Durante muitos anos, o paulistano Bebeto foi considerado cópia do carioca Jorge Benjor. Talvez por causa do balanço, de investir no samba-rock ou sambalanço como o gênero é conhecido no Rio de Janeiro. A semelhança entre ambos é coincidência. Assim como o Babulina, Bebeto também jogou num time de massa: ele teria participado das equipes dos juniores do Corinthians na década de 1960. Mas preferiu apostar na música.
Seus shows têm muita adrenalina. É amparado numa boa equipe de músicos, principalmente de sopro (sax, trumpete e trombone). A percussão não deixa o ritmo cair, além de incendiar seus fãs com uma guitarra bem nervosa. O auge de Bebeto foi entre 1970 e 1985.
Nesse período, emendava um sucesso atrás do outro. É dessa época o hit "Nega Olivia": "Nega Olivia/ uma nega incrível surgiu na minha vida/estava eu de bobeira/no entanto amei tanto essa nega, que não foi brincadeira.." Essa faixa ajudou vender muitas cópias do LP "Esperanças Mil", além de frequentar muitos bailes e aquecer diversos namoros, de quem já passou hoje dos 40 anos.
Logo depois sapecou outro sucesso. Da parceria com Luiz Vagner surgiu "Segura a Nega". A letra era bem incisiva, como a maioria dos sambas-rock ou sambalanço, conhecido pelos cariocas. "A gente pra viver bem nesse mundo/tem que ser um pouco mais inteligente/como já dizia a minha velha avó/macaco velho não põe a mão em cumbuca/com o meu avô eu aprendi/que não se cutuca a onça com a vara curta/mas quando a minha mãe vinha me dizer/pra tomar cuidado com esse mundo louco/eu não quis ouvir/eu não quis ouvir/só fui ouvir um tio malandro que eu tenho/quando ele me dizia/como é que é meu/segura a nega/segura a nega/segura a nega viu.."
Mesmo sem suas músicas tocar muito nas rádios, Bebeto sempre teve facilidade de fazer seus hits estourar nos bailes populares, principalmente os realizados nas periferias de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Belo Horizonte. Assim ocorria o processo inverso, do ouvinte ligar para a rádio pedindo para tocar determinada música, que já estava na boca de parte da população.
Por volta de 1975, ele compôs "Adão Você Pegou o Barco Furado". A letra é uma homenagem ao meio campista Adãozinho que jogou muitos anos no Corinthians, mas nunca conseguia se firmar no time titular. Mesmo assim foi campeão em 1977, espantando os terríveis 23 anos de jejum de títulos. Nessa composição, Bebeto não esquece do médio volante Tião, que entrou na equipe corintiana na década de 1960.
Com esse hit, continuou na boca da massa. Novamente é o balançante samba-rock em ação. A década de 1980 continuou boa. O toque de bola do Flamengo, que conseguiu ser campeão carioca, brasileiro, libertadores e Mundial no Japão, serviu de fonte de inspiração para o hit "Flamengão". "É/ esse time é que nem aquele/é o time do povo/ hei.. Flamengão/ não bate nessa bola com desprezo/ toca nela com razão/ igual a você com muita fé e coragem/ existe mais um o alvinegro do parque/na cidade mar você quem manda em tudo/Flamengo, Brasil/você é grande no mundo/ Flamengão/o toque de bola desse time é um encanto/só existe gênio nesse meio de campo/Adílio de um lado, Carpegiani do outro/Manguito, becão batendo até no pescoço/na frente rei Zico, com toque desconcertante/lançou o Cláudio Adão que colocou no barbante/Flamengão.."
Em 1985 emplacou "Menina Carolina", um misto de samba-rock com pitada de funk dos Estados Unidos. Nas suas apresentações, essa música virou presença obrigatória. A letra é curta, mas a melodia amparada num bom arranjo garantiu o dinheiro dos direitos autorais para dupla Bedeu e Leleco Telles. Desse período em diante, Bebeto passou a viver do flash back de suas músicas. Ou seja, amarrou o burro na sombra, como já fez grande parte dos cantores brasileiros.