Dolphy foi um grande saxofonista de Jazz na década de 1960 |
O Jazz foi um gênero musical com grandes artistas em todas as décadas. Um deles foi Eric Allan Dolphy, nascido em Los Angeles em 1928 e morto em Berlim em 1964, aos 36 anos. Tocava sax alto, flauta e clarone. Foi o primeiro claronista como solista no Jazz, além de grande flautista. Era mestre na arte do improviso. Nas primeiras gravações tocava de vez em quando clarinete soprano tradicional em Si Bemol. Usava amplos saltos intervalares e abusava das 12 notas da escala. Era comum usar efeitos sugerindo sons de animais.
Embora muitos críticos classifiquem o trabalho de Dolphy como Free Jazz, porém suas canções e solos tinham lógica diferente da maior parte dos músicos de Free Jazz. Após sua morte passaram a classificar seus hits como muito "Out" para ser "In" ou demasiado "In" para ser "Out".
No início da carreira na década de 1950 tocou em big-bands lideradas por Gerald Wilson e Roy Porter. Ao participar do quinteto de Frank Hamilton acabou conhecido por um público maior e passou a viajar por todos os Estados Unidos em 1958, quando mudou-se para Nova York. Ali construiu várias parcerias, as mais importantes com as lendas do Jazz: Charles Mingus e John Coltrane (1961/1962) e com Mingus de 1959 a 1964.
Era muito querido pelos dois músicos. Inclusive Coltrane dizia que Dolphy poderia ser comparado a ele e Mingus o achava seu brilhante intérprete. Coltrane nessa época gozava de fama por participar do quinteto de Milles Davis. Nessa época tocou em gravações com Ornette Coleman (Free Jazz: A Collective Improvisation), Oliver Nelson (The Blues and the Abstract Truth) e George Russell ( Ezz-Thetic) entre outros.
Sua carreira em estúdio começou na Prestige Records. Ficou na casa de 1960 a 1961, gravando 13 álbuns, somadas atuações em discos de outros artistas. Os dois primeiros álbuns foram Outward Bound e Out There. Este último disco está próximo das canções third stream. Elas fariam parte da herança de Dolphy com respingos na instrumentação do grupo de Hamilton com Ron Carter no violoncelo. O álbum Far Cry foi gravado na Prestige em 1960, na primeira parceria com o trompetista Booker Little.
Em julho de 1963 junto com o produtor Alan Douglas marcou uma sessão de gravação com diversos músicos notáveis da época. Do encontrou saíram os discos Iron Man e Conversations. No ano seguinte entrou na lendária Blue Note Records e lançou o álbum Out to Lunch, enraizado na vanguarda, com solos dissonantes e imprevisíveis, mantendo a marca registrada de Dolphy. Alguns críticos consideram esse disco como o melhor já gravado por ele e um dos maiores discos de Jazz já lançados.
No início de 1964 deixou de excursionar pela Europa com o sexteto de Charles Mingus, pois pretendia morar naquele continente com a noiva, dançarina de ballet em Paris. Tocou e gravou com várias bandas europeias e estava se preparando para unir-se a Albert Ayler numa gravação. Infelizmente na tarde de 18 de junho de 1964 caiu numa das ruas de Berlim. Socorrido ao hospital, os enfermeiros desconheciam que Dolphy era diabético. Imaginaram, por ser jazzista, que tivesse sofrido overdose. O deixaram sem atendimento até passar o efeito das drogas. Teve coma diabético e morreu.
Da herança musical de Dolphy, muitos roqueiros se apossaram, como John McLaughlin e Jimi Hendrix. De sua banda tocaram feras como Herbie Hancock, Bobby Hutcherson e Woody Shaw, além do baterista Tony Williams. Esse pessoal formou a espinha dorsal do segundo quinteto de Milles Davis.