Reportagens com clipes descrevendo histórias de artistas famosos,
principalmente de intérpretes da Black Music, além de destacar a importância do Blues no Showbiz.
Foi em 6 de novembro de
1949, no bairro de Greenwich Village, Nova York, que o Blues estava ganhando
mais uma grande guerreira. Rory Block, cantora e guitarrista cresceu num
ambiente musical. Seu pai tocava violino clássico. Aos dez anos ela se
interessou por guitarra, para depois se envolver no clima artístico reinante em
Greenwich.
Na adolescência ouviu pela primeira vez Blues
e passou a tocar com artistas do naipe de Ver. Gary Davis e Mississippi John
Hurt. O encontro com Stefan Grossman aos 13 anos aumentou o interesse por essa
música. Porém, Rory fez uma pausa de dez para criar sua família, só retornando
em 1975, aos 26 anos, gravando um álbum para a RCA Victor Records.
Em seguida lançou outro disco de estúdio para
o pequeno selo Blue Goosse e outros dois decepcionantes pela Chrysalis Records.
Até 2008, quando saiu Country Blues Guitar Rare Arquival Recording, Rory já
soltou na Praça 29 discos.
O primeiro lançamento dela para a Rounder
Records, em 1982, teve a co-produção de John Sebastian. Rory prosseguiu na
mesma linha de gravação e execução de Blues tradicional e Blues Country. A canção
“I Got A Rock In My Sock” chamou a atenção de experts no assunto como Taj Mahal
e David Bromberg.
Com a morte de seu filho mais velho, aos 19
anos, em 1986, Rory soltou um álbum tributo, House of Hearts, com dez faixas.
Em 1996 lançou outro disco mais comercial, incluindo participações de Mary
Chapin Carpenter e o guitarrista David Lindley. Mesmo bem produzido, manteve a
veia do Blues tradicional.
Rory jogou por terra a máxima de que uma
mulher branca não poderia ser autêntica cantando e tocando Blues. Ganhou diversos
prêmios no final da década de 1990, incluindo o de Melhor Álbum Tradicional (Confessions
Of A Blue Singer). Repetiu a dose em 1997 e 1998, como Melhor Artista Feminina
Tradicional de Blues.
Neste século 21, ao lado do filho Jordan
Block, assinou contrato com Telarc Records, onde lançou o CD Last Fair Deal, em
2003, considerado um dos melhores de sua carreira. No ano seguinte uniu forças
com Eric Bibb e Maria Muldaur para soltar o disco Brothers & Sisters. Rory
Block é uma das blueswomam que trabalha duro para manter a essência do Blues
tradicional.
Katie foi outra grande estrela da Black Music dos EUA
Katie Webster é outra grande lenda da Black Music dos Estados
Unidos. Nascida em Houston, Texas, em 1939, aprendeu a tocar piano na infância,
acompanhando melodias de músicas de Fats Domino e Chuck Berry. Perto da mãe só
ensaiava música gospel.
O passar do tempo
despertou em Katie a facilidade para compor. Foi escorada neste talento que
virou pianista de estúdio de Jay Miller em Crowley, Lousiana entre 1959/1966.
Durante esse período escreveu letras para bluesman como Lester, Lonesome
Sundown e Lightnin Excello Records.
Gravou álbuns usando
seu próprio nome, com a grana sendo dividida com Ashton Conry. Nesses
lançamento ficou visível que Katie era versátil, transitando com facilidade
entre Blues, R&B, Funky e baladas Pop. Teve o prazer de tocar na banda de
Otis Redding no começo da década de 1960 até sua morte em 1967. Logo depois sua
carreira declinou.
Passou a fazer shows
esporádicos durante a década de 1970, antes de mudar para Oakland, Califórnia.
Em 1982 entrou no circuito de festivais na Europa. Depois prosseguiu turnê
acompanhada de sua banda, Silent Partners. Neste período gravou vários discos
para Arhoolie Records, Alligator Recordts, até um AVC decretar o fim de sua carreira
musical em 1999.
Marcia Ball nasceu em uma família musical, na cidade de
Orange, Texas. Durante a infância teve aulas de piano, até chegar aos 14 anos
em 1963. Os anos de amadurecimento artístico foram vividos na Louisiana,
dividindo o tempo com aulas na Lousiana State University, onde tocava numa
banda de Blues/Rock, conhecida como Gum.
Desde aquela época
tinha interesse pelos estilos de Fat Domino (autor do primeiro rock gravado no
mundo em 1948) e Teacher Longhair. Depois se mudou para Austin, no começo da
década de 1970 e ali uniu forças com o grupo Freda and The Firedogs, junto com
o guitarrista John X. Reed.
Quatro anos depois
seguiu carreira solo. Seus discos combinavam R&B, Blues e Swing. Antes, em 1978, lançou Circuit Queen (Capitol
Records), em 1984 soltou Soulful Dress (Rounder Records), em 1985 veio com Hot
Tamale Baby (Rounder Records), em 1989 soltou Gatorhythms (Rounder Records). É autora
da faixa título do álbum Dreams Come True, projeto iniciado em 1985, que
demorou cinco anos para ficar pronto, contando com a ajuda do produtor Dr.
John. As inúmeras turnês atrapalhavam a conclusão do trabalho, até a Blues
House soltar o disco em 1994.
O álbum Blues House
veio no ano de 1994, pela Rounder Records, em 1997 lançou Let Me Play With
Poodle (Rounder Records). Em 1998 gravou Sing It! (Rounder Records) junto com
Tracy Nelson e Irma Thomas. O ano de 2001 marcou a chegada de Presumed Innocent
(Alligator Records), em 2003 soltou So Many Rivers, repetiu a dose em 2004 com
Live at Waterloo Records, em 2005 com Live! Down The Road (MunckMusic/Munck).
Em 2008 gravou o disco Peace, Love e BBQ (Alligator Records). Seu último CD
saiu em 2011, Roadside Attractions (Alligators Records), indicado ao Grammy daquele
ano.
Ethel Walters tornou o Blues música popular nos Estados Unidos
Ethel Howard, nascida no final do século XIX,
é considerada uma das mais influentes cantoras populares do Blues, que ajudou a
tirar a marca de ser música de escravos naquela época. Ela serviu de parâmetro
em canções como “Stormy Weather”, imortalizada na voz de Etta James, e “Travellin´All
Alone", grande sucesso de Dinah Washington. Aliás, ela foi a primeira a gravar a linda "Stormy Weather" em 1933, verdadeira aula de como cantar.
Sua primeira gravação ocorreu em 1921, aos 25
anos, acompanhada por talentos como Fletcher Henderson, Coleman Hawkins, James
P. Johnson e Duke Ellington. Para ter acesso ao público branco, também aceitou
gravar com Jack Teagarden, Benny Goodman e Tommy Dorsey. Adotou o sobrenome
artístico de Walters.
A partir do final da década de 1920, ela
apareceu em diversos musicais da Broadway, como Rhapsody In Black, Thousands
Cheerr, Cabin In The Sky, onde apresentou diversas canções como “Baby Mine”, “Till
The Real Thing Go”, “Suppertime”, “Harlem On My Mind”, “Heat Wave”, “Got A Bran
´New Suit”, ao lado de Eleanor Powell, entre outras.
Despontou, também, em papeis dramáticos no
teatro e vários filmes, incluindo On With The Show, Gift Of The Gab, Tales Of
Manhattan, Cairo, Cabin In The Sky, Stage Door Canteen, Pinky.
Na década de 1950 apareceu em séries de
televisão durante algum tempo e teve seu próprio show na Broadway: An Evening
With Ethel Waters, em 1957. Os anos de 1960 e começo dos de 1970 a fez cantar
como membro do grupo que acompanhava o evangelista Billy Graham. Embora a
crítica tentasse deixá-la em patamar menor do que Bessie Smith ou Louis
Armstrong, na década de 1930, ela rompeu os limites musicais do Blues e Jazz,
espalhando sua influência em canções populares.
Walters serviu de escola para artistas como
Connee Boswell, Ruth Etting, Adelaide Hall, Mildred Bailey, Lee Wiley, Lena
Horne, Ella Fitzgerald e até Billie Holiday, a quem ela reconheceu que cantava
como se tivesse dolorida. Sua marca registrada era o alto astral e voz
envolvente, parecendo de uma intérprete branca. Nem os terríveis problemas de
infância impediram sua caminhada rumo ao sucesso, que desfrutou até morrer em
1977, aos 81 anos na Califórnia.
O trio The Boswell Sisters foi o primeiro grupo feminino branco a cantar Black Music na década de 20 nos EUA
As
meninas do The Boswell Sisters foram responsáveis pelo rompimento do muro, que
separava a classe média branca em New Orleans, Sul dos Estados Unidos, na
terrível década de 1920 quando a segregação racial era muito forte naquele país,
em relação à Black Music. Todas elas adolescentes. Foram ousadas e criaram um
grupo de Jazz, composto por Connee Boswell, Martha e Helvetia, conhecida como
Vet.
Tiveram o privilégio de serem as primeiras
mulheres brancas, naquela época, a cantar dessa forma. Desde criança tiveram
muitas lições de música, com Martha tocando piano, Helvetia tinha habilidade no
banjo, guitarra e violino e Connee tocava de tudo.
Começaram trabalhando em rádio e Bing Crosby
descobriu o estilo confidencial de cantar daquele trio e uso inteligente dos
microfones. Logo a fama correu por New Orleans e suas canções foram gravadas
por jazzmen notáveis da época, como Jimmy e Tommy Dorsey entre outros. Ficaram
populares nos programas de rádios, filmes e shows que apresentaram por todos os
Estados Unidos.
No começo da década de 1930, as três já
casadas, e com apenas Connee desejando prosseguir na carreira artística,
resolveram encerrar as atividades do trio. Dez anos depois, as bases
estabelecidas pelas The Boswell Sisters foram exploradas com sucesso por
conjuntos femininos, imitando, inclusive, o estilo de cantar delas. As garotas
do Andrews Sisters chegaram bem perto disso.
A tecnologia usada por Kashif ajudou muitos artistas alcançarem sucesso
Kashif é um artista completo: cantor,
compositor, tecladista e produtor. Compôs e tocou em Evelyn King no hit “Champagne”,
assim como no hit considerado o primeiro sucesso de Whitney Houston:” I´m In
Love” e “Love Come Down”. Esteve presente, também, nas canções “You Give Good
Love” e na continuação de “Thinking About You”, que vendeu 17 milhões de discos
no álbum que apresentou Whitney ao sucesso.
Na sua carreira já gravou 17 singles de
R&B e quatro Top 40 de álbuns. Fez duetos com Mel´isa Morgan na canção “Love
Changes”; também ao lado de Melba Moore em “Love The One I´m With” e “Reservations
for Two”, com Dionne Warwick. Na vanguarda marcou presença junto a Stevie
wonder e Ronnie McNeir na década de 1980.
Por meio da tecnologia, Kashif revolucionou a
R&B, colocando Midi/Synth numa época em que os sintetizadores de música
ocupavam muito espaço nas salas dos estúdios, ele aproveitou o surgimento do microchip
e apostou em aparelhos portáteis nas suas gravações e apresentações.
Ao contrário do que sugere o nome, Kashif é o
apelido de Michael Jones, nascido no famoso bairro do Brooklin, Nova York,
celeiro do surgimento de grandes artistas de vários estilos. A primeira
experiência dele com instrumentos sintetizados ocorreu na época em que
trabalhou com a banda BT Express, na gravação do hit “Do It 'Til You're
Satisfied", no começo da década de 1980, para a Columbia Records, onde fez
também “Ride on It”, álbum do grupo Shout!
A sacada de Kashif foi começar tocando baixo
sintetizador usando o Minimoog nos shows ao vivo. Após sair da BT Express,
passou a gravar fitas demos com o conjunto Stepping Stone. Os produtos o
levaram à Arista Records em 1983. O crescimento de sintetizadores nos estúdios
o ajudou a entrar numa turnê com Stephanie Mills, quando algumas canções de
R&B começavam a usar instrumentos eletrônicos em trabalhos ao vivo.
Inspirado na dupla Gamble & Huff,
criadores do belo e famoso The Philly of Sound, conhecido no Brasil como O Som
da Filadélfia, Kashif criou a Mighty M Productions junto com Paul Laurence e
Morrie Brown, soltando muitas canções de R&B à base de Synth.
Champagne
O primeiro projeto da empresa foi com Evelyn
King, no hit “Champagne”, que tinha apenas a canção “Shame”, de 1979, como
sucesso. A parafernália de Kashif resultou em gravações mais altas do que em
discos anteriores, proporcionando ao vocalista um som mais jovem.
De olho na grava, a RCA Records pediu que
Evelyn retirasse a palavra champagne do seu nome e deixasse apenas Evelyn
King. O estouro da canção "I'm in
Love, cujo estilo e som baixo eram diferentes do que estava tocando no Show
Biz, resultou num grande sucesso de 1981.
A técnica de Kashif foi tão boa que Evelyn
colocou nas paradas outro hit, do disco: “Don't Hide Our Love”, sexta posição
na R&B. A RCA pediu que eles produzissem um álbum de follow-up, influenciados
pelo produtor e compositor Leon F. Sylvers III. Kashif montou a alegre “Love
Come Down”. Nesta canção ele tocou todos os instrumentos, exceto guitarra, que
ficou nas mãos de Ira Siegel. O single ocupou o primeiro lugar na parada
R&B durante cinco semanas.
Nesta altura do campeonato, Kashif estava
trabalhando com o New Synclavier, inventado para fins de amostragem, na
Inglaterra, substituindo sons de bateria e background. Howard Johnson de “So
Fine” foi o primeiro disco que usou essa técnica de vocal, pois algumas
passagens vocais poderiam ser duplicadas pela Synclavier. Resultado: a criação
de nova abordagem de produção com vocalistas, que persiste até hoje.
Em 1983 ele entra na Arista Records influindo
positivamente nos hits: “I Just Gotta Have You (Lover Turn Me On),"
"Stone Love," "Help Yourself to My Love," e "Say
Something Love." Outros álbuns que tiveram as mãos de Kashif foram: Send
Me Your Love, Baby Don't Break Your Baby's Heart, Are You the Woman, Condition
of the Heart, Love Changes. Em 1989 ele solta a linda “Aint No Woman Like the
One I Got”, tornando-se compositor e
produtor de mão cheia.
O seu nome apareceu em álbuns gravados por
Kenny G Kenny G ("Keeping Love New"), George Benson, Johnny Kemp,
Dionne Warwick, Giorge Pettus, Stacy Lattisaw, Expose, the Wootens, Freda Payne
e outros. Ganhou indicações ao Grammy pelo trabalho instrumental “The Mood”, “Call
Me Tonight”, “Edgardtown Groove, com Al Jarreau e “The Movie Song”.
Em 1994 recebeu convite para ministrar curso
de produção de gravação contemporânea na Ucla. No ano seguinte, a indústria da
música soltou o estudo “Tudo de Melhor que Você Precisa Saber sobre a Indústria
Discográfica”. Em 1998 assinou contrato com uma gravadora britânica, onde lançou
seu álbum Who Loves You. Seis anos
depois lançou o CD Music From My Mind.
Big L morreu assassinado na porta de casa, aos 29 anos; seu irmão, após sair da cadeia, teve o mesmo fim
Lamont Coleman era o nome de batismo do rapper
Big L, nascido em maio de 1974 na cidade Nova York e morto em 1999, no mesmo
local onde veio ao mundo. Sua base foi o bairro negro do Harlem (espécie de
Cracolândia norte-americana), onde teve uma vida tragicamente curta. Primeiro
chamou a atenção do mundo do RAP no começo da década de 1990, aos 16 anos. Este
MC era o líder da DITC (Diggin ´In The Crates). Tinha como ídolos Run-DMC, The
Cold Crush Brothers e Big Daddy Kane.
Em 1992 fez a estreia musical no Lord Finesse,
Yes, You May, ao lado de Diamond D´s, Blunts & Hip Hop, assinando contrato
logo depois com a Columbia Records. Três anos depois lançou o álbum Lifestylez
Ov Da Poor & Dangerous, incluindo hits que já faziam sucesso nas ruas e
becos do Harlem, onde o perigo anda de mãos dadas com a morte todos os dias.
Não conseguiu sucesso comercial longe da
comunidade negra do bairro onde nasceu, viveu e morreu aos 25 anos. Parte do
público simpatizante do RAP e Hip-Hop o considerava muito lírico. Mesmo assim montou
a própria gravadora, Flamboyant Entertainment Label (homenagem ao seu manifesto
“Flamboyant for Life) como alternativa para o que Big L sentia que era a música
excessivamente comercial, distribuída pelos grandes selos.
Ajudou a estabelecer as carreiras de futuras
estrelas do Hip-Hop, Cam´ron e Ma $. Um ano antes de sua morte, em 1998 lançou
Ebonics, clássico do RAP que traduz a linguagem das ruas para o benefício de
uma considerável base de fãs residentes na periferia das grandes cidades.
Quando o Show Biz começou a se interessar pelo
trabalho de Big L, ele foi assassinado a tiros, em fevereiro de 1999 perto de
sua casa no Harlem. Um conjunto póstumo, The Big Picture e The DITC Album
Worldwide foram lançados no ano 2000. Em 2002
seu irmão, Leroy Phinazee, pouco tempo após sair da cadeia, acabou executado
a tiros na mesma rua, quando tentava descobrir o autor da morte de Big L.