Falar de MPB sem citar Tom Jobim, é o mesmo de comentar futebol esquecendo Pelé ou Michael Jordan quando comparar os craques do basquetebol mundial. "Garota de Ipanema", composição sua em parceria com Vinicius de Moraes, é a canção que lembra o Brasil em qualquer lugar do planeta. Até a crítica norte-americana e os maiores nomes do Jazz e Blues reconhecem a importância de Tom Jobim na história da música brasileira e do mundo. É célebre o show em que o pianista Herbie Hancock senta-se ao lado de Jobim e a quatro mãos tocam "Wave". O mesmo se repete na década de 1960, quando interpreta "Garota de Ipanema" junto com Frank Sinatra, durante show nos Estados Unidos, no auge da Bossa Nova.
Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, de 1950 a 1994, período dedicado à música, revelou grande competência na arte de compor, cantar, arranjar e ser maestro. Também sabia dedilhar um violão com pitada de mestre. Ao morrer em dezembro de 1994, em Nova York, um fã disse que o mundo tinha ficado mais triste após sua partida; ao cantarolar alguns versos de "Garota de Ipanema".
Ainda jovem aprendeu a tocar piano e violão. Entre vários professores, teve a sorte de encontrar pelo caminho o alemão Hans-Joachim Koellreutter, introdutor da técnica dodecafônica no Brasil.
Antes de enveredar pela estrada da música, estudou o primeiro ano de Arquitetura, mas logo desistiu. No início da década de 1950 passou a trabalhar de pianista em bares e boates de Copacabana, como no célebre Beco das Garrafas.
Em 1952 acabou contratado como arranjador na gravadora Continental. É desta época sua primeira canção: "Incerteza", parceria com Newton Mendonça, que 11 anos depois seria parceiro no inesquecível "Samba de uma Nota Só". Depois foi para a Odeon, deixando de lado o hábito de compor. Mesmo assim escreve "Tereza da Praia" (1954) gravada por Lúcio Alves e Dick Farney, "Solidão" e "Sinfonia do Rio de Janeiro". Com Dolores Duran, escreve "Se é Por Falta de Adeus".
No ano de 1956 musica a peça Orfeu da Conceição com Vinícius de Moraes. Ele seria um de seus mais constante parceiro. Dai surge a pérola "Se Todos Fossem Iguais a Você", regravada inúmeras vezes. O embrião da Bossa Nova (mistura de Jazz com Samba) teve o seu dedo, ao participar da orquestração do disco Canção do Amor Demais (1958), com vários hits de Elizeth Cardoso. Neste álbum o então desconhecido João Gilberto começava mostrar sua batida de violão que ficaria famosa em todo o mundo, décadas depois.
As harmonias de "Chega de Saudade" e "Eu não Existo sem Você" são as pistas de que a Bossa Nova já estava presente naquele disco. A confirmação veio em 1959, quando João Gilberto gravou o disco Chega de Saudade, com arranjos e direção musical de Tom Jobim. Depois vieram na voz de Sílvia Telles "Amor de Gente Moça", "Só em Teus Braços", "Dindi" e "A Felicidade".
Quando participou do célebre Festival de Bossa Nova do Carnegie Hall, em Nova York, em 1962, Tom Jobim já era um dos grandes talentos da MPB. A partir daquele ano começa a compor diversos clássicos, como "Samba do Avião", "Só Danço Samba", "Ela é Carioca", "O Morro Não Tem Vez", "Inútil Paisagem", "Vivo Sonhando". Nos Estados Unidos gravou discos, participou de espetáculos e criou sua própria editora, a Corcovado Music.
Em 1967 gravou com Frank Sinatra, um dos maiores mitos do show-biz dos Estados Unidos, o álbum Francis Albert Sinatra e Antonio Carlos Jobim, com arranjos de Claus Ogerman. Ali estão as versões em inglês dos hits "The Girl From Ipanema", "How Insensitive", "Dindi", "Quiet Night of Quiet Stars" e canções norte-americanas, como "I Concentrate On You", autoria de Cole Porter.
Do final da década de 1960 continuou trabalhando, participando de festivais no Brasil, aprofundando seus estudos musicais e compondo canções instrumentais, como "Stone Flower", "Matita Perê" e "Urubu", entre outras. É dos anos de 1970 "Águas de Março", "Ana Luiza", "Lígia", "Correnteza", "O Boto", "Ângela", além de participação em discos de Elis Regina, Miúcha e Edu Lobo. Mesmo com pequena participação, cantou no coro da versão brasileira do hit norte-americano "We Are The World", que levantou dinheiro para reduzir a fome na África.
Em 1987 lançou o disco Passarim. Os destaques foram as canções "Gabriela", "Luíza", "Chansong", "Borzeguim" e "Anos Dourados". Cinco anos depois virou enredo da Escola de Samba Mangueira. Seu último álbum Antonio Brasileiro, foi lançado em 1994, poucos antes de sua morte, no mês de dezembro, quando se recuperava de um câncer em Nova York.