Reportagens com clipes descrevendo histórias de artistas famosos,
principalmente de intérpretes da Black Music, além de destacar a importância do Blues no Showbiz.
Joe Morris é outro grande talento da Black
Music. Guitarrista, baixista e compositor brilha muito no Jazz. Aos 13 anos
começou a tocar e pouco tempo depois fez o primeiro show profissional. Aprendeu
tudo sozinho. As influências de Jimi Hendrix e outros grandes guitarristas o
levou a centrar fogo no Blues.
John Coltrane o aconselhou a aprender Jazz.
Trabalhou muito para estabelecer sua própria voz na guitarra num contexto de Free
Jazz. Após sair do colegial, aos 17 anos, despejou o talento em bandas de rock
e de jazz. Ficou assim até mudar para Boston em 1975.
Até 1978 esteve como figura criativa naquela
cidade. Em 1983 criou a própria gravadora e lançou o primeiro disco, com
participação do pianista Lowell Davidson. Entre 1989 e 1993 fez shows e gravou
com seu trio elétrico Sweatshop.
De 1994 em diante gravou em diversos selos,
além de liderar suas bandas. Tocou com Joe Maneri, Jim Hobbs, Steve Lantner,
Daniel Levin entre outros. Também ministrou aulas e workshops nos Estados
Unidos e Europa. Morris é conhecido por desempenhar o Jazz Sonny Sharrock Free.
Curioso que ele não usa distorção de som na guitarra, prefere o “som limpo”,
amparado em ricas harmonias. Seu último CD, Balance, saiu neste ano de 2014.
Jimmy Rogers ganhou fama por tocar na banda do
lendário Muddy Waters, além de escrever os hits: "That's All Right"
em 1950 e "Walking By Myself" dois anos depois. Com menos de 30 anos
abandonou o Show Bizz, voltando a gravações e turnês 20 anos depois. Nascido no
Mississippi, mas criado em Atlanta e Memphis, manteve o sobrenome Rogers, herdado
do padrasto.
Aprendeu a tocar gaita ainda criança, depois
passou para o violão e começou a tocar profissionalmente em St. Louis, com
Robert Lockwood Jr. Em 1947, ele e Muddy Waters e Little Walter começaram a
tocar juntos na banda Muddy Waters. O grupo definiu o estilo nascente Chicago
Blues, conhecido como South Side.
Escreveu vários hits para pequenas gravadoras
de Chicago, mas nenhum estourou. Só sentiu o gosto doce do sucesso na Chess
Records em 1950, com “That´s All Right”. O nascimento do Rock deixou o Blues em
segundo plano. Ele resolveu sair de cena do mercado artístico. Resolveu ganhar
dinheiro como motorista de táxi e dono de loja de roupas, incendiada durante os
protestos após o assassinato de Martin Luther King em 1968. Quando retornou ao
batente, Rogers gravou até morrer de câncer em 1997.
Outra boa cria do Blues foi Jimmy Reeds, nascido
no Mississippi em 1925. Marcou forte presença tocando guitarra e gaita, além de
colocar nas paradas vários hits na década de 1950. Foi o cantor mais bem-sucedido
deste estilo musical.
Os primeiro anos de sua vida sofreram as
influências de trabalhar na roça. Ficou amigo de Eddie Taylor e passou a cantar
na igreja e aprendeu a tocar guitarra. Na década de 1940 saiu do sul e foi
morar em Chicago, deixando a enxada para trás. Prestou serviço militar na
Marinha e no ano de 1945 estava de volta ao Mississippi. Conheceu Willie Joe
Duncan, que tocava guitarra com uma só corda.
Nessa época encontrou o amigo de infância
Eddie Taylor e passaram a tocar juntos em clubes da cidade até entrar na Vee
Jay Records em 1953. Dois anos depois estourou com o hit “You Don´t Have To Go”.
A porteira se abriu com as canções “Ain´t
That Lovin You Baby”, “You´ve Got Me Dizzy”, “Bright Lights, Big City”, “I´m Gonna
Get My Baby” e “Honest I Do”.
Duas de suas composições mais célebres: “Baby
What You Want Me To Do” e” Big Boss Man” viraram estimulantes para novas bandas
de Rock. Tudo isso se deve ao amigo Taylor, cuja esposa, Mama Reed, o ajudou a
escrever várias de suas canções e até cantava perto do ouvido, quando ele se
esquecia das letras durante as gravações. A jogada de Reed foi fugir do Blues
tradicional, deixando as melodias bem dançantes.
Epilético, ele driblava a insegurança das
apresentações ao vivo apelando para o álcool. Visitou a Europa na década de
1960, quando não estava bem. Aparecia bêbado nos shows. Caiu nas mãos do
mafioso Al Smith e passou a gravar na Bluesway Records. Porém passava a maior
parte do tempo em casa por causa da doença. Curioso é que ele morreu de
problemas cardíacos. Os Rolling Stones reconhecem sua influência no estilo da
banda tocar.
Falar de Blues sem citar John Lee Hooker é o
mesmo de desfrutar de lua de mel com ausência de sexo. Nos 94 anos encerrados em 2001, ele tocou
fogo no mundo da música, além de influenciar diversos artistas. Nascido numa
família grande no Mississippi teve as primeiras experiências musicais tocando
na igreja.
Para driblar a falta de dinheiro inventou um
equipamento derivado de uma câmara de ar ligada à porta do celeiro. Depois
grudou no padrasto e passaram a tocar juntos em bailes locais. Aos 14 anos
fugiu para Memphis e ali conheceu Robert Lockwood. Aos 16 anos resolveu ir para
Cincinnati, permanecendo dez anos naquela cidade.
Em 1943 já estava em Detroit, onde viveria
vários anos. Enquanto trabalhava como zelador durante o dia, passou a tocar de
noite nos clubes de Blues e bares próximos a Hastings Street. Desenvolveu um
estilo único de tocar guitarra, tornando sua música diferente. Três anos depois
gravou o primeiro disco, apenas com guitarra e fazendo percussão com os pés,
era o álbum Boogie Chillen, pela Modern Records. Vendeu mais de 1 milhão de
cópias.
Boa parte das primeiras canções de Hooker eram
solos, apenas alguns hits consistiam de duetos ao lado de Eddie Kirkland ou outro
guitarristas. O talento dele o tornava difícil de acompanhar. Por isso optava
por discos solo. O som limpo de sua guitarra era único.
Do final da década de 1940 até o início de
1950, Hooker produziu vários clássicos como “Crawling King Snake”, “In The Mood”,
“Rock House Boogie” e “Shake Holler & Run”. Porém teve prejuízo com as
gravadoras que lhe pagavam pouco dinheiro em direitos autorais. Passou a fazer
músicas usando outros nomes, mas os fãs sabiam que era ele. É desta época codinomes como: “ Johnny Williams, Sir
John Lee Booker, Delta John entre outros.
O sucesso o ajudou a fazer várias turnês,
entrando no circuito de R&B dos Estados Unidos, aumentando a popularidade.
Entrou na Vee Jay Records, de Chicago, deixando gravações solos de lado,
incluindo piano e outra guitarra nos seus discos. Produziu vários sucessos. Perto da década de
1960 passou a se apresentar em clubes e festas populares.
O começo da década de 1960 marcou seu crescimento
junto a jovens músicos de Pop e Rock, principalmente Rolling Stones. Vieram as
turnês no Exterior e lançamento de vários álbuns, inclusive pela Bluesway
Records. Continuou na mesma pegada nos de 1980. Em 1989 gravou o disco The
Healer, trazendo vários convidados e o célebre dueto ao lado de Carlos Santana.
Na velhice, Hooker gozou do título de estadista do Blues.
Em 1994 resolveu tirar o pé do acelerador e
passou a desfrutar dos bens que comprou com seus sucessos. No ano seguinte
gravou o disco Chill Out. Repetiu a dose em 1996 e 1997. Apesar dos agitos no
mundo do Blues, onde drogas pesadas estão sempre presentes, Hooker morreu
dormindo.
Quarenta anos foi o tempo de existência de
Otis Spann, outro bluesman nascido no Mississippi em 1930. Um dos melhores
pianistas desde gênero musical aprendeu a tocar quando criança. Primeiro no
grupo de louvor da igreja do padrasto. Aos 14 anos já tinha sua banda.
Spann foi outro brilhante pianista do Blues
Antes tentou carreira no futebol e boxe, porém
ao mudar para Chicago centrou forças no Blues, inclusive trabalhando com
Memphis Slim e Roosevelt Sykes. Aos 22 anos fez as primeiras gravações com
Muddy Waters e depois virou membro oficial da banda dele.
Em 1958 saiu numa turnê ao Reino Unido com
Waters e participou do Newport Jazz Festival. Antes de retornar aos Estados
Unidos esteve presente em diversos concertos na Inglaterra durante 1963 e 1964.
É dessa época o lançamento das faixas “Pretty Girls Everywhere” Stirs Me Up”,
com o guitarrista Eric Clapton.
A carreira solo começou na volta aos Estados,
soltando vários álbuns em gravadoras diferentes, incluindo Prestige e Bluesway.
Nesses discos ficaram evidente o notável talento ao piano, além de ótimas
letras e bons vocais, com apoio de Waters, James Cotton e SP Leary na bateria.
Poderia ter ido mais longe, caso um câncer não o matasse em 1970.
Magic Sam viveu pouco, mas deixou seu nome na galeria de grandes músicos do Blus
Luís
Alberto Alves
Samuel Gene Maghett é outra grande lenda do
Blues, nascido também no Mississippi em 1937. Seus pais não gostavam de música.
O incentivo para carreira veio do tio, Shakey Jake, cantor de Blues popular nas
ruas de Chicago. Com 20 anos conseguiu contrato na Cobra Records de Eli
Toscano, sele independente emergente.
Foi dele a idéia de criar o nome artístico
Magic Sam. Lançou o primeiro single “All Your Love” destacando o seu estilo de
tocar guitarra, estabelecendo um padrão para futuras gravações. Em 1959 foi
prestar Serviço Militar. Não gostou da experiência e fugiu do quartel. Acabou
preso seis meses.
Seis anos depois retornou aos estúdios para
gravar na Crash Records. Soltou o álbum West Side Soul pela Delmark Records.
Virou atrativo no circuito de rock de Chicago e depois de San Francisco. Nesse
disco estava a vibrante canção “Sweet Home Chicago”, depois regravada pelos
Blues Brothers. Poderia ter ido mais longe, caso não tivesse morrido aos 32
anos de ataque cardíaco em 1969. Dias antes estava negociando sua entrada na
Stax Records, que dois anos havia perdido Otis Redding num acidente de avião.
Elmore James é considerado o rei da guitarra slide
Luís
Alberto Alves
Elmore Brooks, depois conhecido como Elmore
James, nasceu no Mississippi em 1918. Foi muito influenciado por Robert Johnson
uma das lendas do Blues. É memorável seu primeiro disco lançado em 1951, quando
estava com 33 anos, Dust My Broom. Sua marca registrada era o jeito elétrico de
tocar guitarra.
A construção da carreira teve como base a
sólida amizade com Rice Miller (Sony Boy Williamson), no seu programa na rádio
KFFA, King Biscuit Time Show. Ele acompanhou Miller vários anos e através do
amigo garantiu o primeiro contrato de gravação. Usando o codinome Elmore James,
estourou nas paradas e despertou interesse nas gravadoras.
Logo depois mudou para Chicago e formou o
primeiro de várias bandas, Broomduster. Lançou discos para Modern Records,
subsidiária Flair e Meteor e em outros selos dos Brothers Bihari, além de
gravar um álbum na Chess Records e participar de gravações na Fire Records.
Aproveitou a onda incluindo diferentes
variações em cima do seu sucesso inicial “I Believe”, “Dust My Blues”, “‘The
Sky Is Crying”, além de hits como “Bleending Heart” e “Shake Your Moneymaker”,
adotadas mais tarde por Jimi Hendrix e Fleetwood Mac. Bandas de blues da
Inglaterra seguiram a mesma pegada de Elmore, principalmente Brian James, dos
Rolling Stones.
Infelizmente Elmore não viveu bastante para
desfrutar das homenagens que diversos artistas de renome lhe fizeram. Em 1963
um ataque cardíaco o matou quando estava na casa do primo Homesick James. Apesar
de ter vivido 45 anos, deixou grande influência em diversas bandas de rock.
Marlina Burgess é nome de batismo de Marlena
Shaw, nascida em 1944 em Nova York. Aos dez anos de idade fez a primeira
apresentação no famoso teatro Apollo. Talentosa, a mãe impediu inicialmente que
ela saísse em turnê com o tio, trompetista Jimmy Burgess.
Logo começou a trabalhar na região de New
Rochelle, virando cantora de Jazz e às vezes se aventurava nas paradas de Soul
Music. Em 1966, aos 22 anos, acabou descoberta pela Chess Records durante uma
apresentação no circuito do salão Playboy.
Sob batuta do produtor Richard Evans gravou
hits de sucesso como: “Mercy, Mercy, Mercy” e “Wade In The Water”. Em 1968 saiu
da Chess. Nos cinco anos seguintes trabalhou com Count Basie e entrou na Blue
Note Records em 1972, construindo sólida carreira de cantora de Jazz, lançando
vários discos.
Seu álbum mais
popular foi Who Is This Bitch, Anyway?
Em 1976 soltou o disco Just A Matter Of Time. Depois mudou para a Columbia
Records em 1977, estourando nas paradas com o hit “Go Away Little Boy”, remake
de “Go Away Little Girl, autoria de Steve Lawrence. Seu último single foi “Never
Give Up On You”.
Na década de 1990 assinou com a Concord
Records e melhorou suas aptidões no Jazz, aparecendo ao lado de artistas como
David Hazeltine e Chris Potter em Dangerous em 1996. Marlena também teve
canções incluídas num mix de David Holmes. Durante o final dos anos de 1990 e
início do século 21 realizou várias turnês nos Estados Unidos e Exterior.