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#BMW - Morre #QuincyJones, o gênio da produção de grandes discos

Luís Alberto Alves/Hourpress

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Swamp Dogg: o "bicho grilo" da Black Music

Pregando a destruição total da mente, Dogg ganhou muito dinheiro


   Polêmica faz parte da carreira de Swamp Dogg. É o que se pode chamar de "bicho grilo". Atrevido, satírico, político e profano. Sem sombra de dúvida é uma das grandes personalidades da música nos Estados Unidos na segunda metade do século passado. 

   Nascido em 1942, na década de 1960 o show biz não sabia denominar que categoria colocar sua produção musical. Ele é a essência da Soul Music e também do R&B, além de compositor de canções polêmicas. Jerry Williams Jr, seu nome de batismo, pegou todas as ideias alucinantes e psicodélicas da contracultura nos agitados anos de 1960, inclusive as drogas, além do sexo livre, política radical e social. 

   A proposta de Swamp Dogg na década de 1970 era pregar a destruição total da mente e até a loucura de gravar discos para não fazer sucesso. Postura de alucinado. Em cima disso coloca nas paradas de sucesso o hit "She´s All I Got". Nessa letra ele esclarecia qual deveria ser o padrão que os Estados Unidos deveriam seguir. 

   Nascido na Virgínia, Dogg começou a carreira em 1954, aos 12 anos, cantando o hit " Blues HTD". No restante daqueles anos tornou-se aprendiz de R&B sob o nome artístico de Little Jerry. Depois no começo da década de 1960 adotou o codinome Swamp Dogg e colocou, em 1966, o hit "Baby You´re My Everything". Naquela tornou-se uma máquina ao escrever e produzir artistas, principalmente desconhecidos. Despertou atenção de Jerry Wexler e Walden Phil e passou a trabalhar nos bastidores da Atlantic Records em 1968, na engenharia e produção de singles. Compôs a canção "She´s All I Got" para Gary "EUA" Bonds estourar em todos os Estados Unidos.   

   No final dos anos de 1960, Dogg viajou nas pílulas do LSD e o ácido abriu sua mente para criar o disco Swamp Dogg. Inspirado pela sátira política de Frank Zappa escreveu letras no estilo Soul Music mostrando o mundo podre da política. A capa do álbum já dizia o que o público iria encontrar no vinil: ele sentado de cueca numa pilha de lixo. E junto a mensagem pregando a destruição total da mente. Embora as letras fosse anárquicas, o show biz encontrou meios de ganhar dinheiro em cima daquelas baboseiras interpretadas por Dogg. Suas canções tornaram-se hit underground, chamando a atenção da Elektra Records. Ali lançou o segundo álbum, Rat On! em 1971. 

   Nesse mesmo disco voltou a repetir a destruição total simplicada da mente. Não vendeu muitas cópias. Dai foi para pequenas gravadoras, como Cuffed e Tagged em 1972 e Maggot no ano seguinte, mas manteve uma grande base de fãs que o levou para uma grande gravadora em 1974.  

  Até o final da década de 1970 lançou vários álbuns e teve poucos shows ao vivo. Ganhava dinheiro na produção de artistas como ZZ Hill, Doris Duke, Irma Thomas e Freddie North. Com essa grana ele pode gravar discos sob o codinome de Swamp Dogg em selos independentes. Em 1981 gravou um álbum country pela Mercury Nashville (se fosse no Brasil, é como de os Racionais MCs lançasse um CD de hits sertanejo). Ganhou dinheiro e criou a Swamp Dogg Entertainment Group (GPSA).  

   Reeditou vários discos gravados no passado e criou um culto de adoração pelo estilo de suas letras. Em 1995 lançou o álbum The Best of 25 years of Swamp Dogg ... Or F ***The Bomb, Stop The Drugs. Antes em 1992 colocou no mercado seu outro disco pregando a destruição total da mente, que ganhou o Disco de  Ouro. 

  A partir de 1999 passou a tocar ao vivo e suas canções originais ganharam arranjos de Hip-Hop, aumentando sua fama. Dez anos depois gravou vários CDs, entre eles  Give Em as Little as You Can..As Often as You Have To..Or  A Tribute to Rock N´Roll  e um álbum para o Natal (An Awful Christmas and a Lousy New Year). Em 2011 relançou os hits que havia gravado como Jerry Williams, Singles Collection 1963-1989. Para 2013, ele promete a reedição dos discos Total Destruction to Your Mind e  Rat On! É sinal que a loucura pregada por Dogg rende dinheiro, porque não chegou duro aos 72 anos. Ou seja, de bobo ou revolucionário ele não tem nada. Pretende apenas garantir o seu sustento. 



terça-feira, 2 de abril de 2013

Como nasceu o blog blackmusicworld


Teclado Panosonic usado na maioria das minhas músicas Gospel, pelo maestro Isaias AES

Disco de vinil gravado por Branca di Neve, após sua morte em 1989; participei de roda de samba com ele na Vai-Vai

Compacto simples (disco com uma música de cada lado) gravado por Jorge Benjor em 1970

Último desfile pela Vai-Vai, no Carnaval de 1987, na Avenida Tiradentes, em São Paulo

Convite da equipe Tropicália para baile no Clube Alepo, que ficava na esquina da Av. Paulista com Rua Teixeira da Silva


Disco gravado em 1978 pelo maestro Eumir Deodato (raro) com a balada "Tahiti Hunt"

Disco de vinil da banda The Trammps III, onde está a balada "Season for Girls", hoje raro

Disco de vinil original, raro, onde está a primeira gravação, em 1975, da balada "Reasons" na voz de Phil Bailey

Primeiro disco gravado pela banda Blue Magic, em 1974, com a famosa lenta "I Just Wanna to Be Lonelly"

Disco raro de Chubby Checker, de 1962, com cada um cantando os maiores sucessos do outro

Disco de vinil, raro, de 1976, com a primeira gravação de "Flor de Liz", uma dos maiores sucesso de Djavan

Luís Alberto Caju e maestro Isaias AES no estúdio

Luís Caju, Nadão (centro) numa roda de samba da Vai-Vai

Disco de vinil, importado, raro, gravado por Roy Ayers em 1978, com a balada "You Send Me" de 7 minutos de duração

Reportagem do último desfile da Banda do Caju em 1996 na região central de São Paulo

Guitarra Ibanez usada na maioria das gravações dos meus CDs de canções Gospel




Luís Alberto Alves

Próximo de chegar aos 200 mil acessos, antes de completar dois anos em maio de 2013, posso afirmar que este blog blackmusicworld.blogspot.com.br é um sucesso. Mas não chegou ao acaso, existe trabalho de bastidores, como pesquisas e extenso arquivo de canções que reuni em mais de 35 anos de estrada. Desde a adolescência gostei de estudar a história da Black Music. Nenhum segmento musical conseguiu aglutinar tantos gêneros embaixo do seu imenso guarda-chuva. Dois dos estilos mais famosos do mundo tiveram influências afro: Rock e Samba!

  Na minha curtida juventude aprendi a manejar duas rudimentares picapes para dar os famosos bailes de garagens, onde muitos namoros se transformaram em casamentos. Não existia a tecnologia atual. Os efeitos eram obtidos por meio de disco de vinil. Numa picape ele era acionado, na outra entrava a canção. Tinha desde canto de passarinho a barulho de turbina de avião subindo ou o estrondoso ronco das buzinas dos navios chegando ou saindo do porto.

  Para ficar sintonizado nas novidades, pois não existiam Google, Youtube, Facebook, Orkut, ouvia todos os dias a rádio AM Difusora Jet Music, pertencente aos Diários Associados, dono também da rede de televisão Tupi. A Difusora fazia programação FM numa época que não existia este tipo de rádio no Brasil. Ali que garimpava as canções que fariam sucesso nos bailes, principalmente as músicas lentas, que hoje são denominadas de melodias, por causa do ritmo vagaroso.

  Do salário de Office boy (na época não havia motoboys) tirava um pouco de dinheiro para comprar os discos de vinil (cada um com 12 canções, seis de cada lado). Quando era raro, o preço subia. É como se pagasse por um determinado CD, hoje, o equivalente a R$ 500 ou R$ 1.000,00 por causa da sua preciosidade. Aos poucos comecei montar minha discoteca. Passei a gostar de Black Music nesta época, por causa do balanço das músicas (os arranjos). O que elas provocavam quando tocadas em determinados horários.

                                                                       Discos de vinil raros

  Lembro-me que em 1980 comprei o disco de vinil gravado por Roy Ayers em 1978 pela Polydor Records, onde está a célebre canção “You Send Me”, composta por Sam Cooke em 1957, desbancando Elvis Presley das paradas na época. Era importado. Paguei o equivalente a R$ 100 em valores atuais na loja Museu do Disco, da Rua Dom José Gaspar, quase esquina com a Avenida São João, Centro de São Paulo. Quando a toquei no baile a primeira vez, de madrugada, todos começaram a correr atrás das meninas para dançar. Ninguém queria perder a chance de usar aquele hit para não voltar sozinho para casa.

  Também me recordo do disco de vinil gravado pela dupla Peaches and Herb, em 1978, em que a lenta “Reunited” estourou em todo o mundo, principalmente nos bailes de garagem e salão no Brasil. O comprei na Rua Barão de Itapetininga, região central de São Paulo. Cada disco tem sua história. Passei a ser muito requisitado para fazer, inclusive, festa de casamento. Porque o pessoal sabia que minha coleção de disco fazia a diferença de madrugada. Conseguia tocar mais de sete horas sem repetir canções.

  Em épocas especiais frequentava os bailes promovidos no salão (hoje demolido, e na época grudado ao Shopping Bourbon, no bairro da Pompéia, Zona Oeste da Capital paulista) do Palmeiras pela Chic Show e na Casa de Portugal ou Club Homs pelo pessoal de Os Carlos O Som para Dançar. A Chic Show, que chegou a ter mais de seis casas de shows em São Paulo nas décadas de 1970 e 1980, seria considerado o time do Barcelona na arte de fazer baile e Os Carlos, o Som para Dançar, o Santos de Neymar.

                                                                   Love Island, de Eumir Deodato

 Tinham as outras, Zimbabwe, Black Mad, Tranza Negra, Galotte, Kaskatas, Sideral (que ousou trazer pela primeira vez um cantor internacional ao Brasil, em 1978), Soul Grand Prix, Jirau, Furacão 2000, essas últimas do Rio de Janeiro. Mas não portavam com o profissionalismo da Chic Show e sua imensa coleção de discos, assim como Os Carlos, O Som para Dançar eram mestres em raridades de samba-rock, numa época que se dançava muito Soul e Funk (o dos Estados Unidos, sem o rebolado erótico e letras obscenas do atual ritmo que nada tem de Funk, nem os arranjos musicais).


 No final da década de 1970 passei a gostar de escola de samba. Época dos desfiles na Avenida Tiradentes, Centro da Capital paulista. Em 1978 ao assistir a apresentação da Vai-Vai, e mesmo sem som no microfone do intérprete de samba, ela conseguiu ganhar o título de campeã naquele ano, deixando em segundo lugar sua arquirrival Camisa Verde e Branco. Dois anos depois passei a participar dos ensaios e depois dos desfiles até 1987, quando fui tetracampeão, ainda na Passarela da Avenida Tiradentes. No quinto ano de Vai-Vai entrei na Ala de Compositores. Antes em 1978 comecei a aprender tocar violão. 

  Conheci ícones do samba, como Geraldo Filme, com quem aprendi a escrever letras curtas, mas cheia de informações e melodias gostosas, Osvaldinho da Cuíca, Nadão, Ademir, Paquera, Chapinha, Xoxão (parceiro de samba enredo e grande talento ignorado pelas gravadoras), Branca di Neve (antes de gravar seus dois antológicos discos que entraram para a história do samba-rock no Brasil) e Mário Sérgio, que tocou cavaquinho vários anos no grupo Fundo de Quintal. Com ele fui incentivado a entrar num conservatório musical e estudar música clássica. Isto fiz no conservatório Souza Lima, da Rua José Maria Lisboa, região da Avenida Paulista, em São Paulo.

                                                                      Acesso ao Gospel

  Com esse pessoal aprendi a compor sambas cheio de balanço, na linha de Tim Maia e Jorge Benjor, cantores que tive a oportunidade de assistir muitos shows nas décadas de 1970 e 1980. Nessa época era raro se ouvir samba em rádio FM ou AM, só na época do Carnaval. Nas quadras das escolas, o pessoal acabava formando rodas de samba e cada um apresentava suas músicas inéditas. Caia na boca do povo e ali muitos ganhavam dinheiro vendendo fitas K/7 (avó do CD) de suas músicas.

  Acabei conhecendo um maestro, conhecido como Jacó Guitarra, responsável pela produção do primeiro disco gravado por Angela Maria na década de 1950 no Brasil. Ele lecionava no conservatório onde estudava. Passei a entregar minhas músicas para que escrevesse as partituras.  Ainda na segunda metade da década de 1980 entrei na faculdade de Jornalismo. Em 1990, quando trabalhava no extinto jornal paulistano Diário Popular, resolvi com colegas de trabalho, fundar uma banda de carnaval, denominada Banda do Caju, espécie de Casseta Planeta do asfalto.

 Escolhíamos um tema político da época e em cima disso a música era composta. Um delas teve como inspiração as pernas (lindas, diga-se de passagem) da ex-cunhada do ex-presidente Fernando Collor de Mello, que teve o mandato cassado em 1992, Thereza Collor. A folia da Banda do Caju durou até 1996.

                                                                 Cantores evangélicos dos Estados Unidos

  Apesar de estar com 35 anos, minha vida pessoal, profissional e espiritual parecia um carro sem freios numa imensa ladeira. Era igual o general sem tropa ou perfume sem cheiro. Resolvi me tornar cristão ou evangélico como se diz atualmente. Passei a perceber que as igrejas evangélicas, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, investem muito na área musical. Não deixando nenhum culto sem tocar ou cantar canções, que mais tarde fui descobrir, eram Blues, Soul e Funk (o legítimo dos Estados Unidos).

  Descobri que várias bandas que ouvia na minha adolescência ou mesmo cantores solo, eram evangélicos nos Estados Unidos, como Al Green, Philip Bailey (intérprete do hit “Reasons” na banda Earth, Wind And Fire), Isley Brothers, Commodores (inclusive seu grande vocalista Lionel Ritchie), Kool and The Gang, James Brown (pasmem), Janis Joplin, Billie Holiday, Billy Stewart (intérprete da linda “I Do Love You”), Denicie Williams (pastora), Little Richard, Elvis Presley, George Benson, Cissy Houston (mãe de Whitney Houston) entre outros.  

  Ao estudar inglês percebi que diversas letras falavam do poder de Jesus Cristo em mudar nossas vidas. “The Greatest of the Love All”, de George Benson, é um exemplo disto. Em 1997 comecei a escrever letras evangélicas, a maioria Blues, Soul ou Funk Music (o legítimo dos Estados Unidos). Porém, só em 2000 consegui lançar meu primeiro CD, numa gravadora independente. O acaso acabou responsável por uma grande amizade profissional com o maestro Isaias AES, dos estúdios Art&Louvor, em São José dos Campos, SP, Brasil.

  Perto do final do ano 2000, meu CD, com 12 canções, acabou concluído pelo irmão em Cristo, Isaias AES. Em nossas conversas percebi que ele gostava do estilo Black Music, as pegadas Funk de James Brown, Kool and The Gang, Bar- Kays, The Gap Band, Billy Stewart e o Blue e Soul de Sam Cooke, Roy Ayers, Al Green, Linda Clifford, Isley Brothers, GQ, Bobby Womack entre outros.
 
                                                              “Donna”, namorada de Ritchie Valenz

 Dai por diante passou a produzir meus CDS (neste 2013 sai o 8º, em nome de Jesus Cristo). Algumas das faixas desses álbuns coloquei no youtube, a maioria com a batida e timbre de instrumentos das décadas de 1950 (Blues “Outro Amor”, “Eu Só Quero te Adorar”), de 1960 (Blues “Reflexão”), 1970 (Ska “Jerusalém”), 1980 (Funk “Graças”, “O Futuro a Deus Pertence”, “Não se Canse de Interceder pela Vida de seu Irmão”), 1990 (Soul “Adoração”, Reggae instrumental “Eternamente”, RAP “Valeu”).

 Em 2008, durante minha passagem pelo jornal paulistano Metrô News, onde ocupei o cargo de editor-chefe, passei a escrever às segundas-feiras matérias relativas à música, trazendo ao leitor curiosidades desse segmento, na maioria das vezes desconhecidas pelos leigos, como exemplo, informando que Tim Maia foi quem ensinou Erasmo Carlos a tocar violão e que na adolescência, no bairro da Tijuca, Rio de Janeiro, junto com Roberto Carlos e o contrabaixista Edson Trindade (autor do hit “Eu Gostava Tanto de Você”), formaram uma banda conhecida como The Sputinik.

  Passava dados como o início da carreira musical do guitarrista Jimi Hendrix na banda de Black Music The Isley Brothers, na década de 1960; que a canção “Donna” teve como inspiração a então namorada e grande amor de Ritchie Valenz, morto num acidente de avião em 3 de fevereiro de 1959, nos Estados Unidos, quando se dirigia para se apresentar no segundo show daquela noite de sábado. Também esclarecia que o conjunto The Commodores, em 1968, era a banda de apoio do grupo The Jackson Five, onde brilhava o garotinho Michael Jackson.

  Após quase dois anos no Metrô News resolvi sair da empresa em fevereiro de 2010. Três meses depois criei este blog e passei a publicar todos os textos que saiam nas edições de segunda-feira do Metrô News. A mesma atenção dispensada pelos leitores passou a ocorrer neste blog, com internautas de todo o mundo acessando meus textos. Alguns de países distantes, onde talvez nunca possa visitar um dia, como Finlândia, Indonésia, Ilhas Fiji, Nova Zelândia.

Deixo aqui o meu carinho a todos vocês. Fiquem cientes de que procuro dar o melhor em minhas pesquisas para escrever e publicar matérias que valorizem os ricos talentos da Black Music, responsável por mais de 80% dos estilos existentes no mundo. Comparem: Jazz+Soul+Blues (Funk), Soul+Calypso+Blues (Reggae), Blues+Gospel+Jazz (Soul), Blues+Gospel (Sharm), Jazz+Samba (Bossa Nova), Jazz+Soul+Rock (RAP), Gospel+Blues (Jazz), Rhythmn´Blues + Country (Rock and Roll), R&B+Hip-Hop (New Jack).









Wanda Jackson: uma das mães e musas do Rockabilly, o Rock and Roll de raiz

Nas décadas de 1950 e 1960, Wanda Jackson foi uma das musas do Rock and Roll, que ainda engatinhava

Wanda é uma das herdeiras do Rock and Roll de raíz, nascido no final da década de 1940


   Aos 17 anos Wanda Jackson estava ainda na metade do Ensino Médio, quando em 1954 o cantor country Hank Thompson a ouviu cantando num programa de rádio de Oklahoma City. Não perdeu tempo e pediu-lhe para gravar com sua banda, Brazos Valley Boys. Até o final da década de 1950, ela se tornou uma das principais cantoras do Rock and Roll de raiz, conhecido por muitos como Rockabilly. Filha de um cantor country, a menina ganhou sua primeira guitarra aos cinco anos de idade. O pai a incentivou a tocar piano, deixando boa impressão musical em sua mente. 

   Ainda criança, Wanda passou a assistir shows de cantores como Tex Williams, Cooley Spade e Bob Wills. Aos 12 anos ela e a família chegaram a Oklahoma City. Dois anos depois ganhou um concurso de caça talentos e como prêmio ganhou um shou de 15 minutos diários numa rádio local. Depois o programa subiu para meia hora. Foi nele que Thompson a ouviu cantar. Depois de aceita na banda Brazos Valley Boys, gravou com o grupo o hit "You Can´t Have My Love" num dueto com Thompson e Billy Gray. A canção lançada pela Decca Records estourou nas paradas dos Estados Unidos.

   Os executivos da Decca se interessaram por Wanda não deixando que ela assinasse contrato com a Capitol Records, selo onde estava Thompson. Ajuizada, insistiu em terminar o Ensino Médio antes de entrar na estrada sinuosa e traiçoeira do Show Biz. Ao segurar o bastão da carreira artística, o pai estava ao seu lado e mãe passou a cuidar do design das roupas de show. A proposta era vesti-la de vestidos de franjas, saltos altos e brincos longos, colocando glamour na Country Music.  

   Na primeira turnê, em 1955 e 1956, perto dos 20 anos de idade, Wanda ficou ao lado de Elvis Presley que a incentivou a cantar o Rock And Roll de raiz. Em 1956 Wanda entrou na Capitol Records e ali ficou até o início da década de 1970. No ano de 1958 lançou " Fujiyama Mama", grande sucesso no Japão. Depois gravou a versão de "Let´s Have a Party" (1960), antes lançada por Elvis Presley, também estourando no Pop Top 40 dos Estados Unidos. 

    Foi nessa época que batizou sua banda de The Party Timers. Em 1961 voltou ao topo das paradas com "Right or Wrong", em seguinda em 1965 fez sucesso na Alemanha com o hit "Santa Domingo", cantada em alemão. No ano de 1966 explodiu novamente com " Tears Will Be the Chaser for Your Wine". Até o final da década de 1960 sua popularidade continuou em alta.

    Nos anos de 1970 acabou nomeada duas vezes ao Prêmio Grammy e grande atração em Las Vegas num show de homenagem aos hits da década de 1950. Antes, em 1961, aos 24 anos, casou-se com o programador da IBM Wendell Goodman Ele desistiu da carreira profissional para gerenciar os projetos de Wanda, mulher muito bonita de rosto e corpo na juventude, numa época que poucos faziam cirurgias plásticas para realçar a beleza. 
 Em 1971 ambos tornaram-se cristãos. No ano seguinte lançou o álbum gospel Praise The Lord. Ali na Capitol, Wanda gravou mais três discos gospel. Na Word Records, para onde se mudou em 1977 lancou outros dois.

   No início da década de 1980 Wanda recebeu convites para tocar Rockabilly na Europa  e participar de diversos festivais. Acabou retornando várias vezes. Recentemente, artistas como Pam Tillis, Jann Browne e Rosie Flores reconheceram Wanda como gtrande influência no Rock and Roll.  Isso ficou bem claro, no disco de Flores, lançado em 1995, com ela convidando Wanda para cantar em dois duetos. O resultado foram turnês por todos os Estados Unidos. A primeira cantando música secular desde a década de 1970, quando se converteu ao cristianismo.

  Em 2010 Wanda voltou ao estúdio para lançar outro CD, produzido por Jack White.O álbum contou composições inéditas e conver de canções de Woody Guthrie, Etta James e Bobby Womack. Ou seja, a raiz da rica década de 1950 permanece nas veias poéticas e artísticas de Wanda Jackson. Cheia de energia no palco, na mesma pegada de Brenda Lee, a voz grave dela continua seduzindo os amantes do Rock and Roll de raiz há mais de 60 anos.

 

sexta-feira, 29 de março de 2013

Heatwave: banda multinacional que mesclou Funk com Disco Music



Apesar de ser uma banda multinacional, Heatwave fez muito sucesso nas décadas de 70 e 80


    Nove anos durou a banda Heatwave, mas suficiente para fazer muita gente dançar ao ritmo de suas canções apimentadas com Funk e Disco Music. Era um grupo multinacional, pois tinha norte-americanos (Johnnie Wilder Jr., e Keith Wilder nos vocais, o inglês Rod Temperton (teclados), o suíço Mario Mantese (baixo), Checoslováquio Ernest "Bilbo" Berger (bateria), o jamaicano Eric Johns (guitarra) e o britânico Roy Carter (guitarra).  

  Ficaram conhecidos pelas canções "Boogie Nights" "Always and Forever" e "The Groove Line". O fundador da banda foi o militar americano Johnnie Wilder, baseado na então Alemanha Ocidental (na década de 1970 existiam duas Alemanhas separadas pelo muro de Berlim). Após concluir o Serviço Militar no Exército dos EUA, resolveu permanecer na Europa. Cantou em boates e bares com diversas bandas. Depois mudou-se para o Reino Unido e por meio de anúncio em jornal entrou em contato com o tecladista Rod Temperton. 

   No circuito de boates de Londres passou a se apresentar como Heatwave de Chicago durante o início de 1970, refinando seu som, adicionando batidas funk para as canções de Disco Music. Depois chamou o irmão Keith Wilder, na época tocando numa banda em Ohio, para fazer parte dos vocais. Logo o grupo assinou com a GTO Records em 1976, visto que a Epic Records iria lançar os seus discos nos Estados Unidos. 

    Gravaram o álbum na casa do produtor Barry Blue, auxiliado pelo guitarrista Jesse Whitten, que ficou no lugar de Roy Carter, assassinado a facadas.  Criaram o disco Too Hot to Handle no Outono de 1976. O terceiro single, "Boogie Nights" veio e, 1977, ficando em segundo lugar nas paradas britânicas e Estados Unidos.  Ganharam o Disco de Platina. O álbum Too Hot to Handle foi lançado na Primaveira de 1977, com a balada Soul " Always and Forever" estourando na Hot 100 em abril de 1978 e nas paradas de R&B, rendendo Disco de Platina. 

  Como em time que ganha não se mexe, o produtor Barry Blue continuou à frente da montagem de outros discos da banda. Em 1978 a Heatwave lança o segundo álbum, Central Heating, com o hit " The Groove Line" ficando em sétimo no Hot 100 em julho de 1978, rendendo outro Disco de Platina. No final da década de 1970, Eric Johns saiu e Billy Jones tomou seu lugar como guitarrista. Rod Temperton também deixou a Heatwave, mas continuou compondo canções para o grupo. Depois escreveu hits Funk para Rufus, The Brothers Johnson e George Benson. Repetiu a dose com Herbie Hancock e Quincy Jones. São dele as canções "Rock With You", "Off the Wall" e "Burn This Disco Out" no álbum Off the Wall, gravado por Michael Jackson em 1978.

   Mesmo com as mudanças, a banda Heatwave voltou aos estúdios. Numa festa na casa de Elton John, o baixista Mantese resolveu ir para casa mais cedo com a namorada. Ela o esfaqueou. Internado ficou em coma vários meses. Perdeu a visão, a voz e teve parte do corpo paralisado por causa dos ferimentos. Até hoje não se lembra de nada que aconteceu. Não registrou queixa e após receber alta decidiu morar com a mulher que lhe deixou neste estado deplorável. O baixsta Derek Bramble o substituiu. Também veio o tecladista Calvin Duke e o novo produtor Phil Ramone. Juntos gravaram o disco Hot Property, lançado em maio de 1979.  

   Mas a maré de azar não havia deixado a banda Heatwave em paz. Na Primavera de 1979 o vocalista Johnnie Wilder Jr., sofreu acidente de carro quando visitava familiares em Ohio, Estados Unidos. Sobreviveu, mas ficou tetraplégico. Não pode mais cantar, mas permaneceu como co-produtor da banda, ao lado de Barry Blue. Participou do trabalho em estúdios e em 1980 contribuiu para a gravação do álbum Heatwave, com Temperton fornecendo canções, exceto a faixa " All I Am", composta por Lynsey de Paul. O grupo trouxe James Dean "JD" Nicholas, mais tarde membro dos Commodores, para atuar nos vocais.

   Apesar do single "Gangsters of the Groove", que estourou nos Estados Unidos  e Reino Unido, a popularidade da banda começou a cair, mesmo com o álbum ficando entre os cem mais nos EUA. Em 1982, o disco Heatwave os colocou em cima novamente, com vários sucessos  na parada de R&B. Rod Temperton tinha neste disco o hit "Lettin ´It Loose". 

  A partir dai Derek Bramble saiu da banda, assim como Roy Carter, passando a trabalhar com David Bowie em 1984. JD Nicholas iria substituir Lionel Richie como vocalista nos Commodores. Logo a Heatwave chegou ao fim. No ínicio de 1983 gravaram o álbum The Fire, lançado em 1988. Em meados de 1990, Keith Wilder tentou voltar com a banda, com novos componentes, inclusive fazendo turnês e gravando álbum ao vivo no Greek Theater de Hollywood em 1997. Atualmente, Wilder é  o único membro original da Heatwave. Johnnie Wilder, o fundador do conjunto, morreu dormindo em sua casa em Dayton, Ohio, em maio de 2006.