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Rebelds (camiseta branca à esquerda) profetizou na canção a atual crise brasileira |
https://www.youtube.com/watch?reload=9&v=pJXr6lB03U8
“Independente Brasil” infelizmente continua atual, como se tivesse saído das páginas do caderno no último final de semana
Luís Alberto Alves/Hourpress
Há cerca de 12 anos fiz uma entrevista musical com um jovem rapper no bairro de Cumbica, em Guarulhos, Grande SP. O rapaz era camelô na época, tinha cerca de 25 anos. Ganhei de presente o CD que havia gravado ao lado de seus amigos.
Em casa, ouvi atentamente todas as faixas. E fiquei fascinado pelos versos cheios de profecias. Dias atrás voltei a pensar nesta matéria escrita no já distante 2007. E o hit “Independente Brasil” me chamou a atenção. Descrevia a história do nosso país em detalhes, tudo criticamente sem cair no protesto vazio, recheado de clichês.
O solo choroso da guitarra e o refrão “quem dá mais, quem dá mais, ao nosso país eu te pergunto, quem dá mais, vende-se um país que quer a guerra e não a paz, quem dá mais” grudou no meu pensamento.
Rebelds, esse era o nome artístico do rapper e o restante do grupo chamado Demais Comparsas. Se fosse nos Estados Unidos, iria estourar nas paradas de sucesso das rádios de programação de Black Music. A letra cita a invasão portuguesa em 1500, que nas escolas os alunos aprendem como descobrimento pela esquadra do português Pedro Álvares Cabral.
Passeia pela discriminação racial, tão camuflada no Brasil, vendendo a imagem de que o Brasil é o local onde brancos e negros convivem harmoniosamente. Grande mentira. Os negros são os mais atacados pela Polícia e mortos. Traz à tona as empresas que raramente promovem funcionários negros sem nenhuma barreira. Toca o dedo na ferida da ditadura militar, dos desaparecidos, principalmente professores e estudantes.
O mais curioso é que essa canção conseguiu prever o caos político e econômico que o Brasil iria mergulhar na atual gestão Jair Bolsonaro. Aborda a privatização, mostrando que o dinheiro da venda das empresas públicas nunca é usado para solucionar problemas graves que castigam a população.
Não é esquecida a vergonha da merenda escolar, aonde grande parte dos alunos vai ao colégio não para estudar, mas para comer, como ocorre na maioria dos bairros da periferia deste Brasil. Seus versos também miram a programação da Rede Globo, utilizada para alienar e servindo aos interesses da elite que não cansa de explorar o país desde 1500. “Independente Brasil” infelizmente continua atual, como se tivesse saído das páginas do caderno no último final de semana.
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