Reportagens com clipes descrevendo histórias de artistas famosos,
principalmente de intérpretes da Black Music, além de destacar a importância do Blues no Showbiz.
Apesar da bela voz, Geater Davis não conseguiu fazer sucesso comercial
Literalmente, Geater Davis foi um cantor azarado de Soul Music, apesar da bela voz muito doce, comparável ao Blues interpretado por Johnnie Taylor ou Bobby "Blue" Bland. Durante sua curta carreira (23 anos) só conseguiu gravar em pequenos selos, sem a estrutura necessária para divulgar seus álbuns por todos os Estados Unidos e restante do mundo. Nascido Kountze, Texas, em 1946, coincidemente morreu no mesmo dia 29, porém de setembro de 1984, aos 38 anos de ataque cardíaco, sabe-se lá por quais motivos. O auge de Davis ocorreu na primeira metade da década de 1970, quando compôs e produziu seus próprios discos, além de tocar guitarra em todos eles. É dessa época o álbum Sweet Woman´s Love para o selo House of Orange, lançado em 1971. A capa feita por Jerry Butler no disco For Your Precious Love virou febre na Grã Bretanha entre os colecionadores de álbuns de Soul Music. Nesse período lançou os singles " I Don´t Worry (About Jody)" e Ace ("Strange Situation"), " Tired of Busting My Brain". Depois só pegou firme em 1977, quando gravou as canções "Long Cold Winter", "I´m Gonna Change" , "I´ve Got to Pay the Price" e "Your Heart Is So Cold". Mesmo participando de turnês no circuito de Blues dos Estados Unidos, Davis nunca conseguiu vender muitos discos. Quatorze anos após sua morte, a West Side lançou o álbum , Shades of Blue: The Southern Soul Sessions 1971-76, com diversas canções gravadas por ele neste período. Ficaram de fora as músicas gravadas pelo selo House of Orange.
A música não deixou Doll-E-Girl ser fisgada pelo caminho mau das ruas
Doll-E- Girl é exemplo claro do que a música é capaz de fazer por uma pessoa. Nascida e criada em Lincoln Heights, Califórnia, ela tinha motivos para entrar no caminho errado, reservado para maioria dos chicanos que mora nos Estados Unidos por causa descriminação social e econômica.
Porém, desde criança gostava de música, principalmente do som emitido pelo contrabaixo. A preocupação em aprender música a manteve longe das ruas, local reservado de experiências ruins para quem não tem juízo afinado com as regras ditadas pela sociedade. Nessa caminhada teve apoio da família e amigos. Foram compreensivos quando ela atingiu a adolescência, auge máximo da chatice nos jovens, quando a rebeldia os dominam por completo, sentindo mórbido prazer pelo errado. Em 2002, Doll-E-Girl escreveu os primeiros versos de uma canção. No ano seguinte conheceu o CEO Darrel Lynn, da Lynn Productions. Ele a ajudou produzir seu primeiro CD demo 211 On Your Love. O público gostou e Johnny U, da Thick Skin Entertainment, a contratou. Em 2005 lançou o primeiro CD To Know Me is To Love Me. Sucesso em todo o mundo. No ano seguinte veio com a primeira compilação, Street Shot Callers, distribuído pela XXX Records. Em 2007 lançou o CD I Got Your Back pela Diamond Records. O hit "Do It Daddy" tornou-se canções prediletas das grandes rádios dos Estados Unidos. T-Pain, Cypress Hil, Lil Rob, MC Magic, Paul Wall e Omarion, além de aparecer em diversos programas das emissoras de televisão norte-americanas, inclusive ao lado de Lady Gaga no clipe "Telephone". My Diaries of Love foi o CD que lançou na Primavera de 2010. Esse marcou a entrada na MIH Entertainment Group. A justificativa para contratá-lo é o seu grande talento. O álbum mais recente é Unleashed, produzido pela Cricket from Cricket Productions, que chegou ao mercado em agosto de 2011. Nesse CD, Doll-E-Girl ampliou o estilo, cantando em espanhol, que não fez nos discos anteriores.
Com dois CDs, ele inclui desde música mainstream para o RAP West Coast, R&B, Hip-Hop, Electro e RAP espanhol. Para entendê-la, suas características lembram MC Magic, Mateo, DJ Kane, e-Bone Thugs-N-Harmony. O álbum incorpora o seu lado mais feminino, porém sintonia com o ritmo das ruas. A proposta de Doll-E-Girl é contar a história da sua vida e outros fatos passados.
Mais de 50 anos dedicados ao Rock and Roll e Blues nos Estados Unidos
Desde a adolescência que Al Kooper já estava
envolvido com Pop Music nos primeiros anos em que o Rock and Roll dava seus
primeiros passos na década de 1950, como música popular nos Estados Unidos.
Naquela época ele uniu-se ao grupo vocal The Royal Teens e colocou nas paradas
os hits “Short Shorts”, em 1958, e “Believe Me” no ano seguinte. Com o passar
do tempo, Kooper tocava guitarra cada vez melhor. A maioria das bandas de
adolescentes o chamava para acompanhá-las em diversas gravações. Aprendeu a ler
e escrever música nos estúdios, fez amizades com guitarristas profissionais.
Aproveitou para estagiar como engenheiro de
áudio. Nos últimos 50 anos conseguiu deixar seu nome marcado na história da
música norte-americana. Como guitarrista participou de gravações com Gary
Lewis, Gene Pitney, Keely Smith, Carmen McRae, Pat Boone, Freddie Cannon, Lulu,
Lorraine Ellison, Donnie Hathaway, além de tocar nos The Beastie Boys, Jay-Z
entre outros. Em seguida fundou a banda Blood Sweat & Tears, participando
apenas do primeiro álbum lançado em 1968.
Ficou conhecido como produtor, em Atlanta, ao
descobrir Lynyrd Skynyrd e trabalhando nos seus primeiros três discos:Sweet
Home Alabama, Free Bird, Gimme Three Steps, além de Saturday Night Special. Não
parou por ai, pois engrenou produção com Mike Bloofield e Stephen Stills, tocar
com Bob Dylan a canção “Like a Rolling Stone”, durante muitos anos em shows ao
vivo e estúdio. O seu talento o colocou perto dos Rolling Stones, George
Harrison, The Who, Jimi Hendrix, Peter Paul & Mary, Tom Petty, Joe Cocker,
BB King, Taj Mahal, Alice Cooper, Roger McGuinn, Betty Wright entre outros. É
célebre sua participação tocando teclados no hit “Electric Ladyland”, de Jimi
Hendrix.
O resultado do brilhante trabalho de Al
Kooper reflete nas diversas turnês que faz por todos os Estados Unidos, Japão,
Itália, Espanha, Demark, Finlândia, Noruega, República Tcheca, como ocorreu em
2009 quando estava acompanhado de sua banda composta de professores de Berklee,
conhecida como A Faculdade Funky. Quatro anos recebeu o Prêmio Memphis Blues.
Em 2008 entrou para Hall da Fama de Músicos. Aos 65 anos, Al Kooper continua
com fôlego de menino, trabalhando intensamente, como se percebe ao ouvir o CD
White Chocolate, gravado em 2008.
Versatilidade: esta palavra define Shuggie Otis no mundo do show biz
Na história da música norte americana, Shuggie Otis já tem o nome gravado. Nascido em 1953, ele é cantor, compositor e toca diversos instrumento. É autor de pérolas como "Strawberry Letter 23", gravada por The Brothers Johnnson em 1977, ficando várias semanas nos primeiros lugares da Billboard R&B e também na Billboard Hot 100.Três anos antes alcançou grande sucesso comercial com o hit "Inspiration Information". Otis confirma o ditado popular de que filho de peixe, peixinho é. Seu pai, Johnny Otis foi empresário e um dos pioneiros do Blues, além de músico. O codinome Shuggie é uma abreviação de suggar (açúcar), pois era dessa forma que sua mãe começou a chamá-lo ainda recèm-nascido. Aos dois anos de idade Shuggie começou a tocar guitarra e dez anos depois já se apresentava junto com a banda do seu pai, às vezes disfarçado de óculos escuros e bigode falso, para ter acesso às boates. Além de bom guitarrista, ele também canta. Na infância e adolescência recebeu forte influência do Blues, Jazz e R&B, por causa dos músicos que frequentava sua casa. Não demorou para entrar em contato com Slt Stone, Jimi Hendrix, ainda em início de carreira tocando com a de Black Music, The Isley Brothers e Arthur Lee da Love Band. Em 1969, aos 15 anos, o guitarrista Al Kooper o convidou para participar das gravações do álbum Super Session, no qual estavam inclusos Stephen Stills e Mike Bloomfield. Com 15 anos, Shuggie gravou o disco inteiro num final de semana em que esteve em Nova York. Também participou do disco de Snath & The Poontangs, usando o pseudônimo de Prince Wunnerful. No final de 1969 lançou seu primeiro álbum solo, Here Comes Shuggie Otis, pela Epic Records. Convidou verdadeira tropa de choque de músicos, incluindo o pai Johnny Otis, Leon Haywood, Al McKibbon, Wilton Felders entre outros. A movimentação chamou a atenção de BB King, que apareceu na edição da revista Guitar Player de 1970, dizendo que que Shuggie era seu novo guitarrista favorito. A partir dai começou a trabalhar com feras do porte de Frank Zappa, inclusive tocando baixo elétrico na faixa "Peaches en Regalia", Etta James, Eddie Vinson, Richard Berry, Louis Jordan e Bobby "Blue" Bland. A qualidade do disco abriu as portas para o segundo lançamento em 1971, que contou com o hit " Strawberry Letter 23". O álbum chamou a atenção dos The Brothers Johnnson, com o guitarrista George Johnson colocando o produtor Quincy Jones na área para regravá-lo. Neste segundo disco, Shuggie teve a presença do tecladista George Duke, Aynsley Dunbar, Frank Zappa, Journey, Whitesnake Fame. No ano de 1974 lançou o disco Inspiration Information, que demorou três anos para ficar pronto. Todas as canções foram compostas e arranjadas por ele, que tocou quase todos os instrumentos, exceção de sopro e cordas. Infelizmente só a faixa título estourou nas paradas da Billboard Top 200. Mas nem tudo terminou mal. O tecladista Billy Preston, considerado por muitos como o quinto Beatle
No entanto, apesar de seu impacto tão esperado, Informações Inspiração, mas teve um único (a faixa título) alcançar o Top 200 da Billboard. Após o lançamento do álbum, a Otis foi abordado por Billy Preston em nome de The Rolling Stones, pedindo-lhe para se juntar a banda para a sua próxima turnê mundial. Ele recusou a oferta, juntamente com a oportunidade de trabalhar com Quincy Jones em ajudar a produzir o próximo álbum Otis. Depois de uma série de recusas semelhantes, Otis ganhou a reputação de "tomar seu tempo", e seu contrato de gravação com a Epic Records foi anulado. Obras apenas creditados Otis em todo meados dos anos 1970 foram feitos como músico de sessão para projetos de seu pai de gravação. O disco Inspiration and Information ganhou um status cult enorme durante a década de 1990, com o surgimento do Rare Groove e Acid Jazz, Shuggie recebeu elogios de Prince e Lenny Kravitz. Em parte devido a este interesse, David Byrne, da gravadora independente Luaka Bop, colocou no mercado uma re-edição do disco Freddon Flight, de 1971, com nova capa e fotos inéditas, além de encarte.
Acordo com a Sony Music vai render re- lançamento de de Inspiration e Information em CD duplo ainda no primeiro semestre de 2013, adicionado ao álbum virão várias faixas Bônus, incluindo o CD Wings of Love, com material inédito de canções escritas a partir de 1975, além de apresentações raras. .
Pregando a destruição total da mente, Dogg ganhou muito dinheiro
Polêmica faz parte da carreira de Swamp Dogg. É o que se pode chamar de "bicho grilo". Atrevido, satírico, político e profano. Sem sombra de dúvida é uma das grandes personalidades da música nos Estados Unidos na segunda metade do século passado. Nascido em 1942, na década de 1960 o show biz não sabia denominar que categoria colocar sua produção musical. Ele é a essência da Soul Music e também do R&B, além de compositor de canções polêmicas. Jerry Williams Jr, seu nome de batismo, pegou todas as ideias alucinantes e psicodélicas da contracultura nos agitados anos de 1960, inclusive as drogas, além do sexo livre, política radical e social. A proposta de Swamp Dogg na década de 1970 era pregar a destruição total da mente e até a loucura de gravar discos para não fazer sucesso. Postura de alucinado. Em cima disso coloca nas paradas de sucesso o hit "She´s All I Got". Nessa letra ele esclarecia qual deveria ser o padrão que os Estados Unidos deveriam seguir. Nascido na Virgínia, Dogg começou a carreira em 1954, aos 12 anos, cantando o hit " Blues HTD". No restante daqueles anos tornou-se aprendiz de R&B sob o nome artístico de Little Jerry. Depois no começo da década de 1960 adotou o codinome Swamp Dogg e colocou, em 1966, o hit "Baby You´re My Everything". Naquela tornou-se uma máquina ao escrever e produzir artistas, principalmente desconhecidos. Despertou atenção de Jerry Wexler e Walden Phil e passou a trabalhar nos bastidores da Atlantic Records em 1968, na engenharia e produção de singles. Compôs a canção "She´s All I Got" para Gary "EUA" Bonds estourar em todos os Estados Unidos. No final dos anos de 1960, Dogg viajou nas pílulas do LSD e o ácido abriu sua mente para criar o disco Swamp Dogg. Inspirado pela sátira política de Frank Zappa escreveu letras no estilo Soul Music mostrando o mundo podre da política. A capa do álbum já dizia o que o público iria encontrar no vinil: ele sentado de cueca numa pilha de lixo. E junto a mensagem pregando a destruição total da mente. Embora as letras fosse anárquicas, o show biz encontrou meios de ganhar dinheiro em cima daquelas baboseiras interpretadas por Dogg. Suas canções tornaram-se hit underground, chamando a atenção da Elektra Records. Ali lançou o segundo álbum, Rat On! em 1971. Nesse mesmo disco voltou a repetir a destruição total simplicada da mente. Não vendeu muitas cópias. Dai foi para pequenas gravadoras, como Cuffed e Tagged em 1972 e Maggot no ano seguinte, mas manteve uma grande base de fãs que o levou para uma grande gravadora em 1974. Até o final da década de 1970 lançou vários álbuns e teve poucos shows ao vivo. Ganhava dinheiro na produção de artistas como ZZ Hill, Doris Duke, Irma Thomas e Freddie North. Com essa grana ele pode gravar discos sob o codinome de Swamp Dogg em selos independentes. Em 1981 gravou um álbum country pela Mercury Nashville (se fosse no Brasil, é como de os Racionais MCs lançasse um CD de hits sertanejo). Ganhou dinheiro e criou a Swamp Dogg Entertainment Group (GPSA). Reeditou vários discos gravados no passado e criou um culto de adoração pelo estilo de suas letras. Em 1995 lançou o álbum The Best of 25 years of Swamp Dogg ... Or F ***The Bomb, Stop The Drugs. Antes em 1992 colocou no mercado seu outro disco pregando a destruição total da mente, que ganhou o Disco de Ouro. A partir de 1999 passou a tocar ao vivo e suas canções originais ganharam arranjos de Hip-Hop, aumentando sua fama. Dez anos depois gravou vários CDs, entre eles Give Em as Little as You Can..As Often as You Have To..Or A Tribute to Rock N´Roll e um álbum para o Natal (An Awful Christmas and a Lousy New Year). Em 2011 relançou os hits que havia gravado como Jerry Williams, Singles Collection 1963-1989. Para 2013, ele promete a reedição dos discos Total Destruction to Your Mind e Rat On! É sinal que a loucura pregada por Dogg rende dinheiro, porque não chegou duro aos 72 anos. Ou seja, de bobo ou revolucionário ele não tem nada. Pretende apenas garantir o seu sustento.
Teclado Panosonic usado na maioria das minhas músicas Gospel, pelo maestro Isaias AES
Disco de vinil gravado por Branca di Neve, após sua morte em 1989; participei de roda de samba com ele na Vai-Vai
Compacto simples (disco com uma música de cada lado) gravado por Jorge Benjor em 1970
Último desfile pela Vai-Vai, no Carnaval de 1987, na Avenida Tiradentes, em São Paulo
Convite da equipe Tropicália para baile no Clube Alepo, que ficava na esquina da Av. Paulista com Rua Teixeira da Silva
Disco gravado em 1978 pelo maestro Eumir Deodato (raro) com a balada "Tahiti Hunt"
Disco de vinil da banda The Trammps III, onde está a balada "Season for Girls", hoje raro
Disco de vinil original, raro, onde está a primeira gravação, em 1975, da balada "Reasons" na voz de Phil Bailey
Primeiro disco gravado pela banda Blue Magic, em 1974, com a famosa lenta "I Just Wanna to Be Lonelly"
Disco raro de Chubby Checker, de 1962, com cada um cantando os maiores sucessos do outro
Disco de vinil, raro, de 1976, com a primeira gravação de "Flor de Liz", uma dos maiores sucesso de Djavan
Luís Alberto Caju e maestro Isaias AES no estúdio
Luís Caju, Nadão (centro) numa roda de samba da Vai-Vai
Disco de vinil, importado, raro, gravado por Roy Ayers em 1978, com a balada "You Send Me" de 7 minutos de duração
Reportagem do último desfile da Banda do Caju em 1996 na região central de São Paulo
Guitarra Ibanez usada na maioria das gravações dos meus CDs de canções Gospel
Luís
Alberto Alves
Próximo
de chegar aos 200 mil acessos, antes de completar dois anos em maio de 2013,
posso afirmar que este blog blackmusicworld.blogspot.com.br é um sucesso. Mas não chegou ao acaso, existe
trabalho de bastidores, como pesquisas e extenso arquivo de canções que reuni
em mais de 35 anos de estrada. Desde a adolescência gostei de estudar a
história da Black Music. Nenhum segmento musical conseguiu aglutinar tantos
gêneros embaixo do seu imenso guarda-chuva. Dois dos estilos mais famosos do
mundo tiveram influências afro: Rock e Samba!
Na minha curtida juventude aprendi a manejar
duas rudimentares picapes para dar os famosos bailes de garagens, onde muitos
namoros se transformaram em casamentos. Não existia a tecnologia atual. Os
efeitos eram obtidos por meio de disco de vinil. Numa picape ele era acionado,
na outra entrava a canção. Tinha desde canto de passarinho a barulho de turbina
de avião subindo ou o estrondoso ronco das buzinas dos navios chegando ou
saindo do porto.
Para ficar sintonizado nas novidades, pois
não existiam Google, Youtube, Facebook, Orkut, ouvia todos os dias a rádio AM
Difusora Jet Music, pertencente aos Diários Associados, dono também da rede de
televisão Tupi. A Difusora fazia programação FM numa época que não existia este
tipo de rádio no Brasil. Ali que garimpava as canções que fariam sucesso nos
bailes, principalmente as músicas lentas, que hoje são denominadas de melodias,
por causa do ritmo vagaroso.
Do salário de Office boy (na época não havia
motoboys) tirava um pouco de dinheiro para comprar os discos de vinil (cada um
com 12 canções, seis de cada lado). Quando era raro, o preço subia. É como se
pagasse por um determinado CD, hoje, o equivalente a R$ 500 ou R$ 1.000,00 por
causa da sua preciosidade. Aos poucos comecei montar minha discoteca. Passei a
gostar de Black Music nesta época, por causa do balanço das músicas (os
arranjos). O que elas provocavam quando tocadas em determinados horários.
Discos de vinil raros
Lembro-me que em 1980 comprei o disco de
vinil gravado por Roy Ayers em 1978 pela Polydor Records, onde está a célebre
canção “You Send Me”, composta por Sam Cooke em 1957, desbancando Elvis Presley
das paradas na época. Era importado. Paguei o equivalente a R$ 100 em valores
atuais na loja Museu do Disco, da Rua Dom José Gaspar, quase esquina com a
Avenida São João, Centro de São Paulo. Quando a toquei no baile a primeira vez,
de madrugada, todos começaram a correr atrás das meninas para dançar. Ninguém
queria perder a chance de usar aquele hit para não voltar sozinho para casa.
Também me recordo do disco de vinil gravado
pela dupla Peaches and Herb, em 1978, em que a lenta “Reunited” estourou em
todo o mundo, principalmente nos bailes de garagem e salão no Brasil. O comprei
na Rua Barão de Itapetininga, região central de São Paulo. Cada disco tem sua
história. Passei a ser muito requisitado para fazer, inclusive, festa de
casamento. Porque o pessoal sabia que minha coleção de disco fazia a diferença
de madrugada. Conseguia tocar mais de sete horas sem repetir canções.
Em épocas especiais frequentava os bailes
promovidos no salão (hoje demolido, e na época grudado ao Shopping Bourbon, no
bairro da Pompéia, Zona Oeste da Capital paulista) do Palmeiras pela Chic Show e na Casa de
Portugal ou Club Homs pelo pessoal de Os Carlos O Som para Dançar. A Chic Show,
que chegou a ter mais de seis casas de shows em São Paulo nas décadas de 1970 e
1980, seria considerado o time do Barcelona na arte de fazer baile e Os Carlos,
o Som para Dançar, o Santos de Neymar.
Love Island, de Eumir
Deodato
Tinham as outras, Zimbabwe, Black Mad, Tranza
Negra, Galotte, Kaskatas, Sideral (que ousou trazer pela primeira vez um cantor
internacional ao Brasil, em 1978), Soul Grand Prix, Jirau, Furacão 2000, essas
últimas do Rio de Janeiro. Mas não portavam com o profissionalismo da Chic Show
e sua imensa coleção de discos, assim como Os Carlos, O Som para Dançar eram
mestres em raridades de samba-rock, numa época que se dançava muito Soul e Funk
(o dos Estados Unidos, sem o rebolado erótico e letras obscenas do atual ritmo
que nada tem de Funk, nem os arranjos musicais).
No final da década de 1970 passei a gostar de
escola de samba. Época dos desfiles na Avenida Tiradentes, Centro da Capital
paulista. Em 1978 ao assistir a apresentação da Vai-Vai, e mesmo sem som no
microfone do intérprete de samba, ela conseguiu ganhar o título de campeã
naquele ano, deixando em segundo lugar sua arquirrival Camisa Verde e Branco.
Dois anos depois passei a participar dos ensaios e depois dos desfiles até
1987, quando fui tetracampeão, ainda na Passarela da Avenida Tiradentes. No
quinto ano de Vai-Vai entrei na Ala de Compositores. Antes em 1978 comecei a
aprender tocar violão.
Conheci ícones do samba, como Geraldo Filme,
com quem aprendi a escrever letras curtas, mas cheia de informações e melodias
gostosas, Osvaldinho da Cuíca, Nadão, Ademir, Paquera, Chapinha, Xoxão
(parceiro de samba enredo e grande talento ignorado pelas gravadoras), Branca
di Neve (antes de gravar seus dois antológicos discos que entraram para a
história do samba-rock no Brasil) e Mário Sérgio, que tocou cavaquinho vários
anos no grupo Fundo de Quintal. Com ele fui incentivado a entrar num
conservatório musical e estudar música clássica. Isto fiz no conservatório
Souza Lima, da Rua José Maria Lisboa, região da Avenida Paulista, em São Paulo.
Acesso ao Gospel
Com esse pessoal aprendi a compor sambas
cheio de balanço, na linha de Tim Maia e Jorge Benjor, cantores que tive a
oportunidade de assistir muitos shows nas décadas de 1970 e 1980. Nessa época
era raro se ouvir samba em rádio FM ou AM, só na época do Carnaval. Nas quadras
das escolas, o pessoal acabava formando rodas de samba e cada um apresentava
suas músicas inéditas. Caia na boca do povo e ali muitos ganhavam dinheiro vendendo
fitas K/7 (avó do CD) de suas músicas.
Acabei conhecendo um maestro, conhecido como
Jacó Guitarra, responsável pela produção do primeiro disco gravado por Angela
Maria na década de 1950 no Brasil. Ele lecionava no conservatório onde
estudava. Passei a entregar minhas músicas para que escrevesse as
partituras. Ainda na segunda metade da
década de 1980 entrei na faculdade de Jornalismo. Em 1990, quando trabalhava no
extinto jornal paulistano Diário Popular, resolvi com colegas de trabalho,
fundar uma banda de carnaval, denominada Banda do Caju, espécie de Casseta Planeta
do asfalto.
Escolhíamos um tema político da época e em
cima disso a música era composta. Um delas teve como inspiração as pernas
(lindas, diga-se de passagem) da ex-cunhada do ex-presidente Fernando Collor de
Mello, que teve o mandato cassado em 1992, Thereza Collor. A folia da Banda do
Caju durou até 1996.
Cantores evangélicos dos
Estados Unidos
Apesar de estar com 35 anos, minha vida
pessoal, profissional e espiritual parecia um carro sem freios numa imensa
ladeira. Era igual o general sem tropa ou perfume sem cheiro. Resolvi me tornar
cristão ou evangélico como se diz atualmente. Passei a perceber que as igrejas evangélicas,
tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, investem muito na área musical. Não
deixando nenhum culto sem tocar ou cantar canções, que mais tarde fui
descobrir, eram Blues, Soul e Funk (o legítimo dos Estados Unidos).
Descobri que várias bandas que ouvia na minha
adolescência ou mesmo cantores solo, eram evangélicos nos Estados Unidos, como
Al Green, Philip Bailey (intérprete do hit “Reasons” na banda Earth, Wind And
Fire), Isley Brothers, Commodores (inclusive seu grande vocalista Lionel Ritchie),
Kool and The Gang, James Brown (pasmem), Janis Joplin, Billie Holiday, Billy
Stewart (intérprete da linda “I Do Love You”), Denicie Williams (pastora),
Little Richard, Elvis Presley, George Benson, Cissy Houston (mãe de Whitney
Houston) entre outros.
Ao estudar inglês percebi que diversas letras
falavam do poder de Jesus Cristo em mudar nossas vidas. “The
Greatest of the Love All”, de George Benson, é um exemplo disto. Em 1997 comecei a escrever letras
evangélicas, a maioria Blues, Soul ou Funk Music (o legítimo dos Estados
Unidos). Porém, só em 2000 consegui lançar meu primeiro CD, numa gravadora
independente. O acaso acabou responsável por uma grande amizade profissional
com o maestro Isaias AES, dos estúdios Art&Louvor, em São José dos Campos,
SP, Brasil.
Perto do final do ano 2000, meu CD, com 12
canções, acabou concluído pelo irmão em Cristo, Isaias AES. Em nossas conversas
percebi que ele gostava do estilo Black Music, as pegadas Funk de James Brown,
Kool and The Gang, Bar- Kays, The Gap Band, Billy Stewart e o Blue e Soul de
Sam Cooke, Roy Ayers, Al Green, Linda Clifford, Isley Brothers, GQ, Bobby
Womack entre outros.
“Donna”, namorada de
Ritchie Valenz
Dai
por diante passou a produzir meus CDS (neste 2013 sai o 8º, em nome de Jesus
Cristo). Algumas das faixas desses álbuns coloquei no youtube, a maioria com a
batida e timbre de instrumentos das décadas de 1950 (Blues “Outro Amor”, “Eu Só
Quero te Adorar”), de 1960 (Blues “Reflexão”), 1970 (Ska “Jerusalém”), 1980 (Funk
“Graças”, “O Futuro a Deus Pertence”, “Não se Canse de Interceder pela Vida de
seu Irmão”), 1990 (Soul “Adoração”, Reggae instrumental “Eternamente”, RAP “Valeu”).
Em 2008, durante minha passagem pelo jornal
paulistano Metrô News, onde ocupei o cargo de editor-chefe, passei a escrever
às segundas-feiras matérias relativas à música, trazendo ao leitor curiosidades
desse segmento, na maioria das vezes desconhecidas pelos leigos, como exemplo,
informando que Tim Maia foi quem ensinou Erasmo Carlos a tocar violão e que na
adolescência, no bairro da Tijuca, Rio de Janeiro, junto com Roberto Carlos e o
contrabaixista Edson Trindade (autor do hit “Eu Gostava Tanto de Você”),
formaram uma banda conhecida como The Sputinik.
Passava dados como o início da carreira
musical do guitarrista Jimi Hendrix na banda de Black Music The Isley Brothers,
na década de 1960; que a canção “Donna” teve como inspiração a então namorada e
grande amor de Ritchie Valenz, morto num acidente de avião em 3 de fevereiro de
1959, nos Estados Unidos, quando se dirigia para se apresentar no segundo show
daquela noite de sábado. Também esclarecia que o conjunto The Commodores, em
1968, era a banda de apoio do grupo The Jackson Five, onde brilhava o garotinho
Michael Jackson.
Após quase dois anos no Metrô News resolvi
sair da empresa em fevereiro de 2010. Três meses depois criei este blog e
passei a publicar todos os textos que saiam nas edições de segunda-feira do
Metrô News. A mesma atenção dispensada pelos leitores passou a ocorrer neste
blog, com internautas de todo o mundo acessando meus textos. Alguns de países
distantes, onde talvez nunca possa visitar um dia, como Finlândia, Indonésia,
Ilhas Fiji, Nova Zelândia.
Deixo
aqui o meu carinho a todos vocês. Fiquem cientes de que procuro dar o melhor em
minhas pesquisas para escrever e publicar matérias que valorizem os ricos
talentos da Black Music, responsável por mais de 80% dos estilos existentes no
mundo. Comparem: Jazz+Soul+Blues (Funk), Soul+Calypso+Blues (Reggae),
Blues+Gospel+Jazz (Soul),
Blues+Gospel (Sharm), Jazz+Samba (Bossa Nova), Jazz+Soul+Rock (RAP), Gospel+Blues (Jazz), Rhythmn´Blues + Country (Rock and Roll), R&B+Hip-Hop (New Jack).