Capa do primeiro e único disco gravado por Ircea, em 1987 |
Quem curtiu as rodas de samba na década de 1980 vai se lembrar de um pagode romântico de dupla composta de Zeca Pagodinho e Ircea. O início da música era muito bonito: “Quando te vi chorando/ eu não gostei/ mas não sorri eu respeitei/ vi seus olhos transbordando/ quando eu passei/ ninguém tem amou/ sou eu te amei/ ninguém te amou/ sou eu te amei...” A letra composta por Zeca e Arlindo Cruz estourou em todo o Brasil na voz de Ircea, irmã de Zeca Pagodinho.
O disco
gravado em 1987, pela RGE, virou pérola, por causa das várias belas faixas que
trazia, e o show que Ircea dava em cada canção. Ex-professora do antigo curso
Primário, atual Ensino Fundamental, ela começou a chamar atenção do público
quando passou a cantar em casas noturnas do bairro da Lapa e da Praça
Tiradentes, como Supimpa e Centro Cultural Carioca.
Na época
ganhou na categoria Revelação o então Prêmio Sharp. Antes já frequentava as
rodas de sambas da periferia do Rio de Janeiro (que lá é chamado de subúrbio).
Dos pagodes de Osmar do Cavaco, em Marechal Hermes, de Arlindo Cruz, em
Cascadura, de Anita, mãe de Dudu Nobre, na região central da cidade, ela passou
pelo bloco carnavalesco Cacique de Ramos e dali gravou o primeiro e único
disco, em 1987.
Permaneceu
em atividade até 1994, quando um problema de saúde a fez tirar o time de campo.
Até que há 12 anos resolveu colocar os pés na estrada, usando o nome artístico
do irmão, Ircea Pagodinho, apesar do grande talento que possui. Mesmo assim não
deixou de lado o seu bazar no bairro de Xerém.
Por causa da
variedade de boas músicas ouvidas em casa, ela herdou as qualidades de Elis
Regina, Elizeth Cardoso, Marília Barbosa e Beth Carvalho. Ou seja, o melhor de
nossa música. O mundo do samba não a assusta, pois ainda criança já desfilava,
em Irajá, no bloco Boêmios, na ala do Pagodinho, de onde o irmão herdou o
famoso apelido.