A Steel Pulse continua com a mesma energia política de 38 anos atrás |
O ano de 1975 marcou a criação da banda de Reggae Steel Pulse. Tudo começou quando três rapazes descendentes de imigrantes jamaicanos, do bairro negro de Handsworth, na Grã Bretanha, resolveram colocar para fora suas frustrações, usando como canal a música. Nascia a Steel Pulse, uma das bandas mais admiradas pelos simpatizantes do Reggae em todo o mundo.
O grupo era formado pelo baixista Ronald McQueen e os guitarristas Basel Gabbidon e Dave Hinds. As letras descreviam a situação de quem residia na periferia britânica, pois na época era comum confrontos com a polícia e os moradores do local, além de um sistema educacional decadente e alta taxa de desemprego.
Em vez de escolher o crime como válvula de escape como ocorre em diversos países emergentes e em alguns de Primeiro Mundo, a rapaziada da Steel Pulse canalizou as energias para a música, e de qualidade. Era preciso manter o espírito em alta e a consciência quanto às sacanagens feitas pelo governo contra a minoria negra. Estavam preparando o terreno para reinado da Primeira Ministra Margareth Thatcher que assumiria o comando da Inglaterra em 1979 e aniquiliria o mínimo de conquistas que os trabalhadores e minorias tinham obtido nos anos anteriores.
Quando a terra é fértil, as sementes nascem e crescem rapidamente. Logo a banda Steel Pulse ganharia o reforço do tecladista Selwyn Brown, o baterista Steve Nisbett, o percussionista Alphonso Martin e o cantor Michael Riley. Durante três anos ensaiaram e lutaram por shows, fazendo covers de Burning Spear, Gladiators e Bob Marley, que se encontrava no auge.
O problema da Steel Pulse era encontrar locais para tocar. Visto que muitos clubes negros fechavam suas portas, por causa da má fama dos simpatizantes dos rastafaris. O curioso é que as melhores oportunidades vieram do movimento Punk, que na época abalavam as estruturas da indústria nacional britânica e do governo do Reino Unido.
Como estratégia de sobrevivência, alinharam-se à organização Rock Against Racism e coloram os pés no primeiro festival de música no começo de 1978. Escolheram fazer turnê com simpatizantes do movimento Punk, como The Stranglers, XTC, The Clash e The Police. Logo chamaram a atenção da Island Records, gravadora que apostou no talento de Bob Marley.
O primeiro lançamento da Steel Pulse foi o álbum Handsworth Revolution, centrando fogo na Ku Klux Klan, considerado um dos males do racismo nos Estados Unidos durante várias décadas. Era um dos principais marcos na evolução do reggae britânico, com apoio do produtor Peter King.
Por causa das letras engajadas, a Steel Pulse passou a abrir shows para Bob Marley em turnês pela Europa. A crítica adorou. O gerente da Island Records, Tom Terrel virou peça fundamental para planejar a estreia da Steel Pulse nos Estados Unidos na noite do funeral de Bob Marley, transmitido ao vivo para todo o mundo em 21 de maio de 1981.
Assinaram contrato com a Elektra Records e lançaram coleção consistente de canções desde o álbum Handsworth Revolution with True Democracy. Porém, a Elektra escolheu o caminho de tentar tornar a Steel Pulse mais popular, sugerindo que eles tocassem o Reggae água com açúcar, numa postura Pop/Reggae, estilo Eddy Grant. Seria como pedir para Martinho da Vila fazer samba "mela cueca" como ocorre com diversos grupos de pagodes atuais.
Gravaram o disco Babylon The Bandit, enfraquecido por um som mais comercial. Mas como grandes guerreiros incluiram a canção de protesto "Not King James Version" sobre a omissão do povo negro em diversos relatos em algumas versões da Bíblia. Como o fato de apresentar Jesus Cristo, os discípulos e outros profetas da Bíblia como homens loiros e de olhos azuis, quando na verdade não é essa a realidade escrita nos documentos originais em aramaico e hebraico. O próprio menino Davi, depois rei de Israel, era ruivo.Resultado: a Steel Pulse foi o primeiro e único grupo de Reggae britânico a ganhar o prêmio Grammy.
Depois mudaram para a MCA Records. Por questão mercadológica mantiveram algums detalhes da época de Elektra Records. Lançaram o álbum Rastafari Centennial, gravado ao vivo no Elysee Montmartre, em Paris, e dedicado ao aniversário de cem anos de nascimento de Haile Selassie (segundo os rastafaris, ele seria descendente do filho de Salomão com a rainha de Sabá). Era o primeiro trabalho desde a saída do percussionista Alphonso Martin da banda.
Depois mudaram para a MCA Records. Por questão mercadológica mantiveram algums detalhes da época de Elektra Records. Lançaram o álbum Rastafari Centennial, gravado ao vivo no Elysee Montmartre, em Paris, e dedicado ao aniversário de cem anos de nascimento de Haile Selassie (segundo os rastafaris, ele seria descendente do filho de Salomão com a rainha de Sabá). Era o primeiro trabalho desde a saída do percussionista Alphonso Martin da banda.
Enfrentaram críticas injustas de fãs do reggae britânico nos Estados Unidos. Mas a Steel Pulse continuou a crescer, como a primeira banda deste estilo musical a aparecer no programa de televisão The Tonight Show. Em 1992 colocaram mais pimenta no molho quando desafiaram a Comissão de Justiça de Nova York, afirmando que os motoristas de táxi negros eram discriminados por causa de sua crença Rastafari. Antes em 1989 contribuiu com a trilha sonora do filme de Spike Lee, Faça a Coisa Certa.
O ano de 1994 marcou a presença da banda em alguns dos maiores festivais de Reggae no mundo, como Reggae Sunsplash (EUA), Sunsplash Jamaica, Japão Splash e Northen California Reggae. Em 1997 lançou o disco Rage and Fury, com letras bem politizadas. O hit "The Terrorist Real" descreve a política clandestina da agência de espionagem norte-americana, a CIA. A canção "Black and Proud" fala dos avanços do Pan-africanismo. O guitarrista Dave Hinds, um dos fundadores da Steel Pulse ressalta que a proposta de suas músicas é abrir os olhos da população, principalmente dos jovens, que atualmente são presas fáceis das drogas e crimes, por falta de educação de qualidade.
Em 2004, a Steel Pulse retornou às raízes como militantes do Holocausto Africano, o 11º disco da banda. Participaram Damian Marley, Capleton e Tiken Jah Fakoly. O álbum é uma coleção de canções de protesto e espiritual, incluindo a faixa "Global Warning", terrível aviso sobre a mudança climática. A composição " Tyrant" critica a corrupção política (tão comum em diversos países, inclusive no Brasil) e o hino pacifista " No More Weapons".
O ano de 1994 marcou a presença da banda em alguns dos maiores festivais de Reggae no mundo, como Reggae Sunsplash (EUA), Sunsplash Jamaica, Japão Splash e Northen California Reggae. Em 1997 lançou o disco Rage and Fury, com letras bem politizadas. O hit "The Terrorist Real" descreve a política clandestina da agência de espionagem norte-americana, a CIA. A canção "Black and Proud" fala dos avanços do Pan-africanismo. O guitarrista Dave Hinds, um dos fundadores da Steel Pulse ressalta que a proposta de suas músicas é abrir os olhos da população, principalmente dos jovens, que atualmente são presas fáceis das drogas e crimes, por falta de educação de qualidade.
Em 2004, a Steel Pulse retornou às raízes como militantes do Holocausto Africano, o 11º disco da banda. Participaram Damian Marley, Capleton e Tiken Jah Fakoly. O álbum é uma coleção de canções de protesto e espiritual, incluindo a faixa "Global Warning", terrível aviso sobre a mudança climática. A composição " Tyrant" critica a corrupção política (tão comum em diversos países, inclusive no Brasil) e o hino pacifista " No More Weapons".
Seis anos depois soltaram o single " Hold On 4 Haiti", com 100% dos direitos autorais destinado àquele país, o primeiro a se tornar independente nas Américas e hoje o mais miserável do mundo. O dinheiro é para colocar energia elétrica nas clínicas de saúde por meio do fundo solar Electric Light and Partners In Health. A canção está disponível para dowload exclusivamente no holdon4haiti.org.Decorridos 38 anos de estrada, a Steel Pulse continua em turnê e trabalhando para o novo álbum que será lançando agora em 2013.