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Charles Mingus foi outro diamante do Jazz |
Luís
Alberto Alves
Um dos gênios do Jazz, Charles Mingus era
conhecido pela exigência e assédio moral. Acabou famoso ao criar legado
reconhecido até pelas pessoas que não gosta deste estilo musical. Viveu
intensamente seus anos de vida, porém intensos.
Excelente baixista sabia como poucos ter o
senso de ritmo pulsante, capaz de elevar o instrumento para linha de frente de
uma banda. Ao tocar baixo ficou conhecido pelo espírito de liderança e
compositor e poder expressivo no Jazz.
Ambiciosa, radical e tradicional, a música
composta por Mingus mesclava do Gospel ao Blues, navegando pelos mares do New
Orleans Jazz, Swing, Bop, Música Latina, Clássico Moderno e mesmo Avant Jazz-Garde.
Como fazem os grandes gênios, teve como
inspiração Duke Ellington, mas sua mistura sonora e harmonias o levou para mais
longe desse grande mestre da Black Music, ao introduzir acelerações
emocionantes, criando dinâmica própria.
Seus primeiros discos saíram no início da
década de 1950, ditando peças para seus músicos, permitindo grande espaço na
arte de emprovisar, que ele fez muito bem entre 1961 e 1962. O álbum Money
Jungle Along the way criou vários inimigos dentro do palco e fora.
Para resolver os problemas, às vezes Mingus
usava a força física, tirando vantagem do tamanho. Num dos concertos na
Filadélfia, teve um colega morto. Terminou o show fechando violentamente a
tampa do piano, quase esmagando as mãos do pianista e depois socou o rosto do
trombonista Jimmy Knepper.
Ele sentiu o peso e a dor do racismo de forma
intensa. Porém descarregou essa energia negativa em suas canções. A maioria dos
seus discos trazia títulos de natureza política, como Fables of Faubus, referência
ao governador de Arkansas, que insistia em manter segregadas as escolas de
Little Rock.
Outro título
curioso foi o do disco "Oh Lord, Don't Let Them Drop That Atomic Bomb on
Me" or "Remember Rockefeller at Attica." Também poderia ser
muito bem humorado, como mostra o nome do álbum: “If Charlie Parker Was a
Gunslinger, There'd Be a Whole Lot of Dead Copycats”, mais tarde reduzido para Gunslinging
Bird.
Ele nasceu num acampamento do Exército
Nogales, depois levado para o distrito de Watts, em Los Angeles. Ali cresceu
ouvindo Gospel Music, a única permitida pela madrasta. Mesmo ameaçado de
apanhar, ousou curtir Duke Ellington.
Tentou aprender trombone, depois violoncelo,
mas a incompetência dos professores o jogou para o contrabaixo quando chegou ao
Ensino Médio. A partir teve grandes mestres. Iria caminhar pelo R&B na
década de 1940, trabalhando com lendas do porte de Lionl Hampton.
Passou a chamar atenção como baixista do trio
Red Norvo ao lado de Tal Farlow entre 1950 e 51 até fixar moradia em Nova York
trabalhando junto de Billy Taylor, Stan Getz e Art Tatum. Os fãs do Jazz
lembram que Mingus era o baixista no famoso concerto de Massey Hall, em 1953,
na cidade de Toronto, ao lado de Charlie Parker, Dizzy Gillespie, Bud Powell e
Max Roach. Teve a honra de ser o único músico que Duke Ellington não demitiu se
sua banda.
Dois anos depois criou a própria banda, Jazz
Workshop, deixando de lado a rigidez, compondo peças mais soltas. Ao soltar o
álbum Pithecanthropus Erectus (1956) pela Atlantic Records, tinha encontrado a
veia mestra na arte de compor, num estilo pulsante, mutável rumando ao Free
Jazz do futuro.
A década de
1970 iria ser marcante na produção de belos discos, como: New Tijuana Moods,
Mingus Ah Hum, Blues and Roots e Oh Yeah; standards like "Goodbye Pork Pie
Hat," "Better Git It in Your Soul," "Haitian Fight
Song" e "Wednesday Night Prayer Meeting”. Nessa
época se apresentava como quarteto ou big band de 11 músicos.
O fracasso em encontrar editora para lançar
sua autobiografia: Beneath the Underdog e outros contratempos deixaram sua
conta bancária no vermelho. Aborrecido ficou longe da carreira artística de
1966 a 1969. Retornou por que precisava muito de dinheiro. O lançamento do
disco Let My Children Hear Music, pela Columbia Records o levou novamente para
junto do sucesso.
Em 1974 criou novo quinteto, ancorado pelo
baterista Dannie Richmond e com Jack Walrath, Don Pullen e George Adams.
Apresentou novas composições. Ganhou mais respeito, porém sua estadia aqui na
terra estava próxima do fim. Quatro depois morreu, pois não conseguia mais
tocar, por causa da doença.