Sonny foi outra grande lenda do Blues, tocando gaita |
Durante a carreira se preocupou em escrever
belas letras, tocar e cantar. Seus hits eram repletos de humor mordaz e
composições autobiográficas. Acabou sendo único neste estilo. Tinha a fama de mal-humorado,
amargo e desconfiado. Nunca se soube com exatidão a data correta do nascimento
de Sonny. Para alguns foi 1899, outros citam 1897 ou 1909.
É desconhecido o período de sua infância no
Mississippi. É certeza que no início da década de 1930 ele começou a viajar
usando o codinome de Little Boy Blue, ao lado de talentos como Robert Johnson,
Robert Nighhawk, Robert Lockwood Jr., e Elmore James, parceiros de palcos em
inúmeras apresentações.
Até a década de 1940, Sonny era estrela de
King Biscuit Time of KFFA, o primeiro programa de rádio de Blues ao vivo no
rádio dos Estados Unidos. A estratégia do patrocinador, Interstate Grocery
Company, para aumentar as vendas do King Biscuit Flour, foi usar a foto de
Sonny, com ele segurando sua famosa gaita. Na época a proposta foi usar o nome
artístico: John Lee “Sonny Boy” Williamson.
Após a morte de John Lee
em Chicago, restou apenas o nome Sonny Boy. Aos poucos conquistou sucesso.
Porém ele não queria gravar nenhum disco, apesar de sua foto na embalagem do
biscoito contribuir bastante nas vendas. Não demorou em Lellian McMurray, da
Trumpet Records, encontrá-lo num internato e seduzi-lo a gravar um disco.
É quando surgiu o hit “Sonny Boy”, entre 1951
e 1954, com ele no auge da forma, com bastante fôlego para soprar sua gaita em
vários shows. O disco Sight for the Blind, que capturou a essência do Blues,
num de seus melhores momentos. Virou lenda a sessão de gravação dele com Elmore
James. Sonny na gaita e a bateria de James num dueto maravilhosos. A canção “Dust
My Broom” é o registro desse encontro.
Em duas ocasiões, Sonny foi morar em Detroit,
contribuindo com solos de gaitas nos álbuns de Baby Warren, Blue Lake e
Excello, em 1954. No ano seguinte virou moeda de troca entre gravadoras. Após
soltar um disco pela Johnny Vincent, foi para a Buster Williams e depois parou
na Chess Records.
Fixou moradia no norte dos
Estados Unidos e virou artista oficial da Chess, soltando o single “No Start Me
to Talkin” em agosto de 1955. Estourou nas paradas de R&B. Ao lado do
parceiro de longa data, Robert Lockwood Jr., lançou outro disco. O álbum
Lockwood´s resultou na combinação de Robert Johnson, repletos de ritmos e acordes
de Jazz, com a gaita de Sony em lindos vocais e guitarra de Lockwood comendo
solta por fora.
Quando secavam os shows em Chicago, ele corria
para Arkansas investindo forças no programa de rádio King Biscuit. Em 1963
viajou a Europa pela primeira vez para participar do American Folk Blues
Festival. Destacou-se em todos os shows. Ao término da turnê resolveu passar um
tempo na Grã-Bretanha. É dessa época o trabalho com The Yardbirds e Eric
Burdon. Resultado: estouro do hit “Help Me” na Europa.
Voltou aos Estados Unidos para gravar outro
disco na Chess. Em 1964, ao pisar na Europa pela segunda vez, acabou recebido
como herói. Gravou a canção “I'm Trying to do London My Home” ao lado do
guitarrista Jimmy Page. No ano seguinte estava no Mississippi para apresentar
pela última vez o programa King Biscuit.
Poucos sabiam que Sony retornará ao Sul dos
Estados Unidos para morrer. Contou com ajuda de amigos para visitar os locais
onde passou a infância, inclusive ficando uma tarde às margens do rio numa
pescaria. Após uma gravação com Ronnie Hawkins, da banda The Hawks, os rapazes
perceberam que Sonny passou a noite cuspindo numa lata de café. Ela se encheu
de sangue. Em 25 de maio de 1965, Sonny não apareceu aos estúdios para
apresentar o King Biscuit. Um ataque cardíaco o matou enquanto dormia.