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#BMW - Morre #QuincyJones, o gênio da produção de grandes discos

Luís Alberto Alves/Hourpress

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

David Mensah: a Black Music do Reino Unido

David Mensah é imagem da ruas de Londres na década de 1980. Naquela época o Reggae enchia e emocionava os ouvidos daquele menino que memorizava rapidamente a batida do ritmo nascido na Jamaica e divulgada mundo afora por Bob Marley.

O que mais pegava era marcação do baixo e alegria transmitidas pelas canções. Não demorou para a música tornar-se algo vital para a vida de Mensah. Logo quando estourou um movimento no País de Gales essa fusão inebriante de Nirvana e Blur ganhou grande efeito adicionada com doses de Soul nas vozes de Mary J. Blige, Jodeci e outros artistas populares.

Para não fazer feio, Mensah resolveu estudar canto na escola  Patrick Jean Paul Dean. Sob a batuta de Patrick e Dean ele se tornaria grande intérprete, inclusive ganhando o Prêmio de Melhor Disco Gospel de 1999.

Desenvolveu seu som singular, mistura de Soul melódico, colorido com grandes doses de sensibilidade e sedução. Os anos de estudo e técnica de canto valeram a pena. Ao sair da escola, sua carreira começou a decolar. No grupo Dark Roses estourou com o single "I Like The Girls", tornando grande sucesso no Reino Unido. Foi a porta de entrada para a Universal Music. O clipe da canção invadiu as emissoras de televisão. A partir dai não precisa contar o ocorreu depois.

Em abril de 2008 lançou o CD solo Food of Love, compilação do álbum A Change is Gonna Come, gravado para comemorar o aniversário de 200 anos da abolição da escravatura na Europa. Neste CD esteve ao lado de artistas como Billy Ocean, o vencedor do Grammy, Junior Giscombe, Ruby Turner, Janet Kay entre outros. O dinheiro arrecadado foi doado para instituições de caridade. O CD vendeu 30 milhões de cópias no Reino Unido.

Após o lançamento do CD Food of Love, um sampler do hit "My Day" estourou nas rádios da Europa, atraindo o interesse de vários críticos. Canções de Mensah passaram a ser ouvidas em todo o continente europeu, América e África. Recentemente ele gravou "Close to My Roots".

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Mighty Sam McClaim: outro "tiozinho" do Blues

Mighty Sam McClaim nasceu em 1943, em Monroe, Lousiana. A partir dai nunca mais a Black Music foi a mesma, pois acabou indicado ao Grammy, diversas vezes, como cantor de Blues.

Aos cinco anos de idade começou a cantar na igreja frequentada por sua mãe.

Com 13 anos saiu de casa e seguiu o guitarrista de R&B Little Melvin Underwood. Dois anos depois virou vocalista.

Enquanto cantava no Clube 506, em Pensacola, Flórida, acabou apresentado ao produtor e DJ Papa Don Schroeder e em 1966 soltou a voz numa versão cover de Patsy Cline "Sweet Dreams". Depois vieram diversas gravações no Muscle Shoals com singles como "Fannie-May", "In The Same Old Way". Durante 15 anos, primeiro em Nashville, a meca do Country, no Tennessee; depois foi para Nova Orleans. Na década de 1980 gravou um disco ao vivo no Japão, que contou com a ajuda de Wayne Bennett.

No começo da década de 1990, mudou-se para Nova Inglaterra por causa de sua participação no projeto "Hubert Sumlin Blues Party". Isto o levou a ficar próximo de Joe Harley, resultando nos hits "Give It Up To Love" e "Keep On Movin". Em 1998 lançou os álbuns Journey e Joy and Pain. No ano seguinte assinou contrato com a Blues Telarc, do seu antigo produtor Joe Harley, e ali gravou o Prêmio de Música Blues em 2000.

Antes, em 1996, criou a McClaim Productions após o sucesso dos discos co-produzidos com Joe Harley. Depois fundou sua própria gravadora, a Mighty Music, onde lançou o disco One More. Doze anos depois juntou-se com outros artistas num projeto para arrecadar fundos aos desabrigados. Também escreveu com o saxofonista Scott Shetler o hit "Show Me The Way". Continua neste projeto, às vezes realizado em Nova York ou em Washington DC.

Para não sossegar o facho, em 2009 gravou um álbum de duetos com a cantora iraniana Mahsa Vahdat. O CD alcançou grandes posições na Europa. Em 2011 gravou o CD One Drop na Noruega. A idade ainda o mantém na ativa, para o bem do Blues.

Chrisette Michele: a primeira-dama em dor de cotovelo da Soul Music

Ouvir a voz sensual da cantora Chrisette Michelle é algo fascinante. Seu primeiro Disco de Ouro veio com o hit "I´M". Ela é descrita como uma songbird soulful pela revista Entertainment Weekly. Indicada em dois Grammy, já é sucesso de crítica. Gosta de desafios. Quando partiu para o segundo CD não hesitou em investir novas canções, de estilo mais ousado, jovem e urbano.

Diversos compositores talentosos, incluindo Ne-Yo, a ajudaram a incrementar seu estilo Jazz vocal com mais Pop. Saiu da inclinação tradicional para maior integração com Hip-Hop e Soul. Michele percebeu claramente o nível que estava entrando. O hit "Epiphany (I´m Leaving) a ajudou a expandir sua praia musical.

Essa faixa título, trabalhada por Ne-Yo e Chuck Harmony, é a música de fossa, mas bonita que revela a miséria emocional por trás do sorriso lindo de Michele. Se fosse no Brasil, descontadas as proporções, era uma Ângela Maria cantando suas célebres composições de dor de cotovelo.

O público pode esperar que ela vai ficar mais díficil em relação ao repertório, pois nada melhor do que ouvir algo como o Soulful "Blame It on Me". Balada que revela as lindas cores do Soul. Também carregada de palavras de fossa, para mexer com o fundo do coração. Chuck sabe como produzir canções desse naipe, pois faz para Mary J. Blige, Janet Jackson e Celine Dion. No caso dessa última é só lembrar da trilha sonora do mega-sucesso de Hollywood "Titanic".

Desde o lançamento do single "I´M", Michele mergulhou numa séria louca de turnês, ao lado de sua banda e outros cantores de R&B, como Raheem DeVaughn e Solange Knowles. Reconhece o valor dessa maratona na carreira. Visto que cantar em estúdio é diferente de fazer o mesmo no palco, com a plateia bem perto, numa hora que não se pode vacilar. O pessoal pode ver a mistura de Rock com Hip-Hop quando soltou a voz no hit "Another One". Parece que o dedo de Ne-Yo já entrou na histórica musical de Michele.

 

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Little Milton: outro grande talento da Stax Records

De algo ninguém poderá reclamar de Little Milton Campbell: nunca se contentou em ficar parado. Até morrer em 2005 realizou 1.953 gravações para a Sun Records, de Sam Phillips que revelou Elvis Presley na década de 1950. Depois foi para East St. Louis e Chicago, passou por Memphis e assinou contrato com a Stax em 1971, gravadora lendária por apresentar ao mundo Otis Redding e ser um dos berços da Soul Music.

Nascido em Inverness, Mississippi, em 1934, e crescido em Greenville, ficou conhecido por causa do apelido do pai, "Big Milton", que em português seria Miltão. Aos 12 anos aprendeu a tocar guitarra e três anos depois colocou os pés no mundo para trabalhar com Sonny Boy Williamson, entre outros.
Logo a Sun Records o descobriu, um ano após ter encontrado Elvis Presley, por meio de Ike Turner. Ele era olheiro em busca de ganhar dinheiro por meio de novos talentos. Fez isto com Little Milton. O primeiro hit dele foi "Somebody Told Me", numa variação primitiva da canção "Woke Up This Morning", de BB King. Vendeu poucos discos, porém o hit "I´m a Lonely Man" chamou a atenção do público. Em 1961, o sucesso dessa canção o levou para Checker Records.

Três anos depois estourou nas paradas com a versão cover de Bobby Bland "Blind Man". O segredo foi reduzir a batida e dar um molho que Bland não conseguiu na primeira gravação. Foi o suficiente para aumentar o cartaz em nível nacional, embora alguns críticos o chamassem de imitador de Bland. Porém o lançamento das composições "We´re Gonna Make It" e "Who´s Cheating Who" calou a boca dos fofoqueiros. Deixou ser chamado de clone.

Ao lado do produtor Billy Davis fundiu Blues e Soul, com o molho Little Milton. Isto tornou-se visível em 1967 na versão de Lightnin ´Hopkins "Feel So Bad". Quatro anos depois assinou coma Stax Records e ali sua guitarra ganhou destaque. Gravou vários hits de sucesso, como "That´s What Love Will Make You Do" e "Walkinh the Back Streets and Crying". Com total controle sobre seus dois álbuns " Waiting for Little Milton e Blues n´Soul, duas grandes obras primas de quem gosta de Blues. Neles, Milton aparece como grande vocalista.

                     

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Thom Bell: um dos maiores produtores da Soul Music


Thom Bell é um dos maiores compositores do século passado. Da maioria dos grandes sucessos das décadas de 1960 e 1970, grande parte partiu de suas mãos. Nascido na Jamaica, em 1941, logo mudou-se para a Filadélfia, onde estudou música clássica na adolescência. Aprendeu a tocar diversos instrumentos e pretendia tornar-se um maestro de canções clássicas.

Mas nada saiu como planejou. Aos 22 anos tornou-se gerente das turnês de Chubby Checker que estourava nas paradas com o hit "The Twist".  Não demorou para ser abordado e criar uma versão de Filadélfia Motown na Cameo Records. Assinou contrato e produziu o primeiro show do grupo Delfonics, em 1968, cujo o líder era vocal era Major Harris.

O trabalho rendeu os hits "La La Means I Love You" e "I Don´t Blow Your Mind, no ano seguinte. A tarefa de Bell era definir um estilo de produção e arranjos, pois todos já o conheciam por sua organização e precisão. Vinha ao estúdio com um som na cabeça e batalhava para os músicos atingirem a perfeição. Apesar da exigência, Bell foi inovador e criou arranjos originais com instrumentos estranhos, como cítaras e fagotes.

Enquanto o seu trabalho tinha uma dívida com o som da Motown da década de 1960, ele levou a Soul Music a um nível novo e diferente e tornou-se modelo para dezenas de artistas ao longo dos anos de 1970. Muitos produtores acabaram se espelhando em Bell. É dele a produção do primeiro disco dos Stylistics, considerado por muitos com um dos maiores álbuns de Sweet Soul de todos os tempos.

Ao lado da letrista Linda Creed, surgiram clássicos como "Betcha By Golly Wow" e " You are All". Contribuiu com The O´Jays", depois vieram Spinners, com a balada "I Go Be Around", " Could It Be I Can´t in Love". Do período 1972/77, Bell na parceria com Kenny Gamble e Leon Huff, criadores do inesquecível Som da Filadélfia, sua mão estourou em vários hits. Ele se estabeleceu definitivamente como compositor, produtor e arranjador. O maior da Soul Music.

Depois produziu discos para Billy Paul, Dyson Ronnie e Johnny Mathis. Até o roqueiro Elton John o chamou. Na década de 1980, por causa da doença da mulher, mudou-se para Washington e reduziu o ritmo de trabalho. Mesmo assim colaborou com discos de Deniece Williams, Temptations e Phyllis Hyman. Na década de 1990 foi viver numa ilha e passou a trabalhar menos. Mesmo assim ainda conseguiu produzir os CDs de Peabo Bryson e Jeffrey Osborne, que não se concretizou.  Bell se ausentou do mercado musical, mas suas canções ainda continuam nas paradas, porque são sucessos eternos.

Ledisi: a voz que massageia os nossos ouvidos

Ledisi é uma das grandes vozes da atual Black Music. É dinâmica e transforma um show numa grande energia cheia de alegria. Ela continua crescendo, apredendo e desenvolvendo para oferecer, cada vez mais, o melhor.

 Anos atrás, Ledisi estava na casa de Steve "The Scotsman" Harvey, em Malibu, quando a ouviu cantar alguns trechos de "Get Outta My Kitchen" e todos ficaram fascinados com sua voz.

A gravação do álbum "Soulsinger" veio para comprovar que Ledisi não era nuvem passageira. Principalmente após o lançamento do hit "Feeling Orange But Sometimes Blue". Quando se apresentou no Madison Square Garden, em Nova York, como parte de homenagem a Luther Vandross, ela deixou todos boquiabertos.

Depois veio outra apresentação, dessa vez homenageando Phyllis Hyman e ela soltou sua linda voz em "Sophisticated Lady, num dueto lindo com o saxofonista Everette Harp.

Em 2004 ela se apresentou, como parte de um tributo a Nina Simone e outra vez o público teve pedir bis. Naquele show e em fevereiro de 2005, fez outro dueto inesquecível ao lado do compositor/produtor Gordon Chambers, na canção "Trouble In Mind". Sem sombra de dúvida, Ledisi é a cantora mais soulful que a Black Music já teve: é honesta, autêntica e verdadeira musicalmente.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Susan Marshall: herdeira da Soul Music de Memphis


Os estúdios da Stax Volt, em Memphis, marcam o local do nascimento do Rock e Soul. Dali saíram lendas como Otis Redding, Al Green, Aretha Franklin e lógico Elvis Presley. É desse berço maravilhoso da música que saiu Susan Marshall. Enquanto no Norte dos Estados Unidos, o som liso e polido da Motown ganhava vários admiradores, no Sul, o som rude e pesado da Stax Volt fazia escola.

Não demorou para Susan ganhar fãs como Lenny Kravitz, Cat Power entre outros. A revista Rolling Stone conheceu a história de Susan num tributo a Gram Parsons, onde desfilaram Keith Richards, Steve Earle, Norah Jones e Dwight Yoakam. O prêmio foi para Susan. Todos ficaram surpresos com o potencial artístico dela.

Criada em Memphis, Marshall passou seus anos de formação absorvendo as influências ricas musicais,  flutuando ao norte do delta do Mississippi e para o oeste de Appalachia. Nascido com uma voz tão imaculadas, alguns reconhecem ser um presente de Jesus. Ela absorveu como uma esponja, permitindo que a fumaça Groove alcance a profundidade.
A formação clássica ajudou Susan a ficar seis anos na Broadway, cantando Opera, porém ficava um pouco presa pelas restrições do mundo desde tipo de canções. Não demorou para voltar a Memphis, onde liderou uma banda de rock no começo dos anos 90. Assinou contrato com a Warner Bros, numa filial do selo East West. Conseguiram colocar nas paradas o hit "Put The Blame on Me".

A passagem por Nova York deu confiança em cima do palco e logo pôs os pés na estrada. No final da década de 1990, aprimorando suas habilidades no piano, Susan deu vazão a veia criativa. O resultado final saiu em 2002, com o CD Honey Mouth. A partir dai refinou-se como compositora, inspirando em estilos do passado. Os vocais crescentes a fizeram brilhar cada vez mais. Em vez de cantar, ela serve a música aos fãs.

No ano de 2006, ao lado do lendário guitarrista Teenie Hodges, ela virou membro da turnê da Cat Power Memphis Band. As apresentações chegaram até a BBC, em Londres. Em 2007, Katherine McPhee, revelada no American Idol, gravou de Susan o hit "Better off Alone" em seu CD de estreia. Depois cantou num CD de Solomon Burke.

Pouco tempo depois, Susan começou uma colaboração com seu marido, o produtor Jeff Powell (Afghan Whigs, Tonic, Bob Dylan) e co-produtor Henry Olsen (Primal Scream, Beth Orton, Nico). Os dois num esforço, em um semestre, gravou "Little Red". Gravado em Londres e Memphis, o CD inclui dueto com Lucinda Williams na célebre canção dos Beatles, "Don´t Let Me Down".

Susan conseguiu reunir no CD as influências das décadas de 1960 e 1970, especificamente a Black Music de Memphis, onde a Stax Volt produziu discos de qualidade. Ela é uma potência.

Marcell and The Truth: a vida útil da Soul Music

Numa época em que a tecnologia tomou o lugar de artistas talentosos, afinal agora é possível gravar um CD pelo computador dentro do quarto, retirando as deficiências vocais, a banda Marcell and The Truth é exceção nesta praia cheia de lixo artístico. A rapaziada adotou a Soul Music clássica, na formação com guitarra, bateria e baixo. Quando estão de bolsos cheios, o time aumenta para até 12 pessoas, mesclando backing vocal, metaleira, como ocorria há 30 anos.

Os fãs dos bailes da década de 1970 se lembram de Earth Wind & Fire, Frankie Beverly and Maze, Tower of Tower, Heatwave, Bar-Kays, Kool and The Gang entre outros. Combinavam o Soul Clássico com a qualidade. Repetiam no palco o gravado nos estúdios. É neste vácuo que entrou a Marcell and The Truth, espelhando-se no melhor da Black Music.

O álbum de estreia deixou a crítica especializada de queixo caído. Do nada eles ficaram na lista dos melhores discos de 2006. Numa única temporada, a banda de Baltimore, que já tocavam juntos há cinco anos conquistou fãs do Soul Northern em Londres, Detroit e Chicago. Todos queriam ouvir o novo som, atualmente desaparecido das rádios e emissoras de TV, interessados em lixo musical.

Com Bags na guitarra base, CJ na bateria e Gerald no baixo o show está completo. Juntos eles deixam o público enlouquecido em pequenas casas de espetáculos ou mesmo nos maiores. É a banda do século 21.  Quem já sofreu muito ouvindo canções descartáveis, repleta de recursos eletrônicos, que mais parecem bate-estacas, tem a opção de algo melhor, combinando letras inteligentes e musicalidade.