussionista Alphonso Martin e o cantor Michael Riley. Durante três anos ensaiaram e lutaram por shows, fazendo covers de Burning Spear, Gladiators e Bob Marley, que se encontrava no auge.

 O problema da Steel Pulse era encontrar locais para tocar. Visto que muitos clubes negros fechavam suas portas, por causa da má fama dos simpatizantes dos rastafaris. O curioso é que as melhores oportunidades vieram do movimento Punk, que na época abalavam as estruturas da indústria nacional britânica e do governo do Reino Unido.
 
  Como estratégia de sobrevivência, alinharam-se à organização Rock Against Racism e coloram os pés no primeiro festival de música no começo de 1978. Escolheram fazer turnê com simpatizantes do movimento Punk, como The Stranglers, XTC, The Clash e The Police. Logo chamaram a atenção da Island Records, gravadora que apostou no talento de Bob Marley.
 
  O primeiro lançamento da Steel Pulse foi o álbum  Handsworth Revolution, centrando fogo na Ku Klux Klan, considerado um dos males do racismo nos Estados Unidos durante várias décadas. Era um dos principais marcos na evolução do reggae britânico, com apoio do produtor Peter King. 

  Por causa das letras engajadas, a Steel Pulse passou a abrir shows para Bob Marley em turnês pela Europa. A crítica adorou. O gerente da Island Records, Tom Terrel virou peça fundamental para planejar a estreia da Steel Pulse nos Estados Unidos na noite do funeral de Bob Marley, transmitido ao vivo para todo o mundo em 21 de maio de 1981. 
 
Assinaram contrato com a Elektra Records e lançaram coleção consistente de canções desde o álbum Handsworth Revolution with True Democracy. Porém, a Elektra  escolheu o caminho de tentar tornar a Steel Pulse mais popular, sugerindo que eles tocassem o Reggae água com açúcar, numa postura Pop/Reggae, estilo Eddy Grant. Seria como pedir para Martinho da Vila fazer samba "mela cueca" como ocorre com diversos grupos de pagodes atuais.
  
  Gravaram o disco Babylon The Bandit, enfraquecido por um som mais comercial. Mas como grandes guerreiros incluiram a canção de protesto "Not King James Version" sobre a omissão do povo negro em diversos relatos em algumas versões da Bíblia. Como o fato de apresentar Jesus Cristo, os discípulos e outros profetas da Bíblia como homens loiros e  de olhos azuis, quando na verdade não é essa a realidade escrita nos documentos originais em aramaico e hebraico. O próprio menino Davi, depois rei de Israel, era ruivo.Resultado: a Steel Pulse foi o primeiro e único grupo de Reggae britânico a ganhar o prêmio Grammy.
  Depois mudaram para a MCA Records. Por questão mercadológica mantiveram algums detalhes da época de Elektra Records. Lançaram o álbum Rastafari Centennial, gravado ao vivo no Elysee Montmartre, em Paris, e dedicado ao aniversário de cem anos de nascimento de Haile Selassie (segundo os rastafaris, ele seria descendente do filho de Salomão com a rainha de Sabá). Era o primeiro trabalho desde a saída do percussionista Alphonso Martin  da banda.
  
  Enfrentaram críticas injustas de fãs do reggae britânico nos Estados Unidos. Mas a Steel Pulse continuou a crescer, como a primeira banda deste estilo musical a aparecer no programa de televisão The Tonight Show. Em 1992 colocaram mais pimenta no molho quando desafiaram a Comissão de Justiça de Nova York, afirmando que os motoristas de táxi negros eram discriminados por causa de sua crença Rastafari. Antes em 1989 contribuiu com a trilha sonora do filme de Spike Lee, Faça a Coisa Certa.   
  O ano de 1994  marcou a presença da banda em alguns dos maiores festivais de Reggae no mundo, como Reggae Sunsplash (EUA), Sunsplash Jamaica, Japão Splash e Northen California Reggae. Em 1997 lançou o disco Rage and Fury, com letras bem politizadas. O hit "The Terrorist Real" descreve a política clandestina da agência de espionagem norte-americana, a CIA. A canção "Black and Proud" fala dos avanços do Pan-africanismo. O guitarrista Dave Hinds, um dos fundadores da Steel Pulse ressalta que a proposta de suas músicas é abrir os olhos da população, principalmente dos jovens, que atualmente são presas fáceis das drogas e crimes, por falta de educação de qualidade. 
   Em 2004, a Steel Pulse retornou às raízes como militantes do Holocausto Africano, o 11º disco da banda. Participaram Damian Marley, Capleton e Tiken Jah Fakoly. O álbum é uma coleção de canções de protesto e espiritual, incluindo a faixa "Global Warning", terrível aviso  sobre a mudança climática. A composição " Tyrant" critica a corrupção política (tão comum em diversos países, inclusive no Brasil) e o hino pacifista " No More Weapons". 
 
  Seis anos depois soltaram o single " Hold On 4 Haiti", com 100% dos direitos autorais destinado àquele país, o primeiro a se tornar independente nas Américas e hoje o mais miserável do mundo. O dinheiro é para colocar energia elétrica nas clínicas de saúde por meio do fundo solar Electric Light and Partners In Health. A canção está disponível para dowload exclusivamente no holdon4haiti.org.Decorridos 38 anos de estrada, a Steel Pulse continua em turnê e trabalhando para o novo álbum que será lançando agora em 2013.


Lighthouse Family: dos bares às paradas de sucesso




O balcão dos bares serviu de trampolim para a carreira artística da Lighthouse Family

   Bares são locais para se encontrar amigos, além de tomar a bebida predileta. O diferencial de Tunde Baiyewu e Paul Tucker, na Grã Bretanha, é que eles usaram o local de trabalho para trampolim e formar a banda Lighthouse Family. Tudo começou em 1995, quando lançaram o disco Ocean Drive. Venderam mais de 1,6 milhão de cópias e ganharam o título de dupla mais popular da Europa.

 Dois anos depois colocaram nas paradas o hit "Postcards From Heaven", em 2001 veio "Whatever Gets You Through The Day" e "Relaxed & Remixed" (2004). Antes em 2003, Tunde Baiyewu, compositor e voz marcante da Lighthouse Family, escolheu a carreira solo, inclusive estourando nas paradas com a canção "Great Romantic".

  Mesmo assim a banda continuou com o pé na estrada, fazendo turnês por toda a Europa. O último grande sucesso do grupo foi o hit "Ain´t No Sunshine", cuja canção estourou na trilha sonora do filme "Um Lugar Chamado Notting Hill", com Julia Roberts e Hugh Grant. O diferencial da Lighthouse Family é a aposta em Soul Music de raiz, como ocorriam com diversas bandas surgidas nas décadas de 1950 e 1960.

  Para matar a saudade é bom ouvir os hits "(I Wish I Knew How It Would Feel To Be) Free/One", "Goodbye Heartbreaker", "Happy", "High", "Life´s a Dream", "Lifted", "Lost in Space", "Question of Fait", "Raincloud", "Run", "Whatever Gets You Through The Day" e " You Always Want What You Haven´t Got". 



quarta-feira, 8 de maio de 2013

Funk Master Flex: o DJ que revolucionou a cultura Pop dos Estados Unidos


Funk Master Flex revolucionou a cultura Pop nos Estados Unidos

  Aston George Taylor Jr., é o nome de batismo do DJ, rapper, músico e produtor musical Funk Master Flex um dos grandes ícones do Hip-Hop nos Estados Unidos. Com 45 anos de idade, ele coloca muita energia nas pistas de dança de Nova York, principalmente quando assume os microfones da rádio Hot 97 de Nova York ou apresenta hits desse estilo na MTV norte-americana. Nascido no bairro do Bronx (espécie de cracolândia  da cidade  de Nova York), seu pai, Aston George Taylor Sr, era DJ dos casas de shows locais. 

  Aos 16 anos começou a tocar em casas noturnas. Três anos depois conseguiu o primeiro emprego na WRKS 98,7 FM em Nova York quando o DJ Chuck Chillout se atrasou para chegar ao show. Funk Master não perdeu a oportunidade, iniciando sua carreira de sucesso. Tempos depois saiu da KissFM e foi para a 107,5 WBLS-FM, porém mantendo suas aparições em clubes e casas noturnas, como The Tunnel, Home Bass e Meca.

  Não demorou para Vito de Bruno convencer o vice-presidente regional da Hot 97, Joel Salkowitz para começar deixar mais leve as transmissões ao vivo dos clubes onde Funk Master Flex entrava ao vivo. Ele batizou os sábados à noite de Saturday Night House Party. Não demorou para Salkowitz perceber o ressurgimento do Hip-Hop. Aumentou as horas e os dias de shows deste gênero musical. Numa noite, Salkowits saiu para observar o trabalho de Funk Master Flex. Não teve dúvida que era o diamante para ganhar muito dinheiro com Hip-Hop. Na Primavera de 1992, Funk Master Flex passou a misturar e hospedar show de RAP na Hot 97. Nascia a primeira estação de rádio Pop de Nova York.

   Logo sua programação entrou no ar em todo os Estados Unidos por meio do syndication, à noite e durante os finais de semana. Em 1995 nascia o Esquadrão Flip, com oito dos DJs mais respeitados de Nova York (Funk Master Flex, Biz Markie, "BounceMasta" Doo Wop, Big Kap, DJ Enuff, Sir Cee, Frankie Cutlas, DJ Riz, Cipha Sons e Mark Ronson. Lançou seu primeiro disco pela MCA Records em 1998.

  Em 2003 estreou sua primeira série de televisão, Ride with Funkmaster Flex, na rede de cabo Spike. O show  mostrava a subcultura explosiva de carros populares na cultura Hip-Hop e com celebridades de Hollywood. Um dos destaques foi uma reportagem no jato particular de Diddy e uma visita ao estúdio de Eminen na Motown e  visualizar seu hot GMC Yukon.

  O sucesso da série o levou a explorar sua paixão pelo automobilismo. Nascia The Funkmaster Flex Super Series Invitational. A corrida apresentou 60 modelos de motoristas em ação por todos os Estados Unidos. Flex ficou por trás das cenas para ver o que é preciso para se tornar um vencedor na corrida, trazendo celebridades como Orange County Choppers, LL Cool J e Lil´Kim. Pouco tempo depois a ESPN sugeriu que Funk Master Flex criasse algo como a Nascar. Nascia um show focado em carros personalizados, mesclando entrevistas com esportitas da NBA, NFL e Major league Baseball, e claro, do mundo do Hip-Hop. Os primeiros a dar as caras foram Danica Patrick, Terrel Owens e Jason Giambi.

  Com grande visão de comunicação, Funk Master Flex criou em agosto de 2010 o inFlexWeTrust.com, seu blog, o primeiro a obter o Lil Wayne no telefone. Entrou no ar em seu programa de rádio na Hot 97. Ao mesmo tempo ele postou áudio no blog, ganhando grande quantidade de acessos. Passou a usar a mesma fórmula em todos os seus Hot 97, mesclando aúdio, vídeo e mp3 de freestyles de artistas exclusivos em seu blog. Também coloca notícias de entretenimento, músicas novas, carros, modelos, esportes e tecnologia. Por mês registra mais de 1 milhão de acessos. Já faz parte da cultura Pop norte-americana, com vários artistas citando seu nome em suas canções. 


terça-feira, 7 de maio de 2013

The Impressions: grupo vocal que influenciou Bob Marley & The Wailers

Os temas sociais e as harmonias dos The Impressions impactaram Bob Marley


    A década de 1950 foi  rica no surgimento de vários grupos musicais de qualidade, responsável 
pelo rumo que a Black Music tomou dai para frente. Exemplo disso é a criação do conjunto The Impressions em Chicago, em 1958, cujo repertório incluía Gospel, Soul e R&B, ou seja a nata da Black Music. O primeiro nome do grupo foi The Roosters de Chattanooga, por causa dos rapazes nascidos nessa cidade do Tennessee: Sam Gooden, Richard e Arthur Brooks. Eles mudaram para Chicago e ali acrescentaram Jerry Butler e Curtis Mayfield, que desempenharia papel importante nas décadas de 1960, 1970 e 1980 na história da música popular norte-americana. 

  Em 1962, Butler e os irmãos Brookses tinham pego o boné. Após mudança para ABC-Paramount Records, Mayfield, Gooden  e o novo membro Fred Box a engrenagem continuou a funcionar. Só oito anos depois que Mayfield iria apostar na carreira solo. Apareceram Leroy Hutson, Ralph Johnson (mais tarde vocalista da Earth Wind & Fire até os dias de hoje) Reggie Torian, Sammy Fender e Nate Evans eram os candidatos à vaga. Solucionado o problema, passaram a frequentar as paradas de sucesso na década de 1960, com a maioria da canções na levada Gospel, algumas serviram de hino para o Movimento dos Direitos Civis, defendido por Martin Luther King naquela época. 

  Butler e Mayfield se conheceram em Chicago enquanto cantavam no mesmo grupo de louvor da igreja onde frequentavam. Após passar por diversos conjuntos evangélicos, resolveram criar a banda The Roosters, em 1957, que incluía Sam Gooden e os irmãos Brookses. No ano seguinte chegou Eddie Thomas e um contrato com a Vee-Jay Records. O nome do grupo mudou para Jerry Butler and The Impressions. Emplacaram o hit " For Your Love Precious". Depois veio "Come Back My Love" e Butler saiu para uma bem sucedida carreira solo.

   Durante o tempo em que Mayfield esteve no The Impressions, escreveu diversas canções, além de ser o guitarrista-solo da banda. Depois, com saída de Butler, tornou-se vocalista, com auxílio de Fred Money, quinto componente do grupo. Da mente de Mayfield saíram os hits " Gypsy Woman" e It´s All Right". Com saída dos irmãos Brookses  em 1962, o grupo, agora trio The Impressions, voltou a Chicago e se arrumou com o produtor Johnny Pate. Ele deu nova roupagem ao som da rapaziada e deixou mais exuberantes As canções Soul Music da banda.


  O ano de 1964 trouxe o hit de Mayfield, "Keep on Pushing", que se tornou Top 10 na parada Pop Billboard e R&B. Foi a faixa título do álbum com mesmo nome. As futuras composições dele teriam como características temas sociais e políticos, incluindo o grande sucesso de 1965, "People Get Ready", número 3 nas paradas de R&B. O som do grupo era tão bom, que alguns críticos os comparavam aos The Temptations, The Miracles e Four Tops, estrelas de primeira grandeza da Motown Records naquela época. Para justificar, emplacaram os hits "Soul Got Woman", "Amen" , "I Loved and Lost" e "We´re a Winner".

  A excelente musicalidade dos The Impressions influenciaram Bob Marley e The Wailers e outros grupos de Ska na Jamaica na década de 1960, no estilo de cantar e harmonia. Para tirar as dúvidas é som ouvir os Reggaes "Keep On Moving", "Long Winter Long" e "Just Dance Other", assim como " Love Soulful". Em todas essas canções estão as pitadas sociais das letras de Mayfield. 

  Mesmo em carreira solo, em 1970, Mayfield continuou compondo canções para os The Impressions. Leroy Hutson que ficou no seu lugar, saiu da banda três anos depois. O baterista Ralph Johnson (mais tarde  vocalista da Earth Wind & Fire até hoje) e Reggie Torian assumiram o bastão deixado por Hutson. Com a nova formação explodiram nas paradas com os hits " "Finally got myself (I'm a changed man)", "Same thing led" e "Sooner or Later"  em 1974, 1975 e 1976. Nesse último ano, Johnson cede o lugar para Nate Evans que ficou até 1979. Dois anos depois, após o lançamento do álbum Fan The Flames, Torian saiu do conjunto. Em 1990, durante gravação com Eric Clapton no disco Reptile, Mayfield sofreu acidente no palco, o deixando paralisado do pescoço para baixo, e impedindo de cantar ou tocar. Oito anos depois ele morreria.

  Em 1991 The Impressions foram introduzidos no Hall da Fama do Rock And Roll. Participaram da cerimônia Sam Gooden, Jerry Butler, Richard e Arthur Brooks, Fred e Cash. O ano de 2000 marcou a gravação do CD de tributo a Curtis Mayfield, lançado pela Edel America. Em 2008, a Universal Music Records lançou o ´labum Movin `On Up, compilação de entrevistas inéditas do conjunto e clipes dos maiores sucessos do grupo e vários solos de Mayfield. Nesse CD está a canção "People Get Ready", escolhida como um dos Top 10 das melhors músicas de todos os tempos. 


 

The Soul Stirrers: a banda que lançou Sam Cooke

Sam Cooke (1º à esquerda ao lado do microfone embaixo) estourou no The Soul Stirrers


 Quando se fala de música Gospel e Soul não se pode esquecer do grupo vocal The Soul Stirrers, criado em 1926 por Roy Crain, no Texas, com mais três colegas adolescentes que frequentavam a mesma igreja (nos Estados Unidos a maioria dos artistas de Blues, Soul, Jazz, Funk (legítimo), Hip-Hop, RAP saem dos grupos de louvor das igrejas evangélicas, a maioria Batista e Assembleia de Deus, como foi o caso de Elvis Presley, que era assembleiano).
   Após as primeiras apresentações, o público afirmou que suas interpretações tinham "mexido" com suas almas. Pouco tempo depois o conjunto original se desfez, mas Crain continuou firme no propósito de cantar. Mudou para Houston no começo da década de 1930 e ali encontrou novos componentes e batizou o conjunto de The Soul Stirrers (Os Agitadores da Alma).

  Com o final da Segunda Guerra Mundial, o Gospel tornou-se popular, além de apresentar arranjos inovadores, numa época em que os estúdios não tinham grandes recursos tecnológicos. Ou seja, era preciso saber cantar, pois voz ruim nunca se transforma em boa, como ocorre atualmente com tanto cabeça de bagre lançando CD sem conhecer sequer os nomes das sete notas que compõem a música. A grande sacada dos The Soul Stirrers foi sair do tradicional em direção ao emocional.

  O modo de cantar do grupo contribuiu para a maneira de interpretar os hits na levada de Rock and Roll que iria nascer no final da década de 1940 pelas canções do pianista Fat Domino, o primeiro a gravar um música neste estilo. Em 1936, o conjunto gravaram um hit para Alan Lomax. Mas os membros do grupo pediram o boné. Ele trouxe o baixo (voz grave) Jesse Farley, o barítono TL Bruster, James Medlock e RH Harris, cuja a voz cristalina e alta se destacou no conjunto. 

  Mudaram para Chicago e ali o The Soul Stirrers fizeram algumas mudanças harmônicas no estilo de cantar Gospel, aumentando a potência emocional das canções, além de letras de Thomas A.Dorsey, Kenneth Morris entre outros. Na década de 1940 a fama dos rapazes cresceu muito e eles passaram a fazer várias turnês e apareciam na maioria dos programas evangélicos na periferia de Chicago. No pouco tempo de folga trabalhavam em sua empresa de limpeza. Quando o hábito de cantar virou rotina, um dos integrantes, Medlock, pediu para sair. Entrou no seu lugar Paul Foster. No início da década de 1950 eles assinaram com a Specialty Records, lançando o single " By and By", rapidamente seguido de "I´m Still Living On Mother´s Prayers" e "In That  Awful Hour", ambas escritas por Detroit Reuben LC Harry.



  Acabaram gravando mais de 24 faixas para a Specialty Records. Depois Harris saiu do grupo e muitos acharam que o conjunto não teria mais futuro. Porque o substituto era um rapaz desconhecido, de 20 anos, chamado Sam Cooke. Quando ele fez a primeira gravação com os rapazes, em 1951, o medo se retirou, uma vez que sua voz doce e tênue era mais graciosa do que a de Harris. os The Soul Stirrers subiriam degraus mais elevados.

 Com nova formação, lançaram o hit " Jesus Gave Me Water", grande sucesso e boa aparência de Sam Cooke cativou o público feminino, ajudando a tornar-se o primeiro símbolo sexual da Gospel Music. A fama aumentou e o grupo completou 30 anos de estrada, pois fora criado em 1926. Assim Bruster aposentou-se, cedendo o lugar para o barítono Bob King, que às vezes tocava guitarra. Depois entrou no conjunto Cheeks Julius, com sua voz rouca cativando mais fãs, principalmente na canção "All Right Now". Mas obrigações contratuais o obrigou a pedir o boné. O ano de 1956 marca saída de Sam Cooke para carreira solo, sendo substituído por QC Johnnie Taylor. Mais ele também seguiria o mesmo caminho de Cooke, rumo à Pop Music. Dai para frente o conjunto enfrentou diversas mudanças de componentes, mas sem perder a qualidade vocal. Nessa pegada, com mudanças de componentes, o The Soul Stirrers continuou na estrada do show biz até 1990.








segunda-feira, 6 de maio de 2013

The Sweetback Sisters: a Country Music da década de 50 de volta

O bairro do Brooklin foi o ponto de partida das The Sweetback Sisters

    A dupla The Sweetback  nasceu há oito anos no famoso bairro do Brooklin em Nova York, porém com mesmo estilo harmônico do Country da década de 1950, trazendo o clima de Nashville, a meca da Country Music dos Estados Unidos. Zara Bode e Emily Miller cantaram a primeira vez juntas integrando um coral em 2005. Ali descobriram o amor por Hank Williams. 

    Dai para frente se apaixonaram pelo Country e começaram a cantar em diversas casas noturnas. Quando a turnê do  coral chegou ao fim, ambas mudaram-se para o Brooklin e nasceu a dupla The Sweetback Sisters. Dois anos depois o cacife delas cresceu, após apresentação na A Prairie Home Companion. Não demorou para as harmonias de Emily e Zara tornarem-se a espinha dorsal da dupla. 

   Para deixar o molho mais quente, chegaram  o reforço de quatro músicos talentosos: Ross Bellenoit (guitarra), Jesse Milnes (violino), Stefan Amidon (bateria), Peter Bitenc (baixista). Juntos entraram em estúdio para produzirem o primeiro CD, The Bang, em 2007. Depois veio o álbum Chicken Ain´t Chicken em 2009. Três anos depois a banda retomou o estilo de Honky Williams. Pelo visto elas vão longe. Basta manter os pés no chão.


The Sweet Inspirations: o dream team do Pop/Soul

As meninas do The Sweet Inspirations eram o dream team do Pop/Soul das décadas de 1960 e 1970


 As meninas do The Sweet Inspirations eram o dream team do Pop/Soul, que surgiu no final da década de 1950, pois serviram de backing vocal a Elvis Presley quando ainda se encontrava no auge do sucesso e passou a mostrar que o Rock and Roll tinha vindo para sempre. Não era moda. O conjunto vocal foi fundado por Emily "Cissy" Houston (mãe de Whitney Houston e prima de Dionne Warwick), Judy Guions, Marie Epps, Larry Drinkar e Nicholas Drinkard, Ann Moss e Dee Dee Warwick.

 Tamanha era a qualidade do The Sweet Inspirations que ocorria disputa entre produtores, editores, artistas e compositores no início da década  de 1960 em busca das vozes das meninas. Tão grande a qualidade, que Doris Troy e as duas irmãs Warwick (Doris e Dionne) fizeram excelentes carreiras solos, como sucesso como "Just One Look" e "Don´t Make Me Over". A adrenalina durou de 1963 a 1979.

  Naquela época Sylvia Shemwell (irmã de Judy Guions) entrou no lugar de Doris e Cissy Houston assumiu o posto de Dionne, com Dee Dee Warwick como líder oficial do conjunto. Elas fizeram backing vocal para grandes cantores e cantoras da Black Music, como Wilson Pickett, Solomon Burke, Esther Phillips e Aretha Franklin. Dee Dee Warwick saiu em 1965, quando começou a brilhar individualmente. Foi substituída por Myrna Smith. Em seguida veio Estelle Brown e o The Sweet Inspirations tornou-se contratado da Atlantic Records.

  Em 28 de março de 1967, as meninas fizeram backing vocal para Van Morrison na sua clássica canção "Brown Eyed Girl". Lançada em junho de 1967, ficou entre as 10 mais na Billboard Hot 100. O disco vendeu 8 milhões de cópias. Em abril de 1967 elas gravaram suas próprias músicas. A Atlantic Records produziu dois singles: uma versão de "Why (Am I Treated So Bad)" e outra de "Let It Be Me", lançada anteriormente por The Staple Singers. Esse hit, numa batida R&B, embalaram Betty Everett & Jerry Butler em 1964.

   Como faltava emplacar muito sucesso nas paradas, a Atlantic levou fé no The Sweet Inspirations e durante um ensaio feito em Memphis, os produtores da gravadora reuniram vasto material para lançar um álbum das meninas no final do Outuno de 1967. Após um mês, o grupo começou a trabalhar no segundo disco, com batida Gospel batizado de Songs of Faith & Inspiration. Saiu em 1968 com o nome de Cissy Drinkard & The Sweet Inspirations. Em março daquele mesmo ano, as meninas marcaram seu primeiro e único hit top 40 na Billboard Chart Pop, com a canção "Sweet Inspiration". Ficaram dez semanas e chegaram ao número 18.

  Nessa época, o grupo era composto de Houston, Brown, Shernwell e Smith. Pouco tempo após a gravação no estilo Gospel, elas voltaram aos estúdios para gravar o terceiro disco. Ele rendeu a versão de " To Love Somebody", dos Bee Gees. Foi o quarto R&B do The Sweet Inspirations, além de uma versão de "Unchained Melody", dos The Righteous Brothers. O ano de 1968 marcou também o trabalho de backing vocal no estúdio para Jimi Hendrix, no seu disco Eletric Ladyland, principalmente na faixa " Burning of The Midnight  Lamp". Fizeram o mesmo com Dusty Springfield no disco Dusty, em Memphis.

  Em 1969 começaram a gravar e excursionar com Elvis Presley, além de fazer alguns backing vocal, ao vivo, para Aretha Franklin. A parceria com Elvis as levaram para concertos e gravações feitas por ele. Para não deixar a peteca cair, em fevereiro desse mesmo ano lançaram o quarto álbu, com seção rítmica a cargo de Muscle Shoals, famoso por tocar com Aretha Franklin, Percy Sledge e Clarence Carter. A última gravação de Cissy com The Sweet Inspirations ocorreu em outubro de 1969, pois seguiria carreira solo, além de dar maior atenção à família, visto que sua filha Whitney Houston já estava com seis anos de idade.   

  A adrenalina do grupo resultou na produção do maior R&B gravado pelas meninas. A canção, "Gotta Find Me A Brand New Lover", foi composta por Gamble &Huff, famosos por criarem na década de 1970 o The Philly of Sound, conhecido como O Som da Filadélfia, embrião da Disco Music. Era o quinto disco do The Sweet Inspirations. Em novembro de 1970, com Sylvia, Estelle, Myrna e nova integrante, Ann Williams. Foi o último disco pela Atlantic Records. Dele fazem parte os hits "Flash in the Pan", "That´s The Way My Baby Is". Mas numa turnê com Elvis Presley, Ann Williams sumiu e nunca mais retornou ao grupo. 

  Agora o The Sweet Inspirations era um trio formado por Estelle, Myrna e Sylvia. Em junho de 1970 gravaram dois singles: "This World", do musical The Me Nobody Knows, e " Evidence". O ano de 1973 marca o lançamento do primeiro álbum pela Stax Records. Seis anos depois, Estelle sai e cede o lugar para Gloria Brown. Ela não cantou no último disco do grupo, pela RSO Records, com o cantor Pat Terry se destacando na gravação. Depois, após 16 anos de estrada no show biz, o The Sweet Inspirations chegou ao fim. Antes, em 1978, fizeram backing vocal no hit "Grease", de Frankie Valli, no filme com mesmo nome, que no Brasil, acabou conhecido como Grease, no Tempo da Brilhantina. Antes do suspiro final em 1979, as meninas saíram em turnê com os Bee Gees pelos Estados Unidos.

Em 1994 o The Sweet Inspirations voltou, com uma nova integrante, Portia Griffin. Onze anos depois participaram de um tributo a Elvis Presley e lançaram novo álbum. Porém  a nota triste é que Sylvia sofreu um AVC, que a impedia de tocar com o grupo. Ela acabou morrendo em 2010. Para complicar mais ainda, numa turnê nesse mesmo ano, Myrna Smith teve pneumonia. E perdeu a vida no final daquele mesmo ano. O dream team deixou de existir, pois perdera suas duas últimas colunas.. Ficou apenas a saudade de um dos maiores grupos femininos de Black Music norte-americana