Reportagens com clipes descrevendo histórias de artistas famosos,
principalmente de intérpretes da Black Music, além de destacar a importância do Blues no Showbiz.
A crítica reconheceu, embora tarde, o talento de Earl Hines
Earl Hines é
considerado o primeiro pianista do Jazz moderno, diferindo bastante dos
tecladistas da década de1920, inovando no estilo de tocar com a mão esquerda,
enquanto a mão direita, muitas vezes tocava oitavas. Fazia tudo isso, mas sem
perder o ritmo. Virou influência para Teddy Wilson, Jess Stacy, Joe Sullivan,
Nat King Cole e Art Tatum. É lembrado como compositor das inesquecíveis “Rosetta”,
“My Monday Date” e “And You Can Depend on Me”, entre outras.
Durante curto espaço de tempo, Hines tocou
trompete até se apaixonar pelo piano. O primeiro trabalho importante ocorreu
acompanhando o vocalista Lois Deppe na década de 1920. Depois foi para Chicago
para trabalhar ao lado de Sammy Stewart. Emendou parceria com Louis Armstrong
em 1926.
O ano de 1928 resultou em grande produção para
Hines, com ele gravando dez solos de piano, como “Blues in Thirds” e “57
Varieties”. Passou muito tempo trabalhando na orquestra de Jimmy Noone. Participou
de gravações junto à banda de Louis Armstrong, Hot Five, nos hits “West End
Blues”, “Basin Street Blues” e “Fireworks”.
Nos 20 anos seguintes, Hines participaria de
grandes bandas, inclusive montando o próprio grupo, que teve participação de
Dizzy Gillespie, Charlie Parker e Sarah Vaughan. Em 1948 juntou força com o
conjunto de Louis Armstrong, All-Stars. Três anos depois foi para Los Angeles e
San Francisco entrando na banda de Dixieland.
Para época, Hines tinha um estilo muito
moderno. Mesmo assim manteve a pegada ao lado de Muggsy Spanier, Jimmy Archey e
Darnell Howard. Na década de 1960, o mundo do Jazz o esqueceu. Em 1964, o
escritor de Jazz, Stanley Dance lhe propiciou a oportunidade de realizar três
concertos no Little Theater de Nova York, num solo e quarteto com Budd Johnson.
A crítica reconheceu a injustiça, pois percebeu que estava diante de um artista
criativo e com muita força. Até o final de sua vida, viajou mundo afora,
gravando dezenas de discos, deixando escrito para sempre o seu nome na galeria
dos gigantes da Black Music.
Eckstine foi pioneiro, como artista negro, gravar Blues românticos no estilo popular
Billy Eckstine foi o primeiro cantor negro a
fazer sucesso com música romântica na década de 1940. Isto repercutiu no estilo
de Sam Cooke nos anos de 1950 e 1960. São inesquecíveis suas canções “Prisoner
of Love”, “My Foolish Heart” e “I Apologize”. De Pittsburg, mas criado em
Washington DC, Eckstine começou a cantar aos sete anos de idade.
Logo começou a disputar prêmios nos shows de
caça talentos da época. Apesar de ter planos de ser jogador de futebol. Após
quebrar a clavícula, mergulhou de vez na música. No final dos de 1930 entrou na Orquestra de
Earl Hines. Devagar introduziu canções românticas, no estilo Blues.
Os primeiros
sucessos de Eckstine foram “Jelly, Jelly” e “A Jitney Man”. Em 1943 ganhou três
colegas de peso na orquestra: Dizzy Gillespie, Charlie Parker e Sarah Vaughan.
Não demorou em formar a própria banda naquele ano. Engordou o grupo com Wardell
Gray, Dexter Gordon, Miles Davis, Kenny Dorham, Fats Navarro e Art Blakey, além
dos arranjadores Tadd Dameron Gil Fuller. Era equivalente no futebol atual,
montar um time igual ao Barcelona da Espanha.
Para deixar sua marca no Show Biz, inovou
aumentando seus harmônicos vocais nas baladas normais. Apesar de cunho
modernista, nas turnês pela Europa, ele tocava trompete, trombone de válvula e
guitarra. Entrou nas paradas com as canções “A Home for Sale” e “Prisoner of
Love”.
Quatro anos depois teve de abandonar a banda,
com Gillespie formando seu próprio conjunto. Eckstine foi responsável pela
transição para baladas cheias de cordas com extrema facilidade. Em seguida
gravou vários hits, estourando na Europa as canções “No One But You” e “Gigi”,
além de dueto ao lado de Sarah Vaugh.
Voltou às raízes do Jazz ao gravar disco junto
com Count Basie, Sarah Vaugh e Quincy Jones em álbuns separados na década de
1960. É dessa época o lindo disco No Cover No Minimum, repleto de solos de
trompete. Lançou vários discos pela Mercury e List Records, aproveitando a
brecha do filho ser presidente da Mercury. Depois mudou para Motown. Gravou
pouco na década de 1970. O último disco, Billy Eckstine Sings With Benny
Carter, saiu em 1986. Seis anos depois o Blues o perdeu para sempre.
Outro grande gaitista de Blues foi Jerry “Boogie”
McCain. Também era um grande autor de letras engraçadas, que divertiu muitos
durante 40 anos de Show Biz. Exemplo disso são os hits “My Next Door Neighbor”
e “Trying to Please”. Nascido em 1930, no racista Estado do Alabama, Sul dos
Estados Unidos, ele começou a tocar aos cinco anos de idade.
Aos 23 anos, o grupo de Little Walter passou
pela cidade de Gadsden e ele se ofereceu como músico de apoio para um show numa
boate local. Abriu as portas para pouco tempo depois gravar o disco Boogie
McCain pela Lillian McMurrya Records. As canões “Stay Out of Automobiles” e “Love
to Make Up” mostraram que ele tinha muita lenha para queimar no Blues.
Em 1955 entra na Excello Records, de
Nashville, a terra da Country Music. É dessa época o álbum That's What They Want,
com o amigo Christopher Collins na guitarra. Ganharam destaque as músicas “Run,
The Uncle John!”, “Trying to Please” e a melosa “My Next Door Neighbor”. Até
1957 foi o melhor disco dele.
Cinco anos depois, na Rex Records, soltou as
canções “It is Sturdy, Stable”. Em 1962, usando como inspiração as músicas de
Floyd Cramer, Grady Martin e Boots Randolph, lança “Red Top e “Jet Stream”. De
1965 a 1968 lançou vários álbuns pela Stan Lewis Jewel Records.
Voltou ao sucesso em 1989, num disco lançado
pela Ichiban Records, Blues ´n´Stuff, depois Struttin ´My Stuff (1992) e
Desperate Love. Em 2000 soltou o CD This Material Only Kills Me para Jericho
Records, com participações de Johnnie Johnson, John Primer, Anson Funderburgh,
Jimmie Vaughan e percussão de Tommy Shannon e Chris Layton. Em 2002 lançou
American Roots: Blues pela Ichiban Records.
Sonny foi outra grande lenda do Blues, tocando gaita
Sem sombra de dúvida, Sonny Boy Willianson foi
outra grande lenda do Blues. Quando morreu, em 1965, já tinha tocado com lendas
como Robert Johnson e pego o começo de carreira de Eric Clapton, Jimmy Page e
Robbie Robertson. Enquanto esteve no Show Biz bebeu muito whisky, emendou
várias turnês por vários países, e teve um programa de rádio de sucesso durante
15 anos.
Durante a carreira se preocupou em escrever
belas letras, tocar e cantar. Seus hits eram repletos de humor mordaz e
composições autobiográficas. Acabou sendo único neste estilo. Tinha a fama de mal-humorado,
amargo e desconfiado. Nunca se soube com exatidão a data correta do nascimento
de Sonny. Para alguns foi 1899, outros citam 1897 ou 1909.
É desconhecido o período de sua infância no
Mississippi. É certeza que no início da década de 1930 ele começou a viajar
usando o codinome de Little Boy Blue, ao lado de talentos como Robert Johnson,
Robert Nighhawk, Robert Lockwood Jr., e Elmore James, parceiros de palcos em
inúmeras apresentações.
Até a década de 1940, Sonny era estrela de
King Biscuit Time of KFFA, o primeiro programa de rádio de Blues ao vivo no
rádio dos Estados Unidos. A estratégia do patrocinador, Interstate Grocery
Company, para aumentar as vendas do King Biscuit Flour, foi usar a foto de
Sonny, com ele segurando sua famosa gaita. Na época a proposta foi usar o nome
artístico: John Lee “Sonny Boy” Williamson.
Após a morte de John Lee
em Chicago, restou apenas o nome Sonny Boy. Aos poucos conquistou sucesso.
Porém ele não queria gravar nenhum disco, apesar de sua foto na embalagem do
biscoito contribuir bastante nas vendas. Não demorou em Lellian McMurray, da
Trumpet Records, encontrá-lo num internato e seduzi-lo a gravar um disco.
É quando surgiu o hit “Sonny Boy”, entre 1951
e 1954, com ele no auge da forma, com bastante fôlego para soprar sua gaita em
vários shows. O disco Sight for the Blind, que capturou a essência do Blues,
num de seus melhores momentos. Virou lenda a sessão de gravação dele com Elmore
James. Sonny na gaita e a bateria de James num dueto maravilhosos. A canção “Dust
My Broom” é o registro desse encontro.
Em duas ocasiões, Sonny foi morar em Detroit,
contribuindo com solos de gaitas nos álbuns de Baby Warren, Blue Lake e
Excello, em 1954. No ano seguinte virou moeda de troca entre gravadoras. Após
soltar um disco pela Johnny Vincent, foi para a Buster Williams e depois parou
na Chess Records.
Fixou moradia no norte dos
Estados Unidos e virou artista oficial da Chess, soltando o single “No Start Me
to Talkin” em agosto de 1955. Estourou nas paradas de R&B. Ao lado do
parceiro de longa data, Robert Lockwood Jr., lançou outro disco. O álbum
Lockwood´s resultou na combinação de Robert Johnson, repletos de ritmos e acordes
de Jazz, com a gaita de Sony em lindos vocais e guitarra de Lockwood comendo
solta por fora.
Quando secavam os shows em Chicago, ele corria
para Arkansas investindo forças no programa de rádio King Biscuit. Em 1963
viajou a Europa pela primeira vez para participar do American Folk Blues
Festival. Destacou-se em todos os shows. Ao término da turnê resolveu passar um
tempo na Grã-Bretanha. É dessa época o trabalho com The Yardbirds e Eric
Burdon. Resultado: estouro do hit “Help Me” na Europa.
Voltou aos Estados Unidos para gravar outro
disco na Chess. Em 1964, ao pisar na Europa pela segunda vez, acabou recebido
como herói. Gravou a canção “I'm Trying to do London My Home” ao lado do
guitarrista Jimmy Page. No ano seguinte estava no Mississippi para apresentar
pela última vez o programa King Biscuit.
Poucos sabiam que Sony retornará ao Sul dos
Estados Unidos para morrer. Contou com ajuda de amigos para visitar os locais
onde passou a infância, inclusive ficando uma tarde às margens do rio numa
pescaria. Após uma gravação com Ronnie Hawkins, da banda The Hawks, os rapazes
perceberam que Sonny passou a noite cuspindo numa lata de café. Ela se encheu
de sangue. Em 25 de maio de 1965, Sonny não apareceu aos estúdios para
apresentar o King Biscuit. Um ataque cardíaco o matou enquanto dormia.
Luther Allison, grande guitarrista norte-americano,
além de cantor e compositor, viveu na França desde 1980. Nesse período guardou
energias para apresentações em festivais de Blues até início da década de 1990.
Em 1994 entrou na Alligator Records, experimentando grande salto na
popularidade até sua morte em 1997.
Nascido em 1939, ele foi o 14º de 15 filhos de
um casal de produtores de algodão e de crianças também. Logo a família trocou o
Arkansas por Chicago. Onde Allison aprendeu a tocar órgão e cantar gospel na
igreja. Ali começou a gostar de Blues, principalmente dos programas musicais
que ouvia no rádio à noite.
Na sua mente ficaram gravadas as canções de BB
King. Mesmo trabalhando como vendedor de calçado em Chicago, não demorou em
Allison centrar forças em tocar blues na guitarra. Ela ficou de lado no período
em que estudou o Ensino Médio. Não demorou em aperfeiçoar as habilidades e
investir na técnica vocal cheia de Soul Music.
Mas foi quando morava na Zona Oeste de Chicago
que Allison percebeu que iria se tornar um Bluesman de tempo integral. Começou
a entrar em contato com feras do porte de Jimmi Dawklins, Freddie King, Sam
Magic e Otis Bush. Depois se mudou para a Zona Sul, vivendo a poucos quarteirões
de Muddy Waters, com ele virando grande amigo do seu filho, Charles.
Logo aprendeu, aos 18 anos, os acordes básicos
do Blues e obteve mais experiência ouvindo pessoalmente Muddy Waters, Elmore
James e Howlin ´Wolf, entre outros. A
primeira chance veio com Bob Koester na pequena Delmark Records, onde lançou o
primeiro álbum Love Me Mama, em 1969.
Em seguida passou a participar de festivais
até 1971. Logo a crítica começou a prestar atenção no seu modo de tocar. Em
1972 entrou na Motown Records. Ganhou fãs entre simpatizantes do Rock, pois ele
tocava igual o falecido Jimi Hendrix, morto há pouco tempo. Inclusive seus
shows não duravam menos de quatros horas.
Embora seus álbuns na Motown não tenham
estourando, seus discos chegaram à Europa e Japão. Allison foi um dos poucos
artistas do Blues a gravar na Motown. Até 1980 ele permaneceu na Europa, onde
lançou o álbum Love Me Papa para uma gravadora de Blues francesa.
Fixou moradia ao redor de Paris e passou a se
apresentar no circuito entre França e Alemanha. Nos Estados Unidos só voltava
para poucos shows em festivais de Blues. A grande jogada de Allison foi
adicionar toques de Rock, Soul, Reggae, Funk e Jazz ao modo de tocar Blues.
Para se entender essa magia é bom ouvir os dois primeiros álbuns lançados pela
Alligator Records: Soul Fixin ´Man e Blue Streak.
Nesses dois discos são nítidos os dotes de
compositor, além de bem produzidos e gravador. Outra dica é uma reedição de
1992, do álbum Love Me Papa. Em 1996, a Motown soltou alguns dos três discos
que ele gravou na casa, entre 1972 e 1976. Allison continuou fazendo shows,
repleto de energia e suor, até julho de 1997, quando descobriu um câncer no
pulmão. Trinta dias depois morreu, desfalcando o Blues de um grande talento.
Em 1998 chegou ao mercado um álbum trazendo o
que seria o último show, gravado em La Reunion Island, em abril de 1997.
Produzido pelo amigo Thomas Ruf, o CD saiu para Ruf Records em 2007.
King foi o primeiro artista negro a montar uma banda integrada, no período de forte segregação racial nos EUA
O auge do guitarrista Freddie King foi
no começo da década de 1960, com uma séria de hits instrumentais, que serviram
de tapete para outros colegas Bluesman e bandas de rock. Tocando apenas com o
polegar, estourou nas paradas de sucesso, provocando impacto como BB King.
King foi um dos primeiros artistas do Blues a
ter coragem de montar uma banda racial integrada, numa época não existiam
conjuntos onde brancos e negros tocavam juntos, por causa da violenta
segregação racial existente naquela época nos Estados Unidos.
Influenciado por Eddie Taylor, Jimmy Rogers e
Robert Lockwood Jr., King moldou os gostos de Eric Clapton, Mick Taylor, Stevie
Ray Vaughan e Lonnie Mack, entre vários artistas britânicos e norte-americanos.
Nascido e criado em Gilmer, Texas, ali
aprendeu a tocar guitarra na infância. Teve como professores a mãe e o tio.
Após pegar os macetes do Blues acústico, na adolescência foi contaminado pelo
estilo de Chicago. Em 1950, aos 16 anos, mudou com a família para aquela cidade
e ali passou a frequentar clubes de Blues, ouvindo músicos como Muddy Waters,
Jimmy Rogers, Robert Lockwood Jr., Little Walter e Eddie Taylor. Não demorou e
formou a própria banda, a The Blues Every Time Boys.
Depois passou a tocar em gravações da Chess
Records, assim como trocar figurinhas com a rapaziada dos The Blues Cat do
Earlee Payton e o pequeno grupo de Sonny Cooper Band. Só a partir de 1957,
quando gravou “Country Boy”, para o selo independente El-Bee, que não chamou
atenção da crítica.
Em 1960 entrou na Federal Records, subsidiária
da King Records, lançando o single “You Have to Love it With Feeling”. No final
daquele ano, o hit entrou nas paradas Pop. Depois soltou “Hide Away”, que seria
sua marca registrada, depois regravada por outros artistas. O ano de 1961
marcou a chegada do single “I Love The Woman”, outro grande sucesso. No
decorrer da década de 1960, “Hide Away” entrou no repertório de várias bandas
de Blues e de Rock em todos os Estados Unidos e Reino Unido.
Para valer, o seu primeiro álbum apareceu
ainda em 1961, Freddie King Sings, seguindo mais tarde de Let´s Go Hide Away e
Dance Away With Freddy King: Strictly Instrumental. Nesse período soltou várias
canções instrumentais, incluindo “San-Ho-Zay”, “The Stumble” e “I´m Tore Down”,
essa última virando grande clássico do Blues em todo o mundo.
Freddie King ficou na King Records até 1968,
quando soltou o segundo álbum instrumental: Freddy King gives you a Bonanza
instrumental em 1965, sem nenhum dos singles ganhar as paradas com intensidade.
Mas sua influência acabou captada por diversos guitarristas do rock, entre eles
Eric Clapton, que fez de “Hide Away” seu número de vitrine nos shows.
O final de 1968 marcou a entrada de Freddie na
Atlantic Records que havia se separado do Cotilion, liberando o passe dele.
Dois depois Curtis King produziu seus dois discos naquele selo. Entrou na
Shelter Records e lançou três discos, vendendo muito bem. Seus shows ficaram
mais populares entre amantes do Blues e Rock.
O ano de
1974 marca a chegada à RSO Records, soltando ali o álbum Burglar, produzido e
gravado por Eric Clapton. Após o lançamento fez turnê por todos os Estados
Unidos, Europa e Austrália. Em 1975 veio o disco Larger Than Life. Durante 1976
Freddie realizou várias apresentações. Porém sua saúde começou abandonar seu
corpo. No final daquele ano o coração o matou, com apenas 42 anos. Mas o estilo
de tocar Blues continuou nos ouvidos e mentes de Bluesman e roqueiros décadas
após sua morte.