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Luís Alberto Alves/Hourpress

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Charles Mingus: Um dos gênios do Jazz




Charles Mingus foi outro diamante do Jazz

Luís Alberto Alves

 Um dos gênios do Jazz, Charles Mingus era conhecido pela exigência e assédio moral. Acabou famoso ao criar legado reconhecido até pelas pessoas que não gosta deste estilo musical. Viveu intensamente seus anos de vida, porém intensos.

  Excelente baixista sabia como poucos ter o senso de ritmo pulsante, capaz de elevar o instrumento para linha de frente de uma banda. Ao tocar baixo ficou conhecido pelo espírito de liderança e compositor e poder expressivo no Jazz.

 Ambiciosa, radical e tradicional, a música composta por Mingus mesclava do Gospel ao Blues, navegando pelos mares do New Orleans Jazz, Swing, Bop, Música Latina, Clássico Moderno e mesmo Avant Jazz-Garde.

 Como fazem os grandes gênios, teve como inspiração Duke Ellington, mas sua mistura sonora e harmonias o levou para mais longe desse grande mestre da Black Music, ao introduzir acelerações emocionantes, criando dinâmica própria.

 Seus primeiros discos saíram no início da década de 1950, ditando peças para seus músicos, permitindo grande espaço na arte de emprovisar, que ele fez muito bem entre 1961 e 1962. O álbum Money Jungle Along the way criou vários inimigos dentro do palco e fora.

 Para resolver os problemas, às vezes Mingus usava a força física, tirando vantagem do tamanho. Num dos concertos na Filadélfia, teve um colega morto. Terminou o show fechando violentamente a tampa do piano, quase esmagando as mãos do pianista e depois socou o rosto do trombonista Jimmy Knepper.

 Ele sentiu o peso e a dor do racismo de forma intensa. Porém descarregou essa energia negativa em suas canções. A maioria dos seus discos trazia títulos de natureza política, como Fables of Faubus, referência ao governador de Arkansas, que insistia em manter segregadas as escolas de Little Rock.

 Outro título curioso foi o do disco "Oh Lord, Don't Let Them Drop That Atomic Bomb on Me" or "Remember Rockefeller at Attica." Também poderia ser muito bem humorado, como mostra o nome do álbum: “If Charlie Parker Was a Gunslinger, There'd Be a Whole Lot of Dead Copycats”, mais tarde reduzido para Gunslinging Bird.

 Ele nasceu num acampamento do Exército Nogales, depois levado para o distrito de Watts, em Los Angeles. Ali cresceu ouvindo Gospel Music, a única permitida pela madrasta. Mesmo ameaçado de apanhar, ousou curtir Duke Ellington.

 Tentou aprender trombone, depois violoncelo, mas a incompetência dos professores o jogou para o contrabaixo quando chegou ao Ensino Médio. A partir teve grandes mestres. Iria caminhar pelo R&B na década de 1940, trabalhando com lendas do porte de Lionl Hampton.

 Passou a chamar atenção como baixista do trio Red Norvo ao lado de Tal Farlow entre 1950 e 51 até fixar moradia em Nova York trabalhando junto de Billy Taylor, Stan Getz e Art Tatum. Os fãs do Jazz lembram que Mingus era o baixista no famoso concerto de Massey Hall, em 1953, na cidade de Toronto, ao lado de Charlie Parker, Dizzy Gillespie, Bud Powell e Max Roach. Teve a honra de ser o único músico que Duke Ellington não demitiu se sua banda.

 Dois anos depois criou a própria banda, Jazz Workshop, deixando de lado a rigidez, compondo peças mais soltas. Ao soltar o álbum Pithecanthropus Erectus (1956) pela Atlantic Records, tinha encontrado a veia mestra na arte de compor, num estilo pulsante, mutável rumando ao Free Jazz do futuro.

 A década de 1970 iria ser marcante na produção de belos discos, como: New Tijuana Moods, Mingus Ah Hum, Blues and Roots e Oh Yeah; standards like "Goodbye Pork Pie Hat," "Better Git It in Your Soul," "Haitian Fight Song" e "Wednesday Night Prayer Meeting”. Nessa época se apresentava como quarteto ou big band de 11 músicos.

 O fracasso em encontrar editora para lançar sua autobiografia: Beneath the Underdog e outros contratempos deixaram sua conta bancária no vermelho. Aborrecido ficou longe da carreira artística de 1966 a 1969. Retornou por que precisava muito de dinheiro. O lançamento do disco Let My Children Hear Music, pela Columbia Records o levou novamente para junto do sucesso.

 Em 1974 criou novo quinteto, ancorado pelo baterista Dannie Richmond e com Jack Walrath, Don Pullen e George Adams. Apresentou novas composições. Ganhou mais respeito, porém sua estadia aqui na terra estava próxima do fim. Quatro depois morreu, pois não conseguia mais tocar, por causa da doença.


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