Perfeccionismo é a marca registrada de Lucinda |
Luís
Alberto Alves
O objeto de adoração cultish por anos, a
cantora e compositora Lucinda Williams recebeu grande aclamação da crítica e
colegas como grande talento. Porém levou tempo até transformar a admiração que
chamasse a atenção do público. Perfeccionista, Lucinda demorou anos em lançar
discos, para aprimorar a técnica e composições.
Seus primeiros álbuns saíram por selos
pequenos que concordavam com as exigências dela, mas não tinham dinheiro para
promovê-la. Sua música, de qualidade, contribuiu para construir sua fama. Até
mesmo os hits sem grande apelo eram ricos em detalhes, cheio de poesias e
esmerados personagens.
Alguns críticos a descreveram como Bob Dylan
de saias. Nascida em 1953 em Lake Charles, o pai era professor de literatura e
poeta. A família mudava muito. Viajaram para Louisiana, Mississippi, Geórgia,
Arkansas e até mesmo México e Chile. Não demorou em descobrir a música popular,
principalmente a de Joan Baez, através de sua mãe.
Austin
Imersa no ambiente universitário, acabou
conhecendo o Rock e cantores e compositores como Leonard Cohen e Joni Mitchell.
Se apresentou em festas folclóricas em New Orleans. Em 1974, após sair de casa
em 1969, mudou para o Texas e virou parte integrante da cena musical daquela
cidade até dividir o tempo entre Austin e Houston e mudar para Nova York.
Entregou uma fita demo na Folkways Records e
depois seguiu caminho para Jackson, onde lançou o primeiro álbum pela Malaco
Records, Ramblin ´on My Mind, que saiu em 1979 e tinha muito Blues tradicional,
Folk e Cajun.
No ano seguinte soltou Happy Woman Blues, o
primeiro disco de composições originais. Seu talento já era conhecido. Em 1984
estava em Los Angeles e passou a chamar atenção de grandes gravadoras. Assinou
com a CBS Records, porém ela não sabia como vender os discos de Lucinda.
Caminho
Entrou num selo indie britânico, Rough Trade,
conhecido por produzir discos de Punk Rock. Com ajuda do produtor Gurf Morlix
mesclou hits combinando Blues, Country, Folk e Rock. Mas o seus som não caiu no
gosto rígido dos programadores de rádios. Serviu para abrir caminho.
O álbum Sweet Old World caiu no gosto da
crítica, como grande declaração de talento. A Rough Trade lançou um par de EPs,
trazendo apresentações ao vivo de Lucinda e Patty Loveless, incluindo o hit “The
Night's Too Long”. Virou sucesso no país. Foi para a RCA Records, mas
permaneceu pouco tempo ao perceber que a gravadora forçava ela lançar material
de gosto duvidoso. Mudou para a pequena Chameleon, onde soltou Sweet Old World
em 1992.
Chegou ao Top Five em 1993 e ganhou um Grammy.
Fã confessa de Emmylou Harris gravou “Crescent City” como oração de vaqueira e
regravou “Sweet Old World” dois anos depois. Em 1998 ganhou um Grammy de Melhor
Álbum de Folk Contemporâneo.
Credibilidade
Em 2001 soltou o CD Essence, após três anos de
repouso proposital. Caiu outra vez no gosto da crítica. A faixa "Get Right
with God" lhe rendeu o terceiro Grammy, desta vez como Melhor Vocal de
Rock Feminino, consolidando a credibilidade de cantora e compositora. Em 2003
lançou World Without Tears. O ano de 2005 marcou a gravação de Lost Highway e
New West veio em 2007, seguido por Little Honey em 2008.
Voltou ao estúdio no ano de 2010 para gravar o
CD Blessed, no mercado em 2011 com duas edições, uma delas trazendo disco
bônus, incluindo demos de trabalho. Em 2014 regravou o disco de 1988. Criou a
própria gravadora, Highway 20 Records, onde apresentou ao mercado o álbum Where
the Spirit Meets the Bone, composto de dois CDs no ano passado.
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